- ARMA -
- 41 -
MARIA -
Nesse ponto o homem gargalhou pela atitude irreverente de sua
irmã. Por outro lado, Isis, um pouco aturdida, quis saber detalhes da mãe de
Hórus, pois jamais ouvira alguém falar em outro Deus. Apenas Iris sabia em um
Deus do Céu, e nada mais. Após saltar do carro de Ênio Monroe, foi indagar
então que Deus era esse, pois queria saber de tudo e mais alguma coisa. De
imediato se voltou para Monroe.
Isis
--- Que Deus é esse? Do Céu? - -
O homem sorriu e com um pouco relatou.
Monroe
--- Minha querida. O que se chama de Deus, pode ser até um
verdureiro, um bodegueiro ou outro cidadão qualquer. Nesse caso, de Hórus, ele
era um ser comum. De dia lutava com Seth, o seu provavelmente tio. Seth só
aparecia à noite. Então, ele lutava com o tio Hórus para lhe mostrar que era a
noite. Quando amanhecia, Hórus se vingava e mostrava que ele era o “dia”, ou
seja, o poder. Só isso. Mas, preste atenção. No caso de Hórus, ele aparecia
apenas de dia. E Seth de noite. Ou seja: O dia e a noite. - -
Iris
--- Ah. Quer dizer que ele não era um Deus! - -
Monroe
--- De certa forma, não era um Deus. Veja bem: Quando Jesus
nasceu? - -
Isis
--- 25 de dezembro! - -
E Moema gargalhou. Depois, falou. - -
Moema
--- Menina! 25 de dezembro é o início do inverno, aqui, onde
estamos. Por isso é que diz ser o dia mais longo. É a junção do dia e da noite.
Começa então o inverno. Não tem nada de Jesus. Quando chega o dia 22 de
dezembro, o Sol para de se mover. No dia 25, ele volta a se mover. E as pessoas
fazem uma saudação ao Sol. Vai haver inverno do mesmo modo. É isso o que
ocorre. - -
Isis
--- Você é irritante! Nós estamos falando em Jesus! - -
aborrecida
Gargalhou novamente Moema. E tornou a falar.
Moema
--- Não tem Jesus nesse caso. Tem inverno. Se Jesus nasceu,
deve ter sido em outro dia, pois o Novo Testamento não fala em mês. E pode ter
sido no verão, pois de acordo com o que de observa, Maria, a mãe de Jesus, foi
fazer o censo em um determinado mês. Mas, não foi no mês de inverno. Ela,
talvez tenha ido no mês de julho. - -
Isis
--- Você é louca! Foi 25 de dezembro, e pronto! - - fez cara
feia
Monroe
--- Não foi nessa data, minha querida. Inverno, aqui, é tempo
frio. Mas, muito frio. Aqui, em Israel, em Jerusalém, em Belém e, afinal, em
todos os países do Norte. Mas a questão de Hórus, isso se deu muito antes de se
comentar em Jesus. Milênios. Quando Jesus nasceu, se é verdade, já era adorada
a Mãe natureza, ou seja, a mãe Maria. Ainda hoje se cultua a Isis ou Maria.
Lembra esse tema, as três estrelas que aparecem do Céu. A elas, se denomina, de
as Três Marias. Você estude esse tema. - - sorriu.
Isis
--- E Jesus? - - indagou pouco atenta
Monroe
--- Leia e depois nós conversamos sobre isso. Você irá
encontrar outros Mestres, como Apolônio de Tiana. - -
A virgem escutou e calou apesar de no seu íntimo está grava a
palavra de Jesus.
A água do mar estava uma delícia e as duas amigas mergulhavam
e tornavam a sair para dar um novo mergulho. O domingo era um dia de repleta
emoção. Em cima, no alto, estava a cidade com os seus castelos medievais e um
ferro de atracação de navios, algo por demais surpreendente. Praças com árvores
delicadamente desenhadas como as belas e exuberantes feituras. Casarões e
sobradios com símbolos heroicos de um movimento estético. A torre da Prefeitura
e o seu relógio. Pontes de onde se podia observar o mar aberto. O Quartel da
Marinha Militar. Agência dos Correios e suas portas de cobre e tudo o mais que
a arquitetura emana. No alto de todos os edifícios, a bandeira da Itália.
