- TIPOGRAFIA -
- 04 -
REDAÇÃO -
O carro seguiu
caminho do Palácio para o bairro da Ribeira, descendo a ladeira da avenida
Junqueira Aires e Marilu ouvindo a conversa de Lauro sobre jornais do Rio de
Janeiro, São Paulo, e até mesmo do estrangeiro como Le Figaro e Le Monde, com
certeza, a influência da imprensa das guerras e na paz em todo o mundo. As
primeiras publicações como a Suméria, na Mesopotâmia e Acta Diurna, do
imperador Augusto, em Roma. Tudo isso ela ouvia em silencio. Era um mundo novo
que se abria com certeza para quem sabia apenas de carne e peixe, tapioca,
pamonha e coisas simples da vida. E então seguiram viagem até a avenida Tavares
de Lyra onde estava a redação do Jornal O Estado em um prédio amplo de dois
andares pegando de uma esquina a outra. Veículos eram tantos que para se
encostar o seu carro, o motorista teria que fazer imensas manobras. Os
gazeteiros gritavam a todo pulmão as notícias mais alvissareiras do dia como “A
Mulher que engoliu um Trem”! Isso era ponto forte para se vender um jornal do
dia. Anciãs a oferecer seus quitutes, meninos a passar em zig-zag, correndo
feito um louco, um bêbado a pedir uns trocados para comprar mais uma “cana”,
casas de comércio, armarinhos, bebidas, Casas Bancárias, jogatinas, bares,
carros novos ou seminovos, Igreja do Bom Jesus, tipografias, revistas da Casa Pernambucana,
lojas da moda, sapatos finos, cinema, teatro, hotéis, farmácias e tudo mais o
que se pensasse. Tudo isso a moça se admirava em ver. No final, Lauro
estacionou seu veículo.
Lauro
--- Chegamos.
Pode saltar. É aqui mesmo o Jornal. - - falou com calma
Marilu, tomada
de surpresa pelo enxame de populares a correr de cima a baixo, via os navios lá
ao fundo, no rio Potengi balançando com a maré cheia e os botes e lanchas se
escorando ao cais da avenida Tavares de Lyra, oscilando a qualquer modo. Gente
vinda de viagem da praia da Redinha. Homens a admirar o outro lado do mangue
onde havia a Estação da Coroa, em tempos passado, um ponto de desembarque dos
viajantes vindos de Ceará-Mirim para a capital. Homens com seus peixes às
costas. Mulheres a agarrar seus filhos para o desembarque dos botes de
travessia. Era o mundo todo. Marilu viu aquilo e apontou.
Marilu
--- O Cais do
Porto. - - sorriu
Lauro
--- Dos botes
e lanchas. Os dos navios de cargas e passageiros, ficam logo à frente. É só
seguir pela Rua do Comércio, como era chamada a Rua Chile, antigamente. - -
falou
Marilu
--- Eu
conhecia desde moleca. Minha fazia café logo a frente, na Tatajubeira, aqui
perto. - - expôs.
Lauro
--- Esse
bairro tem histórias. E como. - - explicou
Logo a seguir,
Lauro convidou a moça a entrar no edifício. Eles foram ver as máquinas de
linotipos, rotativas, gravuras, impressão, chapas, linotipos em vários
tamanhos, chumbos aquecidos, fotos, matrizes, clichês, máquina de compor na
qual se fundem em um só bloco as linhas compostas, e todo o mecanismo
necessário a manutenção do jornal. A
alma de uma oficina. Para Marilu, era maravilhoso ver tudo aquilo além dos
homens a compor as suas chapas.
