sábado, 13 de dezembro de 2014

À LUZ DA LUA - 38 -

- Leonor Varela -

- 38 -

EUGENIA
Aloísio era negro. Negro mesmo. Esse negócio de “que era de cor” não passava de pura mentira. Quem era “branco” era um ser normal. Quem não era, então era “negro”. Em um país como o Brasil, ser “negro” é ter menos ou nenhum emprego, mesmo sendo público. Nota-se que os garis são todos de pele escura quando não são negros propriamente ditos. Coisa que ninguém conhece é a tal da “eugenia”. Esse é um termo para se designar “de pele clara” ou “bem nascido” e ainda de “pureza racial”. Ou seja: “pele branca”. Na Universidade Federal se nota uma professora de pele escura, ou seja, “negra”. Quando os índios eram a maioria da raça no Brasil, eles eram os habitantes naturais do país. Quando os portugueses chegaram nessa terra, então, tudo modificou. Índios não eram gente. Eram índios ou silvícolas, povo da selva. O povo da África veio para o Brasil na condição de “escravos”. Todos eles eram escravos. A chamada escravatura propriamente dita. Os negros viveram nesse país durante longos tempos e ainda hoje vivem na marginalidade. O Governo da Princesa Isabel só veio assinar a chamada Lei Áurea no dia 13 de Maio de 1888. E desse ponto em diante a vida do negro se tornou ainda mais difícil. O Governo não teve o cuidado de arranjar o mercado de trabalho para os ex-escravos. Os setores da elite brasileira continuam com esse preconceito. Fazia-se modas com os negros como a que se refere dessa forma: “Negro da cor da noite tem catinga de aruá. Valei-me Nossa Senhora que negro vai se acabar”. Quando se responde a um questionário, a pergunta é: origem – caucasiana. Mas, o que significa a raça caucasiana? Gente nascida no Cáucaso, ou seja: gente europeia. O termo foi criado pelo filósofo Christophe Meiners, pois quem é negro se identifica como Europeu e, não, como negro. Na televisão brasileira o negro é excluído e as empregadas domésticas são negras. É bom se notar não haver um negro da televisão brasileira como apresentador de notícias. Todos eles são brancos. No cinema americano, quando, em 1929, se pôs a sonorização, o principal ator era um branco pintado de negro. O negro não tinha vez no cinema americano e nem no cinema do restante do Mundo.
A palavra “preto” apareceu no século X a designar a pessoa de pele escura. A palavra “negro” foi adotada no século XV com a escravidão de africanos pelos portugueses. No Brasil, quando houve a abolição da escravatura, em 1888, os escravos foram postos em liberdade sem ter nada para levar para qualquer lugar. E aí que nasceu a chamada ‘favela’. Mas favela é um mato. E, hoje se denomina “favelado” quem habita nesses aglomerados. A gente pobre, os ex-escravos, chutados de seus casebres dentro da terra na gente nobre, foram procurar viver em uma terra qualquer. A que mais existia era a região de favelas – mato – e foi em cima do morro onde o povo pobre construiu as suas taperas. Mesmo assim, os negros – a palavra tem proibição de se falar em países africanos – viviam solitários, buscando trapos para cobrir o corpo e levando excremento para depositar no mar da gente opulenta, uma vez não haver bacias sanitárias naquela ocasião, no Brasil.
“Eles comem feito um bicho” era o que mais se ouvia dizer pelos opulentos patrões ao despejar as mercadorias de segunda e terceira categorias para os seus “criados”. Veja-se bem: “criados” ou criadagem. Pessoas criadas pelos donos de terra existente na capital ou interior do Estado. Esses são os “criados” porque, não tendo vez, eles somente dependem da remuneração paga pelos seus patrões. Em 1950, em Natal, um criado era um ser inferior. E, ainda hoje, em se morar em um morro se considera favelado, pois o morro é o abrigo da favela. Quem habita um apartamento, é o senhor. Quem não pode habitar, é um favelado. Há ainda forte preconceito entre pobres e ricos:
Patrão:
--- “Mande seu Pedro levar esse recado” – diz o senhor.
E nem adianta indagar: “Mandar por que? – É fazer o que se manda. O soldado é mandado pelo cabo. O cabo é mandado pelo sargento. Esse, por sua vez, pelo tenente e assim por diante. Querendo ou não, todos são comandados. O mesmo ocorre com a vida civil. A patroa comanda a sua “criada”. O “criado” obedece ao seu patrão, certamente um “branco”. No meio da confusão, todos os de cor branca assumem o seu poder. O resto, o de cor ‘negra’, obedece. E carrega nos braços o seu “patrão” para ser eleito o “maioral” ou seja, o Governante. Em uma cidade do Rio Grande do Norte, - Caicó – existe aglomerado de sócios em um Círculo de Trabalhadores onde apenas tem gente apenas de cor branca. E a cidade toda tem o mesmo aspecto.