Na beira mar, as cercas de madeira entre os serviços de bar
com as suas comidas típicas para servir o bom gosto dos visitantes de Sabaudia.
O Sol cálido do meio dia ou um pouco mais, distraía os banhistas a mergulhar
nas águas plenas e fazê-los adormecer, depois, na areia branca da praia
adornadas pelos ternos encantos da baía de um azul fascinante. Esse era um
encanto de um paradisíaco locais dos amores de cantos dos espaguetes, vinhos e
todo o seu sabor de um pleno parmesão.
Após as horas avançadas, os três visitantes almoçaram dos
mais requintados sabores a serem encontrados em meio a uma plateia de gente de
várias partes da Europa a conversar e gargalhar pelos mais dissonantes enredos.
Vinhos, licores e tudo mais que pudesse oferecer o restaurante entre lasanha,
pizzas e cervejas de um divino e mágico restaurante italiano a servir da
marcante diversidade em seu cardápio. Molhos especiais combinavam-se com massas
preparadas de forma artesanal. Pratos à base de frutos do mar sem falar nas
sobremesas. Mais de 150 vinhos italianos eram guardados nas adegas de aspecto
rústico, mais escuro, frio e com os tijolos e a forma arredondada do teto. Todo
esse esmero era iluminado com pequenas luzinhas num clima romântico e mágico. O
símbolo da casa, delicadamente se destacava nos detalhes das jarras, vasos e
lustres, em peças escolhidas e buscadas em grande parte da Itália.
Já em seu solar, Ênio Monroe, após ouvir noticiários da TV,
ele se voltou para as moças e deu início a um prólogo sobre os casos de
torturas na época de 1969, no Brasil. Casos em forma quase absurda onde moças e
jovens faziam ataques a Bancos, sequestros entre outras ações de militantes
políticos. Em um caso temeroso teve o de uma moça, bela, por sinal. Ela podia
ser uma miss a desfilar sua beleza dos seus vinte anos pelas calçadas das
praias de Ipanema, no Rio de Janeiro, onde nasceu. Poderia ter sido uma garota
que amava os Beatles e os Rolling Stone ou varrer o embalo da revolução de
costumes que tomavam conta de mundo todo. Ou mesmo poderia de cursado Economia
e levado uma vida burguesa. Mas Vera Sílvia Magalhães amava a revolução. E como
tantos jovens de sua época, não admitia viver sob a ditadura implantada pelo
Golpe de 64. Nenhum deles, porém, foi tão longe. Ela pegou em armas, assaltou
Bancos, trocou tiros com Forças de Segurança, sequestrou o embaixador do país
mais poderoso do mundo. Viu companheiro tombar ao seu lado quando tentava
escapar do cerco policial. E a peruca que usava para se disfarçar nos assaltos
a transformou em um personagem de primeira página dos jornais populares. Era a
loura que empunhava dois revólveres 45. Acabou baleada, presa, torturada e
banida do país para seguir a liberdade. Seu nome: Vera Sílvia Magalhães.
Monroe
--- Esse é o começo da história ainda de hoje. Vou iniciar
para me desfazer da bebida. –
Isis
--- Era uma moça? - -
Moema
--- Vinte anos apenas. Jovem e estudante. - -
Isis
--- Essa é boa. - - sorriu.
Moema, que estava ouvindo Nara Leão em um pendrive, as
melodias já antigas, sorriu mais uma vez enquanto batia com o pé no chão para
acompanhar o ritmo da canção. Algo que lembrava um chope gelado e a musa.
Melodia antiga bem pouco divulgada, porém de enorme sucesso antes do ano de
1989.
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