- CASTELO BRANCO -
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A MAIORIA -
O Regime Militar de 1964, no Governo do Brasil, teve
uma vida de certa forma longa. Vinte e um anos de Poder. Os Governos dos
Estados eram eleitos ao gosto da Presidência da República. Os partidos
políticos foram dissolvidos. Para não se falar não haver partidos, o Regime
autoritário concedeu apenas duas legendas: Arena e MDB. Fala-se muito, hoje,
que o Golpe de Estado não foi assim, um golpe. Antes do Golpe, houve eleição
majoritária. No Rio Grande do Norte quem disputou a cadeira foi o deputado
federal, Aluízio Alves enfrentando o seu rival, Dinarte de Medeiro Mariz, homem
de larga experiência com os Militares da Direita. Aluísio Alves venceu as
eleições antes de haver o Golpe Militar. Em um documento secreto se podia ler
que Aluísio Alves, na noite de 31 de Março de 1964 foi indagado pelo Comandante
da Guarnição de Natal a quem ele apoiava. O governador, com ou sem motivos
respondeu estar com o Regime Militar naquele instante.
Monroe
--- o primeiro momento, parte da sociedade civil
estava ao lado dos Militares na Revolução como era denominado de Golpe Militar
por aqueles que o apoiavam. O Golpe que ocorreu no dia 31 de Março prometeu ao
país livrar de inimigos internos e de uma ameaça comunista no Governo João
Goulart. Aquele seria um ano de muitas mudanças. O Pais conheceu as ações
irrevogáveis de uma Ditadura, com cassações, perdas de mandatos políticos,
perseguições, prisões e mortes. - -
Isis
--- Foi um golpe duro, com certeza. - -
Moema
--- E esse era o primeiro dos 21 anos que os Militares
ficariam no poder.
Monroe
--- Mas quem era aquele grupo de militares que estava
assumindo o poder e como ele havia se formado? O Marechal Castelo Branco,
Marechal Cordeiro de Farias, Jurez Távora que vinha de 1922 quando houve o
Golpe dos Tenentes, Ademar de Queiroz. Esses eram os quatro generais de quatro
estrelas, já Marechais, que era um título honorífico. Daí todo um grupo de
pessoas, que era um pouco mais jovem, mais logo após teriam peso, como era o
caso de Ernesto Geisel, Orlando Geisel e também Golbery do Couto e Silva. Logo
após o Golpe, o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazilli, assumiu
interinamente a Presidência. No dia2 de Abril foi organizado pelos Militares o
Comando Supremo da Revolução composto pelo brigadeiro Francisco de Assis
Correia de Melo, da Aeronáutica; o vice-almirante Augusto Rademaker, da
Marinha; e o General Arthur da Costa e Silva, do Exército. - -
Moema
--- Estava formado o Conselho de Guerra, como os
índios americanos costumavam fazer.
Isis Fernandes sorriu. E então completou
Isis
--- Com cocar e tudo. –- -disse a noiva
Monroe
--- Isso. Com cocar e tudo. Mas, não houve um
presidente. Houve uma Junta Militar. Depois é que a Junta Militar, por forção
do Marechal Castelo Branco é que se convenceu de ser preciso ter uma série de
Governos com legitimidade. E uma Junta Militar seria considerada uma Ditadura
Clássica, latino-americana, como a Espanha ou Portugal. E ele era um dos que
argumentavam não dever ter um ditador. - -
Moema
--- Correto! Só um? – -fez a vez de um palhaço de
circo com seus trejeitos.
Monroe
--- Pois é. Enfim. O Comando Supremo da Revolução
permaneceu no Poder por duas semanas e foi responsável por decretar o primeiro
ato institucional conhecido posteriormente como AI-1. Os processos
constitucionais não funcionaram para destituir o Governo, que deliberadamente
se dispunha em Governar o País. O primeiro Ato Institucional decretava que o
novo presidente da República e seu vice seriam eleitos por maioria absoluta do
Congresso Nacional, em dois dias. E entre outros processos estava aberta o ato
de perseguição política àqueles que o Governo julgasse inimigo do Estado.
Moema
--- Houve uma primeira lista de dez mil pessoas,
alguns historiadores. Em dois meses essa lista chegava a cinquenta mil pessoas.
O Exército procurava os militantes de casa em casa. - -
Monroe
--- Todas as ações violentas, inclusive, baseadas do
Ato Institucional não poderiam ser apreciadas pela Justiça. Como previa o AI-1
o Congresso Nacional elegeu um novo Presidente da República, no dia 11 de Abril
de 1964. Humberto de Alencar Castelo Branco vendeu a disputa. Os outros dois
candidatos, Juarez Távora e Eurico Gaspar Dutra receberam votação inexpressiva.
No dia 15 de Abril, Castelo Branco tomou posse. Ele havia sido elevado como
Chefe do Estado Maior do Exército, nos anos de 1963 e 1964.
Isis
--- Eu não vejo traição nesses casos. - -
Moema
--- Embora não se veja, traição houve muita.
Isis
--- Quais? Mostre-me! - -
Moema
--- Uma delas era você pertencer a um partido de
Esquerda. Então, você já era uma traidora do Governo. E não precisava ser nem
um presidente sindical. Era bastante dizer que esse Governo é um maluco. - -
Isis
--- Nossa!!! E ele era mesmo maluco? - -
Monroe
--- Na verdade não era assim como você diz “maluco”.
Era apenas de se governar sem os entraves externos. Exemplo: a União Soviética,
a China, ou mesmo Cuba, um quintal dos Estados Unidos. Veja bem. O
ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek teve seu mandato de Senador
por Goiás cassado apesar de ter votado em Castelo Branco. Apesar disso, JK era
uma ameaça aos Militares por ser um forte candidato às eleições presidenciais,
marcadas para 1965. Além de JK tiveram seus direitos políticos suspensos os
senhores Carlos Prestes, João Goulart, Miguel Arrais e Leonel Brizola entre
outros parlamentares e governadores que foram cassados. –
Isis
--- Era então, os Golpistas sujeitos aos Estados
Unidos e abrindo guarda aos Comunistas.
Monroe
--- Isso. Isso. Você acertou em cheio. - - sorriu seu
noivo
Moema
--- Agora vamos a outra coisa. Quando vai ser o
casamento de vocês? - -
Isis
--- Você está com pressa? - -
Moema
--- Eu? Nem um pouco.
Mas tem que lembrar o vestido de renda. A mulher quer saber.
Monroe
--- Vestido? Que vestido? - - perguntou assustado
Moema
--- Parece que nem é com ele! O da noiva, meu chefe! -
-
Monroe
--- Mas já? - - indagou curioso.
Isis
--- Faz um ano que eu te aceitei.
FIM
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