quarta-feira, 31 de maio de 2017

SONHOS DE MARILU - 21 -

SONHOS
- 21 -

SONHOS -

Naquela noite Marilu dormia o seu tranquilo sonho. Lembranças fugazes e delirantes de um passado risonho tidos a não sei quanto tempo. Noite calma, rua em silencio, nada demais para sacudir de seu leito suave de um confortável sono. Um gato miou dolente no telhado ao lado e um cão passou a latir contra aquele outro animal do lado de baixo de uma casa tão perto. Sombras faziam quando nuvens cobriam o céu emoldurado. Nesse momento, Marilu sentiu alguém a lhe soprar os ouvidos. Contudo, ela não despertou de pronto. Apenas se ajeitou no leito. Momentos seguintes, uma voz delicada sussurrou ao seu ouvido. Ela se cobriu de toda. Mesmo assim, a voz não se conteve. E ela, adormecida, falou:
Marilu
--- Mãe! É a senhora? - - perguntou baixinho
A voz sussurrou, baixo.
Pai
--- Seu eu, filha minha. Teu pai. - - disse a voz.
Marilu
--- Quem? Meu pai? É meu pai? - - indagou feliz.
Pai
--- Sim. Sou eu. Paulo. Lembra de mim? - - indagou sorrindo
Marilu
--- Sim. Meu paizinho. Como poderia eu esquecer? De onde vens? - - indagou
Pai
--- Sempre eu estou aqui, filha minha. - - sorriu feliz
Marilu
--- Sempre? E como não te vejo? –
Pai
--- A Medalha de Honras. Lembras? - - sorriu
Marilu
--- Medalha? Em Paris? Aquela? Eu lembro que um senhor me deu! - -
Pai
--- Eu estava ao seu lado, filha minha. - - sorriu
Marilu
--- O senhor? Como eu não vi? - - perguntou
Pai
--- Para se ver, a pessoa tem que acreditar. Acredite e me veras. - - disse a criatura
Marilu
--- Acredite, como? - - indagou
Pai
--- Crendo. Apenas crendo. Nada mais! - - disse o pai
Marilu
--- Crendo! Mais do que acredito? Eu jamais vi o senhor. - -
Pai
--- Porém, agora veras de vez. - - disse ele a sorrir
Marilu
--- Mas como eu vejo o senhor? - -
Pai
--- Olhe à direita. Sempre eu estarei aqui a teu lado. - - sorriu
Marilu
--- À direita? - - se virou no leito
Pai
--- Não abra os seus meigos olhos. Apenas fique à direita. -  -
Marilu
--- Pai! É você? - - perguntou
E a sombra sumiu de vez. A moça, de repente acordou e nada vislumbrou por perto. Ela estremeceu de medo e após alguns segundos, pulou da cama e foi até ao quarto onde dormia a sua mão. A mulher ainda dormia. Quando a moça chegou, Noca despertou assombrada.
Noca
--- Que é isso, menina? Fazendo medo aos outros? - -
Marilu
--- Foi o meu pai. Eu vi. Agora! - - disse assombrada
Noca
--- Viu nada! Vai dormir! Teu mal é sono! Deixa. Eu ainda quero dormir. - - falou brava
Marilu
--- Eu vi, mãe. Ele disse estar a meu lado. Vi sim! - - disse a moça quase chorando
Noca
--- Agora, mais essa! Sai da frente que vou me levantar. Ora! Viu coisa alguma! - - e a mulher partiu em disparada.
Marilu
--- Vi, mãe! Agora mais essa! Não acreditas? - -
Noca
--- Sai da frente que vou ao aparelho. - - relatou e se levantou, peitando que nem bicho
A moça ficou para traz pensando ter sido um sonho o que lhe acometeu. Sentou num tamborete e ficou a meditar simplesmente aturdida.
Marilu
--- Um sonho? Será que foi um sonho? Vou para uma sessão espírita sem dizer nada. Ah se vou. Hoje mesmo! - - disse isso e baixou sua cabeça na mesa.
À noite, ela lembrou a Lauro que naquele dia não podia ficar da redação pois tinha algo a cumprir sem perda de tempo. O homem olhou para Marilu e bateu com o lápis na mesa dizendo de imediato.
Lauro
--- Que está havendo? - - curioso
Marilu
--- Nada de mais, são coisas minhas. - - respondeu
Lauro
--- Quer o carro? - -
Marilu
--- Não é preciso. Não quero dar trabalho. Eu vou e volto. Se der tempo, ainda hoje eu volto. Coisas corriqueiras. - -
Lauro
--- Se precisar, eu dirijo com o meu. - -
Marilu
--- Não. Não. É melhor que não. –
Lauro
--- Tudo vai bem? - -
Marilu
--- Aqui, tudo normal. Não se preocupe. - -
Lauro
--- Está bem. Amanhã nós conversamos. - -
Marilu
--- Está certo. Até amanhã. Se cuide! - - sorriu


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