- DIA DO GOLPE -
- 43 -
TUPAMAROS -
Depois do domingo, quando todos os três foram se
recolher para dormir, Isis Fernandes nem mesmo agarrou o sono de imediato, pois
a conversa, para a moça ainda não tinha acabado. Ela pensou, por demais, nos
Tupamaros, caso nunca discorrido. E teve ainda um sequestro, agora de um Consul
brasileiro, Aloísio Gomide, nunca arrazoado por Isis. A ação armada atravessava
fronteira e tomava conta de país bem próximo. E ela, com paciência, escreveu em
seu Caderno de Notas o que mais importante fez o Grupo.
Isis
--- Essa! - - e anotou a primeira impressão,
Assaltos a Bancos, Clubes de Armas e outros negócios
no início dos anos 1960. Dinheiros e comidas roubadas distribuídas aos pobres
na região de Montevideo a despeito das Forças Armadas uruguaias lançarem uma
campanha sangrenta de prisões em massa e “desaparecimentos”, dispersando
guerrilheiros, muitos dos quais foram mortos. Após tantos atentados pelo
Governo, os Tupamaros vultaram a ter liberdade em 1985 e, hoje, o partido
compreende maior grupo de coalizão com a Frente Ampla. Hoje, o Governo é outro.
Concluída as anotações, Isis Fernandes resolver
dormir. O dia estava clareando e a moça olhou através da vidraça os vendedores
de produtos comestíveis a passar. Na varanda, ela se espreguiçou olhando mais
um pouco para então ir tomar seu banho matinal e buscar um pouco de descanso.
As luzes da rua começaram a se apagar e o movimento de carros aumentavam
constantemente.
Durante o dia, serviço. Uma vez outra Isis Fernandes
ressonava ainda pelo cansaço da madrugada. Mesmo assim, continuou a sua faina.
O diplomata Ênio Monroe notava o desacerto da moça e nada falava. Apenas depois
do almoço quando Isis se serviu de forma abusada, como se já estivesse com
apetite, se acercou da jovem a sua amiga Moema Rabelo e discursou um pouco.
Moema
--- Tenho novidades. - - e sorriu.
Isis
--- De quem? - -
Moema
--- A noite eu falo. Depois da Novela. - -
Isis
--- Novela! Hoje, eu estou “apagada”. Você tem
champanhe? - - perguntou sonolenta
Moema
--- Champanhe? Nossa! Você nunca bebeu? - - assustada
Isis
--- Estou enojada. Apenas uma dose! - -destacou.
Moema
--- Você está é bêbada! - - sorriu.
Em contrapartida, Isis Fernandes também sorriu.
À noite, Isis se recolheu cedo ainda com a cabeça
zunindo. E adormeceu. Teve um sonho impressionante. Ela encontrara uma amiga de
beira do rio – com certeza em um rio a passar no baixio onde Isis morou, quando
infante, em Santo Antônio do Bofete. E as duas moças conversaram bem mais
futilidades. Mas, a virgem amiga era bela para a idade de uma inocente virgem.
Uma trança no cabelo puxado para trás até o meio da cintura combinando com as
suas atraentes vestes. Isis notou tudo isso, e não comentou nada a respeito.
Apenas ouviu um – com certeza - namorado da virgem moça chamá-la para ir ao
bar. Nesse instante, Isis despertou. Ainda com o sono olhou para o relógio de
cabeceira. Viu apenas as duas horas da madrugada. Fez uma careta e foi até ao
sanitário.
