- FUTURO -
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PROBLEMAS -
E a campanha feita pelos Estados Unidos foi muito mais
além. Saber se o Brasil para onde estava sendo conduzido. Os filmes, folhetos e
palestras eram produzidos pelos IPÊS e pelo IBADE, institutos gerenciados por
Generais insatisfeitos e anticomunistas, como o General Golbery do Couto e
Silva, futuro Ministro do regime militar. O Governo norte americano investiu
milhões de dólares para o processo de desgoverno no Brasil com apoio financeiro
aos candidatos de apoio contra João Goulart. A entrevista do ex-presidente
Juscelino Kubitschek à imprensa americana demonstrava a preocupação dos Estados
Unidos desde o início do Governo Goulart. A grande preocupação dos
norte-americanos é de estabelecer a guerrilha no Nordeste e se criar na região
uma nova Cuba. O anticomunismo passou a ser a “bandeira”. “Não deixes o monstro
do comunismo destruir a bandeira da liberdade”!. Isso, tanto para conter o
avanço soviético, quanto para manifestar o avanço dos privilégios econômicos de
empresas americanas. E, consequentemente, de uma elite brasileira poderosa
desde a República Velha.
Monroe
--- Estás entendendo? - - indagou o diplomata.
Isis
--- Creio que sim. Adiante. - - sorriu a moça.
Monroe
--- Ainda no começo de 1963, a principal Agencia de
Inteligência americana afirmava que Goulart era, essencialmente, um
oportunista. Sua carreira política baseada no apoio de operários e
nacionalistas radicais, incluindo comunistas, é razão para acreditar “que ele
se dedicará a uma reorientação radical da sociedade ou da política externa
independente”. O documento dizia que, se o presidente brasileiro embarcasse num
radicalismo autoritário extremo, provavelmente arriscaria a levar um golpe de
estado de militares mais conservadores. Goulart, para os americanos, já se
preparava para enfrenta-los. - - relatou ainda mais o seu noivo
Isis
--- O Golpe de 64 foi o mesmo que ocorreu em 54 contra
Vargas. - -
Monroe
--- O Governo Goulart sempre encontrou dificuldades.
Crises econômicas, uma série de crises políticas. Uma série de crises
permanentes crescentes até a crise de 1964. A Tribuna da Imprensa reproduziu
uma entrevista de Carlos Lacerda ao Jornal Los Angeles Time. Disse ele:
“Comunistas estão infiltrados no Governo. Os Estados Unidos não podem ignorar”.
Pouco antes de ser assassinado o presidente John Kennedy cogitou uma
intervenção militar no Brasil em uma reunião com o Embaixador americano,
Lincoln Gordon. E Lyndon Johnson, o presidente que sucedeu Kennedy, manteve a
mesma política de restringia a ajuda financeira ao Brasil. - - falou o noivo.
Isis
--- Quanto a Direita pressionava contra o Governo, a
Esquerda pressionava o Presidente para mudanças urgentes, como a Reforma
Agrária. - - falou consciente.
Monroe
--- Ele também não tinha espaço de negociação. Até
porque ele não contava com o apoio da totalidade da Esquerda. O próprio Leonel
Brizola desconfiava muito de João Goulart. E dizia que Goulart poderia dar um
Golpe. O ano de 1963 terminou tenso: 73% de inflação e 1% de crescimento. O
presidente deu uma entrevista à Revista Manchete para explicar a situação e a grave
crise inflacionaria do país. Ele acreditava numa bancarrota iminente. Sem
conseguir aprovar as Reformas de Base no Congresso Nacional, João Goulart
resolveu fazer a sua opção: a formação de centro-esquerda moderada que desse o
seu apoio. - - explicou
Isis
--- É assim veio o Golpe? - - quis saber
Monroe
--- Ainda não. Leonel Brizola propõe a Frente Única de
Esquerda. Independentemente de sua decisão, o Presidente acreditava no apoio
das Forças Armadas. O Chefe da Casa Militar, General Argemiro Assis Brasil,
tranquilizava o Presidente Jango. Afinal, ele tinha gente de confiança nos três
principais Exércitos. O tal dispositivo militar. - - prosseguiu
Isis
--- Havia uma corrente militar ante golpe. Eram todos
eles Generais. - -
Monroe
--- Então. Mas, João Goulart selou sua aliança para a
Esquerda, notadamente com o grupo de Leonel Brizola, de Miguel Arrais, o
Partido Comunista e o Comando Geral dos Trabalhadores. E isso foi intolerável
para às Direitas. Como resposta ao comício feito dias antes, políticos
oposicionistas liderados por Ademar de Barros e Carlos Lacerda organizaram uma
grande marcha que ficou conhecida “Com Deus pela Liberdade” que se reproduziu
por várias cidades do país, inclusive Natal, no Grande Ponto, centro da cidade.
