- GUERRILHEIRA -
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ESQUERDA -
No domingo, o Embaixador Ênio Monroe, após reunir a sua
ilustre família, incluindo Isis Fernandes e Moema Rabelo, foi até uma praia próxima
de Roma, a praia de Sabaudia, a mais apreciada de todas as praias da vibrante
Itália, para viver a vida. Aquele era um local paradisíaco, e por que não. Com
todo o trânsito caótico, Sabaudia tinha de tudo um pouco, até cães vadios a
passear a beira mar. Águas mansas eram
um delírio para aqueles que não conhecia a bela Sabaudia. Isis, ao ver tão
aconchegante praia não teve outra expressão, a não ser a magia do amor.
Isis
--- Meu Deus do Céu. Como é bela esta praia! - -
Moema
--- Em Natal temos praias dessa mesma forma. Baia Formosa é
uma delas. - -
Isis
--- Não a conheço. Fica mesmo em Natal? - - perguntou
desorientada
Moema
--- Propriamente em Natal, não fica. Mais para o lado onde
você vai a Paraíba. Temos silvícolas, ainda. - -
Isis
--- Índios? - - indagou alarmada
Monroe
--- Isso. Índios. O Brasil é uma terra de índios. Eles foram
os nossos primeiros habitantes. Isso há 500 anos. Depois, vieram os “brancos”.
Na sua cidade, tem índios. - -
Isis
--- Deve ter. Eu, nunca visualizei por esse ângulo. Será
possível eu ser também uma índia, ou a sua descendente.
Moema
--- É bem capaz. Índia carnívora! - - e fez menção de atacar
com suas garras
Isis se esquivou gritando de medo. E o diplomata, a sorrir,
alegou.
Monroe
--- Nem tanto. Nem tanto. - - e sorriu para acalmar a moça
Após certo curto tempo, Isis indagou.
Isis
--- Aqui tem gente pobre? - -
Monroe
--- Claro. Pobreza tem em todo o mundo. - -
Moema
--- E até guerrilheiros, esquerdistas. Aqui tem tudo isso. -
-
Isis
--- Não entendo. É um País tão rico e ter esquerda? - -
Monroe
--- Tão rico e muito pobre. Veja como são as coisas. Nesse
momento, agora mesmo, tem gente muito pobre atravessado o mar para se abrigar
em uma terra como a Itália. Gente que vem da Síria ou da África. Gente pobre
mesmo. - -
Isis
--- Nossa! Pobre, pobre? - -
Moema
--- Com uma mão na frente e outra atrás. Pobre mesmo. - -
advertiu
Isis
--- Não creio! - - respondeu com seu orgulho destruído
Monroe
--- Vela bem. Há 2 mil anos, essa terra era rica. Muito rica.
Os italianos burgueses tinham escravos. E essa gente pobre era comprada a peso
de ouro. Negros, mestiços e brancos, dependendo da sua cor e do seu porte. - -
Isis
--- Tinham brasileiros? - - perguntou com curiosidade.
Moema
--- Que nada. Brasileiro tem 500 anos. A Itália tem mais de 2
mil anos. - -
Isis
--- Faz tempo? - - indagou curiosa.
Monroe
--- Muito tempo. Negócio de 3 mil anos. Aqui, era a terra do
pasto ou dos bois. Depois veio crescendo e se fundou mesma a Roma. Isso quer
dizer, a terra de Rômulo e Remo, os meninos alimentados por uma loba. - -
Isis
--- O senhor é italiano? - - indagou curiosa
Monroe
--- A minha descendência é francesa. E a vossa? - -sorriu.
Isis
--- Sei lá. Nunca pensei nisso. - - fomento acabrunhada
Monroe
--- Quer saber? - - sorriu
A moça sacudiu os ombros como se estivesse fazendo sim ou
não. E depois.
Isis
--- Quero. - - sorriu de leve
Monroe
--- Egípcia. Significado: “nasci de mim mesma. Não venho de
ninguém” - -
Isis
--- Nossa! Brutalidade! - - falou assustada.
Monroe
--- Isis é a mãe do deus Hórus. É a deusa da fertilidade e da
maternidade. A adoração pela deusa Isis se espalhou por todo o mundo
greco-romano chegando até a Alemanha. Então, quer dizer que a senhorita é uma
Deus de Roma. - - sorriu
Isis
--- Eu? Sou uma Deusa? Aqui? - - observou atenta.
Moema
--- Minha Deusa, mãe de Hórus! - - e fez reverência ao saltar
do carro com as próprias mãos e o joelho torcido para o chão. Seus braços
estavam abertos e a face a olhar para baixo.
Isis
--- Merda! Eu sou uma Deusa? - - indagou sem estilo.
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