- Leonor Varela -
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EUGENIA
Aloísio era negro. Negro mesmo.
Esse negócio de “que era de cor” não passava de pura mentira. Quem era “branco”
era um ser normal. Quem não era, então era “negro”. Em um país como o Brasil,
ser “negro” é ter menos ou nenhum emprego, mesmo sendo público. Nota-se que os
garis são todos de pele escura quando não são negros propriamente ditos. Coisa
que ninguém conhece é a tal da “eugenia”. Esse é um termo para se designar “de
pele clara” ou “bem nascido” e ainda de “pureza racial”. Ou seja: “pele
branca”. Na Universidade Federal se nota uma professora de pele escura, ou
seja, “negra”. Quando os índios eram a maioria da raça no Brasil, eles eram os
habitantes naturais do país. Quando os portugueses chegaram nessa terra, então,
tudo modificou. Índios não eram gente. Eram índios ou silvícolas, povo da
selva. O povo da África veio para o Brasil na condição de “escravos”. Todos
eles eram escravos. A chamada escravatura propriamente dita. Os negros viveram
nesse país durante longos tempos e ainda hoje vivem na marginalidade. O Governo
da Princesa Isabel só veio assinar a chamada Lei Áurea no dia 13 de Maio de
1888. E desse ponto em diante a vida do negro se tornou ainda mais difícil. O
Governo não teve o cuidado de arranjar o mercado de trabalho para os
ex-escravos. Os setores da elite brasileira continuam com esse preconceito.
Fazia-se modas com os negros como a que se refere dessa forma: “Negro da cor da
noite tem catinga de aruá. Valei-me Nossa Senhora que negro vai se acabar”.
Quando se responde a um questionário, a pergunta é: origem – caucasiana. Mas, o
que significa a raça caucasiana? Gente nascida no Cáucaso, ou seja: gente
europeia. O termo foi criado pelo filósofo Christophe Meiners, pois quem é
negro se identifica como Europeu e, não, como negro. Na televisão brasileira o
negro é excluído e as empregadas domésticas são negras. É bom se notar não
haver um negro da televisão brasileira como apresentador de notícias. Todos
eles são brancos. No cinema americano, quando, em 1929, se pôs a sonorização, o
principal ator era um branco pintado de negro. O negro não tinha vez no cinema
americano e nem no cinema do restante do Mundo.
A palavra “preto” apareceu no
século X a designar a pessoa de pele escura. A palavra “negro” foi adotada no
século XV com a escravidão de africanos pelos portugueses. No Brasil, quando
houve a abolição da escravatura, em 1888, os escravos foram postos em liberdade
sem ter nada para levar para qualquer lugar. E aí que nasceu a chamada
‘favela’. Mas favela é um mato. E, hoje se denomina “favelado” quem habita nesses
aglomerados. A gente pobre, os ex-escravos, chutados de seus casebres dentro da
terra na gente nobre, foram procurar viver em uma terra qualquer. A que mais
existia era a região de favelas – mato – e foi em cima do morro onde o povo
pobre construiu as suas taperas. Mesmo assim, os negros – a palavra tem
proibição de se falar em países africanos – viviam solitários, buscando trapos
para cobrir o corpo e levando excremento para depositar no mar da gente
opulenta, uma vez não haver bacias sanitárias naquela ocasião, no Brasil.
“Eles comem feito um bicho” era o
que mais se ouvia dizer pelos opulentos patrões ao despejar as mercadorias de
segunda e terceira categorias para os seus “criados”. Veja-se bem: “criados” ou
criadagem. Pessoas criadas pelos donos de terra existente na capital ou
interior do Estado. Esses são os “criados” porque, não tendo vez, eles somente
dependem da remuneração paga pelos seus patrões. Em 1950, em Natal, um criado
era um ser inferior. E, ainda hoje, em se morar em um morro se considera favelado,
pois o morro é o abrigo da favela. Quem habita um apartamento, é o senhor. Quem
não pode habitar, é um favelado. Há ainda forte preconceito entre pobres e
ricos:
Patrão:
--- “Mande seu Pedro levar esse
recado” – diz o senhor.
E nem adianta indagar: “Mandar
por que? – É fazer o que se manda. O soldado é mandado pelo cabo. O cabo é
mandado pelo sargento. Esse, por sua vez, pelo tenente e assim por diante.
Querendo ou não, todos são comandados. O mesmo ocorre com a vida civil. A
patroa comanda a sua “criada”. O “criado” obedece ao seu patrão, certamente um
“branco”. No meio da confusão, todos os de cor branca assumem o seu poder. O
resto, o de cor ‘negra’, obedece. E carrega nos braços o seu “patrão” para ser
eleito o “maioral” ou seja, o Governante. Em uma cidade do Rio Grande do Norte,
- Caicó – existe aglomerado de sócios em um Círculo de Trabalhadores onde
apenas tem gente apenas de cor branca. E a cidade toda tem o mesmo aspecto.
