- Bruna Marquezin -
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O COVEIRO
Manoel Gustavo, conhecido como
Manoel Sete Palmos era coveiro do Alecrim desde o tempo em que saiu da Farda.
Quando chegava um defunto, Manoel já sabia o canto onde se enterrar o morto.
Tinhas dias em que ele sepultava quatro cadáveres de mortos e bem mortos.
Conhecido como Sete Palmos, ele não se importava quando o chamavam assim. E com
certeza, era talvez descente o vivo lhe chamar de Sete Palmos do que Manoel
Gustavo. Ele dormia no interior do cemitério, às vezes no espaço de alguma cova
aberta à espera de um outro cadáver a chegar no dia seguinte do que sair para
dormir em sua lapa. Homem relativamente baixo e robusto, Sete Palmos teve um
casamento e duas enrolações. Porém vivia só em seu canto de trabalho onde
comia, bebia – sempre uma cangibrina -, fazia suas necessidades, cuidava dos
trapos a vestir de cor sempre azulada como sendo uma farda e, quando não tinha
nada para fazer, na certa, o homem estava a dormir com ou seus defuntos. As
mulheres que cuidavam dos túmulos durante um dia e outro, ele as olhava com
vista indecente mas nunca cuidava de convidar a dama para questões paralelas.
Por certo não gostava o homem de misturar chamego com trabalho. Quando dava a
hora de despertar para a sua faina, logo cedo, Sete Palmos já estava se
espreguiçando e enfim corria para o banho em um tanque de água relativamente
suja. E assim levava a vida ao Deus querer, assando uma ginga ou uma porção de
carne para acompanhar o seu apetitoso café da manhã logo cedo.
Certa noite, por volta de meia
noite, algo lhe surpreendeu sobremaneira. Nesse dia ele sequer tinha tomado as
suas costumeiras cangibrinas e ele mesmo nem sabia a causa desse motivo. Sem
saber a razão do enfado, Sete Palmos teve seu sono sacudido por um notado ser a
lhe indagar onde estava a sua – do defunto – cova. Sete Palmos teve o sono
pouco desperto, e nem deu importância ao fato. E de imediato voltou a dormir.
Foi quando o ser bem agressivo, sacudiu o homem no chão bruto. Pelo acaso Sete
Palmos dormia sobre um túmulo bem ornado de algum defunto já sepultado há
bastante tempo. E, então, já no chão, o
homem despertou de vez. E foi de imediato perguntando:
Sete:
--- O senhor está doido! Que
pensa quem eu sou? Me jogar no chão bruto?
Heim? – perguntou desnorteado
Alma:
--- Quero saber onde você pôs o
corpo do meu pai!!! – falou agressivo
Sete:
--- Pai? Quem é seu pai! Eu sei
lá quem é seu pai! Vai embora que eu vou dormir! – falou bravo
Nessa altura estava a segurar o
Sete Palmos pelo colarinho a lhe perguntar com desaforo.
Alma
--- Sabe sim!! Meu pai estava
dormindo em sua tumba quando você foi lá e puxou pelas pernas!! – falou bem
mais que atrevido.
Sete:
--- Pernas? Quando foi isso? Eu
carrego defunto todo dia! Vá pra merda! Eu sei lá do seu pai! – gritou
arrogante.
Alma:
--- Mas vai sim! Eu busquei com
os demais e eles dizem que não sabem! - falo Um está morto! Outro está
internado para morrer! Agora só tem você, seu asno! – falou com ignorância.
Sete:
--- Asno é a sua mãe! Agora você
vem me acordar bem tarde da noite para saber onde estão os ossos do seu pai?
Ora vai comer bosta! – falou o homem com desaforo.
Alma:
--- Olha que a minha mãe também
está nesse mesmo tumulo! E eu quero saber quem o porquê arrancou os ossos do
meu pai! – voltou a relatar com sombrinha arrogância
Sete:
--- Olha! É melhor você me soltar
de vez! Eu não sei de ossos de fela da
puta nenhum! E tamos conversado!
– gritou bravo se despregando da alma
Alma:
--- Ah! Você quer ir no bofete?!
– e despachou um bofetão na cara de Sete Palmos.
O coitado se esparramou no chão
há uma distância considerável. Manoel Gustavo se arrastou pelo um bom pedaço de
chão até toda em uma mangueira onde atordoado se refez. De imediato, Sete
Palmos se levantou e seguiu para cima do elemento desterrado.
