terça-feira, 2 de dezembro de 2014

À LUZ DA LUA - 28 -

- Bruna Marquezin -
- 28 -

O COVEIRO

Manoel Gustavo, conhecido como Manoel Sete Palmos era coveiro do Alecrim desde o tempo em que saiu da Farda. Quando chegava um defunto, Manoel já sabia o canto onde se enterrar o morto. Tinhas dias em que ele sepultava quatro cadáveres de mortos e bem mortos. Conhecido como Sete Palmos, ele não se importava quando o chamavam assim. E com certeza, era talvez descente o vivo lhe chamar de Sete Palmos do que Manoel Gustavo. Ele dormia no interior do cemitério, às vezes no espaço de alguma cova aberta à espera de um outro cadáver a chegar no dia seguinte do que sair para dormir em sua lapa. Homem relativamente baixo e robusto, Sete Palmos teve um casamento e duas enrolações. Porém vivia só em seu canto de trabalho onde comia, bebia – sempre uma cangibrina -, fazia suas necessidades, cuidava dos trapos a vestir de cor sempre azulada como sendo uma farda e, quando não tinha nada para fazer, na certa, o homem estava a dormir com ou seus defuntos. As mulheres que cuidavam dos túmulos durante um dia e outro, ele as olhava com vista indecente mas nunca cuidava de convidar a dama para questões paralelas. Por certo não gostava o homem de misturar chamego com trabalho. Quando dava a hora de despertar para a sua faina, logo cedo, Sete Palmos já estava se espreguiçando e enfim corria para o banho em um tanque de água relativamente suja. E assim levava a vida ao Deus querer, assando uma ginga ou uma porção de carne para acompanhar o seu apetitoso café da manhã logo cedo.
Certa noite, por volta de meia noite, algo lhe surpreendeu sobremaneira. Nesse dia ele sequer tinha tomado as suas costumeiras cangibrinas e ele mesmo nem sabia a causa desse motivo. Sem saber a razão do enfado, Sete Palmos teve seu sono sacudido por um notado ser a lhe indagar onde estava a sua – do defunto – cova. Sete Palmos teve o sono pouco desperto, e nem deu importância ao fato. E de imediato voltou a dormir. Foi quando o ser bem agressivo, sacudiu o homem no chão bruto. Pelo acaso Sete Palmos dormia sobre um túmulo bem ornado de algum defunto já sepultado há bastante tempo.  E, então, já no chão, o homem despertou de vez. E foi de imediato perguntando:
Sete:
--- O senhor está doido! Que pensa quem eu sou? Me jogar no chão bruto?  Heim? – perguntou desnorteado  
Alma:
--- Quero saber onde você pôs o corpo do meu pai!!! – falou agressivo  
Sete:
--- Pai? Quem é seu pai! Eu sei lá quem é seu pai! Vai embora que eu vou dormir! – falou bravo
Nessa altura estava a segurar o Sete Palmos pelo colarinho a lhe perguntar com desaforo.
Alma
--- Sabe sim!! Meu pai estava dormindo em sua tumba quando você foi lá e puxou pelas pernas!! – falou bem mais que atrevido.
Sete:
--- Pernas? Quando foi isso? Eu carrego defunto todo dia! Vá pra merda! Eu sei lá do seu pai! – gritou arrogante.
Alma:
--- Mas vai sim! Eu busquei com os demais e eles dizem que não sabem! - falo Um está morto! Outro está internado para morrer! Agora só tem você, seu asno! – falou com ignorância.
Sete:
--- Asno é a sua mãe! Agora você vem me acordar bem tarde da noite para saber onde estão os ossos do seu pai? Ora vai comer bosta! – falou o homem com desaforo.
Alma:
--- Olha que a minha mãe também está nesse mesmo tumulo! E eu quero saber quem o porquê arrancou os ossos do meu pai! – voltou a relatar com sombrinha arrogância
Sete:
--- Olha! É melhor você me soltar de vez! Eu não sei de ossos de fela da puta nenhum! E tamos conversado! – gritou bravo se despregando da alma  
Alma:
--- Ah! Você quer ir no bofete?! – e despachou um bofetão na cara de Sete Palmos.
O coitado se esparramou no chão há uma distância considerável. Manoel Gustavo se arrastou pelo um bom pedaço de chão até toda em uma mangueira onde atordoado se refez. De imediato, Sete Palmos se levantou e seguiu para cima do elemento desterrado.
Sete
Ah!  Você que briga? Pois lá vai o troco!!! – disse o destemido homem
