quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

À LUZ DA LUA - 30 -

- Britney Spears -
- 30 -

AFOGAMENTO

A Praia do Meio era das mais frequentadas dos natalenses nos idos tempos de 1950 ou mais para as mais remotas eras. Frequentadores vinham sempre aos domingos. Eles saltavam do Bonde no seu terminal, na Avenida Getúlio Vargas, na parte alta e se enfileiravam para pegar o banho de mar, logo na praia. Geralmente, vinham os rapazes com as suas respectivas mães e os seus irmãos e irmãs menores. As senhoras desciam a ladeira de pedras, todas bem vestidas, assim como os seus filhos. Na praia, elas tiravam a roupa que trajavam e ficavam de uns maios de banhos que batiam até a metade das pernas ou canelas. Esse era o traje para quem saía de casa na Cidade Alta e caminhavam para a Praia do Meio. Nos demais dias da semana, ninguém ou quase ninguém frequentava essa praia e nem a outra, a Praia de Areia Preta, um pouco mais além, em direção a parte sul daqueles remotos cantos. A Delegacia de Polícia do bairro de Petrópolis ficava na parte elevada da Praia do Meio, fazendo esquina com aquela praia. O restante, para o lado sul, havia algumas casas e não muitas. Para o lado norte havia casebres de taipa onde residiam, em sua maioria, os pescadores, Ali, começava ou terminada a Rua do Motor assim chamada por haver na parte alta da rua um motor de puxar água para servir aos pobres moradores, gente humilde a trabalhar em bairros distantes, como as Rocas e mesmo o Mercado da Cidade Alta. As mulheres desse pessoal, vivia de cuidar da casa ou casebres, e nada mais. Nos dias de semana alguma dessas donas de casa, chegava à praia para apanhar os peixes que os maridos colhiam em redes de arrastos. As famosas redes do “arrastão”. As demais, com seus meninos, ficavam em suas casas a trabalhar na cozinha da tapera. Essa era a vida bucólica da civilização praiana.
Certa vez, no dia de sábado, pela manhã, onde havia pouco ou nenhum movimento na Praia do Meio um soldado estava a palitar os dentes e olhar o oceano distante onde as velas brancas das jangadas se distinguiam nas ondas do mar bravio. O que o soldado pensava, só Deus sabia pois a sua atitude era de um quieto soldado a olhar as envelhecidas jangadas a singrar o mar. Nesse instante, poucas horas da manhã. O soldado viu passar por baixo, entre as pedras marinhas e outras pedras onde se erguia a Delegacia, uma jovem moça, de maiô ou coisa assim com certeza para tomar seu banho de mar. O militar não deu a menor importância, pois transitar pelo ermo local era tão comum para os moradores das taperas e a jovem moça deveria ser uma moradora do local um pouco distante. Com o pouco passar do tempo, o militar ouviu um grito.
E esse grito não se repetiu. Apenas o militar procurou ver de perto, nas alturas das pedras, e nada de mais anotou. A jovem moça também não avistou em canto algum. E assim, o militar se soergue para ver mais ao fundo, e nada vislumbrou de verdade. Se não fosse ter visto a moça passar, o soldado não daria a menor importância. Mas, tinha esse porém: a moça. O militar resolver ir mais à frente para ver se algo de anormal ocorrera. E logo depois, ele desceu as pedras e vasculhou por amplos lados a procura de alguém:
Soldado:
--- Oxe! Não há moça por aqui! Mas, eu a vi passar! Onde? – pesquisou em sua mente.
A maré estava enchendo e por outros recantos dos rochedos o militar nada pode observar. Na verdade, não haveria alma alguma. Mesmo assim, o soldado não se deu por vencido. E, se recolhendo da maré um pouco mais elevada, ele foi mais a dentro em busca de quem por ali gritou. Talvez um escorregão, talvez uma víbora ou mesmo um outro alguém estivesse no local naquele instante. O militar caminhou com bastante cuidado, se segurando em umas e outras pedras agora em busca da esquina dos arrecifes onde o mar era mais violento. De longe, o soldado voltou a vista para onde começou a sua peregrinação, porém nada ele enxergou de novidades. Apenas as taperas ao final da vista e outras casas humildes construídas acima do paredão. Mesmo assim, o militar prosseguiu em sua lida. Ele queria ter certeza de quem soltou o grito alarmante, mesmo sendo nas pedras postas já no interior o mar onde a medida que passava, ele encobria por demais os blocos escurecidos com gigante a se esconder dos seus desaforados inimigos. Os monstros oceânicos.
