quarta-feira, 16 de setembro de 2015

MAR SERENO - 25 -

- GUERRILHEIROS -
- 25 -
ITÁLIA

No instante em que Maria Isis Fernandes, em sua mesa de trabalho, Moema desenrolava o pacote onde certamente havia filmes antigos do pessoal da guerrilha. Foi nesse momento onde a moça Isis parou de ver o filme projetado na TV e ficou a olhar o pacote, pois queria conhecer de perto aqueles amontoados de velhos filmes. Nada perguntou. Apenas saiu de sua cadeira ao pé da mesa do computador e ficou observado a ação da moça a desembrulhar, certamente, os velhos filmes. Então, Moema olhou para Isis e comentou.
Moema
--- Filmes velhos. Alguns tem pequenas partes. Alguns, apenas os guerrilheiros. Parece que eles estavam ainda nas selvas de Cuba. Não sei bem. Deixa em colocar o projetor. É de 110 volts. Tenho que mudar a chave. Espere. - -
Isis
--- São velhos mesmo? - - indagou
Moema
--- Todos. Alguns até de antes de 1964. - -
Isis
--- Eu vi alguns desses filmes da TV. Quero comparar. - -
Moema
--- Parece que não tem som. Apenas filmes. - - dizia isso com muita destreza localizando o projetor em uma tomada e de modo ligeiro saindo para desligar a luz do apartamento para poder assistir ao filme. Também Isis desligou o computador e voltou para junto da mesa onde estava o projetor.
Nesse momento, entrou na sala vindo de fora do apartamento, o diplomata Ênio Monroe, tropeçando em uma cadeira, dado o escuro que se fazia com a lâmpada desligada e apenas o projetor ainda sem funcionar. O homem deu um grito fraco, porém como se declarava um nome forte e indagou.
Monroe
--- Quem desligou a luz? - - passando a mão na perna por conta da leve dor.
A moça Moema se agitou e disse ter sido a mesma e foi acender a luz. E logo voltou para a mesa onde estava ligado o projetor. Ela decidiu apagar de vez todo o equipamento e deixar o diplomata resolver sua questão.
Moema
--- Pronto. Está tudo clero. Que queres? – -indagou a sua irmã.
Monroe
--- Filmes? - - apontou o homem para o monte de filmes na mesa da sala.
Moema
--- Alguns. Velhos. Do tempo do “roncar”. Então? – - voltou a indagar.
Monroe
--- Que filmes são esses? – - perguntou querendo saber dos detalhes.
Moema
--- Já disse. Filmes velhos. Um monte deles. - -
Monroe
--- Americanos? – - quis saber em detalhes.
Moema
--- Não. Cubanos. Filmes do tempo da Revolução. Desses que passam na TV. – -
Monroe
--- Só quero ver! – - falou com desagrado para as latas de filmes.
Moema
--- Avia. Fala! Que queres? – - perguntou a irmã.
Monroe
--- Nada. Apenas para entrega os documentos de dona Isis. O certificado e o passaporte. Prepare-se. Vamos viajar. - - falou calmo para a moça Isis.
Isis
--- Agora? – - perguntou de supetão.
Monroe
--- Depois de amanhã. Logo cedo do dia. Veja se falta algo. Vestidos, meias, sapatos, perfumes e outras coisas. - -
Moema sorriu quando o irmão declarou “outras coisas” e resolveu ditar.
Moema
--- Calcinhas e pano de “bunda”. - - e sorriu largamente.
Monroe
--- Calada. Ela sabe muito bem. - - falou com a cara trancada.
Isis
--- Vocês também! Eu preciso levar tudo isso? - - indagou sem saber das vestes íntimas.
Monroe
--- Se precisar. Ou não leve.  - - destacou
Moema
--- Leve não. A gente compra nos botecos do caminho. - - relatou a gargalhar
Isis
--- Que botecos? - - indagou assustada.
Monroe
--- Vá na conversa dela. Arrume-se. Eu vou para o meu quarto. - - decidiu o homem entregando a Isis os documentos
E o diplomata olhou para a cadeira que estava no meio do caminho passando a mão na perna por sua vez alertando para o móvel com muita careta. Em seu instante, Moema indagou a Isis.
Moema
--- Você ainda vai às lojas, amanhã? - -
Isis
--- Nem sei o que fazer! Logo amanhã? - - dirigiu a voz a sua amiga.
Moema
--- É assim. Vá se acostumando. Um dia está aqui. No outro está voando. - -
Isis
--- Ele vai para a Itália? – - perguntou chateada.
Moema
--- É o emprego dele. Um dia está aqui. No outro, viajando. - -
Isis
--- E eu vou só? - - indagou preocupada.
Moema
--- Eu vou também. Prepare-se. - - complementou
Isis
--- Ainda bem. Não sei falar “grego”! - - respondeu emburrada
Moema
--- Italiano! Vá se acostumando. É bom aprender outros idiomas. Francês, Inglês, Alemão e até italiano. - -  
Isis
--- Eu? Por que tudo isso? - - indagou alarmada.


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