- O INFERNO -
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O INFERNO -
Marilu estava
lendo uma revista que remontava à II Guerra Mundial. Era uma revista muito nova
contando fatos históricos de Adolf Hitler e seus holocaustos. Acabando de ler
os jornais da cidade, incluindo o Jornal do Estado, a moça abriu a boca e
recostou para ver uma revista chegada esta manhã e entregue pela Agencia
Pernambucana, parte em frente ao seu Jornal. Agora com um título maior, ela se
deu mais à vontade. A sua promoção correu as bancas de jornais chegando às
repartições públicas, até mesmo à Prefeitura e Palácio do Governo. A moça se
sentia quase nobre. Afinal era ela a Chefe de Redação abaixo apenas do Diretor
Geral. Nesse ponto podia ler todas as revistas do mundo, se fosse o caso. Após
atender os repórteres, ela descansou em paz. E foi aí que viu o novo volume na
mesa. Sempre mais por curiosidade, Marilu agarrou a revista.
Marilu
--- Vejamos. O
que diz a tal revista. Sempre há algo de maior importância. – - aplacou a
curiosidade
Abrindo o
magazine, contemplou a cara estranha de Adolf Hitler, a essa altura não tinha a
maior importância por ter morrido antes do final da Guerra. Porém o que trazia
após a capa, era deveras importante. E Marilu, então, se debruçou a ler.
Revista
“Eu já estive
no inferno”, dizia um homem. Um lugar chamado Berga. Soldados americanos foram
forçados ao trabalho escravo. Um dos campos de concentração mais secreto de
Hitler. Ninguém sabia quando aquela agonia terrível chegaria ao fim. Em Berga,
eles conviveram e morreram com judeus europeus integrando as estatísticas
terríveis do pesadelo nazista. Eram eles os “Prisioneiros do Holocausto”.
Marilu
--- Essa, eu
não sabia. Vamos à frente. - - declarou
Revista
No Memorial do Holocausto dos Estados
Unidos, artefatos descobertos estão sendo preservados. São relíquias de um
crime de guerra esquecido. Quando soldados americanos tiveram que trabalhar e
morrer num dos campos de concentração
mais secretos de Adolf Hitler. Até hoje não se sabe que os americanos foram
vítimas do Holocausto. Entre os artefatos, nenhum é mais valioso que o diário
de um dos sobreviventes que documento a sua história. Quando começou a escrever
seu Diário Secreto, Anthonio Acevedo, sodado paramédico tinha apenas 20 anos.
Ele foi um entre vários prisioneiros de Berga que escreveram os Diários.
Marilu
--- Nossa Mãe!
Vejamos o que mais. - -
Revista
Os cadernos
são registro de um crime de guerra quase perdido para a história. Anthonio foi
capturado a 6 de janeiro de 1945. Na Floresta das Ardennas, na Bélgica, território
aliado. O ano de 1944 chegava ao fim. E o ano de 1945 começava de dúvidas e
ansiedade cruéis. Enquanto o Exército da Alemanha Nazista contra-atacava nas
batalhas das Ardennas era o começo da batalha da batalha do Buggy. A jornada
dos soldados americanos até Berga teve início no inverno de 1944 na Floresta
das Ardennas, próximo à fronteira belgo-alemã.
Marilu
--- Bélgica?
Deixa eu ver! - - e consultou o mapa-múndi. Logo após continuou.
Revista
A Ardennas
eram o setor mais tranquilo do front, com florestas consideradas tão densas que
nenhuma ofensiva alemã poderia ocorrer nesse local. Os americanos estavam entrincheirados
em frente de um Bunker alemão. Os militares se vigiavam e nada ocorria. Na
manhã de 16 de dezembro os americanos ouviram bombas caindo no meio das
árvores. Eles não viram quem os atacava. Tanques de guerra e 250 mil soldados
alemães pegaram os americanos completamente desprevenidos.
Marilu
--- Eu sabia!
- - bateu com força no bureau.
