segunda-feira, 12 de junho de 2017

SONHOS DE MARILU - 34 -

- IGREJA -
- 34 -
O HOMEM ´-

No Atheneu feminino o terceiro ano chegou ao fim. As moças gritavam de alegria. Tinham as que sairiam em gozo de férias a passear em Estados do Sul, outras ainda estavam por decidir e Marilu sabia que ficaria ali mesmo, no Jornal do Estado onde tinha emprego fixo. No domingo, houve celebração de Santa Missa e várias das concluintes, bastante alegres, comentavam os mais ambiciosos sonhos. As alunas de Igreja Protestante, essas não estavam na Missa porque a sua doutrina proibia esse culto religioso lembrando que era propensa ao Demônio.  Durante a celebração da Missa, o padre falou que ali estavam as futuras heroínas a lecionar matérias de maior interesse para os seus alunos. Entre outras coisas de salutar proveito. A Catedral estava lotada. Gente muita. As concluintes estavam sentadas do lado direito da Catedral. E do lado esquerdo, sentavam os pais, padrinho e demais convidados. A mãe de Marilu sentou-se próximo a sua filha, apenas do lado esquerdo. E o padrinho, Lauro, também se sentou do lado esquerdo. Foi, não foi, uma olhadela de Marilu com um belo sorriso para a sua mãe. E assim, transcorreu o ato religioso, sem mais nem que.
Algo ocorreu quando Marilu estava a assistir a Santa Missa. Ela observou, sem querer, um rapaz, sempre de costas para os assistentes da Missa, como se estivesse rezando voltado ao Sacrário, local reservado ao Santíssimo e em algum tempo, saiu de repente. Ela não deu significativa importância. Apenas olhou, mas sem querer. Terminado o ato religioso, as moças seguiram para um café na Casa do Arcebispo Metropolitano. Foi uma festa de doce alegria. Tinham bolos, doces, pudins, licores além do próprio café com leite e muitas guloseimas. Cada qual que aproveitasse o seu. A mãe de Marilu, dona Noca, estava contente por ver a filha sendo diplomada naquele dia. O padrinho. Lauro, sempre abraçava a moça e desejava os melhores sucessos dali por diante. Foi naquela casa que a moça vislumbrou, novamente a figura, sempre de costas o rapaz. Ele passou ligeiro, não deixado oportunidade para Marilu ver melhor. Foi quando ela falou.
Marilu
--- Tem um rapaz aqui, que estava na Catedral. Eu o vi por duas vezes. Ele sempre de costas. Será empregado da casa? - - murmurou para Lauro
Lauro
--- Deve ser alguém da casa. Quer que eu pergunte? - -
Marilu
--- Não. Não. Não se preocupe. Deixa p’ra lá. - - se desculpou a moça
E a festa continuou por duas horas quando as moças tomaram o seu destino, cada uma desejando saudades para todas as outras. Nesse momento, Marilu tomou o bruto susto ao notar a presença do rapaz, apenas de costas, a entrar na Igreja de Santo Antônio, na mesma rua da Casa do Arcebispo.
Marilu
--- Veja, seu Lauro! O homem entrou naquela Igreja! Por que somente de costas? - -
Lauro
--- E você queria que ele entrasse de frente? - - sorriu o homem
Marilu
--- Não é por isso. A questão é que eu vejo o homem apenas de costas! - - alarmada
Lauro
--- Ora! Se ele vai entrar, somente só pode ir de costas para quem está atrás dele! - - gargalhou
Marilu
--- Sei não. Algo está errado. Eu vou lá, para ver ele de frente! - - abusada
Noca
--- Para onde ela vai? - - perguntou dona Noca
Lauro
--- Sei lá. Deu fraqueza na cabeça da pobre. - - sorriu
Noca
--- Mas ela viu o que naquela Igreja? - -
Lauro
--- Não sei. Apenas um homem entrando da Igreja. - -
Noca
--- Ora mais! Tem jura, menina! - - e fez um tunc.
Lauro foi até a Igreja de Santo Antônio e procurou por todo meio a moça Marilu. Quase estava desenganado, pronto para voltar quando viu a moça saindo de trás do altar mor. E lhe chamou:
Lauro
--- E então? Você o encontrou? - - quis saber
Irada, Marilu respondeu.
Marilu
--- Que nada! O homem sumiu! Diabos! - - respondeu com nojo
Lauro
--- Deve ser um Capuchinho! - - lembrou
Marilu
--- Quem? - - indagou sem entender
Lauro
--- Um frade. Desses que usam barbichas. –  - e fez menção de quem usa barba
Marilu
--- Ele não usa barba. Pelo menos não deu para ver. - - abusada
Lauro
--- Melhor. É um ermitão. Solitário apenas. –
Marilu
--- Não creio. E por que ele se esconde? –
Lauro
--- Ele se esconde? Ele está visível para todos, menina! - - falou com certa importância
Marilu
--- Eu não sou menina. Pode me chamar de qualquer coisa, menos de “menina”! – -abusada
Lauro
--- Desculpe-me. Eu disse assim, por dizer, senhora. Vamos almoçar em um restaurante
E as três pessoas saíram compressa: Lauro, Marilu e a sua mãe, dona Noca a procura de um restaurante de primeira classe, na Cidade Alta. O auto prosseguia com vagar, não evitar algum acidente, porém por cuidados com os ébrios ainda a perambular pelas esquinas da vida. Nesse ponto, algo se postou na frente do carro. Tão logo, Lauro brecou o auto. E gritou.
Lauro
--- Você está louco, homem! - - - com o carro parado
O homem se soergueu sem olhar para o motorista e, depressa, correu para um lado, entrando em um beco próximo, desaparecendo após.
Marilu
--- É ele! Eu vi agora! É ele! O homem! Ele não tem barba! É ele!  - - declarou a moça em total desespero apenas a apontar em sua direção
Lauro
--- O homem! Esse? Vamos pegar o herege. - - o rapaz fez manobra no carro e passou por lixos e pedras de uma construção para pegar o sujeito de qualquer modo
Lauro entrou em caminhos e passou por porção de lama, mesmo assim não mais encontrou o ser. Esse desapareceu como por encanto. A moça ficou pasma querendo sair do auto, mas não podia por conta de barros da via. Por conseguinte, Marilu gritou por brabeza.
Marilu
--- Merda! Merda! Merda! O safado desapareceu! Mas eu vi! Ele não tem barbicha alguma! - - e batia no banco do carro.
Laura
--- Calma! Calma! Por sorte eu não o atropelei! Mas era ele? - -
Marilu
--- Sim! É ele! Eu vi a cara, agora! - - falou ao desespero 

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