- RISCO -
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ATENTADOS -
O presidente da República, Costa
e Silva, editou o Ato Institucional nº 5 o AI-5 atendendo ao clamor da
sociedade em face da situação caótica em todo o País com a guerrilha a praticar
atentados a bomba nas grandes cidades colhendo a vida de pessoas inocentes
aumentando a insegurança e o medo da população passando a exigir a ação
imediata do Governo no intuito de acabar com a ação da luta armada. Atendendo
ao clamor público para enfrentar o “terrorismo”, a Presidência da República
baixo o ato prevendo o exilio e ações mais severas em atos de sabotagem do
terror frente a população brasileira. Em desafio a nova medida do Governo em
proteção à sociedade, Carlos Marighella, em 1969, lançou o segundo Manual do
Guerrilheiro Urbano. Nesse mesmo ano, só no Rio de Janeiro, a ALN, para
aumentar seus recursos financeiros praticou 30 assaltos, sendo a maioria deles
contra as agências bancárias. E ainda, em 1969, a ALN, juntamente com o
Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8, sequestrou o Embaixador dos
Estados Unidos, Charles Burke Elbrick. O sequestro foi sugerido pelo
guerrilheiro Franklin Martins. O americano Elbrick foi capturado no dia 4 de
setembro pelos grupos da então Dissidência Comunista da Guanabara – que adotou
o nome do Movimento Revolucionário de 8 de Outubro (MR-8) -. Os guerrilheiros
exigiam a libertação de 15 presos políticos que viajariam para o exterior, e a
divulgação de um Manifesto na mídia contra a ditadura.
Por mais de 70 horas, Elbrick
ficou em uma casa na Rua Barão de Petrópolis, no Bairro do Rio Comprido, Rio de
Janeiro, alugada por um dos sequestradores, o jornalista Fernando Gabeira.
Depois de violentas brigas internas, a junta militar cedeu. Com a certeza de que
os presos haviam desembarcados a salvo do México, os militantes libertaram o
Embaixador. Virgílio Lopes da Silva e Joaquim Câmara Ferreira, ambos da ALN,
morreram torturados na prisão. Entre os libertados, estava José Dirceu, de
Minas Gerais, que voou para Cuba, posteriormente, após ingressar no México.
Posteriormente, como membro do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu foi
Ministro Chefe da Casa Civil do Governo Federal.
A ALN estava prestes a sofrer um
grande golpe quando Marighella começou a cair. Após a prisão de um militante de
esquerda no 1º de outubro de 1969. As informações foram prestadas por militantes
da VPR que, também denunciaram o envolvimento de vários religiosos com grupos
de guerrilhas, entre eles, Frei Beto.
Quando Frei Fernando e Frei Nilo Agostini, também envolvidos com os
grupos dos guerrilheiros, foram presos e, logo após, interrogados, os
religiosos “entregaram” o ponto de contato de Carlos Marighella, na cidade de
São Paulo. No dia 4 de novembro de 1969, o ponto foi cercado pela Polícia, onde
Marighella percebendo o cerco reagiu e foi morto. Depois da morte de
Marighella, centenas de guerrilheiros foram presos e mais de 300 armas,
apreendidas.
Inspirados no marxismo cultural,
vários militantes da esquerda brasileira iniciaram a estruturação de uma
organização que se infiltrou nas Universidades brasileiras bem como no meio
artístico e cultural e, principalmente nas edições de jornais, setores esses
com grande poder de influências sobre a formação da opinião popular. Durante as
manifestações, vários militantes comunistas, usando armas de fogo, eram
infiltrados no movimento estudantil e disparavam contra os manifestantes, na
intenção de colocar a opinião pública contra o regime militar. Com a morte de
Marighella, o ex-capitão Lamarca havia assumido a posição de líder político,
que sustentava a esperança na vitória comunista.
Em 1970, quando o embaixador
suíço, Giovanni Enrico Bucher, foi sequestrado, o Governo se recusou a soltar
os presos na lista apresentada pelos guerrilheiros. Depois de 40 dias de
sequestro, os guerrilheiros quiseram matar o Embaixador suíço. Porém, o Governo
Militar cedeu e as exigências dos guerrilheiros sequestradores foram atendidas,
preservando a vida do diplomata. Na cidade de São Paulo, o cerco sobre a
Vanguarda Popular Revolucionária, liderada por Carlos Lamarca, estava se
fechando. Isso fez com que Lamarca fugisse para o Vale da Ribeira e montasse um
campo de treinamento para guerrilha. Na tentativa de descobrir esse campo,
tropas da Polícia Militar do Estado de São Paulo foram deslocadas para a
região. No dia 8 de maio de 1970, um pelotão comandado pelo tenente da Polícia
Militar, Alberto Mendes Júnior, foi emboscado e rendidos por guerrilheiros da
VPR. O tenente Mendes foi feito refém o obrigado a seguir com os guerrilheiros
na direção de Sete Barras. Depois de um dia e meio andando pela mata, Lamarca
formou um tribunal revolucionário e decidiu matar o tenente Mendes que teve o
crâneo esmagado por coronhadas de fuzil desferida pelos guerrilheiros.