Na segunda-feira, à noite, o diplomata Ênio Monroe estava
assistindo o noticiário da TV e a sua irmã, Moema, estava em outro
compartimento. No seu cômodo, encontrava-se Isis Fernandes a pesquisar um
assunto palpitante: entrevista com um certo Jair Bolsonaro, deputado federal do
Brasil. Pela primeira vez Isis estaria a “conhecer” esse parlamentar. E foi
assim que navegou na entrevista. Esse entrevistado tinha sido julgado
recentemente por “racismo” no processo da Preta Gil, uma cantora de música
popular brasileira, e por conta de homofobia. Ele, em uma outra entrevista do
programa CQC, teve invertido a resposta dada a cantora Preta Gil sobre
casamento de um filho seu com o homem de comportamento “gay” – fresco na
tradução – o que levou a um processo. A pergunta foi levada ao ar 40 dias
depois de ter sido feita
Bolsonaro
--- Eu nunca tive problemas contra homofóbico. A minha
questão é contra material escolar onde mostra filmes com meninas e meninos se
beijando. - -
Entrevistadora
--- Mas o senhor viu que nos Estados Unidos na rede
social de TV coloca-se a bandeira colorida da frente das casas para comemorar o
“casamento gay”. O casamento de gay o senhor concorda? - -
Bolsonaro
--- Eu não tenho nada a ver com qualquer que seja. Se
dois homofóbico querem se casar, que se casam. Eu não admito é o material
escolar é fazer apologia a esse respeito. - -
Entrevistadora
--- Certamente o Congresso representa o povo
brasileiro. - -
Bolsonaro
--- É bom lembrar que eu não venho do partido da
ARENA, do Governo Militar de ontem. Eu tive uma rápida passagem pelo Partido
Demótico Cristão. Antes, eu estive no PFL, partido de direita.
Esse partido, hoje, se identifica como o DEM –
Democratas -. É uma versão tupiniquim do PFL – Partido da Frente Liberal – que
foi extinto.
Bolsonaro:
--- Ditadura Militar: 1º) – Quem assumiu em 1º de
abril de 64 a Presidência da República já que houve um Golpe no dia 31 de
março? Quem caçou João Goulart foi o Congresso Nacional no dia 2 de abril de
64. Porque todos queriam a saída de João Goulart. Nós estávamos numa situação
de sermos “comunizados”. Eram as mulheres, nas ruas, fazendo passeatas, a
Igreja Católica, em todo o Brasil, pregando e orando para que os Militares
assumissem, era toda a Impressa, exceto o Jornal Última Hora a assumir a “chapa
branca” de João Goulart, naquele momento, eram os empresários e os ruralistas.
E o Congresso Nacional, no dia 2 de abril caçou João Goulart. E o mesmo
Congresso no dia 9 do mesmo mês elegeu Castelo Branco. E o senhor Castelo
Branco assumiu o Governo no dia 15 de abril. Nesse intervalo, governou o Brasil
o senhor Ranieri Mazzilli. Agora, o senhor podia ir para a rua com segurança, a
tua família era respeitada, o policial era policial, o Brasil passou da 49º
posição para a 8º economia do mundo. - -
Entrevistadora
--- Mas muitas pessoas, sumiram, desapareceram, foram
torturadas, foram mortas. - -
Bolsonaro
--- Vamos lá? Quando começou a luta armada, no Brasil?
A bomba no Aeroporto dos Guararapes. A Ação Popular! E matou dois representantes
do Governo. Um almirante e um repórter. Onde a Ação treinava? Treinava em Cuba.
O dinheiro de onde vinha para a Luta Armada? Da Coreia do Norte! Fidel Castro
estava preocupado com a democracia em nosso país? Ele estava preocupado com o
“paredão” de Cuba! Esse pessoal sempre mentiu! Eles sempre se vitimizaram
através de compaixão e chegassem ao poder, como chegou agora. E agora estão
demonstrando o que são! - -
Entrevistadora
--- Os militares chegaram ao poder e não saíram
mais! Ficaram no Poder e inclusive criaram
uma situação para parecer para parecer que eles eram muito necessários. O caso
do Rio Centro por exemplo. - -
Bolsonaro
--- Nós temos os militares eleitos periodicamente.
Todos foram eleitos pelo Congresso Nacional. Isso é Ditadura? Se for Ditadura, Tancredo Neves também seria
um Ditador. Olha: Essa história de “sumir”, eles iam para a Luta Armada. E
tinha a lei da “Vadiagem” no Brasil. Qualquer pessoa detida tinha que possuir
um documento. Ou findava na delegacia. E eles sequestravam, assaltavam Bancos,
instalavam bombas. E em combates, morriam com documentos falsos. Eram
sepultados como indigentes.
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