sexta-feira, 18 de setembro de 2015

MAR SERENO - 27 -

- RISCO -
- 27 -
ATENTADOS -

O presidente da República, Costa e Silva, editou o Ato Institucional nº 5 o AI-5 atendendo ao clamor da sociedade em face da situação caótica em todo o País com a guerrilha a praticar atentados a bomba nas grandes cidades colhendo a vida de pessoas inocentes aumentando a insegurança e o medo da população passando a exigir a ação imediata do Governo no intuito de acabar com a ação da luta armada. Atendendo ao clamor público para enfrentar o “terrorismo”, a Presidência da República baixo o ato prevendo o exilio e ações mais severas em atos de sabotagem do terror frente a população brasileira. Em desafio a nova medida do Governo em proteção à sociedade, Carlos Marighella, em 1969, lançou o segundo Manual do Guerrilheiro Urbano. Nesse mesmo ano, só no Rio de Janeiro, a ALN, para aumentar seus recursos financeiros praticou 30 assaltos, sendo a maioria deles contra as agências bancárias. E ainda, em 1969, a ALN, juntamente com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8, sequestrou o Embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick. O sequestro foi sugerido pelo guerrilheiro Franklin Martins. O americano Elbrick foi capturado no dia 4 de setembro pelos grupos da então Dissidência Comunista da Guanabara – que adotou o nome do Movimento Revolucionário de 8 de Outubro (MR-8) -. Os guerrilheiros exigiam a libertação de 15 presos políticos que viajariam para o exterior, e a divulgação de um Manifesto na mídia contra a ditadura.
Por mais de 70 horas, Elbrick ficou em uma casa na Rua Barão de Petrópolis, no Bairro do Rio Comprido, Rio de Janeiro, alugada por um dos sequestradores, o jornalista Fernando Gabeira. Depois de violentas brigas internas, a junta militar cedeu. Com a certeza de que os presos haviam desembarcados a salvo do México, os militantes libertaram o Embaixador. Virgílio Lopes da Silva e Joaquim Câmara Ferreira, ambos da ALN, morreram torturados na prisão. Entre os libertados, estava José Dirceu, de Minas Gerais, que voou para Cuba, posteriormente, após ingressar no México. Posteriormente, como membro do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu foi Ministro Chefe da Casa Civil do Governo Federal.
A ALN estava prestes a sofrer um grande golpe quando Marighella começou a cair. Após a prisão de um militante de esquerda no 1º de outubro de 1969. As informações foram prestadas por militantes da VPR que, também denunciaram o envolvimento de vários religiosos com grupos de guerrilhas, entre eles, Frei Beto.  Quando Frei Fernando e Frei Nilo Agostini, também envolvidos com os grupos dos guerrilheiros, foram presos e, logo após, interrogados, os religiosos “entregaram” o ponto de contato de Carlos Marighella, na cidade de São Paulo. No dia 4 de novembro de 1969, o ponto foi cercado pela Polícia, onde Marighella percebendo o cerco reagiu e foi morto. Depois da morte de Marighella, centenas de guerrilheiros foram presos e mais de 300 armas, apreendidas.
Inspirados no marxismo cultural, vários militantes da esquerda brasileira iniciaram a estruturação de uma organização que se infiltrou nas Universidades brasileiras bem como no meio artístico e cultural e, principalmente nas edições de jornais, setores esses com grande poder de influências sobre a formação da opinião popular. Durante as manifestações, vários militantes comunistas, usando armas de fogo, eram infiltrados no movimento estudantil e disparavam contra os manifestantes, na intenção de colocar a opinião pública contra o regime militar. Com a morte de Marighella, o ex-capitão Lamarca havia assumido a posição de líder político, que sustentava a esperança na vitória comunista.
Em 1970, quando o embaixador suíço, Giovanni Enrico Bucher, foi sequestrado, o Governo se recusou a soltar os presos na lista apresentada pelos guerrilheiros. Depois de 40 dias de sequestro, os guerrilheiros quiseram matar o Embaixador suíço. Porém, o Governo Militar cedeu e as exigências dos guerrilheiros sequestradores foram atendidas, preservando a vida do diplomata. Na cidade de São Paulo, o cerco sobre a Vanguarda Popular Revolucionária, liderada por Carlos Lamarca, estava se fechando. Isso fez com que Lamarca fugisse para o Vale da Ribeira e montasse um campo de treinamento para guerrilha. Na tentativa de descobrir esse campo, tropas da Polícia Militar do Estado de São Paulo foram deslocadas para a região. No dia 8 de maio de 1970, um pelotão comandado pelo tenente da Polícia Militar, Alberto Mendes Júnior, foi emboscado e rendidos por guerrilheiros da VPR. O tenente Mendes foi feito refém o obrigado a seguir com os guerrilheiros na direção de Sete Barras. Depois de um dia e meio andando pela mata, Lamarca formou um tribunal revolucionário e decidiu matar o tenente Mendes que teve o crâneo esmagado por coronhadas de fuzil desferida pelos guerrilheiros.
