- REVOLUÇÃO -
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PRESOS POLÍTICOS -
Na noite do dia seguinte, bem
mais diligente, o diplomata Monroe, após feito o jantar, se juntou as duas
amigas, uma delas sua irmã, senhorita Moema. E Isis estava toda alegre por ver mais de perto, como nunca. Naquela
hora, após sentar em uma poltrona com as pernas estiradas, postas em um
banquinho, Monroe indagou às moças o que se podia fazer, naquele tempo. E Moema
declarou sem sentir:
Moema
---- Algo sobre a Revolução. – - e sorriu
Monroe
--- Revolução! - (pensativo) – E a senhorita? – - falou para
Isis.
Isis
--- Araguaia! - - e gargalhou
Monroe
--- Gostou de tema? Bem! Tem outras coisas. Histórias nem
muito bem contadas. Ex-guerrilheiro e os “Torturadores”. Relato de um
militante. Homem que conheceu os porões da Ditadura. Cid Benjamim, líder de 20
anos de idade no tempo do ocorrido, ano de 1968, Ano do AI-5 – Ato
Institucional – que mergulhou o País numa Ditadura absoluta. Logo, o líder
estudantil estava “voando” na clandestinidade. Terminou entrando para a Luta
Armada, no movimento Revolucionário “8 DE OUTUBRO”. A data, 8 de outubro, é uma
referência a morte do guerrilheiro “Che” Guevara, o médico argentino que
abandonou tudo para participar da revolução cubana. Entenderam? - - indagou
Isis
--- Para mim, é novidade! - -
Moema
--- Che Guevara, eu conheci. Não conheci, como se pensa. Mas,
conheci através dos livros. Ele esteve no Brasil, foi condecorado pelo
Presidente Jânio Quadros. Tudo isso eu vi em artigos de jornais antigos. - -
Monroe
--- Muito bem. Para você, não é novidade. Mas. .... Com
relação a Cid Benjamin, sabe-se que em poucos meses ele se tornou o co-realizador
e um dos executores do mais ousado, mais inesperado e mais surpreendente Golpe
praticado contra a Ditadura Militar: o sequestro do Embaixador dos Estados Unidos
no Brasil, Charles Elbrick no começo da tarde do dia 4 de setembro de 1969,
numa rua de Botafogo na zona sul do Rio. Uma Junta Militar formada pelos
Ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica governava o País, Perguntas? - -
ele olhou para o semblante das duas senhoritas
Moema
--- Não. Prossiga! – - falou séria com a mão a pôr na boca e
mastiga as unhas.
Ele olhou para Iris e essa nada declarou. E continuou a
explanação.
Monroe
--- Muito bem. Jornais da época, registram: 4.200 agentes
participaram da caça aos sequestradores, no Rio e em Estados vizinhos. Os
Órgãos de Segurança divulgaram os retratos falados dos sequestradores, entre
eles, o de Cid Benjamin. Pela primeira vez, um diplomata estrangeiro era usado
como moeda de troca para forçar os Militares a libertar presos políticos.
Moema
--- Eu me recordo de ter feito um trabalho escolar sobre esse
caso. - - falou a moça
Monroe
--- Verdade? É um caso bastante rumoroso se formos pensar
naquela época. - -
Isis
--- Eu nem era nascida! - - sorriu
Moema
--- Mas o mundo inteiro soube. Japão, China, Rússia, França,
Inglaterra, Espanha e os Países das Américas, principalmente os Estados Unidos.
- - falou com simplicidade.
Monroe
--- Muito bem. Deixa p’ra lá. O Embaixador foi levado para a
casa de número 26 da Rua Barão de Petrópolis, em Santa Tereza. O endereço de um
jovem jornalista, editor de um jornal chamado “Resistência”. Nome: Fernando
Gabeira, autor do “Treze Guerrilheiros”, do MR-8 e do Movimento Ação
Libertadora Nacional, a ALN, participaram da Operação Sequestro. Os
guerrilheiros ameaçavam: ou o Regime Militar libertava 15 presos políticos ou o
Embaixador americano seria executado. E mais: exigiam que um manifesto
denunciando a Ditadura fosse lido em emissoras de rádio e de TV de todos o
País. Compreendido? - - trocou olhar
severo
A moça Isis fez um gesto singular com os seus lábios.
Isis
--- Eles eram o “cão”! - -
Moema sorriu.
Moema
--- É Guerra! - - gargalhou
Monroe
--- Na verdade, era guerra! Como os guerrilheiros estão
fazendo na Síria. Ou mata ou morre. Bem. As exigências dos sequestradores foram
aceitas. Quinze presos políticos foram libertados e embarcados em um avião da
FAB, no Aeroporto do Galeão, rumo ao exilio. Preso pelos Órgãos de Segurança
sete meses depois, Cid Benjamim se tornou personagem indireto de outro
sequestro. Estava na lista de presos políticos libertados em junho de 1970 em
troca do Embaixador alemão. Destino: quase dez anos de exílio. Cuba, Chile e
Suécia. Só voltaria ao Brasil nas asas da anistia em 1979. - -
Isis
--- Rebelde mesmo! – - declarou sem graça
Moema
--- Na época, tinha que ser assim.
Monroe sorriu e declarou.
Monroe
--- Vejam que pode ser a mim, também. Com esses morticínios
da Síria, Israel, Jordânia, Jerusalém quem pode assegurar que eu não seja moeda
de troca? - - quis saber
Moema
--- Isola! – (bateu na cadeira ao notar ser possível a essa
ação, com já houve na Alemanha)
Isis
--- Eu não perdoava. É dramático. Não se pode perdoar a quem
mata por seu autor. - -
Moema
--- Em por ser a última coisa a se fazer? - - perguntou
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