domingo, 18 de outubro de 2015

LUTA ARMADA - 54 -


- DOI CODI -
- 54 -
BRASIL -
Brasil! Um país continente! Quarenta e sete por cento! Quase a metade de toda a América do Sul. Um gigantesco país cujos pontos extremos – norte, sul e leste, oeste – distam mais de quatro mil quilômetros nos dois sentidos. Um país difícil que seu imenso território poderia colocar lado a lado toda a Europa, (menos a Rússia), a América Central, o Japão, a Tailândia, Israel e ainda sobraria espaço. Este é o Brasil cuja história começarei agora rememorar. Foi nesse país gigante, este Brasil de dimensões continentais, o cenário dos fatos que irei agora iniciar, nesse momento. E que começarei a recordar na imagem dos jovens quando tudo aconteceu. Eu vou relembrar os fatos ocorridos há mais de 50 anos quando o Brasil era outro. Era o Brasil de ontem. Uma nação no momento histórico de uma gravíssima opção. E voltemos um pouco ao passado. Sem ódio nem rancores. Apenas para comparar. Foi a todo esse tempo. Há pouco mais de 50 anos.
E o Brasil sofria uma de suas piores crises. Greves sobre greves. Ameaça de guerra civil. Caos quase incontrolável. Deterioração económica e financeira. Indisciplina invadindo os Quarteis. Inflação galopante forçando para o alto praticamente a cada semana os preços de tudo. Foram momentos terríveis.
Isis
--- Como você soube tudo isso? - - quis saber a linda mocinha.
Monroe
--- Estudando. Sei de muito mais. Antes mesmo do primeiro Presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca e o banimento do Brasil da Família Real. O choque de interesses políticos entre o presidente autoritário e o Congresso. O agravamento da crise política e econômica no País. Em 3 de novembro de 1891, Deodoro ordena o estabelecimento de estado de sítio, fechamento do Congresso e prisão de políticos opositores. Reação de setores da sociedade, militares e políticos às medidas autoritárias de Deodoro da Fonseca. Greve dos ferroviários e a ameaça da Marinha de bombardear a capital. Deodoro de vez renunciar e em seu lugar assume o vice-presidente, marechal Floriano Peixoto. A República foi proclamada dia 15 de novembro de 1889.
Isis
--- Desse modo, há “revoluções” a cada instante nesse país. - -
Monroe
--- Sempre houve, querida. Em 1922, em 1930, em 1935, em 1939, em 1945, em 1955, em 1964, em 1968. Em todos esses anos houve revolução. Em 1970 houve a implantação do DOI-CODI em defesa do Quartel Militar do Exército de São Paulo. Se você tiver oportunidade de ler publicações a esse respeito verá o que houve no Brasil.
Isis
--- Bem! Eu não era ainda nascida nesses anos. Eu creio que em 1968 o movimento recrudesceu ainda mais nesse período. Principalmente por conta dos movimentos revolucionários de esquerda. Porém, eu não entendo porque há esses movimentos de esquerda quando o Brasil está sofrendo tamanha crise econômica nesses atuais dias? –
Monroe
--- Alguém está ganhando com isso. As fábricas de bombas estão ganhando mais ainda assim com as de armas químicas, aviões, armamentos leves e pesados até mesmo de tanques de guerra ou de latas de alimentos de conservas. Tudo isso é fabricado e vendido.  Os jornais também. De um lado e de outro. Tudo se vende. –
Isis
--- Tudo se vende. Até mesmo certificado de conclusão de cursos de doutor ou certidão de nascimento de quem já morreu. - - falou pensativa.
Monroe
--- Assim é. Você lembrou muito bem agora. -  Dia passado, morreu um homem, no Brasil, que foi chefe do DOI-DODI, em São Paulo, no ano de 1970 e mais um pouco. Seu nome era Carlos Alberto Brilhante Ustra. Bem conhecido pelos movimentos de esquerda desde aquele tempo. Ele trucidou muitos prisioneiros, inclusive mulheres jovens. Enfiou nos órgãos sexuais das mulheres bastões de madeira para ver a vítima sofrer bastante. Ele dizia que, se não fizesse aquilo, seria morto pela mulher guerrilheira quando assumisse o poder, no Brasil. Era ela ou ele! E tinha certa razão. O rancor era maior naquele tempo entre facções rivais. Hoje em dia, o ódio ainda permanece entre tais facções, mesmo em time de futebol. Até em Soldados da Polícia. Esses, matam sem dó os elementos que eles detêm. A vingança sempre houve em toda parte.- -
Isis
--- Você tem razão. Em vejo detento sendo morto por seus companheiros de celas e nem o porquê. - -
Monroe
--- Na guerrilha do Araguaia teve um certo capitão Curió cuja missão era assassinar os esquerdistas. Seu nome é Sebastião Rodrigues de Moura. Como militar combateu a guerrilha do Araguaia e por suas mãos aniquilou 41 guerrilheiros. Ele aniquilou os últimos focos de guerrilha. Curió montou uma rede de informantes em toda a região do Araguaia. O hoje Coronel conseguiu identificar um a um todos os acampamentos da guerrilha. Ele, ainda hoje, se diz satisfeito e feliz por ter sido o homem que capturou e massacrou Mauricio Grabois e Paulo Mendes Rodrigues, ambos guerrilheiros.  – -
Isis
--- Que horror!!! Esse é um bandido sanguinário! - - falou exaltada.
Monroe
--- Filha! Na guerra tudo pode. Até você matar sua irmã em combate. Outro dia eu vi da TV um homem trucidar a mulher e seus filhos. Depois atirou na própria cabeça. Outro matou o seu filho de três anos e em seguida se matou. Casos assim, apenas no Brasil, tem muitos. No país você não pode ter ou levar uma arma de fogo. Agora, o marginal, pode. - -
Isis
--- Como assim? - -
Monroe
--- Ele compra a arma. Eu vi uma mulher de pouca idade, talvez 17 anos, com três revolveres, sendo um na cintura e outros dois, cada um em suas mãos. Quer saber mais?
Isis recuou em saber por estar satisfeita por saber de tantas chacinas de uma só vez.
Isis
--- Não. Não. Pode parar. - -
Monroe
--- Filha. Preste bem atenção. Nos filmes que passam da TV ou em cinemas, o povo adora quanto tem tragédia. Filmes de índios americanos já não tem maior significância. Agora é tragédia. Quanto maior for o número de mortes, melhor é ameaça. No fim tudo acaba bem por que o agressor termina com deve terminar. Agora o crime é extasiante. Mesmo os pequenos filmes de amor, tem o seu toque de agressividade.  Veja “Romeu e Julieta” se não tem agressividade? Todos. Mas todos têm. Até o filme de Santa Teresinha. - -
Isis
--- Como assim? Não vejo coisa feia no filme. - -
Monroe
--- E como termina o filme? - -
Isis
--- Ela morre. - -
Monroe
--- Quer mais? A morte de uma Santa! - - sorriu
Isis
--- Tem razão, querido. A morte. Para o bem ou para o mal é sempre a morte cruel do destino.
Monroe
--- E então se procura saber quem matou os guerrilheiros? Por que? O que se vai fazer? Vão matar a mulher ou o filho do matador que, por certo já morreu? Não! “Eu queria vê-lo morto na cadeia”, diz um parente. Por que? Você não gostou de ver de volta o seu filho? ‘’’. Não. Eu não sei o paradeiro dele”! Que importa. Um deputado que foi guerrilheiro, hoje está na cadeia por outros crimes! Ele matou 27 jovens guerrilheiros! E não pegou nada por esses assassinatos! - - 


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