sexta-feira, 5 de maio de 2017

SONHOS DE MARILU - 05 -

- LIXÃO -
- 05 -
CONVITE 
Na sequência, Lauro explicou ainda a Marilu que um repórter é um tipo de jornalista que pesquisa, escreve e relata as informações para apresentar as fontes, conduz entrevistas e faz relatórios. Há vários tipos de jornalistas com editores, escritores, colunistas e jornalistas visuais, o fotojornalista.
Marilu
--- É difícil se ser jornalista? - - quis saber
Lauro
--- Creio que não. O jornalista nada mais é um contador de histórias reais. - -
Marilu
--- E o que eu faço para ser uma jornalista? - -
Lauro
--- Você conta a sua história. Por exemplo: você vai à praia e vê rochas, areia, nada é calçado, mocambos, homens a puxar a rede do mar ou mesmo sem puxar essa rede. Você vê um assunto bem variado. Então, você tem um assunto para contar. - -
Marilu
--- E que vai ler? - -
Lauro
--- Então, aí depende da sua sagacidade. Um exemplo: quem lê sobre lixo? Ninguém! Mas se a matéria for bem escrita várias pessoas têm, de imediato, o seu interesse. Os vereadores, o prefeito e até mesmo a gente humilde. Quantos garis tem a cidade? Dez? Vinte? Quanta gente pobre sobrevive da coleta de lixo? Você sabe? - -
Marilu
--- Confesso que não sei.  Mas tem até crianças comendo o resto das sobras. Eu digo porque conheço aquelas pessoas. Gente humilde mesmo.
Lauro
--- Quer fazer uma boa matéria? Faça sobre o lixo! Faça isso e depois conversamos!
Marilu
--- Agora? - - perguntou assustada
Lauro
--- Hoje, amanhã, depois. Qualquer dia. Se você for fazer a feira, vai encontrar tanta pobreza como riqueza. Esmoler é o que não falta.
Marilu
--- Meu Deus do céu. Eu faço mesmo a matéria do lixo? – quis saber assustada.
Lauro
--- Faça. E me traga para a revisão. - - alertou.
No dia seguinte, a moça estava logo cedo do dia em frente à sede o jornal esperando o carro de reportagem para ir ao forno do lixo. Com ela estava Lauro, o fotografo e o motorista. Lauro orientou ao motorista levar a repórter até o forno do lixo, e ao fotógrafo, fazer fotos de todo o local. As coisas mais escabrosas. Gente, bichos, meninos, coisa ainda de se comer. Tudo enfim. O fotógrafo Canindé compreendeu e nada relatou. Apenas chamou o motorista. Esse, toco a chave e saiu em frente no seu carro.
O Forno do Lixo ficava em uma esquina da via férrea, logo abaixo da curva onde o trem fazia a manobra. Meninos procuravam o que comer do lixão. Mulheres de roupas sujas catando o que pudessem para se alimentar, como carne podre, peixes apodrecidos e verduras sujas. Moças de vestes rotas também colhendo coisas podres, detritos vindos das ruas das casas de gente de bem. Essa era a forma de se alimentar uma vez que não tinha renda e viviam abaixo da linha da pobreza. Uma existência da fome em uma região tão rica era uma contradição difícil de compreender. Em frente, o rio levando tudo para o mar.
Naquele instante adentrou no Forno um caminhão do lixo para onde os mendigos correram com mais pressa. Os pobres queriam catar o lixo e pegar o que de melhor havia para ingerir com pressa. O Caminhão soltou uma das portas da carroçaria que estava trancada. O monturo caiu pelo chão e no meio de tudo estava um cadáver de um mendigo. Ninguém prestou atenção ao mendigo morto de imediato. No entanto um coletor de lixo aguçou os olhos e disse ao motorista ter um defunto dentro do caminhão. O pessoal pobre nem mesmo prestou atenção. O motorista foi ver e perguntou quem foi que viu o morto.
Motorista
--- Quem sacudiu esse mendigo? - - quis saber
Gari
--- Ele é um mendigo chamado Tarugo. Vive a catar lixo. - - relatou o gari
De repente, o fotógrafo avançou para fazer suas fotos, seu material de trabalho. A moça Marilu foi quem mais gritou, alarmada.
Marilu
--- É um homem. Ele está morto! - - disse isso prendendo o rosto com as mãos.
Motorista
--- Ele caiu de dentro da carroçaria do caminhão. - -
O fotógrafo continuou a registrar a imagem do morto da forma como o defunto veio ao chão.
Marilu
--- Quem é ele? - - quis saber
Gari
--- Tarugo. Ele vivia perambulando pelo Forno. - - falou o gari
Marilu
--- Tarugo de que? - - perguntou mais.
Gari
--- Zé Tarugo. Um velho. Vivia zanzando pelo lixo. - -
Marilu
--- Ele tinha família? Filhos? Irmãos? Parentes? - -
Gari
--- Não sei. Pouca gente sabe. Tinha um rapaz, seu filho, que vivia na sucata do Forno.
 Motorista
---É José Meira. A gente chamava de Tarugo. E você, quem é? - -
A moça se empertigou e disse.
Marilu
--- Jornalista. Senhor. - - relatou com toda ênfase
Motorista
--- Pois é. Não tenho mais nada a falar. –
Nesse instante se aproximou um homem parecendo ser um gerente do Forno e procurou saber o que ocorrera ali no monturo com tanta gente a colher o lixão no meio de um defunto.
Gerente
--- O que houve aqui? - -quis saber ao desespero
Motorista
--- Um morto estava no lixo. - - relatou
Gerente
--- E a senhorita o que quer? - - indagou embrutecido
Marilu
--- Sou Jornalista do Jornal O Estado. - - falou brava
Gerente
--- Do Estado? Do Senador Almeida? - - perguntou amofinado
Marilu nem sabia desse tal Senador. Tudo que ela conhecia era seu Lauro. Se era Almeida, não sabia também. Mas por via das dúvidas o fotografo Canindé confirmou tirando fotos do gerente.
Canindé
--- Sim. Somos do Jornal. - - 

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