domingo, 21 de dezembro de 2014

À LUZ DA LUA - 45 -


- Sophie Charlotte -

- 45 -

O SANGUE

Esse é um caso verídico e ocorreu há alguns anos. O nome da criatura será trocado para evitar constrangimentos a terceiros. Mas, o fato em si, é verdadeiro e espera-se no acreditar de todos, pois foi uma pessoa que pediu para contar, reservando-se o nome. Na verdade, o caso ocorreu em 1970 ou coisa assim. Uma mulher ou moça, de nome Odete (sugerido) certa vez se apaixonou por certo de um rapaz. Esse rapaz era casado. Então, viviam os dois, mas separados. Apenas se encontravam nas madrugadas da vida. Certa vez, uma mulher que atendia casos no “terreiro” de sua casa, recebeu Odete a querer pedir que se fizesse um “despacho”. Pois bem. A dona do “terreiro” aceitou a oferta e disse por quanto era feito o tal “despacho”. E foi arranjado o negócio.
Passado o tempo, muitos anos depois, um ser, criatura ou coisa assim, veio de encontro a Odete e lhe disse.
Ser:
--- Olha! O acerto foi feito! Agora eu vim cobrar o que você me deve! – falou o macabro.
A mulher se espantou com aquilo pois nem mais se lembrava de tal feito. A moça pensava em mil outras coisas e não no ajustado há vários anos. E então perguntou:
Odete:
--- Quem é você? Eu te conheço? – indagou de forma estúpida.
O ser macabro sorriu e demorou pouco tempo a falar. E quando falou foi para ditar.
Ser.
--- Conhece, sim. Eu sou o demônio que vim buscar o meu quinhão. – falou o Diabo sem receio.
Com essa fala a moça desmaiou. Mas desmaiou não de toda. Quer dizer: ficou zonza, aluada! Ela está falando com o tal do belzebu, isso era incrível. E ainda por causa de namorado do passado, era mais incrível. Bem. A moça, então largou conversa e foi logo dizendo:
Odete:
--- Pois é seu Belzé. Aquele caso não durou nem um dia. E eu sinto por você. Vamos deixar isso prá lá e estamos conversados, Né? – e a moça sorrio com a cara troncha.
Ser:
--- Né, não! A senhora fez um trato e eu vim receber o pagamento. Se deu certo ou não, isso pouco importa. Eu quero receber o que a senhora está me devendo. – falou ríspido
A mulher sorriu e pôs as mãos não cintura, balançado os quartos a perguntar com a cara limpa.  
Odete:
--- É? E quando eu devo seu belzé? – indagou bem astuta a sorrir.
Ser:
--- Faz 15 anos! O tempo do contrato! Agora eu quero o pagamento! (e foi interrompido pela dama a sorrir) ....
Odete:
--- Em dólar ou em Real? – sorriu balançado os quartos com a face para um lado e para outro.
Ser:
--- Não se faça de besta! Eu quero é sangue! Até a última gota! – vociferou o Satã.
Odete se alarmou e arregalou os olhos para cima do Diabo e indagou.
Odete:
--- Como? De que forma? Sangue? Meu sangue?  NUNCA!!! – relatou irritada.
O demônio sorriu e fez de conta que nem ouviu. E então, falou.
Ser:
--- Bem! Estamos entendidos! Todos os dias eu venho buscar o meu sangue! Você se vire! – disse Satã com voz cavernosa. E sumiu.
E a moça olhou para um lado e outro e nada pode enxergar. E comentou:
Odete:
--- Você é besta! Tirar meu sangue? Hum! – comentou e deu de pé como se nada tivesse ouvido
No dia seguinte, quando ainda dormia à toda proza, em plena nudez em seu leito acolchoado, Odete foi despertada pelo Demônio. Ela se assustou de momento. E indagou.
Odete:
--- Você aqui seu Demo? Vai dormir, vai! – desse a dama querendo adormecer por mais tempo
Ser:
--- O sangue! Vai! Tá na hora! – relatou satanás
Odete nem deu por “elas” e, no mesmo instante deixou sair gases podres do intestino. Satanás sentiu o fedor nauseante e ainda declarou:
Ser:
--- ‘Tás podre, heim? Não tem importância! O sangue! Bora! – e sugou a sua parte da goela de Odete.
Odete:
--- Que está fazendo? – e sentiu a fisgada em seu pescoço. Em seguida, Satanás sumiu.
No dia seguinte, às mesmas horas, Lúcifer estava encravando suas dentuças na garganta de Odete. E assim foi passado um mês e até um ano. Certa feita, Lúcifer desenganou a mulher, pois daquele instante para frente, ele teria pouco tempo de vida.
Ser:
--- Tu vai ter pouco tempo de vida. Teu sangue amarelou. Já nem sinto nem gosto! – e cuspiu para um lado.
Odete:
--- Tô fraca mesmo! Olha as minhas veias? Nem um pingo de sangue! Acho que vou morrer em poucos dias! – disse a moça esmaecendo de cansaço.
Ser:
--- É verdade. O negócio é você ir embora. Sumir. Nada mais posso fazer! –e cuspiu mancha de cor amarela
Odete:
--- Ai meu Deus? O que eu fiz? – lamentou angustiada.
Ser:
--- O negócio é você partir. Está na hora de me ir. A senhora já não tem mais um pingo de sangue. Está concluído o seu acordo. – e voou para o além
Odete morreu seca, sem uma gota de sangue nas veias. Quando passou para a outra vida, ela sentiu remorso pelo trato feito com Satanás. E, certa vez, a surgir em um terreiro de macumba, Odete apenas observou os serviços feitos e a figura de Lúcifer a contempla-la. Ela estava um pouco adormecida, porém o demônio se voltou para lhe falar.
Ser:
--- Quer conhecer a hora do Demônio? – perguntou com polidez.
Odete:
--- Hora? Por que? Onde estou? – respondeu de certo modo.
Ser:
--- A senhora está no caminho do inferno! Vamos! – chamou o demônio
Odete:
--- Vamos aonde? – indagou sem saber ao certo
Ser:
--- À minha hora. A hora das trevas onde se pode chegar ao mais alto apogeu. No inferno a senhora vai conhecer os números enigmáticos da ciência, do saber. Os rituais obscuros. O mundo dos mortos. Segue-me. – falou o nobre Satanás.
E a moça foi seguindo para conhecer todos os encantos e magias onde havia a lenda do terror, algo tenebroso e sepulcral com os locais mais aterradores do Universo. Cadáveres de crianças envolvidos com os corpos dos anciões. A noite sombria onde os espíritos se arrastavam com o declínio do morticínio cruel. 

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