quarta-feira, 7 de junho de 2017

SONHOS DE MARILU - 27 -

- CRUZ DE CEMITÉRIO -
- 27 -
A PRAIA -

Logo à tarde, Marilu estava no Ateneu Feminino onde as alunas tinham marcado uma homenagem à diretora do colégio. Isso porque era a data de aniversário da professora Margarida, como era assim chamada. Era um alvoroço total das alunas, cada uma com seus bolos, chocolates, doces entre muitas outras coisas dadas por lembrança. Era comum se fazer festa de aniversário para as professoras no dia em que elas festejavam sua data natalícia. E sendo a diretora, a festa ainda era maior. As alunas prepararam um esquete onde apresentariam a mestra numa faz de conta, pois uma aluna faria a vez da mestra como se fosse de verdade. Gargalhadas eram francas. No vai e vem do alunado, cada qual comentava já está pronta para a festa. Enfim, era uma zoada geral. O palco, no faz de conta, fora armado com uma cortina de veludo onde as moças de idade juvenil estariam fazendo a vez da mestra. E as demais, o público assistente. O drama ainda não começara quando entrou na sala uma mocinha, muito apavorada, procurando alguém para falar. Depois de procurar, ela encontrou quem queria. E então, falou, de certo modo, sussurrando para a outra sair do local. Marilu estava presente e ouviu a colega quando chegou e ouviu quando – vamos dizer, Jurema – chamou a moça para sair do local. Curiosa, Marilu se esquivou e foi ouvir a tal conversa em um canto de parede. Logo que chegou ao local, perto de onde estava Marilu, escondida por causa de uma arvore, Jurema começou a falar um tanto assombrada.
Jurema
--- Walquíria, escute o que eu vou te contar. Não fale a ninguém. Eu vou contar só a você. Eu fui à praia ontem a noite para ver a Lua. Era noite de Lua cheia e o seu brilho iluminava com todo o resplendor o Oceano. O local estava bastante calmo e não havia, provavelmente, nem uma alma. Era 01 horas da manhã quando eu vi, caminhando, bem na beira da praia uma linda mulher a vestir um maiô um pouco alongado. Ela, a moça, tinha os cabelos longos e molhados. - -
Walquíria
--- E não tinha ninguém na praia? - - perguntou assustada.
Jurema
--- Não tinha ninguém. Mas, escute.  A moça caminhava num ritmo estranho, dando passadas para frente e para trás. Caminhava uns dois metros e depois, voltava. Ia e voltava nesse vai e vem, ali perto de mim. Era algo hipnotizante. Aquele movimento daquela, parecendo, visagem se repetia por várias vezes.
Walquíria
--- E você nem fala com ela? - - assustadíssima.
Jurema
--- Nada. Eu nem falava. Teve uma ocasião em que eu fui até mais próximo da moça e fiquei há poucos metros dela. E então ouvi e senti que não me aproximasse mais. Aquela moça, em movimento frenético de indo e voltando, a cada vez se distanciava um pouco mais. –
Walquíria
--- Nossa! Eu tinha metido a carreira. Fugia dali. - - chega se molhou de urina em plena tarde.
Jurema
--- Você está se mijando? Veja tua roupa! Então, a visagem rumou em direção de umas pedras, parecendo uma sala. E eu procurei focar a visagem com minha lanterna, porém já não via nada. A luz da minha lanterna não a alcançava. De repente, alguma coisa saiu de dentro da praia. Algo que eu não sei explicar o que foi. Algo que muito me assustou. Parecia um caranguejo gigante, de dois metros ou mais e de cor negra. Imagine só. - -
Walquíria
--- Ai meu Deus. Estou me mijando. Pera um pouco! - - e a moça se agachou para urinar de vez
Jurema
--- Estais se mijando de medo? Escute o fim a história. Eu sei que o caranguejo grande, saiu em uma velocidade imensa, entrando nas pedras distantes. Então, eu senti a força do perigo. Depois de duas horas e eu, perdido na areia, sentindo tudo aquilo, da visagem no vai e vem da escuridão, foi sumindo para longe e eu me vi alucinada. - -
Walquíria
--- Ave Maria! Tu ainda vais a praia? – - perguntou a moça sugando as calcinhas.
Jurema
--- Sei lá. Eu fiquei com muito medo. Eu sei, que hoje de manhã, entrando no meio das pedras, no canto onde terminava a praia, havia uma ruina de uma casa, mostrado a existência de cômodos de aparência muito antiga com bastante tempo. Talvez que houve gente morando naquela casa há bastante tempo.