Sete
Ah! Você que briga? Pois lá vai o troco!!! –
disse o destemido homem
E deu uma bofetada que passou no
vazio pôs o ser não tinha estrutura para receber uma bofetada de quem quer que
fosse. E passou por longe a primeira, segunda, terceira e demais bofetadas.
Manoel Gustavo deu tantas bofetadas em vão chega ficou exausto.
Alma:
--- Você não me pega jamais!
Agora eu dou o troco! – e tacou-lhe uma bofetada chega o homem caiu por terra.
Desequilibrado por completo,
ainda no chão, se pôs de quatro, balançou a cabeça e olhou para o esquisito
ser. Enfim, falou:
Sete:
--- É. Parece que não! Mas vamos
ver se você tem coragem de me acertar com esse galho de arruda. – falou o homem
com bravura.
E ele agarrou um galho da famosa
arruda para a sua defesa. A arruda é uma erva mágica e fortemente usada para
diversos tipos de situações. Em Centros Espíritas se usa arruda para proteger o
assistente de maus olhados. Há quem diga que a arruda é uma erva que liberta os
videntes ou não de todos os males. E com
esse galho de arruda Sete Palmos se soergueu depressa partindo para a
agressividade do fantasma.
E ao ver o galho de arruda à sua
frente, a assombração se pôs em sua defesa com os braços em cruzes por entre os
olhos a medida em que Sete Palmos partia para agarrar pelos estremos o seu
enigmático agressor, o espectro satânico e perigoso sendo capaz de ir aos
êxtases. Então, o coveiro do cemitério de atracou com esse espírito maléfico
pondo ao chão e com toda a altivez agarrou a aparição já caída e se pôs em cima
a bater-lhe na face até o ser fantástico pedir clemência.
Extenuado por completo, Manoel
Gustavo se pôs de pé, ainda assim por cima da aparição e de vez irritado lhe
disse por vez.
Sete:
--- Olha seu monstrengo! Eu não
sei quem colocou a ossada do seu pai em canto algum! Certamente foi o Chefe do
Cemitério que assou todos ossos para tirar do seu canto as almas já penadas! É
isso! Agora! Levante-se e suma da minha vista, seu satânico. – falou brabo.
Com isso, o satânico ser saiu da
alameda do cemitério e chorando horrores partiu para o outro lado de sua
malévola existência a vomitar aborrecimento por não ter alcançado saber onde
estavam os restos mortais do seu querido pai. Nada mais tendo a fazer, Sete
Palmos voltou a sua catacumba onde se pôs a dormir como todas as almas de
inocentes.
Na manhã, quase oito horas, o
coveiro Sete Palmos estava recolhendo folhas secas de um passeio de dentro do
Cemitério quando, por acaso, notou a presença de um ancião dos seus oitenta
anos, envergado, a transitar com um pau fazendo a vez de muleta, cabeça
encurvada como se quisesse beijar o chão e lendo um punhado de rosas caso
normal em dias qualquer para que faz visita aos mortos, seus descendentes e
ancestrais, com certeza. O ancião vagava pelo cemitério com certeza a procura
de algum sepulcro de alguém querido ali enterrado a alguns remotos tempos. O
sepulcro talvez fosse antigo onde nem mesmo os nomes dos sepultados ali não mais
existissem. Mesmo assim, o ancião não se importava de tanto tempo que fosse.
Ele apenas procurava o canto onde alguém estivesse sepultado há alguns anos ou
até muito mais do notado. Sete Palmos não se deu a menor conta, pois aquele
ancião não era o único a levar flores para seus entes queridos mortos há tempos
antigos. Não fora um momento quando o ancião para a olhar os vasos de murchas
flores e indagar do homem algo de estremecer, o caso não ficaria naquele
estado. E veio a questão;
Velho:
--- Meu nobre senhor, um bom dia.
Por acaso, o saber me dizer qual desses o túmulo que está sepultada a senhorita
Adélia Pontes? – perguntou o ancião com os vertendo lágrimas.
De supetão, o homem se voltou
para olhar o velho. E logo perguntou:
Sete:
--- Há quanto tempo ela foi
sepultada? – perguntou surpreso.
Velho:
--- Há setenta anos, se não me
falha a memória! - respondeu o ancião e
desapareceu de repente
Sete:
--- Quanto tempo? Setenta? Nossa!
O velho sumiu como por encanto! – falou espantado.
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