quarta-feira, 14 de outubro de 2015

LUTA ARMADA - 52 -

- SENTINELA -
- 52 -
A VOLTA -

Após a cerimônia de noivado – muito simples, por sinal – a vida continuou com acertos no campo diplomático na Itália. O Brasil estava pronto para receber parte dos mais de 163 mil refugiados que fugiram da Síria com temor do sacrifício da vida vindos pelo mar Mediterrâneo. Era uma travessia clandestina a levar os fugitivos da pobreza e da miséria à península insular. No Consulado do Brasil já havia funcionários prontos para fornecer passaportes e embarques em navios para o novo continente. Havia, porém, os que desistiam da viagem. Para essas pessoas, era melhor ficar em países da Europa, como a Alemanha e a França. Enquanto o aglomerado de gente humilde se formava em frente da Embaixada, por outro lado, já a noite a noiva Isis Fernandes estava preocupada em averiguar o paradeiro do Cabo Anselmo. E estava ouvindo a história do Cabo quando, sorrateiramente, chegou por trás o seu noivo e a beijou do rosto. Então, Iris sentiu aquele arrepio e sorriu. O computado estava ligado mostrado a vida de Cabo Anselmo. O diplomata indagou;
Monroe
--- Quem é esse? - - indagou a logo sentou em uma cadeira ao lado
Isis
--- Cabo Anselmo. Conhece? - - indagou a sorrir.
Monroe
--- Ah sim. Algumas vezes eu li a história de José Anselmo dos Santos. Há muita controvérsia ao seu respeito. - -
Isis
--- Como assim? Diga-me! - - 
Monroe
--- O Cabo, certa vez, disse “nunca ter feito o juramento à foice e ao martelo”. Porém era conhecido como agente duplo da Ditadura Militar. Nos anos de 1960, ele era um talismã de esquerda. Tinha um discurso incendiário e foi treinar em Cuba. Dez anos mais tarde, revelou-se outro. Infiltrado entre guerrilheiros, permitiu que a Repressão prendesse e torturasse inimigos do Regime. Houve nove mortes relacionada ao espião. Entre elas, a de Soledad Barrett Viedma, então sua namorada.
Isis
--- Eu ouvi algo assim no seu relato. E você ouviu mais? - -
Monroe
--- Bem. Ele disse que a sua namorada “era uma pessoa doce”. “Mas enérgica em relações às questões da ideologia”. Capturada em 1973 com a ajuda de Anselmo, ela foi torturada e morta ao lado de outros cinco militantes do VPR, em Pernambuco, no episódio que ficou conhecido como o Massacre da Chácara de São Bento. Ela, Soledad, foi trucidada pelo delegado de polícia conhecido por Sérgio Paranhos Fleury. Anselmo diz que foi o dia pior de sua vida. Fleury era um dos mais truculentos perseguidores de guerrilheiros. - -
Isis
--- Vamos ouvir se ele fala desse episódio. - - sorriu
Monroe
--- Ele fala em Antônio Duarte, um natalense que publicou um livro sobre a associação e quando na Marinha, o convidou para essa entidade militar. Anselmo tinha fundado um jornal quinzenal feito a mimeógrafo. Então, ele passou a frequentar a associação onde se mantinha também outro jornal. Ele recebeu do marujo Duarte algo para ele escrever. Foi um assombrou quando o jornal saiu com capa e tudo mostrando a cara do Cabo Anselmo onde ele chegou a ser presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais. - -
Isis
--- Imagino! Uma glória, então, para a classe. - - sorriu.
Monroe
--- Primeiro ele entrou na Associação como Relações Públicas. Frequentadores da Associação eram no máximo cem marinheiros. Isso, apenas no Rio de Janeiro. Quando Anselmo ingressou na Marinha, ele diz que em 1961 Jânio Quadro renunciou e ele estava fora do Brasil. Ele estava em Las Palmas, na Gran Canária. Quando o navio aportou, ele comprou um jornal onde trazia a renúncia do presidente da República. Dalí em diante ele foi no barco, para o Canal de Suez, no Egito buscar um contingente do Exército que voltavam da Faixa de Gaza. - -
Isis
--- Longe mesmo! – - respondeu curiosa
Monroe
--- Pois é. Em outro continente. Então, daí o navio voltou para o Brasil chegando ao Rio e estava tudo decidido no Governo. Então, o Governo era parlamentarista e Leonel Brizola estava ainda agitando como era o Governador do Rio Grande do Sul. Brizola agitou para a volta de João Goulart. Nesse tempo, Jango estava na China. - -
Isis
--- E no Brasil? - -
Monroe
--- Quem? Anselmo? No Brasil ele começou muito depois. O documento que ele expos para mudar os regulamentos militares. Isso foi para poder casar, poder votar, poder frequentar escolas de fora, constituir advogado e tudo isso que modificava os critérios das Forças Armadas. Era impossível. Só podia ser feito pelo Congresso Nacional atendendo pedido do Estado Maior. Ele teve encontros com almirantes onde era pedido o reconhecimento da Associação. A distância hierárquica dele – um cabo para um Almirante – era surpreendente. Mas, como se diz: ele representava os marinheiros e o Almirante reportando toda a Marinha. De soldado para cima. Um mundo. Eu recordo de um filme feito em 1925 onde marinheiros de revoltam contra os maus tratos sofridos a comer carne estragada. É um filme feito na União Soviética. O Encouraçado Potemkin. –
Isis
--- É incrível mesmo. É como se fosse um soldado querendo se intrometer em uma ordem dada por um Coronel da Polícia. - -
Monroe
--- Isso mesmo. Não tem nem graça. Bem. O encontro de Anselmo com o Almirante era, para ele, excepcional. Naquele instante, o Almirante nem queria receber o presidente da Associação. Mas, que estava ali era o presidente de uma Associação puramente organizada, com conselhos diretores e tudo mais. Havia todo um grupo ali presente. No final da entrevista ele, um cabo, e o Almirante acabaram chorando. - -
Isis
--- Puxa”! Esse foi um encontro muito forte! - -
Monroe
--- Pois é. Veja bem. A educação daquela época era bem diferente da educação de hoje. A educação da escola versava sobre o acreditar no melhor pelo Brasil.    Um oficial por sua vez acreditava, como acredita ainda hoje, nas informações maiores. Ao contrário de um soldado que ainda hoje tem uma informação muito menor. Hoje um menor de idade tem informações suficientes muito maior para saber analisar o que se deve fazer ou não. Antigamente, a situação era bastante diferente.- -
Isis
--- Acredito. Até por que o homem do campo tem mais conhecimento que um jovem da cidade, mesmo sendo hoje. - -
Monroe
--- Em parte, é isso mesmo. Mas para completar, apesar dos choros e das emoções, o jovem Anselmo estava executando um trabalho colhendo os informes de um grupo de soldados. Não era ele. Era um todo. Muitos soldados a trilhar diferentes caminhos. Ele era apenas quem podia falar, pois era o Presidente da agremiação. E o pior. Havia toda uma infiltração comunista dentro da Associação. Sindicatos, pessoal da UNE, associações de cabos da Aeronáutica, sargentos da Marinha. E os Sindicatos a exigir o apoio da Associação para apoiar suas greves. Enfim. Tudo isso. - -
Isis
--- Nossa Mãe! Estou pasma! - -

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