- TRABALHADOR -
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ELEIÇÕES -
Enfim, as eleições gerais para Presidente do Brasil.
Jango saiu e o cargo estava vago. Alguém precisava assumir a direção do país.
Nos pontos longínquos dos maiores centros nem se ouvia falar em Golpe de
Estado. Locais remotos onde o homem trabalhava no cabo da enxada para sustentar
a sua família, não se ouvia dizer ter o ex-presidente Jango fugido às presas em
busca de ajuda no Rio Grande do Sul para voltar ao poder. Porém, ele nada
conseguiu. Os Generais do Rio Grande disseram-lhe nada poder fazer. Era, então,
o Golpe a se avizinhar como as enchentes do rio Guaíba, em Porto Alegre,
surgindo aos borbotões. Com a inflação alta e a virtual crítica desvalorização
do salário, intensificaram-se os protestos populares. Em agosto de 1947
ocorreu, em São Paulo, uma grande manifestação contra o aumento na passagem dos
transportes coletivos. Esse é um tema antigo, no Brasil. E segmentos sociais
protestavam contra esse aumento, como assim continuou até os dias atuais.
Monroe
--- Esse era o panorama da ainda Quarta República.
Veio depois, o novo governo de Getúlio Vargas, em 1950. Mesmo assim a baderna
continuou. A população trabalhadora teria melhores salários, a partir desse
ano. A base material de uma economia moderna era condição para conciliação de
classes. Nem o Liberalismo do Velho Tempo. Nem o Comunismo pregado pela
esquerda. - -
Isis
--- Isso sempre ocorreu, ao que parece. - - relatou de
forma desconsolada.
Monroe
--- Para se entender a história, se tem que pegar os
meandros da política social. Há diversas políticas como a do açúcar, café,
madeira, peixe, combustíveis e também emprego. Tudo isso é política. - -
ressaltou
Isis
--- Até da barriga crescida! - - gargalhou.
Moema entrava novamente ao interior do cômodo onde
estavam os noivos e pegou a conversa nesse ponto. E lembrou:
Moema
--- O piolho também tem sua política. E tem até
classes. Piolho de Cobra é um deles. - -
O homem gargalhou. Com isso, por igual, emedou a noiva
Isis não mais recordando o ligeiro passado das discussões entre ambas. E a
fuzarca continuou.
Moema
--- Não querendo atrapalhar, seguimos em frente. Jango
foi deposto, queira ou não queiram os graúdos. Houve golpe da esquerda e da
direita em 1964. Apenas é estudar sobre o Regime Militar. A Guerrilha faz parte
da história com o estabelecimento de uma nova Cuba no norte e nordeste do
Brasil. Essa era a prescritiva dos Estados Unidos. E João Goulart já se
preparava para um golpe de estado financiado pelos Estados Unidos. O Governador
do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, chegou a falar pelo rádio em uma cadeia
de autofalantes espalhadas pelo palácio do Governo, e a chamar o Almirante
Cândido da Costa Aragão como “assassino monstruoso” e declarava que o almirante
não se aproximasse porque ele o matava com seu revolver, chamando de “canalha!
” Aragão era amigo pessoal de Jango e simpatizante dos regimes de Cuba, URSS e
China. O Almirante esteve presente no Comício das Reformas, no dia 25 de março
de 64 quando discursou para milhares de praças da Marinha. Após a vitória dos
golpistas, o Almirante Aragão foi preso e conduzido a Fortaleza de Laje. Após
esse trágico momento ele se asilou no Uruguai. –
Monroe
--- Muito bem garota. Gostei da história.- - sorriu
Moema
--- Eu fiz o que você recomenda! Leia. Leia. Leia. E
Lacerda disse mais, contra o almirante Aragão: “Bandido, traidor. A sua hora
chegou! ” - - respondeu a moça
Monroe
--- Pois é. O Golpe foi formalizado pelo presidente do
Congresso Nacional, Auro de Moura Andrade. Esse é um fato único na história dos
Golpes. E então, isso se fez porque havia o apoio dos Militares. Nós tínhamos,
no Brasil, uma questão de Golpes. A cultura democrática inexistia, no Brasil. E
em 1964, as várias alternativas que se construiu, apostava no Golpe. Tinham
vários golpes de Direita. O Golpe do Olímpio Mourão Filho era um. O do Castelo
Branco era outro. - -
Moema
--- E tinham vários setores civis, de Direita, que
tinham vários Golpes. E tinham Golpes da Esquerda. Vários. Leonel Brizola, por
exemplo, ele tinha formado o Grupo do Onze e tencionava em criar um novo
partido, em abril. - -
Isis
--- Mas, quem estava criando um golpe, então?
