- FORÇA ARMADA -
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A FUGA -
O Cabo Anselmo estava no comando de uma Associação da
Marinha lutando para convencer as autoridades militares sem saber que o que
desejava era o maior problema para os Cabos, visto ser preciso o Congresso
aprovar essa alteração dos estatutos após receber um pedido do Comando Geral da
Organização naval. Na verdade, Anselmo nada sabia a esse respeito. Apenas ele
queria apenas organizar a Associação dos Cabos. Em contrapartida, havia toda
uma infiltração comunista dentro da entidade. Com isso, a Associação teve que
sair para apoiar as greves que surgiam porque os sindicalistas alardeavam a
participação da Associação dos Cabos navais. Era a união camponeses e militares
pela Revolução.
Monroe
--- Então se indagar: que Revolução? Então, a presença
dos militares era apoiar aquilo que os comunistas acreditavam. Assim, então,
era a união total de todas as ideias dos trabalhadores e militares. Isso tudo
não passava de uma farsa. Só os dirigentes sindicais acreditavam. Ou nem
acreditavam. -- -
Isis
--- E o Cabo acreditava nisso? - -
Monroe
--- Diz ele que não. Sentia-se na oportunidade um
movimento acalorado de todas as facções, para bem dizer, oportunistas. E
Anselmo acreditava que se estava em um movimento que era bom para o Brasil
apoiando então o presidente João Goulart pelas Reformas. E a Marinha, dentro
daquilo tudo estaria a reconhecer o que se estava a defender independentemente
de partidos políticos. João Goulart era um homem como simplesmente se estivesse
com uma pistola na cabeça obedecendo as ordens: ”Vai e Faz”. Pressionado,
premido por todo aquele “aparelho” sindicalista comunista. - -
Isis
--- Ele vivia circundado de comunistas, não era? - -
Monroe
--- Evidente. Existiam até militares do Partido Comunista
que estavam perto de Jango. Eu não acho que ele quisesse o que os comunistas
estavam a reivindicar. Jango queria ser um presidente forte do tipo ditatorial
como foi Getúlio Vargas. Mas chegou o momento que ele viu que não dava. Que não
ia acontecer isso. Então ele caiu fora porque ele viu que o Governo brasileiro
ficasse nas mãos dos comunistas, mesmo com ele na cabeça, o equilíbrio mundial
daquele momento ia virar totalmente. Isso não era bom para os Americanos que
sempre foram os aliados do Brasil. O Brasil sempre foi o “quintal” dos
americanos. Uma parte da riqueza existente em nosso território sempre foi para
os Estados Unidos.
Isis
--- E nessa época como Jango contava com Leonel
Brizola? - -
Monroe
--- Não. Não. Brizola estava no Governo do Rio Grande
do Sul. E mantinha um programa na Rádio Mayrink Veiga coma participação de
Sindicatos.
Isis
--- Mas teve um momento muito grande quando os navios
entraram em estado de prontidão. –
Monroe
--- Não. Não. Navio de prontidão houve depois do dia
25 de março de 1964, quando se promoveu discursos inflamados, Anselmo foi
convocado pelo novo Ministro da Marinha onde compareceu ao gabinete onde havia
pouca luz, comunicação dentre outros eventos, isso porque os militares já
estavam agindo e, depois daquilo ele passou para a clandestinidade. - -
Isis
--- Mas o Cabo ficou sabendo ou intuiu? - -
Monroe
--- É o seguinte. Depois do dia 25 de março a coisa
virou de tal maneira que o próprio Ministro recomendou para o Cabo que ele
ficasse fora pois não sabia o que estava a acontecer. E no ficar fora, ele
ficou clandestino em um sítio. - -
Isis
--- Quer dizer: no dia 31 de março o Cabo já estava
foragido! - -
Monroe
--- Sim. Conforme em suas conversas, no dia 31 ele já
estava no Sitio de um advogado, amigo pessoal, o doutor Alcione Barreto. O que
aconteceu ele, Anselmo, soube depois quando leu os jornais do Rio. Nesse sítio
ele não tinha nem comida e dormida. Ele dormia no chão. E ele tomou ciência
pelo Jornal Correio da Manhã, quando um homem que cuidava da casa trouxe tais
alimentos. Após esse tempo, bem curto, Anselmo rumou para o Rio a procura da
casa de uma irmã e logo em seguida foi até o Consulado do México. No Consulado
já estavam outros fugitivos. Ex-militares da Marinha e do Exército e Alípio de
Freitas, um fugitivo, tinha ligação com a Ação Popular – AP - . Decidiu-se a
reorganização para comandar a Resistencia e foi feito um sorteio para ver quem
seria o Cristo: Saiu o nome do cabo Anselmo; - -
Isis soltou uma bela gargalhada e depois, disse
Isis
--- Não é possível. - -
Monroe
--- Então, Anselmo nem comentou pois não tinha mais
nada a perder. Ele estava no Consulado, porém com muito medo de deixar o
Brasil. Ele sabia que muitos outros naquela ocasião, estavam vivendo na
clandestinidade.- -
Isis
--- E da Embaixada?
Monroe
---Bem. Da Embaixada do México, Anselmo saiu num
esquema clandestino da AP para um apartamento de uma professora e ficou sabendo
que ele teria a missão de explodir o porta-aviões “Minas Gerais”. Ele ficou
pasmo. Como se queria então saber que um marinheiro solitário explodisse um
porta-avião? Marinheiros clandestinos auxiliados por outros estudantes ligados
a AP, com que recursos? - -
Isis
--- E o serviço de informações não sabia desse ato
subversivo? - - gargalhou
Monroe
--- Sei lá. Devia saber. Acontece que Anselmo não.
Ninguém foi. Tudo foi suspenso. O que eu li, foi que Anselmo foi para Cuba por
intermédio da OLA. - -
Isis
--- Mas era forte dos comunistas estrangeiros? - -
Monroe
--- Sim. Claro. Hoje as organizações são mais fortes
através das ONGs, Green Peace, influenciando até o atual Governo do País.
Grupos como o MST, índios, demarcação de terras. É um sinal bem evidente apesar
de que os Militares terem ficado vinte anos no poder. Voltaram com novas
tecnologias, novas leis. Naquela época se estava nos tempos das cavernas da
comunicação. Hoje nós temos a comunicação da web. Temos a comunicação através
dos celulares que podem dizer onde se está nesse momento através de satélite.
Anselmo e os demais não tinham essas novidades naquela época. –
Isis
--- Nem um WhatsApp. –
Monroe
--- Você entende agora. A Marinha, Exército,
Aeronáutica tinham os modernos aparelhos de comunicação via rádio. A televisão
estava nos seus primórdios. Nam tinha nem a TV colorida. A URSS e os Estados
Unidos já estavam um pouco adiante pondo cachorro do espaço e homens na Lua nos
primórdios das comunicações. Veja bem. Meu contava que tinha um gerente de uma
firma na Ribeira que não acreditava do homem ter ido à Lua. - -
Isis
--- Eu tenho as minhas dúvidas. - -
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