terça-feira, 30 de maio de 2017

SONHOS DE MARILU - 20 -

- ESPERANÇA -
- 20 -

O PAI -

No mesmo dia, à noite, Marilu chagou a sua casa onde encontrou a sua mãe. Lembranças de um passado breve, troca de abraços, choros enfim. Marilu contou sua história em Paris. As viagens bem-sucedidas, os cafés da noite, teatro, além do rio Sena. A sua mão ouviu. Mas não entendeu toda a loucura. Ficou a supor que seria esse Paris. Um mistério! Com certeza algum lugar que se viajasse como de Santa Cruz a Mossoró, certamente. Ou mais longe, chegado até Juazeiro do Norte, no Ceará. Era provável que fosse assim. Rezar para padrinho Cícero. Coisa normal.
Noca
--- Essa cidade é mais longe que Juazeiro? - - quis saber,
Marilu
--- Mãe, nem pergunte uma coisa dessas. A senhora já ouviu falar da Guerra? Pois é para aquelas bandas. - -
Noca
--- Ah, bom. Já sei. Um compadre meu viajou para aquela terra. Mas nunca mais voltou. Será que se perdeu por lá? - -
Marilu
--- Quem sabe. Pode ter se perdido mesmo. - -
Noca
--- Sabe? Teu pai apareceu. - -
Marilu
--- Apareceu? Quando? - - surpresa.
Noca
--- Semana passada. Eu soube por seu Manoel. Ele estava muito doente. Eu fui até o Hospital. Estava com a doença ruim. Quase nem me reconheceu. Só fazia chorar. Eu o acalmei, portanto. - -
Marilu
--- E como ele está? - - quis saber
Noca
--- Morreu. Não vai chorar. Ele morreu. Nós fizemos o enterro. E pronto. O homem não tinha nada no bolso. Voltou só para morrer. Pronto. - -
Marilu, chorou de qualquer modo. Ela nem conhecera seu pai. Porém queria vê-lo pelo menos uma vez.
Marilu
--- Estava magro? - - quis saber
Noca
--- Só o osso! Ele andou jogando a vida toda. Não tinha nem mulher. Só jogava. Coitado. Que desgraça. - -
Marilu
--- Ele perguntou por mim? - -
Noca
--- Foi o que mais falou. Mas nem sabia seu nome. - -
Marilu
--- Meu nome? Desgraça! - - abusada
Noca
--- Sim. Mas foi a doença. Ele só delirava. - -
Marilu
--- Deve ter sido. Coitado. E a senhora lembrou a ele meu nome? - -
Noca
--- Eu disse. Ele então recordou. Parece que a avó dele tinha o mesmo nome. - -
Marilu
--- Minha avó? - - curiosa
Noca
--- Não. Bisavó. Ele lembrou disso uma vez. Parece. –
Marilu
---Mas se chamava Marilu? - -
Noca
--- Não. Era Soledade. Dona Soledade. - -
Marilu
--- Ah. Eu nem sabia mais que me chamava Soledade. - - caiu em pranto
Noca
--- Que é isso, menina? Era essa! - -
Marilu
--- Eu sinto pena do meu pai. Sempre senti pena, mesmo sem conhecê-lo. - - baixou a cabeça e caiu em prantos.
Noca
--- Agora deu! Levanta! Pior foi o que ele sofreu. - - embrutecida

Nenhum comentário:

Postar um comentário