segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

SUSPEITA - 03 =

- Jane Fonda -

- 03 -

SUSPEITA

O policial ficou atento a suspeita com relação à doméstica como a pessoa a saber de algo mais do que reportara ao seu patrão Otto Câmara. Em plena noite o militar então falou ao delegado Delfino colher maiores informações da doméstica, Dalva. Por certo, a moça saberia dizer de onde viera o homem morto, pois não existia explicação para se sacudir um cadáver no chão de uma casa, pelo menos, nas casas do centro da cidade.
Soldado:
--- Que acha? – indagou.
Delegado
---Eu já tomei depoimento da moça. Ela não sabe de nada. – falou com severidade.
O médico, ao fazer os exames, declarou não saber como o fato ocorreu.
Medico:
--- Eu não tenho explicação. Só caindo do céu. – reclamou a coçar a cabeça
Delegado:
--- A casa ao lado? – indagou surpreso
Médico;
--- Fechada. O homem, Otto, falou que o pessoal saiu há mais de uma semana. Todos foram para um sítio. – declarou.
E o delegado foi novamente falar com Otto Câmara sobre o paradeiro da família ao lado. E voltou com a mesma resposta. Enquanto isso, o soldado subiu no muro de trás da casa onde estava o defunto. Ele apenas inspecionou o local. Voltou, declarando;
Soldado:
--- Tem uma casa nos fundos dessa morada. – relatou
Delegado:
--- Eu já sei. O advogado falou que ali mora um coronel. –
Nicácio
--- Isso mesmo. E, por sinal, aleijado. Ele sofreu trombose. Não se locomove e nem fala. Algo mais? – indagou.
Delegado:
--- Por enquanto, não. – respondeu inquieto
Médico:
--- Vou levar o cadáver para o necrotério. Fazer exames totais. – relatou.
E determinou remover o cadáver para o necrotério do ITEP. Os auxiliares removeram o corpo em um ataúde semelhante a um caixa feito de lata ou alumínio. O “caveirão” estava próximo do portão da moradia do senhor Otto Câmara e pelo o mesmo caminho os auxiliares caminharam para pôr a embalagem dentro do carro. Após uma série de recomendações, o motorista do caveirão pegou o carro e seguiu caminho. A pouca gente estava ao largo e todos queriam ver o defunto. Porém, o caixão estava bem trancado e não dava para reconhecer quem o carro conduzia. Depois, o delegado formulou anotações e guardou o impresso. Otto seguiu caminho para a casa dos pais de Clara, onde a esposa foi dormir, junto com os filhos e a doméstica. O advogado Nicácio Lopes simplesmente acenou para o seu novo cliente desejando boa sorte.
Otto:
--- Infelizmente nem sei se vou dormir. Esse cadáver não sai do pensar. – relatou chateado
Houve dispersão dos curiosos. A habitação foi trancafiada com as luminárias desativadas. Apenas, Otto deixou acesa a Árvore do Natal. O advogado Nicácio fez um aceno cordial para o seu vizinho em naufragada tristeza. A noite seguia tranquila no restante da cidade, excluindo os cabarés, onde a atividade era frenética. A guarda noturna seguia o seu curso agitando o seu apito noturno a chamar o segundo e terceiro guardas. O homem das frutas caminhava logo de madrugada para o Mercado da Cidade. Outras domésticas voltavam já pela madrugada de um forró onde foram dançar na antevéspera do dia de festas. Os impressos seguiam o seu curso normal para a saída do “forno” às primeiras horas da manhã.
De manhã, logo cedo, Otto Câmara, seguiu até a sua moradia para inspecionar se estava tudo em ordem após uma intranquila noite. Já era a manhã do dia 23 de dezembro. As repartições municipais, estaduais e federais teriam meio expediente, menos o setor bancário e os locais de atendimento aos de urgência. Um carro de bombeiro passou em velocidade, provavelmente para algum socorro. Logo após vinha um jeep. Otto olhou com pressa e nada atinou. Apenas desejava seguir o seu destino.
Gazeteiro:
--- Jornais do dia! Caso do homem caído do céu! – gritava o rapaz.
Otto reclamou com insistência por conta do alarde do gazeteiro. Por isso, nem quis apreciar para o matutino. Apenas seguiu em seu veículo até chegar a sua residência.  Bem à frente topou com o advogado com as suas mãos para trás, batendo uma na outra e ainda de leve pijama. Ele, o advogado, estava a verificar apenas o prédio. O portão trancado. Ele sacolejou para ver. O automóvel estacionou com leveza e Otto desceu.
Otto:
--- Bom dia, doutor Nicácio! Algo a falar? – relatou com frieza.
Nicácio:
--- Ó! Bom dia! Desperto? - (sorriu) – Nada não. Apenas, olhando a cena! Engraçado! Uma casa comum a se notar, hoje, está nas manchetes. – falou com vagar.
Otto:
--- A minha mulher já está comovida e prefere não mais vir morar nesse “templo”. – relatou entristecido.
Nicácio:
--- Isso passa! Com o tempo, passa! – declarou com a mesma calma de sempre.
Otto:
--- Nada! Ela tem razão! Vou pôr à venda essa espelunca. – abaixou a fronte
O advogado Nicácio Lopes sorriu sem querer. E, em seguida decidiu falar.
Nicácio:
--- Isso é difícil de reportar. A mãe perde uma criança. Ela não olha mais o futuro. E se em sua casa morre um parente. Volta-se ao mesmo drama. E se ter um homem morto no quintal, é ainda bem pior. Se bem, não é esse o caso. Mas se o senhor olhar bem, verá que, seguidamente vai ter temor de até passar pelo local onde o cadáver foi encontrado. – falou com simplicidade
Otto:
--- Isso. Isso. Eu vou vender essa pocilga. – falou abalado
Nicácio:
--- E o galinheiro! Ninguém pensou no galinheiro. O cadáver pode ter sido sacudido por cima do galinheiro de uma casa por detrás – falou pensativo.
Otto
--- Mas é isso! O galinheiro! – falou o homem com entusiasmo
Nicácio:
--- E disse que o caso era uma hipótese. – relatou com maior severidade
Otto
--- Mas é isso! Vamos a delegacia! – fomentou como despertar da lucidez.
Nicácio;
--- Não agora. Seria muito fácil, pois que matou quem seria? – indagou.
Otto:
--- Quem seria! Mas o senhor pensa em tudo! Quem que seria! – deixou o homem a repensar
Nicácio:
--- Podia ser da casa vizinha. – relatou
Otto:
--- Vizinha? Mas está desocupada. O pessoal está no interior. – relatou
Nicácio:
--- E só uma volta acidental? A pessoa entrou na casa. E o vigia ou mesmo o dono voltou? E pegou o ladrão dentro da casa? E se não era um ladrão? Quem era? - pesquisou 

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