quarta-feira, 21 de outubro de 2015

LUTA ARMADA - 57 -

- FUTURO -
- 57 -
PROBLEMAS -


E a campanha feita pelos Estados Unidos foi muito mais além. Saber se o Brasil para onde estava sendo conduzido. Os filmes, folhetos e palestras eram produzidos pelos IPÊS e pelo IBADE, institutos gerenciados por Generais insatisfeitos e anticomunistas, como o General Golbery do Couto e Silva, futuro Ministro do regime militar. O Governo norte americano investiu milhões de dólares para o processo de desgoverno no Brasil com apoio financeiro aos candidatos de apoio contra João Goulart. A entrevista do ex-presidente Juscelino Kubitschek à imprensa americana demonstrava a preocupação dos Estados Unidos desde o início do Governo Goulart. A grande preocupação dos norte-americanos é de estabelecer a guerrilha no Nordeste e se criar na região uma nova Cuba. O anticomunismo passou a ser a “bandeira”. “Não deixes o monstro do comunismo destruir a bandeira da liberdade”!. Isso, tanto para conter o avanço soviético, quanto para manifestar o avanço dos privilégios econômicos de empresas americanas. E, consequentemente, de uma elite brasileira poderosa desde a República Velha.
Monroe
--- Estás entendendo? - - indagou o diplomata.
Isis
--- Creio que sim. Adiante. - - sorriu a moça.
Monroe
--- Ainda no começo de 1963, a principal Agencia de Inteligência americana afirmava que Goulart era, essencialmente, um oportunista. Sua carreira política baseada no apoio de operários e nacionalistas radicais, incluindo comunistas, é razão para acreditar “que ele se dedicará a uma reorientação radical da sociedade ou da política externa independente”. O documento dizia que, se o presidente brasileiro embarcasse num radicalismo autoritário extremo, provavelmente arriscaria a levar um golpe de estado de militares mais conservadores. Goulart, para os americanos, já se preparava para enfrenta-los. - - relatou ainda mais o seu noivo
Isis
--- O Golpe de 64 foi o mesmo que ocorreu em 54 contra Vargas. - -
Monroe
--- O Governo Goulart sempre encontrou dificuldades. Crises econômicas, uma série de crises políticas. Uma série de crises permanentes crescentes até a crise de 1964. A Tribuna da Imprensa reproduziu uma entrevista de Carlos Lacerda ao Jornal Los Angeles Time. Disse ele: “Comunistas estão infiltrados no Governo. Os Estados Unidos não podem ignorar”. Pouco antes de ser assassinado o presidente John Kennedy cogitou uma intervenção militar no Brasil em uma reunião com o Embaixador americano, Lincoln Gordon. E Lyndon Johnson, o presidente que sucedeu Kennedy, manteve a mesma política de restringia a ajuda financeira ao Brasil. - - falou o noivo.
Isis
--- Quanto a Direita pressionava contra o Governo, a Esquerda pressionava o Presidente para mudanças urgentes, como a Reforma Agrária. - - falou consciente.
Monroe
--- Ele também não tinha espaço de negociação. Até porque ele não contava com o apoio da totalidade da Esquerda. O próprio Leonel Brizola desconfiava muito de João Goulart. E dizia que Goulart poderia dar um Golpe. O ano de 1963 terminou tenso: 73% de inflação e 1% de crescimento. O presidente deu uma entrevista à Revista Manchete para explicar a situação e a grave crise inflacionaria do país. Ele acreditava numa bancarrota iminente. Sem conseguir aprovar as Reformas de Base no Congresso Nacional, João Goulart resolveu fazer a sua opção: a formação de centro-esquerda moderada que desse o seu apoio. - - explicou
Isis
--- É assim veio o Golpe? - - quis saber
Monroe
--- Ainda não. Leonel Brizola propõe a Frente Única de Esquerda. Independentemente de sua decisão, o Presidente acreditava no apoio das Forças Armadas. O Chefe da Casa Militar, General Argemiro Assis Brasil, tranquilizava o Presidente Jango. Afinal, ele tinha gente de confiança nos três principais Exércitos. O tal dispositivo militar. - - prosseguiu
