sábado, 10 de junho de 2017

SONHOS DE MARILU - 31 -

- RPG -
- 31 -

CENA MACABRA -

Passados os dias, nada mais ocorrera de modo que Marilu levava uma vida tranquila, todos os dias frequentando o jornal, fazendo matérias sem grande importância, pelo menos assim ela pensava, e à tarde, estava a voltar a estudar no Ginásio Ateneu onde ela mantinha matricula já no seu final. Entre outras, todos os dias era a mesma rotina. À noite, dia sim, dia não, ela frequentava as sessões espíritas ouvindo as preleções dos guias, vendo figuras enigmáticas e estranhas possessões, ajudando a retirar espíritos endemoninhados, entre outras situações. Quando Marilu esteve do Centro, foi para contar a insólita aparição de um ser, provavelmente, seu pai. Tirado o encosto, ela se livrou da tormenta que acudia. Mas, certa vez, houve um assassinado macabro em sua cidade. Era um garoto que ela conhecia de vista, conhecido por Iran. Um garoto de aparência muito estranha, retraído, de poucas palavras, muito quieto, na dele. Só usava roupa escura, botas, cordões prateados com símbolos estranhos, cabelos longos e cavanhaque. A moça temia esse rapaz não querendo conversas.
Marilu
---Virgem! Lá vai ele! Nossa! – - dizia a moça quando o encontrava na rua.
Era assim que a moça fazia sempre que o via, torcendo caminho para passar adiante.
Nadir
--- Que foi? – - perguntou a colega
Marilu
--- Aquele “monstro”. Não vou nem por aqui. Para mim, ele é um bicho! - - saía com pressa, correndo então.
Nadir sorria e nada comentava. Ele seguia por um novo rumo com a amiga Marilu.
Marilu
--- As camisetas que ele usa, só tem imagem apavorante! Horrível! Dá medo! - -
Nadir sorria mais por conta da insegurança de Marilu.
Foi, não foi, Marilu sempre notava a presença de Iran. E corria para evita-lo
Mas o rapaz tinha a sua turma. Garotas e colegas, curtindo as mesmas festas dançantes com sua gente boa. Gente que conhecia Marilu, conversava sempre sobre o rapaz com a moça, como o de jogar RPG, um jogo de interpretação de personagens. Role-Playing Game.
Nadir
--- É um jogo de interpretação de personagens. - - disse a colega de Marilu
Marilu
--- Eu não conheço esse jogo! - - abusada
Nadir
--- É um jogo baseado no mundo medieval. De certa forma, não deixa de ser uma coisa sinistra e se passa horas e horas jogando. - - sorriu.
Marilu
--- Sinistra? Como assim? - - indagou
Nadir
--- Eu joguei isso uma vez e fiquei morrendo de medo. Hoje, eu só vejo os rapazes jogar.
Marilu
--- Esse tipo de jogo eu nunca vi! - - torceu a boca
Passado o tempo, ela chegou a ver o jovem Iran com a cara fixa, uma certa escuridão no olhar. E desviou logo de caminho. Deixou o jovem Iran para lá, andando meio sem graça. Marilu sabia então, de haver muita “balada” onde Iran sempre estava.
Nadir
--- Vamos a “balada”? Nestor vai! Vamos? - - quis saber
Marilu
--- Eu, não! Tenho aula e vou preparar meus estudos! - - se desculpou
Nessa balada, havia a turma “gótica”, como o Iran. E Nestor, aparentemente, uma boa pessoa, também conhecia o Iran. A turma a “roupa preta” tinha uma estranha mania de beber no Cemitério às sextas-feiras à noite e jogar também a RPG. O Cemitério fica em um morro e nem é grande demais. Por falta de iluminação, a turma se reunia na parte escura do Cemitério, perto de um Cruzeiro dito como “assombrado”.
Nadir estava por perto com o Nestor. Como todas as sextas-feiras, eles todos estavam reunidos. Mas, por ser já bem tarde da noite, a turma quase toda saiu, ficando Iran, um de menor com Nestor e Nadir. Foi quando o jogo ordenou matar o Nestor. Iran tentou estrangular Nestor. Como Nestor se debatia muito, Iran pegou uma pedra de mármore
Nadir
--- Cuidado, Nestor. Ele vai te matar! - - gritou a moça
Iran acertou a pedra na cabeça de Nestor, causando a sua morte. Logo após, comeu partes dos órgãos de sua vítima. Nadir entrou em pânico
Nadir
--- Não! Não! Não! Você matou Nestor! - - gritava a moça, em desespero
Após o ocorrido, Iran desceu até a Capela e ligou para a polícia em total desespero.
Iran
--- Um crime ocorreu aqui no Cemitério. Venham! Venham! - - gritou Iran
Nem o Iran sabe contar o ocorrido. Apenas Nadir, porque viu toda a cena macabra.
Nadir, em testemunho.
Nadir
--- Ele pegou, a pedra e meteu na cabeça de Nestor. Foi assim que ele fez. O RPG ordenou que ele matasse o amigo. - - chorando
Polícia
--- Foi assim que se deu? - - perguntou o policial a Iran
Iran
--- Eu não sei. Sei que o jogo me mandou matar o rapaz. É o que eu lembro.
Na necropsia se constatou que o Nestor foi esganado por Iran, pois havia marca no pescoço e tufos de cabelos em suas mãos. Havia sangue na pele e na cabeça de Nestor havia ferimentos grandes.
Marilu seguiu o cortejo do sepultamento de Nestor. Entre meios das pessoas ela viu o Nestor a olhar seu sepultamento. A sua mãe, irmãs e o próprio pai a chorar. O dia estava nublado. Era manhã de copiosa chuva.
Marilu
--- Estas a ver o que te sucedeu? - - indagou a moça
Nestor
---Iran me matou por ordem do Jogo. - - declarou o morto
Marilu
--- Foi tudo assim? - -
Nestor
--- Sim. Por certo que foi. - -
A moça se afastou do morto pelo lado de fora do pessoal, afiliares enlutados, e seguiu para o Jornal onde faria a matéria do sepultamento. Entristecida, ela nem podia falar no testemunho de Nestor. Apenas digitaria o ocorrido
Lauro
--- Como ocorreu o enterro? - -
Marilu
--- Como todo enterro. Prantos e chuvas. - - respondeu
Lauro
--- E o criminoso? - -
Marilu
--- Preso. - -
Lauro
--- Ainda bem. - -

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