-AEROPORTO DE BRASÍLIA -
- 18 -
VIAGEM -
O Embaixador Ênio Rabelo Monroe,
sua irmã Moema e a convidada Isis embarcaram no avião logo cedo da manhã com
destino a Brasília. Toda de roupa nova de seda preta custeada pelo próprio
Embaixador, a moça estava com temor de seguir naquele aparelho. Havia quem
dissesse ser avião um perigo. Por isso mesmo, Isis se encostou mais próximo de
Moema. O Embaixador apenas sorriu vendo o amedrontar do aparelho quando começou
a roncar para deixar o solo. Por dentro, Isis apenas rezava pedindo a Deus que
esse barulho cessasse. Quando o aparelho ganhou altura a 37 mil pés Isis
abaixou a cortina da janela por não ver algo do lado de fora.
Isis
--- Assim é melhor. Pelo menos,
morro sossegada. – - falou para sempre.
Com isso, a sua companheira de
voo gargalhou por demais. O gargalhar pegou com certeza aqueles que seguiam ao
lado. Mais adiante, quando tudo se acalmou, Isis falou na sua amiga, Nizete,
que ficou para trás, talvez querendo ir para admirar o sol e a terra em baixo.
Foi isso que a jovem moça com certeza mais solicitou a amiga.
Moema
--- Ela disse isso? – - quis
saber.
Isis
--- Sim. Ela é uma matuta como
eu. - - sorriu a declarar ser uma matuta. Gente do mato.
Mas, a virgem moça não era assim,
tao matuta. Nizete nasceu na capital e enfim nessa cidade continuava a viver,
nesse momento fazendo vendagem para quem quisesse provar do sabor.
Moema
--- Mas, você vai se alumbrar com
Brasília. É uma capital imensa. Eu venho para Brasília há algum tempo, desde
que Ênio se diplomou. - -
Isis
--- Tem ladrão, aqui? – - quis
saber.
Moema
--- Como em todo canto. - -
relatou.
Isis
--- Não sei por que. Agora, me
lembro de um caso. Não tem nada com o que nós estamos a falar. Mas, veio a
lembrança. Foi num sítio em minha terra. Um rapaz foi detido por crime de
morte. Quando ele foi mostrar o defunto enterrado, todo mundo que estava com
ele, ficou espantado. Ele mostrou que naquele terreno tinha para mais de 125
corpos sepultados. Todos eram de meninas de seus 10 anos. E ainda, ele falou
que aquilo era só daquele lado, pois do outro ele sepultou mais de vinte
meninas. Ele trazia de fora para enterrar ali. Foi o “monstro do cercado”.
Nossa Mãe. - - de imediato se arrepiou.
Moema
--- Não me diga uma coisa dessas!
Matava? - - perguntou assustada.
Isis
--- Todas. Matava e enterrava. E
ninguém nem suspeitava do rapaz. Alvo, alto, magro com um semblante alegre.
Descobriu-se quando um roceiro viu quando ele estava a sepultar a nova menina.
Então, deu um grito. Ele agarrou roceiro. Mas, outros camponeses que passavam
por perto agarraram o tarado e depois de muita surra, chegou um soldado e
prendeu o assassino das meninas. - -
Moema
--- Ele foi preso de fato? – -
indagou com vexame.
Isis
--- Nada. O Juiz disse que ele
era doido. Então, o povo matou o celerado. - -
A aeromoça passou a oferecer os
quitutes para quem quisesse e poucas pessoas aceitaram comer. O avião voava com
cerca de 160 pessoas e, de imediato, muita gente adormeceu, até mesmo Moema e
seu irmão, Ênio Monroe. O voo tinha um destino de 3 horas sem escalas. E com o
tempo marcado o voo chegou ao fim. Ao ver, do alto aquele enxame de aeronaves
Isis se assustou. De olhos bem abertos, ela apenas ditou.
Isis
--- Ave Maria! Que gigante! - -
declarou de olhos bem abertos.
Moema
--- Isso é Brasília. E ainda vai
crescer. - - falou sorrindo
Isis
--- Quanta gente! - -
Moema
--- É o maior hub doméstico do
País. - -
Isis
--- O que? - - perguntou sem
entender direito.
Moema
--- Centro de conexão. Os
terminais de passageiro recebem 25 milhões de passageiros, por ano.
Logo após, houve o desembarque
por esteiras rolantes. Isso, a moça já experimentara quando embarcou em Natal.
Teve medo, sim. Porém, não muito. Gente para um lado e para outro, seguindo
para aeroportos de Brasil e do exterior. A moça Isis quase enlouqueceu de tanto
burburinho. Comidas por demais em todos os setores. Tal coisa despertou o
apetite na moça.
Isis
--- Empadas e lagostas! – - sorriu
cheia de desejos.
Moema
--- Espere um pouco. – - sorriu a
acompanhante.
Isis
--- Não posso. Aquelas lagostas
me dão um apetite danado. - - sorriu quase a gargalhar.
Monroe
--- Você não comeu lagosta em
Natal? – - indagou sorrido o Embaixador.
Isis
--- É claro. Mas aqui, são
melhores, com certeza. - - lambeu os lábios.
Moema
--- Essas vêm do mar. Viajam um
longo percurso. Porém, tem criatórios por aqui mesmo de lagostas, camarões e
até peixes. - - respondeu.
Isis
--- Eles deviam informar de onde
vem as lagostas. - -
Monroe
--- Isso é segredo. - - falou
sorrindo.
Moema
--- Mas vem do Rio, Espírito
Santo e até dos Estados Unidos. - -
Monroe
--- Uma lagosta custa, aqui, em
Brasília, 95.00 reais. Vem acompanhada de Vinho branco e outros manjares. Essa
lagosta chega até vir de Portugal e da França. - -
Isis
--- Meu Deus! Eu comer uma
lagosta francesa! - - falou atrapalhada.
Monroe
--- Do mesmo, é na França e na
Itália. Lagosta não preconceito. – - sorriu.
Moema
--- Vamos, então? - - e apontou
para a mesa.
Isis sorriu com a brincadeira que
fez, pois não queria tao pouco comer lagosta àquela hora do almoço. Apenas
sugeriu como forma de pilheria. De um modo ou de outro, sentou-se à mesa e
passou a admirar o restaurante. Um homem estava a sorrir como quem adivinhava
ser ela uma pequena novata em busca de aventuras em uma grande capital.
Moema
--- Vamos? - - sorriu chamando
Isis a degustar a lagosta.
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