- RECORDAÇÕES -
- 22 -
LEMBRANÇAS -
Na mesma
noite, Marilu esteve com um médium de nome Melquíades, um homem idoso de mais
de 75 anos. Foi em uma sessão de um Centro Espirita. Acabada a reunião do
pessoal que estava ali, calado, esperando os passes, a moça que também obedeceu
à fila dos adeptos da religião deixou de lado os demais e procurou falar a sós
com o médium. Seu caso, de início não tinha nada demais. Era apenas o seu pais
que estava morto há pouco tempo e queria lhe falar com mansidão. Marilu nada
sabia o que fazer.
Marilu
--- Eu cheguei
de viagem e fui dormir. Quase meia noite. Então eu sonhei com meu pai. Ele já
morreu. E eu nunca tinha o conhecido. Apenas em conversa com minha mãe. Ela
achou que tinha meus dois anos. Parece. Mas, essa noite, eu sonhei com ele. Ele
me dizia que estava sempre ao meu lado. E me pediu para olhar para à direita,
pois estava ali, sempre ao meu lado. Foi isso. - - falou tremendo não sabe nem
por que.
Melquíades
--- E agora? -
- indagou
Marilu
--- Agora? Sei
lá. Eu apenas queria saber se isso era um sonho ou verdade! - - quis saber
Melquíades
--- Bem. Eu
preciso saber mais algo. Você é espirita? - -
Marilu
--- Eu? Não
sei bem. Eu vim aqui porque me disseram que eu precisava de uns conselhos. E
que aqui só eu poderia receber tais conselhos. Eu vim como animal entra na
Igreja. É isso. –
Melquíades
--- Como
animal entra na Igreja. Quer dizer: você veio porque alguém mandou! –
Marilu
--- Sim. Uma
coisa assim. Entrei porque a Igreja estava aberta e as pessoas, todas, estava
entrando aqui. –
Melquiades
--- Quer dizer
que você não acredita em espirito? - -
Marilu
--- Não.
Acreditar mesmo, não. O senhor pode me explicar? -
Melquiades
--- Você
acredita em Deus? Em Deus? Não é em Jesus. É em Deus! –
Marilu
--- Ah. Em
Deus? Eu acho que sim. Pelo menos todos nós dizemos “Deus me livre”. Não é
isso? Mas quem é Deus? –
Melquiades
--- Se você
acredita, nem precisa perguntar. O fato é dizer “sim ou não”. Eu posso saber se
você sabe dizer onde Deus está? -
Marilu
--- Pelo que
se diz, Deus, o Deus mesmo, Ele está no Céu. Então eu pergunto. Onde está esse
Céu? –
Melquiades
--- Bem.
Conforme a Doutrina Espírita, isso é um fenômeno mediúnico. É um universo que
sempre existiu. Quer dizer, não existe morte. Em um passado nem tão distante,
pois somente no ano de 1840 se destacou o caso das irmãs Fox, nos Estados
Unidos. Porém, como se informa, antes mesmo das Irmãs Fox se tem o caso da
Transfiguração de Jesus. E mesmo antes, temos nos Diálogos de Platão. Isso já
vem há séculos. Portanto, não se apegue a Deus para ter a crença. –
Marilu
--- E como se
inventa o espirito? –
Melquiades
--- O espírito
não se inventa. Ele existe. Você nunca morre. Transforma-se. É uma evolução por
que passa. Nasce constantemente.
Marilu
--- Quer dizer
que eu não vou morrer? - -
Melquiades
--- Como
matéria, não. Apenas você desdobra. Digamos que você morra. Mas isso é uma
aparência. Você não morre. Você desdobra. Algo como vem de vai. –
Marilu
--- E por que
todo mundo chora quando se morre?
Melquiades
--- Boa
pergunta. Quando eu existo, todos me enxergam. Mas quando eu desencarno,
ninguém vai mais falar comigo. Pode até pensar. Mas não fala. Esse é o caso. No
entanto, se você pensar em seu pai, veja bem, você está chamando a sua pessoa.
E não raro, ele está com você. –
Marilu
--- Eu posso
pensar no meu pai sem vê-lo? - -
Melquiades
--- Isso, você
pode. E tem mais. Ele mesmo pode vir a você, falar com você, passear com você.
Tudo o que você quiser, pode ser feito. –
Marilu
--- Eu nem
preciso vê-lo? –
Melquiades
--- Nem
precisa. Você, notadamente, vai numa rua e, de repente encontra alguém que não
tem notícia há muito. Encontra-se e fala ou não fala com a pessoa. Ambos passam
e depois, os dois desaparecem. É o mesmo com o espírito.
Marilu
--- Entendi.
Quer dizer que eu posso cruzar como meu pai, na rua, agora? –
Melquiades
--- Sim.
Apenas você, às vezes, nem o reconhece, de imediato. Ou às vezes, também o
reconhece. - -
Marilu
--- Eu, certa
vez, cruzei com uma pessoa. Nós nem nos falamos. Apenas sorrimos. Logo após,
alguém me disse que aquela pessoa tinha falecido há anos. Eu duvidei porque a
tinha visto dias recentes. Curioso! - -
Melquiades
--- Tem casos
que a pessoa não acredita. Os espíritos prefeitos. São espíritos que já
ultrapassaram todas as provações ao longo de sua vida passada e atingiram o
ápice do seu desenvolvimento espiritual. Esses são espíritos superiores. Então
são os casos do Evolucionismo. Para o espiritismo, todos os seres humanos são médiuns.
- -
Marilu
--- E o caso
do meu pai? –
Melquiades
--- Eu não posso
falar, agora. É preciso de estudos mais aprofundados. Você pode vir às sessões do
nosso grupo. E então vai se formando e sendo capaz de voltar ao seu passado,
muito mais além e encontrar as respostas para o que não tenhas dúvidas.
Marilu
--- Eu vou
seguir a sua orientação. Eu quero saber de onde eu vim, com quem eu vim. Isso é
importante. Pode ser que eu não tive apenas uma existência. Quem sabe? - -
Melquiades
--- Por que
você me procurou, hoje? –
Marilu
--- Não sei.
Mas não sei mesmo. Por que foi que eu procurei? - -
Melquiades
--- Também não
sei. Tem tanta gente aqui.
Marilu
--- É mesmo. -
- sorriu.
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