E deu uma bofetada que passou no vazio pôs o ser não tinha estrutura para receber uma bofetada de quem quer que fosse. E passou por longe a primeira, segunda, terceira e demais bofetadas. Manoel Gustavo deu tantas bofetadas em vão chega ficou exausto.
Alma:
--- Você não me pega jamais! Agora eu dou o troco! – e tacou-lhe uma bofetada chega o homem caiu por terra.
Desequilibrado por completo, ainda no chão, se pôs de quatro, balançou a cabeça e olhou para o esquisito ser. Enfim, falou:
Sete:
--- É. Parece que não! Mas vamos ver se você tem coragem de me acertar com esse galho de arruda. – falou o homem com bravura.
E ele agarrou um galho da famosa arruda para a sua defesa. A arruda é uma erva mágica e fortemente usada para diversos tipos de situações. Em Centros Espíritas se usa arruda para proteger o assistente de maus olhados. Há quem diga que a arruda é uma erva que liberta os videntes ou não de todos os males.  E com esse galho de arruda Sete Palmos se soergueu depressa partindo para a agressividade do fantasma.
E ao ver o galho de arruda à sua frente, a assombração se pôs em sua defesa com os braços em cruzes por entre os olhos a medida em que Sete Palmos partia para agarrar pelos estremos o seu enigmático agressor, o espectro satânico e perigoso sendo capaz de ir aos êxtases. Então, o coveiro do cemitério de atracou com esse espírito maléfico pondo ao chão e com toda a altivez agarrou a aparição já caída e se pôs em cima a bater-lhe na face até o ser fantástico pedir clemência.
Extenuado por completo, Manoel Gustavo se pôs de pé, ainda assim por cima da aparição e de vez irritado lhe disse por vez.
Sete:
--- Olha seu monstrengo! Eu não sei quem colocou a ossada do seu pai em canto algum! Certamente foi o Chefe do Cemitério que assou todos ossos para tirar do seu canto as almas já penadas! É isso! Agora! Levante-se e suma da minha vista, seu satânico. – falou brabo.
Com isso, o satânico ser saiu da alameda do cemitério e chorando horrores partiu para o outro lado de sua malévola existência a vomitar aborrecimento por não ter alcançado saber onde estavam os restos mortais do seu querido pai. Nada mais tendo a fazer, Sete Palmos voltou a sua catacumba onde se pôs a dormir como todas as almas de inocentes.
Na manhã, quase oito horas, o coveiro Sete Palmos estava recolhendo folhas secas de um passeio de dentro do Cemitério quando, por acaso, notou a presença de um ancião dos seus oitenta anos, envergado, a transitar com um pau fazendo a vez de muleta, cabeça encurvada como se quisesse beijar o chão e lendo um punhado de rosas caso normal em dias qualquer para que faz visita aos mortos, seus descendentes e ancestrais, com certeza. O ancião vagava pelo cemitério com certeza a procura de algum sepulcro de alguém querido ali enterrado a alguns remotos tempos. O sepulcro talvez fosse antigo onde nem mesmo os nomes dos sepultados ali não mais existissem. Mesmo assim, o ancião não se importava de tanto tempo que fosse. Ele apenas procurava o canto onde alguém estivesse sepultado há alguns anos ou até muito mais do notado. Sete Palmos não se deu a menor conta, pois aquele ancião não era o único a levar flores para seus entes queridos mortos há tempos antigos. Não fora um momento quando o ancião para a olhar os vasos de murchas flores e indagar do homem algo de estremecer, o caso não ficaria naquele estado. E veio a questão;
Velho:
--- Meu nobre senhor, um bom dia. Por acaso, o saber me dizer qual desses o túmulo que está sepultada a senhorita Adélia Pontes? – perguntou o ancião com os vertendo lágrimas.
De supetão, o homem se voltou para olhar o velho. E logo perguntou:
Sete:
--- Há quanto tempo ela foi sepultada? – perguntou surpreso.
Velho:
--- Há setenta anos, se não me falha a memória!  - respondeu o ancião e desapareceu de repente
Sete:
--- Quanto tempo? Setenta? Nossa! O velho sumiu como por encanto! – falou espantado.


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