quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O ALÉM - 04 -


UNIVERSO
- 04 -
SEGUINTE -
No dia seguinte, Joelma estava sozinha em sua casa, lendo o livro que encontrou perdido no chão um pouco abaixo da Igreja de São João, em Montanhas, sempre abismada com o relato aludido pelo autor da brochura. O assunto era inquietante e talvez, pouca gente conhecera esses domínios do Céu, como estava escrito. De momento, quando a moça lia e relia a matéria, alguém bateu à porta de pequena casa que a moça habitava. Seus pais tinham saído para o trabalho. O irmão mais moço estava na escola e o irmão do meio também havia saído para algum lugar. Ela estava apenas só e mais ninguém. Tao logo alguém bateu a porta – na verdade era uma janela – Joelma se levantou e foi ver que era que estava chamando. Ao chegar a janela, encontrou um ancião sem chapéu na cabeça, mas com esse chapéu nas mãos, uma camisa um pouco desgastada e nada mais. As calças, ela não tinha a possibilidade de ver, pois o velho estava encoberto pela parede de baixo. Mesmo assim, podia ver as mãos do homem. Eram umas mãos de luta no campo, pois mostrava o desgaste sofrido pelo tempo. A moça se aproximou do velho e lhe indagou.
Joelma
--- Pois não! O que precisa? - - indagou bem devagar
Ancião
--- Um pouco de água, por favor. - - respondeu o velho
Joelma
--- Ah bom. Trago já. Só tem quartinha. A geladeira pifou. - -
O homem sorriu mostrando os seus dentes amarelos, talvez pelo tempo. A moça estava ainda com o seu livro. Foi e veio de imediato. Duas canecas. Uma com a água. A outra para servir ao ancião. Ela entregou o copo cheio de água e viu o velho tragar de vez. Logo após, Joelma, com precaução, indagou
Joelma
--- Mais? - -
Ancião
--- Por seu favor. Um pouco. - - respondeu a sorrir.
Quando sorriu mostrou os seus dentes amarelos. A moça ficou sem nada falar. Achou apenas triste os dentes do ancião. E nesse momento coçou a testa pigarreado por um caso qualquer. O ancião estava do lado de fora e viu em cima de uma banca o livro que Joelma estudava o seu conteúdo. Respondeu, enfim
Ancião
--- Um bom livro, esse. Estude. Tem muita coisa a ensinar. - - e apontou para o livro lhe entregando o copo de vidro no qual bebera a água.
Joelma se voltou para ver o livrou que estava lendo e indagou.
Joelma
--- Esse? Estou lendo. Mas é difícil. - - fez um gesto com os lábios.
Ancião
--- Não tem importância. Leia-o! Faz bem.  O UNIVERSO. - - dizendo isso, saiu do vão da janela.
A moça pegou o livro e observou que o velho não passara à porta da casa. Ela se assustou e procurou divisar por onde o velho saíra. Mas, não conseguia divisar. Nem para um lado e nem para o outro.
Joelma
--- Caramba! P’ra onde foi o velho? - - perguntou assustada
Um arrepio lhe tomou o corpo. Apenas, Joelma só teve vontade de fugir. Nesse instante, alguém destrancou a porta. Era o seu irmão do meio, Jorge conhecido por Silva, pois era um dos seus sobrenomes. Espantada, Joelma se voltou para a porta. Vendo o irmão, foi logo perguntando.
Joelma
--- Onde está velho? - - perguntou ao irmão.
Jorge
--- Velho? Que velho? Sei lá de velho! - - respondeu ríspido o rapaz
Joelma
--- O velho que estava bebendo água a coisa de um minuto! - - respondeu irada.
Jorge
--- Sei não! Quero minha roupa! Vou já para o Quartel! - - rebateu com brutalidade.
Joelma
--- Bruto! Está no quarto! Estúpido! - - contrapôs a moça.
Dessa vez a moça seguiu para a cozinha procurando aprontar o almoço do irmão, pois a hora era perto das onze e, com certeza, ele havia de querer o comer. Ela preparava o prato e buscava entender o que se passou naquela manhã de sol. No meio do pensar, Joelma decorou a fisionomia do velho sem nem ao menos lhe saber seu nome. Com isso, a moça matutou. Algo lhe declarava de alguém por saber demais o tal assunto. Nesse instante o irmão saiu do banho e foi logo almoçar.
Jorge
--- Ruim! - - fez isso com a cara amarga
Joelma
--- E só tem esse. Se não gosta bote fora! - - alertou com brutalidade
Jorge afastou o prato para longe buscou se vestir às pressas no quarto onde estavam suas mudas. Ainda pegou o matulão e saiu às pressas cuspindo para todos os lados falando atrevimentos causando horrores para alguém a passar. A sua irmã não deu a menor importância pois a partir daquele momento ela lembrou de uma mulher – Donana – moradora um pouco longe da cidade e capaz de decifrar o caso do velho que bateu na sua janela a pedir um copo de água. Donana poucas vezes viu Joelma. Mais, quando menina. Ela curava de coisas que só a velha sabia curar. Em tanto pequena, magra por sua vez e morava mais uma neta, coisa que ela chamava. Nesse ponto, Joelma ficou de ir até a casa da anciã e contar-lhe tudo o que lhe atormentava dessa vez. Após o almoço do irmão menor de todos, de sua mãe, Maria, e do seu pai, Cosme, a moça se enfiou no meio do caminho a procura de encontrar a tapera de Donana, já com os seus 80 anos para lhe benzer e dialogar sobro todo o ocorrido. E foi assim que se deu naquela tarde de sol quente.
Uma vez chegando a tapera da velha Donana, nem precisou bater palmas, pois a anciã estava na frente da choupana fumando o seu cachimbo, envergada pela vida e pondo milho para as galinhas no oitão. A moça se acercou da anciã e deu a sua boa tarde.
Donana
--- Se abanque minha filha. - - disse a velhinha cuspindo de lado
Joelma
--- Estou exausta. A sua casa é longe demais! - - e colocou o livro no local que se sentou.
Donana
--- Tem gente que caminha de muito longe para me ver. - - sorriu
Joelma
--- Tem mesmo. A senhora é famosa. O povo do mato é quem diz. - -
Donana
--- E o que é que a moça quer? - -
Joelma
--- É o seguinte, minha avó. Eu acho que tenho poder de ver visagem. - -
Donana
--- E tem mesmo, minha filha. Qual foi a última vez que viu? - -
Joelma
--- É o seguinte. Primeiro, foi essa semana. Eu vi um médico. Ele apareceu e sumiu. Uma amiga que não me viu. Um livro que eu achei e não encontrei o dono. Por fim, um velho. Ele chegou na minha casa pedindo água. Eu dei e depois o velho sumiu. O que a senhora diz minha avó? - -
Donana
--- Nada. O que é preciso é você se desenvolver. Quando estiver vendo um espírito não se assuste. Apenas indague o que ele quer. Se for do bem, ele logo diz. - -
Joelma
--- Só isso? - -
Donana
--- E quer mais? Vou te passar uns banhos de ervas e sempre volte para dizer o que sucedeu, - -
Joelma
--- E tem dias? - - 



Nenhum comentário:

Postar um comentário