- METEORO -
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CUIDADO
Na redação do Jornal Primeira
Página, na sala telefonista, houve uma chamada de urgência. Para a telefonista,
era tudo bem normal àquela hora da tarde. Mas para quem chamava com
insistência, era algo estupendo. A telefonista passou para a redação e atendeu
o chefe, Zé Maria, já exaltado com o recente telefonema com o astrônomo com
quem debatera com exatidão o ocorrido. Dessa vez, era o correspondente de
Mossoró, jornalista Olavo Frias. O rapaz estava deveras inquieto por ter
notícia de um fenômeno sobrenatural ocorrido em horas iniciais daquela tarde. E logo Zé Maria atendeu, Frias foi logo
perguntando:
Frias:
--- Que houve aí? – perguntou
desesperado.
Zé Maria
--- Um meteoro! – respondeu sem
emoção
Frias:
--- Ave Maria! Só ouço que foi
Jesus descendo do céu! – declarou alarmado
Zé Maria:
--- Antes fosse! Está tudo
confuso aqui. Um estranho objeto caiu do céu. Um impacto enorme! – falou sem
ânsia
Frias:
--- Mas você jura que não houve
Jesus nesse caso? – indagou com ânsia.
Zé Maria:
--- Não sei. Não juro. Pelo menos
quem me falou disse ser apenas um meteoro gigante. – falou já tremendo de
raiva.
Frias:
--- Morreu gente? – indagou
confuso.
Zé Maria:
--- Parece. Um bocado. Acidentes.
Carros batidos. Algo assim. – lamentou.
Frias
--- Quantos? – indagou surpreso
Zé Maria.
--- Mortos? Não sei. – informou.
Frias;
--- Está bem. Vou a rua. –
relatou com pressa
Dito isso, o jornalista começou a
percorrer a cidade a indagar de um e de outro sobre o fenômeno ocorrido em
Natal e, por certo, em outros municípios próximos. Já fazia algum tempo quando
Frias topou com um homem sentado em baixo de um pé de pau, cabeça abaixada,
pensando algo sem nada falar. Frias não deu muita importância ao parece que
mendigo. Mas, como por incerteza ou não, Frias se voltou e falou com o homem.
Após os cumprimentos, veio a questão.
Frias;
--- O senhor é daqui mesmo? –
indagou.
Mendigo
--- Moro a meia légua. – e
apontou para o sertão em direção a Assú.
Frias:
--- Faz tempo que mora ali? –
indagou.
Mendigo
--- Muito. Muito. Nem sei mais. –
relatou.
Frias:
--- O senhor nunca foi a outra
região? – indagou.
Mendigo
--- P’ra falar a verdade, algumas
vezes, quando moço, - e apontou para o jovem
Frias:
--- O senhor já foi a algum
município mais distante? – perguntou.
Mendigo:
--- Mais distante, já fui. Hoje
mesmo eu vim de lá. – ressaltou.
Frias:
--- Lá de onde. Conte. –
conversou.
Mendigo
--- Acari. Bem distante. Depois
de Currais Novos. Lá para o alto da Garganta. –
Frias:
--- O senhor foi a Acari? Vê o
que? – indagou
Mendigo
--- Bem. Eu não fui. Ele foi que
me buscou. – informou
Frias:
--- Ele? Ele quem. Conte. – falou
baixo
Mendigo
--- Jesus. Foi Ele. Foi sim. –
declarou pensativo
Frias:
--- Jesus? Deus? Ele veio te
buscar? – indagou já pensando em ele está com uma leseira.
Mendigo:
--- Sim. Eu estava sentado aqui,
acocorado, quando o Homem chegou e pediu, com calma, para ir até Ele onde
deixou o seu carro alado bem no pé da Garganta. Foi. Foi sim. E então eu fui
com Ele e chegando lá o Senhor me mostrou uma terra verde, cheia de verduras.
Coisa de se comer. Tudo muito amplo. Na Garganta. Lá para os lados do riacho
ode ninguém vai. – confirmou.
Frias:
--- Riacho? O senhor conhece
Acari? – indagou preocupado.
Mendigo:
--- Nunca tinha ido lá. Essa foi
a primeira vez. E Jesus me disse que aquele campo não seria mais assim. Agora
tinha que mudar tudo. Ele foi o homem que me falou. Foi Ele. E disse mais:
quando o sol nascer no dia seguinte, toda a verdura virá com Ele. E passou de
um canto a outro mostrando o campo cultivado pelos meninos, moças, mulheres,
homens. Todos a trabalhar. O cultivo do mato. Gente até demais. Ele me disse
que eu naquele momento estava a ver a terra de Deus. A boa terra. Longe as
dificuldades da vida. – falou o mendigo.
Frias:
--- E o senhor não quis ficar com
Jesus? – indagou.
Mendigo:
--- Eu já estou com Ele. Quando
Ele vier, então em vou. – falou com mansidão
Frias:
--- E quando é isso? – indagou.
Mendigo:
--- Agora. Venha comigo. Vamos
pra terra do Senhor. – disse o velho e desapareceu
Frias, de repente, se sentiu tonto
e desmaiou de vez. Uma senhora vinda da Igreja Católica, verificou a cena do
rapaz, apenas o rapaz esse admirou:
Católica:
--- Virgem Maria! O coitado caiu!
Pessoal! Levante o rapaz! – gritou mesmo com a mão na boca
Quem estava por perto correu e
levantou o rapaz, completamente ao desmaio.
Povo:
--- Levanta ele! Levanta! – dizia
alguém atracado pelos braços de Frias.
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