Revista
As tropas
alemãs estavam avançando. Após algumas horas sob ataque alemão, Anthonio Acevedo é o único paramédico
de seu pelotão que conseguiu sobreviver. A situação era grave quando os alemães
avançaram com lança-chamas. Os americanos ficaram sem munição. Eles tinham três
opções: morrer de frio, morrer de fome ou se entregar. A Batalha do Booth foi a
maior derrota do Exército americano. Quem foi capturado sentiu na pele a dura
mudança de guerreiro para prisioneiro. Os alemães obrigaram seus prisioneiros
retirar as botas. Os americanos tiveram que descer a montanha gelada totalmente
descalço e na neve.
Marilu
--- Meu Deus
do Céu!! Descalços? - - lamentou.
Revista
A neve chegava
até a cintura. Os americanos marcharam em fila e na retaguarda. E que estava
com sede, pegava um pedaço de gelo. E quem aquilo fizesse isso, levava
coronhada. Um guarda alemão batia com força quem assim fizesse. Sinal de que, para
os americanos, a vida então mudara. E não havia nenhum controle. Cerca de 23
mil americanos foram despachados de trem para o interior da Alemanha nazista.
Eram colocados entre 60 e 80 homens num vagão. Ficavam esmagados tendo que
respirar juntos. Como se tratava de uma carga “sem valor”, os prisioneiros
passavam dias no vagão. A aviação aliada era quem bombardeava o trem sem saber
que havia, dentro, soldados compatriotas.
Marilu
--- Miseráveis
alemãs!! - - irritada
Revista
Os soldados
americanos eram alvejados. Chorava, gritavam, empilhados nos vagões. Mas era o
jeito. Os nazistas permitiam os ataques. Depois de longo tempo os prisioneiros
chegaram ao Stalague 9-B onde ficou claro que estariam classificados pela
religião. Os soldados recebiam as plaquetas de identificação. Os alemães tinham
ordens para selecionar 350 soldados americanos para o trabalho forçado. O
problema era que só conseguiram 80 judeus. Anthonio
Acevedo foi escolhido pois, por ser de origem mexicana, parecia judeu aos
olhos alemães.
Marilu
--- Canalhas!
Monstros! Satanás! - - vociferava
Revista
Anthonio e
outros 350 soldados americanos seguiram para local diferente de tudo o que
havia deixado para trás. Trata-se de um satélite do famoso campo de Pontualte,
um lugar de onde muitos não voltariam. Quando os prisioneiros americanos
chegaram a Berga, Dresden ainda estava em chamas após o bombardeio aliado que
matou dezenas de milhares de civis alemães. Como a maioria dos Campos de
Concentração, o de Berga não era segredo para a população. Muito antes de
chegarem a estação, os soldados viram pela primeira vez, os judeus que estavam
no Campo de Concentração.
Marilu
--- Cães!
Cuspo na cara desses nazistas!!! - - irritadíssima.
Revista
No Comando do
Campo estava um sargento da Guarda Nacional alemã. Ele gostava de submeter os
prisioneiros a condições sub-humanas. Uma pessoa incrivelmente cruel. Os
prisioneiros não sabiam que o campo de concentração de Berga era “especial”.
Ele fazia parte de um programa secreto que usava “escravos” para construir
fábricas subterrâneas de misseis, caças e combustíveis sintéticos. Eram as
armas milagrosas de Hitler. Armamentos com os quais o Fuhrer acreditava o rumo
da guerra.
Marilu
Bastardo! Não
mudou nunca! - - falou como um canibal
Revista
Logo depois da
chegada, os americanos foram levados para uma floresta secreta. Até hoje quem
se aventura da floresta consegue encontrar a entrada. Após explodis as bombas,
todos saiam do túnel até poeira baixar. Os paramédicos americanos eram chamados
para retirar os atingidos pelas bombas para que não morressem sufocados. A
situação era cada vez pior. Gente cuspindo sangue. Esse era então o extermínio pelo
trabalho. Um Inferno em vida. E o trabalho prosseguia até a morte. Logo a desnutrição
e a disenteria se instalaram. Perto da Cidade de Berga existe o último
alojamento. Mais de 200 americanos viviam, dormiam e morriam nesse espaço
apertado.
Marilu
--- É de se
pensar: Será que eu estou sonhado? - - lamentou
O Inferno
existe. Pelo menos para os que existiram da guerra.
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