terça-feira, 9 de maio de 2017

SONHOS DE MARILU - 10 -

- RIO DE JANEIRO -
- 10 -
O RIO 

Menos de uma semana após ter feito o pedido a dona Noca de viajar com a sua filha Marilu, o senhor Lauro já viajava a bordo de um avião de transporte de passageiros em companhia da jovem senhorita. Para a moça, aquele voo era, na verdade, um sonho onde apenas os pássaros podiam alçar. A caminho do Rio de Janeiro, a moça delirava de contentamento. De cima podia ver a Terra. Algo maravilhoso. Em quando tempo, ela nem sabia contar. Subida e descida se torno costumeira durante o percurso. Talvez 8 horas ou 10. Para Marilu, tudo era conforto. Um sobe e desce que fazia a moça tremer de susto. Percorrer as capitais do Nordeste em um ensurdecedor ruído era por demais saltitante. Paraíba, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador.
Lauro
--- Estamos pertinho de chegar. Uma parada em Vitória, Espirito Santo, e depois o Rio de Janeiro. - - relatou sorrindo
Marilu
--- O Rio. Deve ser maravilhoso. E vi todo ele por uma revista especializada da Agência Pernambucana, por esses dias. Lindo o Rio. - - sorriu.
Lauro
--- Verdade. Muito belo. A Urca é uma maravilha. Apenas só se vendo. Até mesmo o Bondinho do Pão de Açúcar. - -
Marilu
--- Se minha pudesse vir, ela teria uma outra visão. Ela nem sabe como é belo tudo isso
Lauro
--- Uma mulher do mato. Não sabe nem falar. Coitada. –
Marilu
--- Mas tem irmão que viajaram para o Rio. E nunca mais voltaram. Nem sei se ainda voltarão dessas bandas.
Lauro
--- Não dão nem notícias? - -
Marilu
--- Nada. Nada. Eu ouvi por informe que ele está trabalhando em uma fábrica não sei de que. Um. O outro não se tem notícia. –
Lauro
--- Se pudesse verificar em uma Rádio, talvez dessa mais sorte. –
Marilu
--- Talvez o senhor tenha razão. Quem sabe? - - se comportou melhor. - -
Um pouco mais de voo ela, Marilu, estava sobrevoando o Estado do Rio, a capital do Brasil. De repente, a Baia da Guanabara. Um ruino, as águas, um trepido e o pouso. Duas pistas, o aeroporto. O clássico. Gente muita, automóveis, mais aviões de carreira, o desembarque. Lauro procurou as suas malas e as de Marilu e observou se sua mãe, Lindalva, estava por perto. Em instantes, Lindalva surgiu em companhia de uma mulher parecendo a governanta. A senhora, um pouco gorda e baixa corria, como sempre, de braços abertos para abraçar o seu pupilo.
Lindalva
--- Meu filho, meu filho! Que saudades! - - dizendo isso a chorar
Lauro
--- Ora mãezinha! Estou aqui moído de cansado. - - respondeu o rapaz.
Levou um pequeno tempo e a mulher indagou.
Lindalva
--- É essa a menina? Linda. Linda. Como vai você, Marilu? Eu vi as suas matérias. O Senador está louco por conhece-la. Você é jornalista também? - -
Marilu
--- Sim. Agradeço a seu filho que me deu essa oportunidade. - -
Lindalva
--- Que agradeço que nada! Você já é jornalista. Tão moça! Vamos para casa. Chegue! E a balada prosseguiu durante o caminho a moça dizendo a sua aventura na cata dos assuntos no meio do lixo, coisa que não se divulgava, por certo porque não dava renda para os vereadores. E se dava, era escondido, por debaixo do pano e coisa assim.
Marilu
--- Quando eu disse ao gerente que era jornalista, ele calou. Teve medo. - - sorriu
Lindalva
--- Todos eles comem bola. Não tem um. Até o Prefeito. Fez bem! Só queria ver a cara do sujeito! - - embrutecida
Marilu
--- Está focada no jornal. Maiúscula. - - esclareceu
Lindalva
--- Como lá, aqui se faz! Montanhas de lixo. Meninos comendo a podridão. –
Marilu
--- Eu disse isso. - - relatou
Lauro
--- Essa menina é um caso raro. Eu digo isso a todos que aparecem. –
Marilu
--- Não. Eu vivi no lixo por assim dizer. O Mercado onde minha mãe trabalha é um caso sério. Ratos de esgotos. Cada um que não tem mais tamanho. –
Lindalva
--- Você trabalhava no mercado. - -
Marilu
--- Sim. Minha mãe e muitas outras pessoas. Eu tenho experiencia de vida. Nada que eu digo é mentira. Ratos, baratas. Cada uma. Só a senhora vendo. –
Lindalva
--- Eu acredito em você. Aliás, os navios são os maiores ambientes de ratazanas.
Lauro
--- Nas cidades grandes também. Eles se escondem pelos esgotos. Aqui mesmo, no Rio
Marilu
---Certa vez os homens resolveram limpar o Mercado e se descobriu que estava infestado de ratos gigantes. A presença do bicho é repugnante. - -
Lindalva
--- Imagine! –
Lauro
--- Chegamos. Agora, tomar banho e descansar. Amanhã é outro dia. - -
Lindalva
--- Primeiro tem café. O Senador já está em casa. Talvez já dormindo. Ou quase! –
Após descarregar as malas, eles adentraram no apartamento. Um garoto ajudou a levar todo o carregamento. O Senador estava acordado ouvindo música erudita. Quando o pessoal chegar, encheu-se do contentamento. As empregadas que estavam no Apartamento, ajudaram no retirar os carregamentos. Na mesma hora, o filou tomou a benção e apresentou a garota. O Senador, orgulhoso, cumprimentou, com esmero a moça ainda pequena, com menos de 18 anos.
Lauro
--- Viu a mocinha? Vai fazer 18 anos, agora. E vamos ajeitar seus documentos. –
Senador
--- Eu tenho quem faça. Pode deixar. - - argumentou
Lauro
--- Ela já tem as fotos. - -
Senador
--- Muito bm. Um trabalho a menos. - -

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