Marilu
--- Esse
maquinário foi feito tudo aqui? - -
Lauro
--- De forma
alguma. Esses equipamentos foram adquiridos da França. Todos eles. Mas tem de outros países, como
Portugal, Inglaterra, Itália e principalmente Alemanha. - -
Marilu
--- E como
vieram? - -
Lauro
--- Esses aqui
vieram desmontados. Os técnicos, foram eles que montaram e ensinaram como se
fazer os jornais. - -
Marilu
--- Um
trabalho e tanto! - - relatou com cuidado
Após passear
pelo o parque de impressão, Lauro convidou Marilu a subir ao primeiro andar
onde estava a sede do jornal onde os repórteres batalhavam para conseguir em
primeira mão o que fora ainda mantido em sigilo: a Redação. Era ali onde todos
os segredos viravam notícias. Era cedo ainda. Na redação via-se apenas dois repórteres
a trabalhar. Um, ao telefone. O outro redigindo matérias em primeira mão. Lauro
entrou na sala e cumprimentou os presentes. De vez, apresentou a moça Marilu
dizendo ser uma visita ilustre. Os cumprimentos foram saudados a Marilu. Ele
ainda mostrou a biblioteca na outra sala, o arquivo de jornais antigos, a sala
de revisão dos jornais do dia entre outros setores. Em seguida, Lauro abriu uma
porta onde se via o nome de Diretor. Era naquela sala que o homem trabalhava.
Lauro
--- É aqui que
nós ficamos. - - relatou sorrindo
Toda contente
a moça já sentia o calor da imprensa a seus pés. E falou:
Marilu
--- Para se
ocupar um cargo de jornalista é necessário se conhecer tudo isso? - - quis
saber
Lauro
---
Necessário, eu não digo. Mas, para ser um jornalista completo é bem melhor
conhecer de tudo um pouco porque senão ele vai virar para si um bobo da corte.
- -
Marilu
--- Nossa!
Quanto tempo em levo para saber o que é um jornal? - - indagou
Lauro
--- Antes de
tudo você vai precisar saber escrever. O que vai escrever. Como se deve
escrever. Eu vejo casos cruéis onde o repórter noticia em uma matéria casos com
“muitos”. Ora! O que são muitos? Ninguém saber dizer. Bem melhor seria dizer um
número para se ter uma ideia. E não: “muitos”.
Marilu
--- Verdade. É
até aborrecido esse vocábulo. Muitos. Muitos! Soa mal. - - relatou
E o dialogo prossegui
por várias horas com o professor a determinar casos pueris, como nome de ruas
onde nem sempre é o mesmo. E então explicou que o jornalismo é o processo de
comunicação de um assunto em razão de um meio qualquer. O jornalismo é concluído
pelo processo de entrevista entre o profissional e o entrevistado.
Lauro
--- A partir
da invenção de Johannes Gutenberg, em 1447, surgiram jornais modernos, que
tiveram grande circulação entre comerciantes, para divulgação de notícias mercantis.
- - explicou
Marilu
--- Nesse
tempo havia outros jornais? - -
Lauro
--- Lógico.
Havia os jornais sensacionalistas escritos a mão. Tivemos jornais sobre Conde
Drácula. Em Veneza, o governo lançou o “Notizie scrite” conhecido como “gazeta”.
Mas, um pouco além, nos anos, surgiram “O London Gazette”, lançado em Londres,
Inglaterra, na Suécia, Alemanha, França. A notícia é um formato de divulgação
de um acontecimento por meios jornalísticos. - - enfatizou
Marilu
--- A guerra é
o melhor meio de divulgação? - - indagou
Lauro
--- Não só a
guerra como os acontecimentos sociais. Políticos, econômicos, culturais e naturais.
Guerras e golpes de estado tem o seu valor. –
Marilu
--- Foto de
morte macabras! Horrível! - - torceu o rosto
Lauro
--- Mas tem
casos em que o ser fotografa a sua própria morte! - - sorriu
Marilu
--- Tem meios
de se saber a notícia? - -
Lauro
--- Sim. Tem.
É o seguinte” para o repórter: O que, Quem, Quando, Onde, Como, Por que? Esses são
os destaques. - - explicou
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