Apesar do cerco, Lamarca
conseguiu escapar e 1971 chegou no sertão da Bahia. Depoimentos de
guerrilheiros presos, em Salvador, levaram o Exército ao esconderijo de Lamarca
que, estando armado de metralhadora, reagiu à prisão e foi morto. Após a morte
de Lamarca, o número de militantes presos era bem maior que o número de
guerrilheiros em ação, no Brasil. Os guerrilheiros, percebendo que o cerco
estava se fechando passaram a sequestrar aviões comerciais e obrigar ao piloto
a desviar para outro País onde pudessem se exilar. Tais aviões foram desviados
para Cuba. Os guerrilheiros comunistas estavam perdendo a guerra. Os militantes
que abandonavam as armas eram acusados de “traição” nos “tribunais” dos membros
e executados pelos próprios companheiros em atos de justiça.
Já no início de 1971, o PC do B conduzia o trabalho de campo,
na região do Araguaia na divisa dos Estados de Goiás, Pará e Maranhão com a
missão de implantar um núcleo guerrilheiro que tinha por objetivo fomentar uma
revolução socialista onde centenas de guerrilheiros já haviam se estabelecido
há, pelo menos, três anos. No início de abril de 1972, o Governo enviou à
região do Araguaia equipes especializadas em Inteligência e da busca do
conhecimento sobre a atividade clandestina. Logo, efetuaram as primeiras prisões,
entre elas, a de José Genoíno, primeiro guerrilheiro preso no Araguaia. Genoíno
nasceu em Quixeramobim, no Ceará, e foi líder estudantil da União Nacional dos
Estudantes, ingressando no PC do B
tendo em 1970 seguindo para a Guerrilha do Araguaia, durante a resistência ao
regime militar.
Logo após, o Exército sofreu as
suas primeiras “baixas” ao ter um grupamento emboscado por elementos liderados
por Osvaldo Orlando da Costa. Isso fez com que o Exército passasse a empregar
tropas convencionais e cercar toda a região o Araguaia. Com a derrota cada vez
mais próxima e com o total abandono ao qual os guerrilheiros foram relegados
sem armas, comidas e remédios, vários militantes da guerrilha, encurralados,
quiseram se entregar, mas foram mortos pelos próprios companheiros em atos de
justiçamento. Após a morte de Osvaldo da Costa e o desmantelamento do comando
militar da guerrilha, o cerco do Exército de fechou sobre os rebeldes e vários
guerrilheiros foram presos. Assim, terminada o sonho da “esquerda” brasileira
de transformar o Brasil em uma ditadura comunista.
As moças Isis e Moema estiveram
lendo os arquivos encontrados na Internet e suspiraram, por fim. Moema, em
alguns minutos, indagou.
Moema
--- Você viu a história contada?
Quando eu digo que a esquerda é só um lado da moeda, então na duvides. Tem
também o lado da direita. - -
Isis
--- Eu entendi, um pouco. Quando
nós chegarmos à Itália, amanhã, vamos tomar consciência melhor de tudo. - -
Moema
--- O governo de agora é da
esquerda. Pense bem. - -
Isis
--- Eu já estou percebendo. Mas:
isso é esquerda mesmo? - -
Moema
--- Como você pensa quem de
esquerda? São os contras o regime anterior. - -
Isis
--- Eu vejo que a esquerda é a
China, o Vietnã. - -
Moema
--- A China é um pais de
esquerda. Mas, até quando? - -
Isis
--- Pode ser por muito tempo,
ainda. - -
Moema
--- Veja bem. Esquerda é trancar
o dinheiro onde apenas quem pega são os fortes. E os fortes são os Governantes.
Onde existe o salário mínimo, não tem direita. Eu me lembro de minha avó. Ela
costumava a falar: “Quem manda é quem tem dinheiro”. Uma coisa: no interior, um
coronel, quando queria matar o seu empregado, ele chamava o pobre e mandava com
um bilhete para a fazenda de outro coronel. Como o pobre não sabia ler, jamais adivinharia
que, no bilhete estava guardada a sentença de morte. - -
Isis
--- Serio? - - indagou assustada.
Moema
--- Hoje, tem as prisões. Quando
se mata um é porque aquele está sobrando. - -
Isis
--- O que você vai dizer? - -
Moema
--- Prefiro me calar. O meu irmão
é um estadista. Veja o que houve com Vinicius de Moraes. - -
Isis
--- Quem é ele? - - indagou
surpresa.
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