- SARCÓFAGO -
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FALSA MORTE
Marilu seguiu
com o velho senhor perambulando pelo cemitério, conhecendo túmulos estragados,
olhando para o interior de outras tumbas até que o velho Neco, de imediato,
parou. A moça ficou em sobressalto porque o velho homem lhe disse algo
assombroso, de modo arrepiar. Eles haviam passado por uma série de catacumbas,
todas elas arrepiantes, em algumas com o cheiro de moço como se fosse avisando
que ali dormiam os mortos do além vida. Marilu lembrou, naquela ocasião, da
moça que ela vira toda em desalinho. E pensou não por matéria com a senhoras
dos seus sonhos quando fosse fazer o texto da visita no além tumulo. E, nesse
ponto o velho parou a olhar fixo para o interior da velha tumba. Após segundos,
Neco falou.
Neco
--- É esse!! -
- declarou sem temor.
Marilu, cheia
de horror, ainda perguntou.
Marilu
--- É esse
qual? - - tremendo de medo
Neco
--- A morta. É
esse aqui. A mulher que passou por uma autópsia. É essa mesma! Os médicos
legistas ficaram aterrorizado com o que viram. O corpo exangue de uma mulher
encontrada em um porão. - -
Marilu
--- O que
ocorreu com a morta? - - tremendo de pavor.
Neco
--- A mulher
estava morta. Mas, mesmo assim, a morta revelou casos assustados. A mulher trazia coisas na garganta,
queimaduras, coisas difíceis de explicar. Uma coisa sobrenatural tomou conta do
crematório. - -
Marilu
--- Nossa! A
morta assombrava aos seres vivos? - - perguntou com temor
Neco
--- E mais! E
mais! Baratas saiam de todos os buracos do cadáver. Fogos se espalhavam por
todo o necrotério. Era um horror macabro. Os médicos investigavam tudo para ter
certeza de onde vinha aquele sangue morto. Seja lá o que foi, aquela autopsia
foi horrenda.
Marilu
--- E o senhor
enterrou o cadáver? - - assustada.
Neco
--- Eu peguei
o cadáver e sacudi lá dentro da catacumba. - - e bateu uma mão da outra
Com todo
susto, de manhã, logo cedo, Marilu seguiu o velho para outros caminhos macabros.
Se não fosse o fotografo estar por peto, ela teria ido embora em disparada, a
correr como uma louca. O velho parou adiante. E apontou para um certo túmulo.
Neco
--- Este caso
também a formidável. - - e sorriu
Marilu
--- Pior do
que o outro? - - quis saber.
Neco
--- Mais ou
menos. O defunto veio de um hospital oncológico. Quer dizer: tumor cancerígeno.
A senhora sabe disso? - -
Marilu
--- Sim. Sei.
Prossiga. –
Neco
--- Pois bem.
O cadáver era de um senhor vindo da roça. Esse caso quase não tem cura. Nem
mesmo os da cidade. Lidar com a morte em si, os médicos já têm costume. Morrem
todo dia de três a quatro pessoas. –
Marilu
--- Imagino. É
triste mesmo. - -
Neco
---Assim é o
destino dos vivos. Certo tempo, tinha um doente com uma neoplasia maligna. Quer
dizer, um câncer. O paciente já tomava sangue direto. É tanto, que o médico
parou de continuar com as aplicações. O homem já estava morrendo. E o setor de
enfermagem esperou o atestado de óbito para poder desligar os aparelhos. E se
preparou o defunto para colocar num saco verde para mandar ao necrotério.
Marilu
--- Eu sei
como se faz. Continue, por favor. - -
Neco
--- Muito bem.
Quando passou mais algum, quase uma hora da tarde, outra enfermeira entrou no
box para pegar uns lençóis limpos a serem usados em outra paciente. De repente
a enfermeira se assustou. Viu à sua frente, que o morto estava vivo, pois o
homem ainda respirava. A enfermeira teve oportunidade de ver o peito do homem
se encher, como a respirar. A moça saiu, correndo, para chamar o médico, pois o
morto estava vivo.
Marilu
--- Foi
correria total. - - sorriu
Neco
--- Pois é. O
certo é que o médico ficou de cabelo em pé com o que estava vendo. Então, os
médicos tiveram que entubá-lo de novo. Mas, infelizmente, algumas horas
passadas, o homem veio a óbito. –
Marilu
--- Que coisa?
Morreu duas vezes! - - admirada.
Neco
--- Pelo que
eu soube, ninguém sabe porque isso ocorreu. Os enfermeiros, ficaram todos
arrepiados com o ocorrido. Sabe-se que alguém esteve ao lado do morto, sem que
ninguém pudesse vê-lo decerto. Parece um filme. Mas, o fato ocorreu. Hoje, o
homem está deitado ali, naquela catacumba. Você pensa que eu minto? - - falou
sério
Marilu
--- De jeito
algum. Eu procurei o senhor porque é o único que sabe contar a verdade.
Neco
--- E agora?
Para onde nós iremos? - - quis saber
Marilu
--- O senhor
sabe onde de enterra as crianças recém-nascidas ou mesmo com poucos anos de
vida?
Neco
--- Ah, bom.
Meninos e meninas. Tem logo à frente. Vamos que eu mostro! - -
Marilu
--- São
muitas, as crianças? - -
Neco
--- Um certo
número. Isso porque, com o tempo, nós desenterramos os corpos dos pequenos e
colocamos, todos em outro campo santo.
Marilu
--- Mas, as
criancinhas não ficam ressentidas? - - quis saber
Neco
--- Elas
entendem. Muitas vezes já estão em fase adultas.
Marilu
--- Adultas?
Como assim? - -
Neco
--- Elas
evoluem. Umas, nem tanto. Porém tem as que evoluem- - explicou
Marilu
--- O senhor
sabe quem estava enterrada? - -
Neco
---Olhe bem.
Não se enterra. As crianças não morrem! –
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