- SENSITIVA -
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A PRIMA -
Oito horas da
manhã de uma quinta feira. O comércio do bairro da Ribeira já tomava fôlego. O
Jorna do Estado já era disputado pelos ávidos leitores. Acidente de trem, carro
bate em poste e a crença na cidade de bons costumes. Sapatos de puro solado,
vestidos de seda cambiava com demais artigos de compra e venda. Nesse ponto,
chegou a senhorita Janilce subindo a escada em uma correria louca. Ela era a
nova repórter do Jornal e estava à procura de Marilu, por ser mais experiente
nos assuntos do dia. Cansada, na subida da escada, Janilce, no seu passinho
miúdo, vestindo um traje de seda e bem perfumada, como gostava de parecer, a
moça foi de imediato até o birô onde estava Marilu, indo direto ao assunto.
Janilce
--- Tenho uma
coisa p’ra te contar! Por favor, me escute! E depressa! - - falou bastante
cansada com a subida da escadaria.
Marilu
--- Descanse,
menina, para poder falar! - - recomendou, por outro lado.
E Janilce fez
uma pausa. Porém se notava que a moça estava alarmada. Seja o que fosse, era
algo de anormal. Passado um minuto, Janilce começou.
Janilce
--- Mas, e
urgente! Quando eu soube, sai correndo. É o seguinte, tem uma mulher, bem moça
ainda e ela é sensitiva. Entendeu? Sensitiva! - - falou Janilce, a repórter.
Marilu
--- Sei o que
é. Continue, por favor. - - prosseguiu com calma.
Janilce
--- Pois bem!
Ô calor! Deixa eu beber água! - - e se levantou para pegar um copo
Logo após
Janilce estava de volta. E indagou:
Janilce
--- Onde é que
eu estava? - - indagou parecendo ter esquecido do assunto
Marilu
--- A mulher
sensitiva! Continue! - - sorriu
Janilce
--- A mulher
sensitiva? Ah, sim. Pois é. Como começo? - - quis saber
Marilu
--- Pela a
mulher sensitiva! - - sorriu
Janilce
--- Mas, como?
A já sei! Esse negócio de espírito, e tal. Já presenciou muita coisa sinistra.
Mas, o mais interessante foi isso que aconteceu. Essa mulher, ainda jovem, 18
anos, parece, estava dormindo quando sentiu alguém sentar do lado dela, na
cama. Ouviu bem? - - quis saber
Marilu
--- Ouvi, sim.
Pode continuar, se não tiver cansada. - - sorriu
Janilce
--- Pois bem.
Sentar na cama! Como é que eu digo? Então, ela sentiu o colchão abaixar. E
quando a moça abriu o olho, viu ali, sereno, tranquilo a sua irmã falecida.
Então a irmã dela, já falecida há algum tempo relatou, com um semblante sereno
e calmo, afirmando a outra, a viva! “ Não precisa se preocupar, minha irmã: Eu
vi a sua filha. Ela é muito linda e tem o cabelo todo encaracolado. E você não
vai morrer de parto”. A irmã já morta deu um beijo na testa da irmã viva, e se
foi. E a moça, viva, disse que tem certeza que aquilo não foi um sonho. Aquilo
foi muito real. Ela contou à família, e
todos ficaram sem reação! Imagine! - - e a moça concluiu o relato
Marilu
--- E o que
você acha? - - perguntou Marilu
Janilce
--- Eu? Se lá!
Eu vim contar a você para ouvir a sua opinião! - - relatou angustiada
Marilu
--- Você conhece
a moça? A que está viva? - - perguntou
Janilce
--- Conheço.
Eu conheci até a morta! O pessoal mora vizinho parede e meia comigo! E agora? -
- perguntou ao desespero
Marilu
--- Não é raro
os casos onde um parente vem fazer uma visita, até uma palavra de conforto a
alguém está precisando. Eu tenho um exemplo de uma moça que morreu aos 18 anos.
E quem me contou sofreu de mais com essa perda, pois ambas se queriam muito,
por serem parentes. A sua prima que desencarnou deixou uma lacuna incrível por
sua ausência da sua parenta. - - falou
Janilce
--- E a prima
morta não mais ligou por sua falta? - - quis saber
Marilu
--- Muito.
Muito. Sempre sentia presença da sua prima desencarnada, no seu quarto. Porém,
nunca chegou a vê-la. Porém, recentemente, algo estranho aconteceu. Ela foi
dormir e sentiu o seu corpo paralisar. Em seguida, ela ouviu vozes falando
vozes falando com ela e alguém mexendo em seus cabelos. Quando, finalmente ela
conseguiu de mexer, ela correu para acender a luz. Mas a luz não ficava acesa.
Ela acendia e a luz apagava, isso por várias vezes. - -
Janilce
Janilce
--- Cristo!
Por que isso? - - alarmada.
Marilu
--- Ela
começou a ficar com medo. E, então, ela correu para chamar a sua irmã. Nesse
momento, ela reparou que ela – - vamos dizer: Noêmia - - estava deitada na
cama. Noêmia viu o seu corpo deitado. Então Noêmia pressentiu que estava fora
do seu próprio seu corpo. Por mais que conseguisse voltar, Noêmia não obtinha
resultado. Ela notou, então, que a sua casa estava muito escura. Todas as
lâmpadas estavam desligadas. –
Janilce
--- E então.
Faltou energia? - - de boca aberta
Marilu
--- Ela
pensou! ”. Tudo errado! Vou para o inferno”!. Ela pensou que tinha morrido.
Quando Noêmia estava voltando ao seu quarto, um pouco antes, ela viu dois
homens vestidos de branco parados, ali na sala, conversando. Noêmia não sabia o
que os dois conversavam. Apenas sabia que falavam ao seu respeito. Ela deu um
grito e saiu da casa, assustada! - -
Janilce
--- Minha
Nossa! E então? - - tremendo de medo
Marilu
--- Só que
Noêmia atravessou as paredes e na hora que ela saiu da sua casa e viu onde
estava: No cemitério da cidade, justo no cemitério onde a sua prima foi enterrada.
Então, ali no campo sento, ela viu muitas almas abatidas. Almas tristes em
volta dos seus túmulos. Noêmia sentiu uma tristeza imensa com causa de
desespero. Foi quando Noêmia voltou a correr e se deparou com um outro homem a
lhe confortar! “Fique calma! Nada de ruim vai te acontecer”. E Noêmia fez a
enlutada questão ao senhor! Por que aquelas estão ali, vendo seu tumulo. E
recebeu a resposta de quando a pessoa morre fica por algum tempo rodando o seu
corpo! - -
Janilce
--- Nossa Mãe!
Credo! Se eu morrer vou ficar circulando o meu túmulo? - - desespero
Marilu
--- Quem sabe?
Só você pode saber. Então, Noêmia ficou só, pois o homem sumiu. Foi aí que ela
ouviu uma voz chamando por seu nome. Ela se voltou e viu a prima que já havia
morrido há vários meses. Noêmia a olhou e encontrou sua prima com um sorriso
radiante, linda até. Foi quando a prima se acercou e disse que era preciso
voltar a casa.
Eliete
--- Todos os
dias eu estou com você. Um dia nós iremos nos encontrar. - -
Marilu
--- Foi o que
a moça, já morta, falou. - - respirou fundo
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