Isis
--- Havia uma corrente militar ante golpe. Eram todos eles Generais. - -
Monroe
--- Então. Mas, João Goulart selou sua aliança para a Esquerda, notadamente com o grupo de Leonel Brizola, de Miguel Arrais, o Partido Comunista e o Comando Geral dos Trabalhadores. E isso foi intolerável para às Direitas. Como resposta ao comício feito dias antes, políticos oposicionistas liderados por Ademar de Barros e Carlos Lacerda organizaram uma grande marcha que ficou conhecida “Com Deus pela Liberdade” que se reproduziu por várias cidades do país, inclusive Natal, no Grande Ponto, centro da cidade. Teve um caso de uma presidiária que doou o seu par de alianças. Seu nome era Maria Linhares. Muitas outras pessoas também fizeram doações em dinheiro e em peças de ouro. Natal ficou cheia de simpatizantes. - - comentou.
Isis
--- Essa mulher foi uma que participou da morte de um médico? - - quis saber
Monroe
--- Não. Não. Aquele caso foi outro. Pois bem. Eles, aos brados, clamavam contra a ditadura da esquerda e chamavam de comunismo ateu contra os quais protestavam. No dia seguinte à Marcha pela Família, o general Humberto de Alencar Castelo Branco, Chefe do Estado Maior do Exército, enviou uma circular reservada aos oficiais considerando as medidas anunciadas do comício da Central do Brasil, onde estava João Goulart, como sendo ameaçadoras. O General Castelo Branco apontou aquele ato como agitações generalizadas comandadas pelo ilegal poder do CGT. Mais agitação. No dia 25 de março houve a Crise na Marinha pedindo melhores condições de trabalho. Inclusive com o direito de casar. Marinheiros se amotinaram no prédio da Associação da Classe, no Rio de Janeiro. - -
Isis
--- Eu vi isso. O cabo Anselmo. Ele era o presidente da entidade. Disse que Associação era uma coisa minúscula. Pequena mesmo - -
Monroe
--- Sei. Mas eram muitos marujos. O presidente João Goulart impediu a punição dos revoltosos. Com a anistia dos Marinheiros verificou-se quebra de uma hierarquia. Foram mais de 3.600 Marinheiros rebelados contra a Marinha. João Goulart foi advertido que perante as Forças Armadas, a hierarquia não pode ser tocada. Pois bem. Dia 30 de março de 1964. João Goulart decidiu que participaria da festa, na Associação dos Sargentos, no Automóvel Clube do Brasil, no Rio de Janeiro. - -
Isis
--- Eu tomei conhecimento desse caso completamente ao contrário. O Cabo Anselmo disse tudo de outra forma. Não falou nem em 3.600 Marinheiros. Apenas alguns. - -
Monroe
--- Pois bem. O presidente Jango ficou sabendo que o Exército de Minas Gerais estava se deslocando para o Rio de Janeiro. Inclusive quem estava por trás de tudo era Magalhaes Pinto, governador do Estado de Minas. O Grupo de Castelo Branco estava organizado nos Estados Unidos, formado por uma elite que era formado por professores das Escolas Superiores e eram ligados também ao Serviço de Informação. Os mentores desejavam que o deslocamento se fizesse presente em um dia ideal. - -
Isis
--- Tudo em sigilo! - -
Monroe
--- Ninguém vai fazer uma coisa dessas conclamando para o povo tomar conhecimento. Pois bem. João Goulart começava um dia duro de negociações. Era preciso se certificar que tinha apoio das Forças Armadas. Então, ele ligou para seu compadre, comandante do II Exército Amaury Kruel. Nesse ponto, Kruel decidiu apoiar os golpistas e então Jango viu não ter a menor possibilidade de resistir. Sem dar ordem de resistência, João Goulart partiu para a capital. Em Brasília ficou algumas horas até decidir para Porto Alegre. Veja bem. Castelo Branco aderiu à revolta no último momento. Quando se deicídio vago o poder do Governo, então estava feito o Golpe. Por isso esse então chamado Golpe foi formalizado pelo presidente do Congresso Nacional e acetado pelos Militares. - - 


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