- LAGOA -
- 14 -
VISAGEM
Marilu dormiu
um pouco tarde, depois da meia noite. De início, a conversa foi total. Logo
após, Lauro se despediu dos demais. O Senador já adormecera após leve conversa
e sua esposa ficou mais tempo até a despedia convenceu. No dia seguinte era
então o dia seguinte. Marilu ficou sozinha a pensar na sua terra natal, na mãe,
no mercado, o que estaria fazendo quem vivia só. Os bêbados. Os bêbados.
Inúmeras pessoas que Marilu conhecia muito. Os pescadores, os sacrificantes de
gado, de bodes, de porcos. Ela nem sabia por que lembrar dos porcos. O dia já
começara na Cidade. Marilu ouvia o canto dos vendedores de jornais. Os carros
que passavam constantemente de um lado para outro. Lâmpadas ainda acesas na
manhã serena a chamar o dia para se viver constante. Os cafés. Ah, os cafés da
manhã a se sentar num terraço qualquer. Marilu pesava em tudo isso quando, de
repente, viu uma sombra de alguém a passar de um lado para outro do quarto.
Marilu se levantou de repente.
Marilu
--- Quem está
aí? - - perguntou assustada.
Com medo
terrível ela se levantou e correu para o quarto ao lado onde dormia o jovem
Lauro agarrando o homem pelo robe de seda e cetim sem poder nem gritar, apenas
dizer em forma de desespero
Marilu
--- Acorda!
Acorda! Acorda! - - sacudindo para um lado e para outro ela, de pé na cama
Lauro acordou
assustado temendo um negócio ruim. E após alguns segundos o homem se levantou
como desesperado.
Lauro
--- Que foi? -
- perguntou assustado.
Marilu
--- Um homem!
Um homem! Acorda! - - continuava a sacudir o rapaz, desesperada.
Com os olhos
bem abertos e olhando para um lado e para outro, ao desespero, ela, com o seu traje
de seda, saia alongada e o seu coração a saltar.
Lauro
--- Homem? Que
homem? Onde? - - perguntou aflito
Marilu
--- No meu
quarto. Eu vi. Eu vi. Acorda! - - chamou brava.
Lauro
--- Espere.
Não é um criado? - - quis saber
Marilu
--- Que criado
que nada! Era uma assombração! Me ajude! Venha! Venha! - - alarmada
Lauro
--- Venha para
onde? Vou fazer o que? - - perguntou assustado.
Marilu
--- Sei lá!
Venha para ver o que vi!!! - - angustiada
E então, Lauro
se levantou e saiu até o quarto emendado com o outro e lá entrou a olhar para
um lado e para outro. Depois de alguns instantes ouviu de Marilu o que ela
informou. Não tinha nada do quarto.
Lauro
--- Não tem
nada aqui. Só o armário! Ele veio de onde? - - quis saber
Marilu
--- Do mesmo
local que o senhor está. E saiu de um lado para outro. Nem esperou chegar a
parede e desapareceu. - - disse tremendo de medo
Lauro
--- Você
estava dormindo? - - indagou
Marilu
--- Não. Eu
estava acordada como estou agora! - - relatou
Lauro
--- É danado!
Visagem em Paris? - - indagou com dúvidas.
Marilu
--- Tem
visagem em todo canto! Aparecer para mim, isso que é danado! - - alarmada
Lauro
--- É melhor
não dizer a ninguém. Deixe eu investigar. Talvez esse hotel tenha sido construído
há muito tempo. Deixa eu ver. O dia já está claro. - -
Marilu
--- Eu não
fico mais aqui! - - tremendo
Lauro
--- Espere!
Espere! Tenha calma! É o melhor. Se quiser, eu troco de quarto! - - declarou
Marilu
--- Eu durmo
aonde? - - quis saber
Lauro
--- No meu. Eu
venho para cá. - - destacou
Marilu
--- Não é
perigoso? - - perguntou alarmada.
Lauro trocou
de roupa enquanto Marilu lhe virou as costas com respeito. Porém não saiu de
dentro do quanto onde estava, pois era o seu próprio quarto. Logo após Lauro
chegou e indagou se Marilu queria sair
Marilu
--- Tá louco?
Fico nada! Não entro mais nesse cômodo! Vou dormir nem que seja em um banco de
praça! - - tremeu.
Lauro
--- Tolice!
Vamos! - -
Marilu
--- Para onde?
- - perguntou ainda assustada.
Lauro
--- Para a
sela de baixo. Eu vou indagar algo ao gerente. - -
Marilu
--- Assim? - -
perguntou mostrando o chambre que vestia.
Lauro
---
Desculpe-me. Vista-se, por favor. - - disse homem a sorrir.
Lago após, já vestida,
Marilu caminhou com o jovem Lauro ainda tremendo de medo. Eles tomaram o
elevador e, na saída. Lauro quis saber do gerente algo sobre a construção do
prédio, se era antiga e coisa assim. O gerente, bem formal lhe disse algo que
ele não entendia ao certo.
Lauro
--- Não é por
nada. Coisa simples. Essa moça foi tomada de susto algo que ela não entendeu ao
certo. Eu busco saber se algo no edifício é negativo? - -
Gerente
--- Com
certeza não houve nada de anormal. Eu estou aqui há 5 anos e nunca ouvi relato
semelhante. - -
Lauro
--- Acredito.
Um prédio velho sempre assombra quem vem pela vez primeira. –
Gerente
--- Velho?
Esse prédio é novo! - - disse o gerente
Lauro
---
Desculpe-me! Eu não quis ser grosseiro. Mas a cidade toda sobre o diabo. Esse
não escapou da tragédia. Velho é o modo de falar. Queira desculpar. Eu vou
falar com o Senador para saber se ele vai querer ficar nesse hotel. - -
Gerente
--- Com
licença. Diga-lhe que o prédio foi um Convento de Frades. - -
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