Walquíria
--- Parece. Agora, eu sou quem não a essas praias, pelo menos à noite. - - remorso
Jurema
--- Não sei. Eu fico toda arrepiada só em lembrar da casa caída no tempo. Eu estou mais preocupada com essa horrorosa história. Isso guarda algo de sobrenatural.
Walquíria
--- Era um fantasma! Fantasma! Fantasma! - - relatou com bruto medo.
Jurema
--- Fantasma perdido, é o que eu acho! - - assombrada.
Escondida por uma árvore, Marilu ficou estarrecida com a conversa de Jurema e desse instante ficou mais quieta com respeito a informes apreensivos por espíritos de seres desencarnados. Ela sabia que à noite teria sessão no Centro e Marilu tinha a certeza de ir receber mais passes mediúnicos em favor dos desencarnados, principalmente para o seu pai e as crianças igualmente desencarnadas.
Um livro, Marilu estava lendo nas horas vagas para ter maior compreensão sobre a doutrina espírita. Algo sobre o Livro dos Médiuns. Ela queria entender a mediunidade, por excelência. Já esteve em livrarias com respeito ao Espiritismo, e adquiriu esse delicado exemplar. E deu para ler algo sobre a Cruz que um rapaz retirou e levou para a sua casa. É verdade que todos têm uma Cruz conseguida em uma loja de livros sacros e ele entrou em um cemitério a procura de algo misterioso. Por acaso ele era um rapaz do movimento gótico, desses que andam com cabelos espalhafatosos, usam bonés extravagantes, roupas sensualistas, braceletes estranhos e cinturões enegrecidos. Afinal, roupas góticas. Para dormir, usava até um caixão fúnebre. Ele era um desses. Certa vez, um dos góticos surgiu e falou para seus amigos
Mateus
--- Amantes, eu hoje vou beber no cemitério! – - disse o rapaz.
Caipora
--- Falou, lixo! - - disse outro
E o amigo saiu. Naquela hora da noite havia apenas um lugar aberto no comércio. O rapaz seguiu para o local que ainda estava de portas abertas. Mas, para se chegar na mercearia tinha que passar pelo Cemitério da cidade. Ele foi e comprou o licor na bodega e, na volta, ele teve que passar pelo Cemitério e então levou algo, como um vaso, e dar para a galera. E assim que ele pulou o muro, viu alguém que estava pelo lado de dentro, a observá-lo. Ele não teve medo do velho e perguntou
Mateus
--- E aí? Tudo bem? - -
O velho falou.
Velho
--- O que está fazendo aqui a esta hora? Está procurando alguma coisa? - -
Mateus pensou que fosse o coveiro e tentou disfarçar.
Mateus
--- Nada não! Só estava de passagem! - - respondeu
Velho
--- Você está aqui, procurando alguma coisa. Pode falar. Eu te ajudo a achar! - -
Mateus
--- Bom. Os meus amigos estiveram aqui, no Cemitério e pegaram uns anjinhos. Eu queria pegar uns anjinhos também. Sabe onde tem? - -
 O Velho sorriu e disse que sabia.  Pediu para Mateus seguir e, no caminho, perguntou.
Velho
--- Só serve anjinho? Não serve outra coisa? - -
Mateus
--- O que, por exemplo? - -
Velho
--- Que tal uma Cruz? Seus amigos vão gostar. Aquela dá para sair. É só puxar.
Então, Mateus puxou a Crus, saiu fácil botou nas costas e foi em direção para pular o muro para pular de volta. Quando ele chegou ao muro voltou para perguntar e recebeu, em resposta, que o velho não tinha que sair pois sempre estava naquele local.
Quando Mateus chegou com aquela Cruz, todo mundo – todos góticos – achou a coisa mais legal do mundo. Foi uma algazarra febril. Nesse ponto, o rapaz, dono da casa que estava tomando banho, saiu para ver o que estava a ocorrer. Então, o moço pediu para examinar aquela Cruz. Ele olhou bem e exclamou.
Rabi
--- Que merda é essa? Quem pegou isso? Tira isso da minha casa! Já! - -
Os góticos ficaram confusos e perguntaram que era o que estavam fazendo.
Rabi
--- Olha na Cruz! - -
Todos olharam e nada de mais vislumbraram. Quiseram então saber.
Rabi saiu da sala e foi até o seu quarto e pegou sua carteira de identidade e a trouxe, pondo à mesa. Estava escrito: data de nascimento dele e data de morte. Todos ficaram assustado quando perceberam que era o mesmo dia, o mesmo mês e o mesmo ano do dono da casa. A data de morte daquela cruz era exatamente a data de nascimento de Rabi. Isso é o acerto de algo do Cemitério.

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