- TORRE EIFFEL -
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PARIS
Alguns dias a
mais, visitando museus, cinemas e teatro, Marilu teve a atenção chamada para a
viagem a Paris, capital da França. Essa cidade, ela nada conhecia a não de
livros e revistas. Freiras nas ruas parisienses era coisa tão como como se
tomar café. Destruída em sua grande parte, Paris se recompunha lentamente.
Mesmo assim, Paris não perdia a sua elegância na moda e no tempo. Meninas
lindas tiravam suas fotos pelos melhores fotógrafos. A Rua Rivoli era um ponto
de encontro entre os belos namorados. Praça da Concórdia, cafés nas calçadas
nas ruas, passeios sob a chuva, pescarias no Sena, e a Torre Eiffel.
Marilu
--- Paris é
bela? - - quis saber.
Lauro
--- Paris?
Paris, senhorita, é um encanto. Quando você chegar na Cidade, verá. - -
O avião
viajava tranquilo onde apenas se via o oceano e nada mais. O casal senador
Almeida dormia tranquilo a bordo do Boeing. A bordo também do Boeing viajava um
grupo de atores brasileiros para se apresentar em um teatro de Paris. Enfim,
quase todos dormiam. Marilu conversava baixinho com o rapaz Lauro e, nesse
instante o homem retirou do bolso de seu paletó uma caixinha de veludo azul e
passou para a moça.
Lauro
--- Pegue
isso! - - e sorriu
Marilu
--- O que é
isso? - - espantada
Lauro
--- Abra. - -
declarou
Marilu abriu a
bolsinha de veludo e logo sentiu o brilho de uma joia de ouro de prata com
safira. A moça arquejou e falou.
Marilu
--- Isso é uma
joia? Mas eu já tenho uma. - - esfuziante
Lauro
--- Use as
duas. Ou sou essa. É uma joia de ouro. Veja. - - sorriu
Marilu
--- Mas você
me deu? - -surpresa.
Lauro
--- Sim. É
seu. Você está chegando a Paris. Ninguém nota as joias que você usa. Mesmo
assim você deve usar. Para todos é apenas uma joia sem valou, de gente rica. -
- explicou
Marilu
--- Uma
beleza. - - e usou no dedo a joia.
Lauro
--- Em Paris,
todos usam uma joia desse modo. É o gosto da realeza que já não existe mais
nesses novos tempos. - - explicou
Marilu
--- Eu me
lembro de um homem gordo. Ele se sentava na praça da Catedral. Os dedos dele
eram cheios de anéis, cada um mais grosso que ou outro. - - gargalhou
Lauro
--- Eu me
lembro dele. Não sei o seu nome. Ele ficava sentado todas as tardes no banco da
praça. - - sorriu também
Marilu
--- Ele morava
do bairro Alto do Juruá também chamado Petrópolis, lá perto da minha casa. Um
pouco mais distante, é o certo. - - ficou a lembrar
Lauro
--- Você mora
em Petrópolis mesmo? - - quis saber
Marilu
--- Sim! Minha
mãe tem uma casa nesse bairro. Por lá não alaga quando chove. Mais para a
frente, é um alagado que passa meses para secar. - -
Lauro
--- Imagino.
Tem lagoas no Baldo, Tirol, Ribeira e até mesmo nas Rocas. É o fim do mundo. -
- declarou
Marilu
--- Vocês
moram na parte alta da cidade. Ali é um bom lugar. - -
O avião
prosseguia. Quase todos, a bordo, dormiam. Apenas os dois, Marilu e Lauro
cochichavam, as vezes caçoando dos demais.
Marilu
--- Eles,
estão todos dormindo. - -
Lauro
--- Em lembro
que você não pregou no sono entre Natal e o Rio. - -
Marilu
--- Talvez o
medo de morrer. Talvez. Eu não tenho sono assim. - -
Lauro
--- Você nunca
teve um namorado? - - indagou
Marilu
--- Ora lá vem
o senhor! - - gargalhou
Lauro
--- Perguntei
por perguntar. Para puxar conversa. - - sorriu
Marilu
--- Eu nunca
tive um sequer. Nem flertando. Nunca mesmo. - - declarou
Lauro
---
Interessante mesmo. Eu tive namoradas. Nada sério, namorei na escola, em Paris.
Nesses lugares eu tive flertes. - - sorriu
Marilu
--- Uma velha
senhora, dessas cheias de balagandans, disse a mim que eu nunca teria um
casamento. Eu sorri e recolhi a mão com temor. - -
Lauro
--- Essas
mulheres são umas tolas. Dizem por dizer. - - lembrou
Marilu
--- Certa vez,
um velho, bem velho mesmo, disse algo assustador. Ele falou para outro homem
que passava dizendo que “aquele homem não vai chegar à esquina”. Disse isso e
calou. De repente, um burro que vinha do outro lado, entrou no beco e atropelou
o velho. Não teve jeito. O burro vinha desembestado e pisou no ancião. Esse
morreu na hora. Eu estava passando no local e ouvi o velho quando declarou. Eu
fiquei com medo.
Lauro
--- Ele viu o
burro? - - indagou
Marilu
--- Viu nada!
O velho estava na sua casa. Uma tapera. O homem apenas caminhava. O burro vinha
do lado esquerdo com um monte de burros sendo chicoteado por um moleque. Ele
não viu o burro. Só disse isso: “aquele homem não vai chegar à esquina”.
Loucura. Ele sempre dizia coisas sobrenaturais. Certa vez ele prognosticou ter “uma
mulher toda de branco que havia morrido há muitos anos, aparecido a um certo senhor
perguntando se esse homem também ia para o Alecrim. O homem confirmou. Ambos
foram conversando e quando chegou ao portão do Cemitério, a mulher se despediu
e entrou”. Ele, o velho, contava essa história. - - declarou tremendo de medo
Lauro
--- Nossa! Ele
ainda vive? - - assustado
Marilu
--- Não sei.
Ele era bem velho! - - relatou
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