- O ESTADO -
- 03 -
JORNALISTA -
Marilu estava
despachando para o senhor Lauro e conversou um porco mais sobre os estudos e a
sua vocação de ser uma jornalista, apesar da dificuldade em encontrar um centro
de ensino à época. O melhor a encontrar era professora. E isso não satisfazia o
seu intento.
Marilu
--- Está vendo
que eu vou ensinar bordado? - - relatou abusada
Lauro
--- Eu
trabalho no Palácio do Governo e tenho outro serviço. Eu, à noite, assumo um
jornal. É um tanto difícil. Não tenho carteira de trabalho como jornalista. Só
posso me apresentar como um simples filósofo. - - relatou
Marilu
--- Filósofo?
Onde eu vou encontra tal profissão? - - quis saber
Lauro
--- Eu estudei
na França. Tive facilidade de ir para França e fiz meus estudos por lá. - -
Marilu
--- Quem me
dera poder ir à França. - - entristecida.
Lauro
--- Eu te
ensino os primeiros passos. Você vá ao Palácio e me procure. Vá mesmo. É logo
ali. - -
Marilu
---Onde você
trabalha? - - curiosa
Lauro
--- Sim. Eu
trabalho no Palácio do Governo, pela manhã. - -
Marilu
--- E sua
esposa? - - indagou
Lauro
--- Eu não sou
casado. Eu moro nessa mesma rua. Eu e a minha irmã. Ela é casada. - -
E mostrou a
rua onde ele morava ao lado de um prédio onde funcionada uma Escola de
Comercio.
Marilu
--- Quando eu
posso ir ao Palácio? - - curiosa.
Lauro
--- Hoje
mesmo. Eu vou está por lá às 8 horas. Chegando, você pode entrar. Tem uma porta
e uma secretária. É só entrar. - -
Marilu
--- Fala
sério? Eu estarei lá daqui há pouco! - - sorriu com graça
E assim falou
Marilu. Lauro desejou bom dia, saiu do café desejando felicidade. Disse mais
que o perfume emanado da moça era estonteante. Qualquer dia ele compraria um
perfume daqueles para também poder usá-lo. Dizendo isso, logo saiu. A moça
observou por onde Lauro seguia até dobrar em uma esquina. Em seguida, Marilu
continuou despachando aos frequentadores até chegar ao fim. O homem que vendia
carne verde fazia, com alegria, o seu anúncio do melhor produto, batendo com o facão
em cima das mantas. Uma mulher de meia idade pegou uma manta e cheirou para ter
certeza que era carne do dia. Um carregador passou as presas com o seu cesto as
costas. Homem chegavam e passavam para um lado e para outro. A mulher da
tapioca apenas vendia o seu produto. Uma algazarra total no meio da casa
grande. O Mercado Público da Cidade.
Após as 8
horas, Marilu chegou ao Palácio. Indagou a um policial qual seria a sala do
doutor Lauro, e de imediato teve a resposta.
Militar
--- Essa porta
em frente! - - e apontou para a sala
Marilu
agradeceu e foi devagar, como quem cuida em derrapar na sala, até chegar a sala
indicada. Olhou em volta e abriu a porta. Uma secretaria estava presente
batendo maquina alguns papeis. Marilu, suavemente falou à moça querer falar com
o chefe. A secretaria observou o traje limpo. A cintura bem marcada e os
sapatos de salto alto além das luvas e demais acessórios luxuosos. O perfume francês
ambientou todo o local. Uma silhueta extremamente feminina. A secretária
sentiu-se diminuída por instantes. Mesmo assim perguntou.
Secretária
--- Qual
assunto a tratar? - - voz serena
Marilu
--- É com ele
mesmo. - - relatou
Secretária
--- Sente-se, por
favor. Ele está ocupado no instante. - -
Marilu
--- Eu espero.
Não tem pressa! - -
Nesse instante
abriu uma porta e o cavalheiro Lauro pôs a cabeça de fora de onde ele estava e
logo avistou a moça Marilu. Sorrindo, ele, com espanto, logo pediu a moça que
podia entrar no seu gabinete.
Lauro
--- Entre,
entre. Ora como está a senhorita? Faz favor. – - e abriu ainda mais a porta
para dar passagem a Marilu
Com todo o seu
requinte, Marilu segui para o interior do escritório sem prestar mais atenção à
secretária que, a seu modo, fez um tique com seus ombros como quem diz uma
frase de desprezo. O ambiente, no interior, era bem sofisticado. Duas máquinas
de escrever de marca Royal, sendo que uma estava ao lado ambientada num solitário
com papeis embaixo da bancada. Marilu verificou de perto e tocou em uma das
teclas.
Marilu
--- Eu aprendi
em uma dessas. - - sorriu
Lauro
--- Você sabe
bater máquina? - - curioso
Marilu
--- Fiz o
curso. E um norte-americano me deu uma de presente. A sua mulher estudava
comigo da avenida Rio Branco, em uma escola da Professora Alice. Perto daqui. Aliás,
ele foi deixar a máquina em minha casa em troca de uma cesta de cajus. - - gargalhou
Lauro
--- Talvez eu
a conheça. Uma professora de seus 30 anos, alva, um pouco baixa. Se for esse,
eu a conheço.
Marilu
--- Sim. É
ela. Alice. - - sorriu
Lauro
--- Bem. Já
estamos conversados. Por favor, eu queria ir com você ao escritório da Ribeira,
onde em trabalho o restante do dia. É no Jornal
O Estado. Não sei se você conhece. - -
Marilu
--- Eu o
conheço, sim. Um volumoso jornal. - - calou.
Lauro
--- Pois bem.
Vamos lá? - - perguntou.
Marilu
--- Agora? - -
surpresa.
Lauro
--- Para
conhecer o jornal. Você não quer ser jornalista? Então vamos dar os primeiros
passos. - - sorriu
Marilu
--- Não creio
que seja verdade. - - corada.
Lauro
--- Ora. Tudo
tem o seu primeiro passo. E agora é nossa vez. - -
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