De onde estava, o militar avistou os pescadores com o seu arrastão. Eles estavam puxando a rede com bastante vagar. Umas crianças e moças também estavam a recolher os peixinhos e em seguida saindo às pressas para as suas vivendas. Um escorrego aqui uma chegada de ondas a qualquer instante. E o soldado se molhava ainda mais.
Soldado:
--- Merda! A minha túnica! – afirmava o soldado a limpar as manchas de sal.
Um escorregão e um tombo. O soldado caiu na água do indômito mar. E larga a nadar com o seu gesto agressivo de ter de enxugar a farda tão logo estivesse na delegacia. Tudo isso por causa de um gritar de um alguém o qual ele nem soube ao certo a vez de quem teria sido. Buscando apoio nos rochedos, o militar apenas dizia consigo mesmo os mais impróprios palavrões.
Soldado:
--- Merda! Merda! Ainda mais um banho de mar! Merda! – recitava o militar se segurando nas negras pedras.
Após esse tenso instante, o militar se segurou em uns rochedos. De repente, alguém falou. Ele procurou quem. Era uma moça. Ela estava no alto do rochedo a sorrir e apontar por onde era mais fácil de se agarrar para subir dos brutos rochedos:
Moça:
--- Por alí, ó! Suba! – falava a moça indicando um ponto melhor de se alcançar.
Por sua vez, o soldado procurou se segurar em umas pontas melhores e se afastando mais ainda das ondas a olhar para cima vendo a moça a sorrir com insistência. O militar galgou para outro arremedo de rochas e pulou para cima até o ponto estimado para se escalar em melhor situação. Ele queria agradecer a moça por tudo onde a virgem teria a condição de melhor falar. Quando subiu a estepe com sua malsinada sina o militar procurou a moça e, de repente, não a encontrou de fato. E ele falou consigo:
Soldado:
--- Ué! Sumiu? E agora? – reclamou
Ele não encontrou moça alguma mesmo pesquisado nas casas de morada que havia na parte alta da planície.
Soldado:
--- Mas a moça não mora aqui? – indagou perplexo.
E o caso se deu por encerrado com o Soldado procurando a Delegacia onde foi fazer a limpeza geral em seu fardamento e no asseio corporal pois estava todo encharcado de limos e lamas. O tempo passou bem depressa e ninguém para reclamar de algo. A Delegacia era a paz da vida simples como era as vezes quase que todos os dias. Um bêbado era o muito a ser feito. Às vezes, um crime de morte, como o que houve há tempos na Avenida Getúlio Vargas quando uma serventuária estrangulou duas pessoas, ambas amigas e uma pronta para casar com o dono da casa onde estaria a residir. Esse caso foi um tremendo alvoroço.
Quando estava na hora do almoço na Delegacia, um assunto de morte. Os militares logo se espantaram com um cadáver posto na calçada.
Soldado 1
--- Que foi isso? – perguntou o soldado 1
Pescador:
--- Nós apanhamos esse corpo quando lançamos a rede de pesca nesse momento. – relatou
Soldado 1
--- Mas agora? – perguntou o militar.
Pescador
--- Faz pouquinho tempo. É um corpo de uma virgem. – disse mais.
Soldado 2
--- Virgem? Uma virgem? Deixa eu ver a moça! – pediu o militar
Soldado 1
--- Você conhece a morta? – indagou
O militar olhou bem para após dizer
Soldado 2
--- Se não me engano, foi essa a moça que gritou alarmada! – relatou o homem a desconfiar.
Soldado 1
--- Gritou? Quando? – perguntou o outro militar
Soldado 2
--- Faz um tempinho. Ela passou lá por baixo e ao que parece gritou alarmada não sei como. –
Soldado 1
--- Foi por isso que você estava molhado? – inquiriu espantado
Soldado 2
--- Penso que sim. A moça era essa. Depois que eu fui procurá-la, me meti no mar e tomei um banho de lascar. Mas a moça era essa. – relatou


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