Tem padre negro? Ah, isso tem!
Tem bispo negro? É difícil. Mas tem. Tem cardeal negro? Uns poucos. E Pastores?
Deus me livre! Chega pra lá! Cruz, Credo! Ave Maria! – é a resposta.
Mas Presidente da República de
cor negra. Quer saber? Barack Obama! Ele é norte-americano, negro, nascido em
Honolulu, no Havaí. Ele é afro-americano. Barack Hussein Obama Jr. É filho de uma mulher branca e um pai, Barack Obama,
nascido no Kenya, (República do Quénia) país da África Oriental. Com efeito,
acontece que a mãe de Obama já estava divorciada do marido e arrumou um outro
casamento. No entanto temos chefes de Estado em países sul-africanos, sempre de
cor negra. E o Brasil, pobre Brasil, esse não tem vez. Nesse país foi aprovada
a lei do Dia Nacional da Consciência Negra a ser celebrado no dia 20 de novembro.
O Dia da Consciência Negra foi criado do ano de 2003 e instituído em âmbito
nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Todavia o
comércio de Natal achou por bem considerar essa lei não ser aplicada na cidade
e o dia 20 de novembro foi abolido e todos os “empregados” tiveram de trabalhar
de forma normal.
“O galego do Alecrim” continua
firme e forte. Sabe o nome? José Agripino, Senador da República Federativa do
Brasil. Esse título de Senador já teve nome. Onde? Em Roma! O Senado Romano era
da maior importância de sua nação. No Brasil, nem tanto, agora. Nem mesmo o
Presidente merece tantos deveres. Luiz Inácio da Silva, o Lula, era Presidente
da República, nordestino nascido em Pernambuco em uma tapera, filho de um outro
nordestino nascido em Acari, RN e teve a desventura de ser do nordeste sem um
diploma sequer. O seu primeiro diploma foi o de ser presidente da República do
Brasil o qual expos para que todos pudessem ver. Enfim, ele nasceu numa favela,
ou seja, numa mata de favela, em uma casa de chão batido sem água e sem luz.
Ele e, depois, veio a senhora presidenta Dilma Vana Rousseff que, só pelo seu
nome de procedência europeia já mereceu todo o apoio popular. Essa é a tal
eugenia. A mulher pode ser pobre. Porém a sua eugenia é de gente de poder,
gente forte, tem muque e sangue a veia.
E depois de Dilma Rousseff quem
vai ser o Presidente? Ah. Quem sabe? Tem outros insignes de valor de escol.
Nordestino?
Nordestino:
--- Que? Você é besta!!! O
nordestino só passou porque a porta estava aberta! – reclamou
Nordestino:
--- Mas tivemos João Café! –
declarou.
Sulista:
--- Isso não importa! Queremos
gente do sul! Isso é o que importa! – relatou
Nordestino:
--- Quem? Quem? – indagou
Sulista:
--- Ana Amélia, é um caso. –
reportou
Nordestino
--- Quem é essa? Mais uma mulher?
Tô fora! Eu prefiro Inácio Arruda, cearense.
Sulista:
--- Tá louco! Um comedor de
farinha? Nem morto!!! – reclamou
Nordestino:
--- E Ivonete Dantas? – indagou
Sulista:
--- Quem? – com a cara amarga
Nordestino
--- Ela é dos Dantas do Rio
Grande. – falou
Sulista:
--- Do Sul? – perguntou
Nordestino.
--- Não! Do Norte! – sorriu
indecentemente
Pois é, gente! Temos que ter
eugenia. Ou vai, ou racha! Gente da Europa, do contrário vai se viver nessa
indiferença. Como já dizia um outro governante. “Ou se acaba com a saúva. Ou a
saúva acaba com o Brasil”. Durante toda a história da humanidade diversos povos
eliminavam pessoas que nasciam com deficiência ou doentes. Pesquisadores
declaram existir um severo problema ético na eugenia. Em diversos países foram
propostas políticas de higiene com o objetivo de impedir a reprodução de
pessoas que possuíam doenças hereditárias. No Brasil foi proposta a exclusão
das imigrações de pessoas “negras”. A eugenia é apresentada como a ciência que
fornece as bases para a melhoria do conjunto populacional
Verdade? –
Para dar continuidade às
pretensões da eugenia formou-se um grupo de cientistas preocupados em encontrar
regularidades estatísticas que pudessem descrever a ocorrência de variações
contínuas em uma dada população. Um dos pontos mais importantes foi a lei da
hereditariedade ancestral.
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