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AFOGAMENTO
A Praia do Meio era das mais
frequentadas dos natalenses nos idos tempos de 1950 ou mais para as mais
remotas eras. Frequentadores vinham sempre aos domingos. Eles saltavam do Bonde
no seu terminal, na Avenida Getúlio Vargas, na parte alta e se enfileiravam
para pegar o banho de mar, logo na praia. Geralmente, vinham os rapazes com as
suas respectivas mães e os seus irmãos e irmãs menores. As senhoras desciam a
ladeira de pedras, todas bem vestidas, assim como os seus filhos. Na praia,
elas tiravam a roupa que trajavam e ficavam de uns maios de banhos que batiam
até a metade das pernas ou canelas. Esse era o traje para quem saía de casa na
Cidade Alta e caminhavam para a Praia do Meio. Nos demais dias da semana,
ninguém ou quase ninguém frequentava essa praia e nem a outra, a Praia de Areia
Preta, um pouco mais além, em direção a parte sul daqueles remotos cantos. A
Delegacia de Polícia do bairro de Petrópolis ficava na parte elevada da Praia
do Meio, fazendo esquina com aquela praia. O restante, para o lado sul, havia
algumas casas e não muitas. Para o lado norte havia casebres de taipa onde
residiam, em sua maioria, os pescadores, Ali, começava ou terminada a Rua do
Motor assim chamada por haver na parte alta da rua um motor de puxar água para
servir aos pobres moradores, gente humilde a trabalhar em bairros distantes,
como as Rocas e mesmo o Mercado da Cidade Alta. As mulheres desse pessoal,
vivia de cuidar da casa ou casebres, e nada mais. Nos dias de semana alguma
dessas donas de casa, chegava à praia para apanhar os peixes que os maridos
colhiam em redes de arrastos. As famosas redes do “arrastão”. As demais, com
seus meninos, ficavam em suas casas a trabalhar na cozinha da tapera. Essa era
a vida bucólica da civilização praiana.
Certa vez, no dia de sábado, pela
manhã, onde havia pouco ou nenhum movimento na Praia do Meio um soldado estava
a palitar os dentes e olhar o oceano distante onde as velas brancas das
jangadas se distinguiam nas ondas do mar bravio. O que o soldado pensava, só Deus
sabia pois a sua atitude era de um quieto soldado a olhar as envelhecidas
jangadas a singrar o mar. Nesse instante, poucas horas da manhã. O soldado viu
passar por baixo, entre as pedras marinhas e outras pedras onde se erguia a
Delegacia, uma jovem moça, de maiô ou coisa assim com certeza para tomar seu
banho de mar. O militar não deu a menor importância, pois transitar pelo ermo
local era tão comum para os moradores das taperas e a jovem moça deveria ser
uma moradora do local um pouco distante. Com o pouco passar do tempo, o militar
ouviu um grito.
E esse grito não se repetiu.
Apenas o militar procurou ver de perto, nas alturas das pedras, e nada de mais
anotou. A jovem moça também não avistou em canto algum. E assim, o militar se
soergue para ver mais ao fundo, e nada vislumbrou de verdade. Se não fosse ter
visto a moça passar, o soldado não daria a menor importância. Mas, tinha esse
porém: a moça. O militar resolver ir mais à frente para ver se algo de anormal
ocorrera. E logo depois, ele desceu as pedras e vasculhou por amplos lados a
procura de alguém:
Soldado:
--- Oxe! Não há moça por aqui!
Mas, eu a vi passar! Onde? – pesquisou em sua mente.
A maré estava enchendo e por
outros recantos dos rochedos o militar nada pode observar. Na verdade, não
haveria alma alguma. Mesmo assim, o soldado não se deu por vencido. E, se
recolhendo da maré um pouco mais elevada, ele foi mais a dentro em busca de
quem por ali gritou. Talvez um escorregão, talvez uma víbora ou mesmo um outro
alguém estivesse no local naquele instante. O militar caminhou com bastante
cuidado, se segurando em umas e outras pedras agora em busca da esquina dos
arrecifes onde o mar era mais violento. De longe, o soldado voltou a vista para
onde começou a sua peregrinação, porém nada ele enxergou de novidades. Apenas
as taperas ao final da vista e outras casas humildes construídas acima do
paredão. Mesmo assim, o militar prosseguiu em sua lida. Ele queria ter certeza
de quem soltou o grito alarmante, mesmo sendo nas pedras postas já no interior
o mar onde a medida que passava, ele encobria por demais os blocos escurecidos
com gigante a se esconder dos seus desaforados inimigos. Os monstros oceânicos.
