- Sophie Charlotte -
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O SANGUE
Esse é um caso verídico e ocorreu
há alguns anos. O nome da criatura será trocado para evitar constrangimentos a
terceiros. Mas, o fato em si, é verdadeiro e espera-se no acreditar de todos,
pois foi uma pessoa que pediu para contar, reservando-se o nome. Na verdade, o
caso ocorreu em 1970 ou coisa assim. Uma mulher ou moça, de nome Odete
(sugerido) certa vez se apaixonou por certo de um rapaz. Esse rapaz era casado.
Então, viviam os dois, mas separados. Apenas se encontravam nas madrugadas da vida.
Certa vez, uma mulher que atendia casos no “terreiro” de sua casa, recebeu
Odete a querer pedir que se fizesse um “despacho”. Pois bem. A dona do
“terreiro” aceitou a oferta e disse por quanto era feito o tal “despacho”. E
foi arranjado o negócio.
Passado o tempo, muitos anos
depois, um ser, criatura ou coisa assim, veio de encontro a Odete e lhe disse.
Ser:
--- Olha! O acerto foi feito!
Agora eu vim cobrar o que você me deve! – falou o macabro.
A mulher se espantou com aquilo
pois nem mais se lembrava de tal feito. A moça pensava em mil outras coisas e
não no ajustado há vários anos. E então perguntou:
Odete:
--- Quem é você? Eu te conheço? –
indagou de forma estúpida.
O ser macabro sorriu e demorou
pouco tempo a falar. E quando falou foi para ditar.
Ser.
--- Conhece, sim. Eu sou o
demônio que vim buscar o meu quinhão. – falou o Diabo sem receio.
Com essa fala a moça desmaiou.
Mas desmaiou não de toda. Quer dizer: ficou zonza, aluada! Ela está falando com
o tal do belzebu, isso era incrível. E ainda por causa de namorado do passado,
era mais incrível. Bem. A moça, então largou conversa e foi logo dizendo:
Odete:
--- Pois é seu Belzé. Aquele caso
não durou nem um dia. E eu sinto por você. Vamos deixar isso prá lá e estamos
conversados, Né? – e a moça sorrio com a cara troncha.
Ser:
--- Né, não! A senhora fez um
trato e eu vim receber o pagamento. Se deu certo ou não, isso pouco importa. Eu
quero receber o que a senhora está me devendo. – falou ríspido
A mulher sorriu e pôs as mãos não
cintura, balançado os quartos a perguntar com a cara limpa.
Odete:
--- É? E quando eu devo seu
belzé? – indagou bem astuta a sorrir.
Ser:
--- Faz 15 anos! O tempo do
contrato! Agora eu quero o pagamento! (e foi interrompido pela dama a sorrir)
....
Odete:
--- Em dólar ou em Real? – sorriu
balançado os quartos com a face para um lado e para outro.
Ser:
--- Não se faça de besta! Eu
quero é sangue! Até a última gota! – vociferou o Satã.
Odete se alarmou e arregalou os
olhos para cima do Diabo e indagou.
Odete:
--- Como? De que forma? Sangue?
Meu sangue? NUNCA!!! – relatou irritada.
O demônio sorriu e fez de conta
que nem ouviu. E então, falou.
Ser:
--- Bem! Estamos entendidos!
Todos os dias eu venho buscar o meu sangue! Você se vire! – disse Satã com voz
cavernosa. E sumiu.
E a moça olhou para um lado e
outro e nada pode enxergar. E comentou:
Odete:
--- Você é besta! Tirar meu
sangue? Hum! – comentou e deu de pé como se nada tivesse ouvido
No dia seguinte, quando ainda
dormia à toda proza, em plena nudez em seu leito acolchoado, Odete foi
despertada pelo Demônio. Ela se assustou de momento. E indagou.
Odete:
--- Você aqui seu Demo? Vai
dormir, vai! – desse a dama querendo adormecer por mais tempo
Ser:
--- O sangue! Vai! Tá na hora! –
relatou satanás
Odete nem deu por “elas” e, no
mesmo instante deixou sair gases podres do intestino. Satanás sentiu o fedor
nauseante e ainda declarou:
Ser:
--- ‘Tás podre, heim? Não tem
importância! O sangue! Bora! – e sugou a sua parte da goela de Odete.
Odete:
--- Que está fazendo? – e sentiu
a fisgada em seu pescoço. Em seguida, Satanás sumiu.
No dia seguinte, às mesmas horas,
Lúcifer estava encravando suas dentuças na garganta de Odete. E assim foi
passado um mês e até um ano. Certa feita, Lúcifer desenganou a mulher, pois
daquele instante para frente, ele teria pouco tempo de vida.
Ser:
--- Tu vai ter pouco tempo de
vida. Teu sangue amarelou. Já nem sinto nem gosto! – e cuspiu para um lado.
Odete:
--- Tô fraca mesmo! Olha as
minhas veias? Nem um pingo de sangue! Acho que vou morrer em poucos dias! –
disse a moça esmaecendo de cansaço.
Ser:
--- É verdade. O negócio é você
ir embora. Sumir. Nada mais posso fazer! –e cuspiu mancha de cor amarela
Odete:
--- Ai meu Deus? O que eu fiz? –
lamentou angustiada.
Ser:
--- O negócio é você partir. Está
na hora de me ir. A senhora já não tem mais um pingo de sangue. Está concluído
o seu acordo. – e voou para o além
Odete morreu seca, sem uma gota
de sangue nas veias. Quando passou para a outra vida, ela sentiu remorso pelo
trato feito com Satanás. E, certa vez, a surgir em um terreiro de macumba,
Odete apenas observou os serviços feitos e a figura de Lúcifer a contempla-la.
Ela estava um pouco adormecida, porém o demônio se voltou para lhe falar.
Ser:
--- Quer conhecer a hora do
Demônio? – perguntou com polidez.
Odete:
--- Hora? Por que? Onde estou? –
respondeu de certo modo.
Ser:
--- A senhora está no caminho do
inferno! Vamos! – chamou o demônio
Odete:
--- Vamos aonde? – indagou sem
saber ao certo
Ser:
--- À minha hora. A hora das
trevas onde se pode chegar ao mais alto apogeu. No inferno a senhora vai
conhecer os números enigmáticos da ciência, do saber. Os rituais obscuros. O
mundo dos mortos. Segue-me. – falou o nobre Satanás.
E a moça foi seguindo para
conhecer todos os encantos e magias onde havia a lenda do terror, algo
tenebroso e sepulcral com os locais mais aterradores do Universo. Cadáveres de
crianças envolvidos com os corpos dos anciões. A noite sombria onde os
espíritos se arrastavam com o declínio do morticínio cruel.
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