Apesar do cerco, Lamarca conseguiu escapar e 1971 chegou no sertão da Bahia. Depoimentos de guerrilheiros presos, em Salvador, levaram o Exército ao esconderijo de Lamarca que, estando armado de metralhadora, reagiu à prisão e foi morto. Após a morte de Lamarca, o número de militantes presos era bem maior que o número de guerrilheiros em ação, no Brasil. Os guerrilheiros, percebendo que o cerco estava se fechando passaram a sequestrar aviões comerciais e obrigar ao piloto a desviar para outro País onde pudessem se exilar. Tais aviões foram desviados para Cuba. Os guerrilheiros comunistas estavam perdendo a guerra. Os militantes que abandonavam as armas eram acusados de “traição” nos “tribunais” dos membros e executados pelos próprios companheiros em atos de justiça.
Já no início de 1971, o PC do B conduzia o trabalho de campo, na região do Araguaia na divisa dos Estados de Goiás, Pará e Maranhão com a missão de implantar um núcleo guerrilheiro que tinha por objetivo fomentar uma revolução socialista onde centenas de guerrilheiros já haviam se estabelecido há, pelo menos, três anos. No início de abril de 1972, o Governo enviou à região do Araguaia equipes especializadas em Inteligência e da busca do conhecimento sobre a atividade clandestina. Logo, efetuaram as primeiras prisões, entre elas, a de José Genoíno, primeiro guerrilheiro preso no Araguaia. Genoíno nasceu em Quixeramobim, no Ceará, e foi líder estudantil da União Nacional dos Estudantes, ingressando no PC do B tendo em 1970 seguindo para a Guerrilha do Araguaia, durante a resistência ao regime militar.
Logo após, o Exército sofreu as suas primeiras “baixas” ao ter um grupamento emboscado por elementos liderados por Osvaldo Orlando da Costa. Isso fez com que o Exército passasse a empregar tropas convencionais e cercar toda a região o Araguaia. Com a derrota cada vez mais próxima e com o total abandono ao qual os guerrilheiros foram relegados sem armas, comidas e remédios, vários militantes da guerrilha, encurralados, quiseram se entregar, mas foram mortos pelos próprios companheiros em atos de justiçamento. Após a morte de Osvaldo da Costa e o desmantelamento do comando militar da guerrilha, o cerco do Exército de fechou sobre os rebeldes e vários guerrilheiros foram presos. Assim, terminada o sonho da “esquerda” brasileira de transformar o Brasil em uma ditadura comunista.
As moças Isis e Moema estiveram lendo os arquivos encontrados na Internet e suspiraram, por fim. Moema, em alguns minutos, indagou.
Moema
--- Você viu a história contada? Quando eu digo que a esquerda é só um lado da moeda, então na duvides. Tem também o lado da direita. - -
Isis
--- Eu entendi, um pouco. Quando nós chegarmos à Itália, amanhã, vamos tomar consciência melhor de tudo. - -
Moema
--- O governo de agora é da esquerda. Pense bem. - -
Isis
--- Eu já estou percebendo. Mas: isso é esquerda mesmo?  - -
Moema
--- Como você pensa quem de esquerda? São os contras o regime anterior. - -
Isis
--- Eu vejo que a esquerda é a China, o Vietnã. - -
Moema
--- A China é um pais de esquerda. Mas, até quando? - -
Isis
--- Pode ser por muito tempo, ainda. - -
Moema
--- Veja bem. Esquerda é trancar o dinheiro onde apenas quem pega são os fortes. E os fortes são os Governantes. Onde existe o salário mínimo, não tem direita. Eu me lembro de minha avó. Ela costumava a falar: “Quem manda é quem tem dinheiro”. Uma coisa: no interior, um coronel, quando queria matar o seu empregado, ele chamava o pobre e mandava com um bilhete para a fazenda de outro coronel. Como o pobre não sabia ler, jamais adivinharia que, no bilhete estava guardada a sentença de morte. - -
Isis
--- Serio? - - indagou assustada.
Moema
--- Hoje, tem as prisões. Quando se mata um é porque aquele está sobrando. - -
Isis
--- O que você vai dizer? - -
Moema
--- Prefiro me calar. O meu irmão é um estadista. Veja o que houve com Vinicius de Moraes. - -
Isis
--- Quem é ele? - - indagou surpresa.


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