- CANDOMBLÉ -
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CANDOMBLÉ -
Em dia de
sábado, à tarde, Marilu foi, como sua amiga, Janilce, a bodega de Floriano, no
Carrasco, um arruado pequeno, dependência de um bairro maior, o Alecrim. Ela
foram fazer visita e a procura de algum livro que elas não tinham e nem sabiam
de algum aforisma em tal sentido. As virgens entraram na mercearia, como se
pode designar a bodega, todas em amplas alegrias. Ao penetrar da bodega, as
mocinhas notaram que uma mulher acabara de adquirir um amuleto. A mulher, de
seus 50 anos, gorda por sinal, saiu depressa deixado a bodega. Floriano
agradeceu a visita das moças e logo atendeu, por mera ansiedade, esfregando as
mãos, uma na outra.
Floriano
--- Boa hora
que vou ter a oportunidade de atendê-las! - - sorriu abertamente
Marilu
--- Obrigada.
Nós estamos num dia de sábado aqui porque o Jornal fechou logo cedo, ao meio
dia. É o seguinte. O senhor sabe o que é Candomblé, por favor? - - sorriu se prendendo
de receio.
Floriano
--- Claro que
sei. Quer algum livro? - - quis saber esfregando as mãos.
Marilu
--- Se
possível! - - e logo buscou encontrar a sua amiga Janilce, que estava examinando
na estante, ali próximo, demais livros
Sem ter
pressa, Janilce chamou a amiga para mostrar outro livro sobre Macumba,
instrumento de prática religiosa e divindade dos povos africanos. Marilu
apreciou bem e declarou.
Marilu
--- Esse, eu
vou levar. - - murmurou. Deu o toque no livro a deixar de mão.
Janilce
--- Que você
encontrou dessa vez? - - sussurrou.
Marilu
--- Candomblé,
- - declarou e se arrepiou toda
Janilce
--- Candomblé?
O que é isso? - - murmurando, perguntou curiosa.
Marilu
--- É
Candomblé, ora! - - dizendo do modo sorridente
Floriano já
chegara com alguns livros. E declarou apenas os seus livros.
Floriano
--- Pronto.
Candomblé! Tem esses três. Mas, todos são iguais. Um e outro! - - apontou com o
dedo
Ela pediu para
lê-lo um pouco e deixou o outro com sua amiga Janilce, pronunciando.
Marilu
--- Leia também,
sua boba! - - delicadamente sorriu
O termo
candomblé tem origem banta, tendo como raiz o quimbundo kiamdomb ou quicongo
ndombe, ambos significando “negro”, tornaram-se sinônimos e referência genérica
de diferentes expressões de religiosidade de matriz africana, exceção feita a
Umbanda cuja origem intensamente sincrética a situa em outra categoria de
estudo e observação. O candomblé é o culto aos orixás. As festas são realizadas
em terreiros.
Janilce
--- Eu li.
Mas, não compreendi! - - declarou sussurrando
Marilu
--- Eu também,
quase nada. -- - Marilu sorriu.
Floriano
--- Vocês
querem entender bem? Frequentem um Centro. - - declarou sorrindo
Janilce
--- Centro?
Onde tem isso? - - quis saber.
Floriano
--- É fácil.
Aqui, no bairro tem um Centro. Fica logo depois da linha do trem. Por aqui.
Veja. - - foi mostrar a casa de candomblé.
Após a venda
feita, Floriano agradeceu e voltou a informar o local da casa ditando que, de
dia, não tinha sessão. Mas as moças seriam atendidas plenamente, por alguém,
pois alguém estava à espera das duas.
Marilu
--- Como elas
sabiam que nós estamos a caminho? - - pesquisou com receio
Floriano
--- Tudo se
sabe nessa vida, senhorita! - - declarou sorrindo
Janilce
--- Vamos lá,
agora? - - quis saber a moça apontando
com o dedo
Marilu
--- Se é para
o bem da nação, eu digo: nós iremos lá, agora. - - disse e gargalhou
Ao chegarem a
residencia, as moças foram recebidas por uma senhora de porte volumoso, chega
de balagandans, roupa branca, os cabelos da cabeça, todos cobertos por um mando
também branco. Afinal, a mulher estava toda de vestido branco. Enormes
pulseiras, anéis como de prata em todos os dedos das mãos, pingentes a descer
pelo pescoço entre rosas de lírios espalhados pela sala. Era uma mulher de cor
morena, tinha um rosto simpático e bastante sorridente. Enfim, era uma mulher
afável, com certeza. Abriu os braços para abraçar as duas moças que se
mostravam inibidas nesse primeiro instante. Com seus braços amigáveis, a mulher
perguntou.
Guia
--- Em que
posso servi-las minhas filhas? - - falou assim após deixar um tamborete.
Marilu
--- Nós somos
jornalistas. E gostaríamos de ver uma demonstração de um terreiro de Candomblé,
quando estivesse em sessão. Pelo menos à noite. - - falou inibida.
Guia
--- Pode ser. A
nossa Casa Branca é o mais antigo de Candombe da Capital. Nós chegamos como
escravos. Os nossos primeiros Orixás chegaram em navios negreiros no século
XVI. Eles eram escravos, vindos presos nos porões. Os donos da gente diziam que
nós falávamos como feiticeiros. Por isso, nós éramos escravos. Depois da
abolição da escravatura é que a coisa mudou. Mas, ainda hoje tem preconceito
com a gente. Para os brancos, nós somos negros. E negro não vale nada, dizem os
brancos. Os brancos não dão educação nenhuma aos negros. Somos a plebe. Veja a
sua pele. Ela é negra. Parece branca. Mas não é. Você e negra e não, branca. -
- e sorriu com alegria para as jornalistas
Marilu
--- Vejo que a
senhora tem razão. Essa pigmentação é de negro! - - falou ressentida após
passar a mão da sua pele
Guia
--- O que mais
posso fazer por vocês, minhas primas? - - relatou a guia
Marilu
--- Nós
queremos ver como é o Candomblé, por
dento mesmo. Suas danças, seus casamentos, seus personagens. Por exemplo: Quem
é Exu? - - quis saber
Guia
--- Exu? É
quem gosta de cachaça. Oxalá é quem se veste de branco. Quem recebe oferendas
em alguidares são orixás. O Candomblé, com seus batuques e danças, é uma festa.
Iemanjá é a orixá, a deusa dos mares e dos oceanos. Onde tem terreiro, tem
festa. - - sorriu fumando cachimbo
Marilu
--- Mas quando
nós podemos ver uma festa de Candomblé? - - quis saber
Guia
--- Hoje mesmo.
Quando chega a noite. Venham. Vocês serão conduzidas por um Iroko que é um
antigo Orixá.
As duas moças
sorriram e prometeram voltar.
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