De onde estava, o militar avistou
os pescadores com o seu arrastão. Eles estavam puxando a rede com bastante
vagar. Umas crianças e moças também estavam a recolher os peixinhos e em
seguida saindo às pressas para as suas vivendas. Um escorrego aqui uma chegada
de ondas a qualquer instante. E o soldado se molhava ainda mais.
Soldado:
--- Merda! A minha túnica! –
afirmava o soldado a limpar as manchas de sal.
Um escorregão e um tombo. O
soldado caiu na água do indômito mar. E larga a nadar com o seu gesto agressivo
de ter de enxugar a farda tão logo estivesse na delegacia. Tudo isso por causa
de um gritar de um alguém o qual ele nem soube ao certo a vez de quem teria
sido. Buscando apoio nos rochedos, o militar apenas dizia consigo mesmo os mais
impróprios palavrões.
Soldado:
--- Merda! Merda! Ainda mais um
banho de mar! Merda! – recitava o militar se segurando nas negras pedras.
Após esse tenso instante, o
militar se segurou em uns rochedos. De repente, alguém falou. Ele procurou
quem. Era uma moça. Ela estava no alto do rochedo a sorrir e apontar por onde
era mais fácil de se agarrar para subir dos brutos rochedos:
Moça:
--- Por alí, ó! Suba! – falava a
moça indicando um ponto melhor de se alcançar.
Por sua vez, o soldado procurou
se segurar em umas pontas melhores e se afastando mais ainda das ondas a olhar
para cima vendo a moça a sorrir com insistência. O militar galgou para outro
arremedo de rochas e pulou para cima até o ponto estimado para se escalar em
melhor situação. Ele queria agradecer a moça por tudo onde a virgem teria a
condição de melhor falar. Quando subiu a estepe com sua malsinada sina o
militar procurou a moça e, de repente, não a encontrou de fato. E ele falou
consigo:
Soldado:
--- Ué! Sumiu? E agora? –
reclamou
Ele não encontrou moça alguma
mesmo pesquisado nas casas de morada que havia na parte alta da planície.
Soldado:
--- Mas a moça não mora aqui? –
indagou perplexo.
E o caso se deu por encerrado com
o Soldado procurando a Delegacia onde foi fazer a limpeza geral em seu
fardamento e no asseio corporal pois estava todo encharcado de limos e lamas. O
tempo passou bem depressa e ninguém para reclamar de algo. A Delegacia era a
paz da vida simples como era as vezes quase que todos os dias. Um bêbado era o
muito a ser feito. Às vezes, um crime de morte, como o que houve há tempos na
Avenida Getúlio Vargas quando uma serventuária estrangulou duas pessoas, ambas
amigas e uma pronta para casar com o dono da casa onde estaria a residir. Esse
caso foi um tremendo alvoroço.
Quando estava na hora do almoço
na Delegacia, um assunto de morte. Os militares logo se espantaram com um cadáver
posto na calçada.
Soldado 1
--- Que foi isso? – perguntou o
soldado 1
Pescador:
--- Nós apanhamos esse corpo
quando lançamos a rede de pesca nesse momento. – relatou
Soldado 1
--- Mas agora? – perguntou o
militar.
Pescador
--- Faz pouquinho tempo. É um
corpo de uma virgem. – disse mais.
Soldado 2
--- Virgem? Uma virgem? Deixa eu
ver a moça! – pediu o militar
Soldado 1
--- Você conhece a morta? –
indagou
O militar olhou bem para após
dizer
Soldado 2
--- Se não me engano, foi essa a
moça que gritou alarmada! – relatou o homem a desconfiar.
Soldado 1
--- Gritou? Quando? – perguntou o
outro militar
Soldado 2
--- Faz um tempinho. Ela passou
lá por baixo e ao que parece gritou alarmada não sei como. –
Soldado 1
--- Foi por isso que você estava
molhado? – inquiriu espantado
Soldado 2
--- Penso que sim. A moça era
essa. Depois que eu fui procurá-la, me meti no mar e tomei um banho de lascar.
Mas a moça era essa. – relatou
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