Tem padre negro? Ah, isso tem! Tem bispo negro? É difícil. Mas tem. Tem cardeal negro? Uns poucos. E Pastores? Deus me livre! Chega pra lá! Cruz, Credo! Ave Maria! – é a resposta.
Mas Presidente da República de cor negra. Quer saber? Barack Obama! Ele é norte-americano, negro, nascido em Honolulu, no Havaí. Ele é afro-americano. Barack Hussein Obama Jr. É filho   de uma mulher branca e um pai, Barack Obama, nascido no Kenya, (República do Quénia) país da África Oriental. Com efeito, acontece que a mãe de Obama já estava divorciada do marido e arrumou um outro casamento. No entanto temos chefes de Estado em países sul-africanos, sempre de cor negra. E o Brasil, pobre Brasil, esse não tem vez. Nesse país foi aprovada a lei do Dia Nacional da Consciência Negra a ser celebrado no dia 20 de novembro. O Dia da Consciência Negra foi criado do ano de 2003 e instituído em âmbito nacional mediante a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Todavia o comércio de Natal achou por bem considerar essa lei não ser aplicada na cidade e o dia 20 de novembro foi abolido e todos os “empregados” tiveram de trabalhar de forma normal.
“O galego do Alecrim” continua firme e forte. Sabe o nome? José Agripino, Senador da República Federativa do Brasil. Esse título de Senador já teve nome. Onde? Em Roma! O Senado Romano era da maior importância de sua nação. No Brasil, nem tanto, agora. Nem mesmo o Presidente merece tantos deveres. Luiz Inácio da Silva, o Lula, era Presidente da República, nordestino nascido em Pernambuco em uma tapera, filho de um outro nordestino nascido em Acari, RN e teve a desventura de ser do nordeste sem um diploma sequer. O seu primeiro diploma foi o de ser presidente da República do Brasil o qual expos para que todos pudessem ver. Enfim, ele nasceu numa favela, ou seja, numa mata de favela, em uma casa de chão batido sem água e sem luz. Ele e, depois, veio a senhora presidenta Dilma Vana Rousseff que, só pelo seu nome de procedência europeia já mereceu todo o apoio popular. Essa é a tal eugenia. A mulher pode ser pobre. Porém a sua eugenia é de gente de poder, gente forte, tem muque e sangue a veia.
E depois de Dilma Rousseff quem vai ser o Presidente? Ah. Quem sabe? Tem outros insignes de valor de escol. Nordestino?
Nordestino:
--- Que? Você é besta!!! O nordestino só passou porque a porta estava aberta! – reclamou
Nordestino:
--- Mas tivemos João Café! – declarou.
Sulista:
--- Isso não importa! Queremos gente do sul! Isso é o que importa! – relatou
Nordestino:
--- Quem? Quem? – indagou
Sulista:
--- Ana Amélia, é um caso. – reportou
Nordestino
--- Quem é essa? Mais uma mulher? Tô fora! Eu prefiro Inácio Arruda, cearense.
Sulista:
--- Tá louco! Um comedor de farinha? Nem morto!!! – reclamou
Nordestino:
--- E Ivonete Dantas? – indagou
Sulista:
--- Quem? – com a cara amarga
Nordestino
--- Ela é dos Dantas do Rio Grande. – falou
Sulista:
--- Do Sul? – perguntou
Nordestino.
--- Não! Do Norte! – sorriu indecentemente
Pois é, gente! Temos que ter eugenia. Ou vai, ou racha! Gente da Europa, do contrário vai se viver nessa indiferença. Como já dizia um outro governante. “Ou se acaba com a saúva. Ou a saúva acaba com o Brasil”. Durante toda a história da humanidade diversos povos eliminavam pessoas que nasciam com deficiência ou doentes. Pesquisadores declaram existir um severo problema ético na eugenia. Em diversos países foram propostas políticas de higiene com o objetivo de impedir a reprodução de pessoas que possuíam doenças hereditárias. No Brasil foi proposta a exclusão das imigrações de pessoas “negras”. A eugenia é apresentada como a ciência que fornece as bases para a melhoria do conjunto populacional
Verdade? –
Para dar continuidade às pretensões da eugenia formou-se um grupo de cientistas preocupados em encontrar regularidades estatísticas que pudessem descrever a ocorrência de variações contínuas em uma dada população. Um dos pontos mais importantes foi a lei da hereditariedade ancestral.



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