Teve um caso de uma presidiária que doou o seu par de alianças. Seu nome era
Maria Linhares. Muitas outras pessoas também fizeram doações em dinheiro e em
peças de ouro. Natal ficou cheia de simpatizantes. - - comentou.
Isis
--- Essa mulher foi uma que participou da morte de um
médico? - - quis saber
Monroe
--- Não. Não. Aquele caso foi outro. Pois bem. Eles,
aos brados, clamavam contra a ditadura da esquerda e chamavam de comunismo ateu
contra os quais protestavam. No dia seguinte à Marcha pela Família, o general
Humberto de Alencar Castelo Branco, Chefe do Estado Maior do Exército, enviou
uma circular reservada aos oficiais considerando as medidas anunciadas do
comício da Central do Brasil, onde estava João Goulart, como sendo ameaçadoras.
O General Castelo Branco apontou aquele ato como agitações generalizadas
comandadas pelo ilegal poder do CGT. Mais agitação. No dia 25 de março houve a
Crise na Marinha pedindo melhores condições de trabalho. Inclusive com o
direito de casar. Marinheiros se amotinaram no prédio da Associação da Classe,
no Rio de Janeiro. - -
Isis
--- Eu vi isso. O cabo Anselmo. Ele era o presidente
da entidade. Disse que Associação era uma coisa minúscula. Pequena mesmo - -
Monroe
--- Sei. Mas eram muitos marujos. O presidente João
Goulart impediu a punição dos revoltosos. Com a anistia dos Marinheiros
verificou-se quebra de uma hierarquia. Foram mais de 3.600 Marinheiros
rebelados contra a Marinha. João Goulart foi advertido que perante as Forças
Armadas, a hierarquia não pode ser tocada. Pois bem. Dia 30 de março de 1964.
João Goulart decidiu que participaria da festa, na Associação dos Sargentos, no
Automóvel Clube do Brasil, no Rio de Janeiro. - -
Isis
--- Eu tomei conhecimento desse caso completamente ao
contrário. O Cabo Anselmo disse tudo de outra forma. Não falou nem em 3.600
Marinheiros. Apenas alguns. - -
Monroe
--- Pois bem. O presidente Jango ficou sabendo que o
Exército de Minas Gerais estava se deslocando para o Rio de Janeiro. Inclusive
quem estava por trás de tudo era Magalhaes Pinto, governador do Estado de
Minas. O Grupo de Castelo Branco estava organizado nos Estados Unidos, formado
por uma elite que era formado por professores das Escolas Superiores e eram
ligados também ao Serviço de Informação. Os mentores desejavam que o
deslocamento se fizesse presente em um dia ideal. - -
Isis
--- Tudo em sigilo! - -
Monroe
--- Ninguém vai fazer uma coisa dessas conclamando
para o povo tomar conhecimento. Pois bem. João Goulart começava um dia duro de
negociações. Era preciso se certificar que tinha apoio das Forças Armadas.
Então, ele ligou para seu compadre, comandante do II Exército Amaury Kruel.
Nesse ponto, Kruel decidiu apoiar os golpistas e então Jango viu não ter a
menor possibilidade de resistir. Sem dar ordem de resistência, João Goulart
partiu para a capital. Em Brasília ficou algumas horas até decidir para Porto
Alegre. Veja bem. Castelo Branco aderiu à revolta no último momento. Quando se
deicídio vago o poder do Governo, então estava feito o Golpe. Por isso esse
então chamado Golpe foi formalizado pelo presidente do Congresso Nacional e
acetado pelos Militares. - -
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