- Kate Beekinsale -
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O DIABO
Fernando estava voltando para a
sua casa, um pouco distante, quase no interior de Macaíba. Ele morava numa
parte baixa do local após atravessar um morro ali existente antes de uma vila
de casas humildes. Ele trafegava por uma estrada vicinal em um local onde não
havia residência antes e muito antes do posto de combustível a ficar à frente
da rodovia que prosseguia para a cidade de Mossoró. Era noite escura e a lua em
minguante de nada podia se ver. De repente, um rapaz vistoso apareceu nessa
estrada solicitando uma parada. Fernando brecou o seu carro e espiou bem o
ilustre senhor e, por fim, indagou:
Fernando:
--- O que deseja? Está perdido
nesse punhado de mundo? –até sorriu
Desconhecido:
--- Parece. Mas estou procurando
quem passe pelo posto de combustível. Eu pretendo chegar a Mossoró ainda hoje,
- falou sério.
Fernando:
--- Mossoró? É bastante longe
daqui pra lá. Vamos! Eu vou seguir até mais além e posso deixa-lo no posto,
certamente.
Desconhecido:
--- Agradeço. A noite está um
colosso. Escura, sem luar e de se meter dedo nos olhos de outro. – sorriu.
Fernando:
--- É verdade. (sorriu) – Seu
nome? – perguntou curioso
Desconhecido:
--- O meu? Eu sou o Diabo. Mas
pode me chamar de Satanás, Belzebu, Demônio ou outro mais. – falou serio
Fernando sentiu um frio na
barriga e disse consigo.
Fernando:
--- “(Esse é louco. Ou está
brincando comigo)!” – fez uma careta como quem não poderia ser.
Diabo:
--- Verdade! Pode pensar no que
quiser! – ele olhou para o homem a dirigir o carro
Fernando:
--- Tá vendo? Eu não disse que é
brincadeira. – sorriu amarelo
Diabo:
--- Brincadeira? Nada de
brincadeira. Eu estou aqui porque venho buscar o Governador do Estado. Verdade!
– alertou o diabo
Fernando sorriu e ainda pensou:
--- “É louco mesmo” – e nada
falou
Diabo:
--- Duvida? Quer ver? Pois vamos
a Mossoró. – falou sem medo e acelerou o carro sem os pedais fazendo o veículo
voar na imensa escuridão da noite.
Fernando ficou desnorteado vendo
o seu veículo alçar vou e notar em baixo toda a existência do matagal e além do
mais um avião a cruzar o espaço como se fosse rente ao automóvel. E com o seu
nervosismo Fernando gritou.
Fernando:
--- Páre a bosta desse carro!! O
senhor quer me matar? – alertou com bastante medo
Diabo:
--- A sua hora não é chegada!
Agora, só o Governador. Vamos à frente! – falou ríspido.
Fernando:
--- Ora que merda é essa? O meu
carro está voando! – alertou o rapaz olhando a terra em baixo
Diabo:
--- Chega já. Não se apresse.
Aquilo é um Cessna. É de voo doméstico! Não tenha dó. O Governador ainda está
vivo. Quando o aparelho descer, então a história muda! – falou sério
Fernando:
--- Mas o senhor não pode matar o
homem. Eu vou dar parte a polícia. –alertou
Diabo:
--- Quem disse que eu vou matar?
Ele morre por si só. – gargalhou
Fernando:
--- O senhor está sorrindo da
desgraça alheia? Nem o cão faz uma coisa dessas.
Diabo:
--- E por que não faz? Ele nem
sabe! Eu só venho buscar o seu espírito e nada mais! – gargalhou
Fernando;
--- Olha seu seja lá que for! Eu
vou descer! – disse assustado
Diabo:
--- Descer? Você está bem acima
do chão. E na verdade não chegou a sua hora. – sorriu com a desgraça do rapaz
Fernando:
--- Meu Deus do céu. Para que fui
dar carona a essa peste?! – resmungou.
Diabo:
--- Essa peste, não! Ao Diabo! Ou
mesmo ao Demônio ou Satanás! – alertou sobre a brabeza do rapaz.
Fernando:
--- Juro por Deus que te mato!
Juro! – falou com rispidez.
Diabo:
--- É bom não jurar! Pois eu
posso te esperar na próxima esquina! – falou sem graça
Fernando:
--- Esquina? Que esquina? Só vejo
mato onde estou! – reclamou de besta.
O Diabo gargalhou. E com um curto
espaço de tempo a mais o Demônio divisou o aeroporto Dix-Sept Rosado de Mossoró
onde estava sendo aguardado o Governado do Estado. Muitas faixas enfeitando o
trajeto, Banda de Música a tocar hinos e marchas, crianças a gritar seus
acenos. Uma multidão a vivenciar a chegada do Chefe de Estado. Era a primeira
vez a se verificar um estadista com todo orgulho em uma cidade do interior. O
avião fez uma curva completa para poder posar com tranquilidade em terra firma.
Foi então que se deu o imprevisto. Uma explosão e o fogo a seguir. Tal qual o
inferno, o aparelho foi em volta em chamas a consumir em instantes a sua
pequenez desastrosa. Um fogaréu alarmante. Era o fim do Governador. E de dentro
do carro, o Diabo a chamar.
Diabo:
--- Vamos, depressa! Eles que
apaguem o imenso fogo. – relatou ao Governante
Governador
--- Quem é o senhor? – perguntou
alarmado.
Diabo:
--- Eu sou o Diabo! Mas pode me
chamar de Satanás, que eu não me importo! – respondeu
Fernando, admirado com tanta
tranquilidade do Demônio, apenas disse:
Fernando:
--- Mas não é o Diabo mesmo?! –
fez ver o motorista
Diabo:
--- Não te disse? – gargalhou
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