sexta-feira, 11 de setembro de 2015

MAR SERENO - 20 -

- O GOLPE -
- 20 -
CONVERSA -

Em um fim de semana quando o Embaixador Monroe estava no Apartamento em companhia de sua irmã Moema e da futura assistente Isis Fernandes, aconteceu uma conversa sem grande importância. Porém, para a moça Isis saiu como uma flecha, pois o caso tomava conta dos meios de informes em todo o mundo. Pois, sendo assim foi que a moça indagou para despertar ainda mais a silenciosa conversa. A TV estava ligada a passar matérias internacionais e tal caso despertou a memória da assistente. E foi assim que se passou. 
Isis
--- Senhor, eu pergunto, agora: o que houve, no Brasil, há alguns anos, quando se depôs um Presidente da República? O que houve de erros e acertos? - - findou por perguntar.
Monroe
--- A senhorita se refere a João Goulart, por certo. É uma história até certo ponto recente. Jango foi presidente do Brasil entre 1961 e 1964. Então, veio o Golpe. No começo da década de 1960 o país atravessava uma profunda agitação política. O presidente eleito e empossado era Jânio Quadros, em 1961. Acontece que Jânio renunciou com sete meses no poder por questões políticas e, então, assumiu Jango que ficou no cargo até 1964. Jango defendia medidas consideradas de esquerda para a então política brasileira. Reformas de base pretendendo reduzis as desigualdades sociais. E o voto do analfabeto entre outras medidas. Isso preocupou as elites. Jango quis controlar a remessa de dinheiro para o exterior. Entre outras medidas, veio o Golpe Militar quando o Presidente fez um discurso inflamado determinando a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. No dia 31 de março daquele ano os militares iniciaram a tomada do poder e a deposição de Jango. Então, Ranieri Mazilli assumiu a Presidência e Goulart se exilou no Uruguai. No dia 9 de abril foi editado o AI-1 – Ato Institucional número 1 – e empossado o presidente o marechal Castelo Branco destituindo o que tinha assumido antes, o político Ranieri Mazilli. Entendeu? - - perguntou falando sério. 
Isis
--- Entendi. Mas, quem era Ranieri? – - quis saber um pouco mais
Monroe
--- Ah. Apesar de eu não ter nascido, posso dizer que Ranieri Mazilli era presidente da Câmara dos Deputados. Ele ocupava o lugar deixado pelo presidente Jango. Esse, era vice-presidente quando assumiu o Cargo. Mas, deixou porque o primeiro presidente, Jânio Quadros renunciou. Então o comando não tinha quem assumisse. E, então, veio a vez de Ranieri. Ele foi indicado pelo Presidente do Senado, Auro de Moura Andrade. Esse, declarou vaga a presidência da República. Mas o poder real encontrava-se nas mãos dos militares. Era o Comando Supremo da Revolução composto por três membros: o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo – Aeronáutica -, o vice-almirante Augusto Rademaker – Marinha – e o general Artur da Costa e Silva, representante do Exército e homem-forte do triunvirato. Essa junta permanecia no poder por duas semanas. - - confirmou. 
Isis
--- Agora, diga-me se os jovens naquele tempo, fizeram bagunças! - - quis saber
Monroe
--- Bem. Pelo que estudei e ainda estudo, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados à esquerda como por exemplo o CGT, a União Nacional dos Estudantes, as Ligas Camponesas e grupos católicos como JUC (Juventude Universitária Católica) e a Ação Popular. Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. Em Natal, houve muitos jovens presos, para bem explicar. - -
Isis
--- E essa Junta baixou o tal Ato Institucional? - - quis saber então
Monroe
--- Sim.  Foi invenção do Governo Militar. Seu objetivo era justificar os atos de exceção que se seguiram. Ao longo do mês de abril de 1964 foram abertos centenas de Inquéritos Policiais-Militares chefiados em sua maioria por Coronéis. O seu objetivo – dos Inquéritos -  era apurar atividades consideradas subversivas. Milhares de pessoas foram atingidas em seus direitos. Parlamentares tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos políticos suspensos e funcionários públicos civis e militares foram demitidos. Entre os cassados encontravam-se personagens que ocuparam posições de destaque na vida política nacional. - -
Isis
--- Foi assim? - - indagou espantada.
Moema
--- Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja Católica, vários governadores de Estados importantes – como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo – e amplos setores da classe média pediram e estimularam a intervenção militar para acabar com a esquerda. - - destacou
Monroe
--- O Golpe também foi recebido com alívio pelo Governo norte americano. Isso, porque o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba. Na ilha a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto o desenrolar da conspiração e o desenrolar dos acontecimentos. - - pontificou.
Moema
--- Os militares envolvidos no Golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a “ameaça comunista” que pairava sobre o Brasil. O medo de uma volta ao passado estaria presente durante os 21 anos em que a instituição militar permaneceu no poder político no Brasil. - - destacou,
Isis
--- E Castelo Branco? – - indagou para melhor entender.
Monroe
--- No dia 15 de abril um grupo de oficiais pró-Castelo decidiram eleger o Marechal Presidente do Brasil eleito pelo Congresso. - - destacou
Moema
--- Acontece que, hoje, tem historiadores ditando que o Golpe não foi exclusivo do grupo militar. Grandes proprietários rurais, a burguesia industrial paulista e parte da classe média urbana, mais de 35% da população do país e o setor anticomunista da Igreja Católica realizaram marchas em todo o território brasileiro. - - explicou,
Monroe:
--- João Goulart encontrava-se em viagem oficial à República Popular da China. Militares então acusaram de ser comunista e o impediram de assumir o seu lugar como mandatário do regime presidencialista. Houve negociação e Jango assumiu como ser Chefe de Estado. Os Estados Unidos temeram que o Brasil viesse a se transformar em uma ditadura socialista, similar a Cuba.
Moema
--- Era o “perigo Vermelho”. – - falou e sorriu.
Isis
--- Os anos de “chumbo”? – - indagou para melhor entender.
Monroe
--- Há quem diga. O Golpe foi o mais longo período de interrupção democrática pelo qual o Brasil passou. Então, se qualificou em se chamar “os anos de Chumbo”. Censura à imprensa, repressão violenta das manifestações populares, assassinatos e torturas. O mais cruel e duro período de intervenção militar. Isso começou bem antes quando se elegeu Jango pelo PTB, um partido de esquerda. Esse Partido era visto com desconfiança pelas Forças Aramadas. Em 31 de Março de 1964 o general Olímpio Mourão Filho deslocou 3 mil soldados de Belo Horizonte – MG – em direção ao Rio de Janeiro para consolidar o Golpe de Estado. - - destacou
Moema
--- É bom lembrar que o marechal Castelo Branco governou o Brasil até 18 de julho de 1967 com a queda de Jango a 31 de março do mesmo ano. - - explicou
Monroe
--- A história é longa. Tem os partidos de esquerda hoje em dia que fazem os seus discursos apoiando o Governo e os de Direita completamente ao contrário. O que a senhorita deve fazer agora é estudar. Busque livros de conservadores ou não. - -
Isis
--- E como eu vou saber quem está com a razão? - - quis saber de olhar atento.
Monroe
--- Estude. Veja quem está de um lado de direita ou de esquerda. - -



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