Monroe
--- O próprio Leonel. Um Grupo Revolucionário. Com
forte influência cubana com base cabos, marinheiros e sargentos das Forças
Aramadas e com intuito golpista. Mas, então, a revolução cubana fez um mal
danado à América Latina. Era desprezar a política e apostar na solução armada.
Então, voltando. Tinha o Brizola. Tinha o Jango com a sua solução de golpe.
Tentou várias vezes em 63. Não conseguiu então. Tinham as Ligas Camponesas.
Tinha o Movimento Revolucionário Tiradentes, o braço armado das Ligas. Foi
descoberto em 62 e a imprensa toda noticiou. Sete pontos de treinamento de
guerrilha, com Francisco Julião, e o dinheiro cubano. Nesse ponto caiu um avião
e se abriu a pasta diplomática e lá tinham as provas dessa ligação.- -
Moema
--- O PC do B manda em março de 64 o primeiro grupo
guerrilheiro treinar na China. O PCB também apostava no Golpe, na velha
tradição de 1935. Isso tudo, só para falar, entre Direita e Esquerda, aqueles,
que naquela conjuntura apostavam numa solução de Força. - -
Isis
--- Mas só tem guerras? Não outra coisa, como vender
pipocas. Espera. Vou sair. Beber água. Já volto! - - relatou a moça se
levantando de sua poltrona.
Moema
--- Olha que fala? Foi tu mesma quem procurou!
Isis sorriu já no meio do caminho. O diplomata se
levantou e disse a irmã ter vontade de “verter água”. A irmã respondeu.
Moema
--- Vai, cagão! Tá se prendendo todo. Eu vou também
verter a minha água. – - sorriu.
Os jornais da Tarde estavam todos silencioso em cima
da baqueta. Revistas e diversas propagandas de artigos de última hora. Moema
agarrou uma revista e saiu lendo o que podia ver de atualidade. Um artigo sobre
medicina. Casos comuns. Em instantes, um barulho ensurdecedor veio de baixo do
prédio da Embaixada do Brasil. Um veículo de porte médio avançou sobre estátuas
armadas em um círculo formado em frente à Embaixada e estilhaçando tudo o que
encontrou. A moça se assustou com o
barulho e correu para uma das janelas do terceiro andar.
Moema
--- Que é isso meu Deus? - -
Logo após chegou Iris querendo observar o desastre. E
indagou.
Iris
--- Morreu alguém? - - indagou assustada
Moema
--- Tem um caminhão estrepado na Fonte. - - advertiu
curiosa.
Em minutos, apesar da noite, pessoas acorreram ao
local, algumas a prestar auxílio ao motorista do caminhão baú. O veículo, para
desviar de um outro transporte, não teve outro jeito. Caiu na fonte ali postada
– a Fontana del Moro obra de Bernini escultor famoso da Italia. Gian Lorenzo
Bernini, de 1625, foi o autor da Obra máxima de Apolo e Dafne. Entre outras
esculturas, tem o seu nome gravado: O Êxtase de Santa Teresa; David, O Rapto de
Proserpina e mais obras de arte. Bernini foi um eminente artista barroco
italiano, trabalhando principalmente na cidade de Roma. O artista nasceu em
1598 e faleceu em novembro de 1680. Além de Escultor, Bernini era arquiteto e pintor.
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