- O GOLPE -
- 20 -
CONVERSA -
Em um fim de semana quando o
Embaixador Monroe estava no Apartamento em companhia de sua irmã Moema e da
futura assistente Isis Fernandes, aconteceu uma conversa sem grande
importância. Porém, para a moça Isis saiu como uma flecha, pois o caso tomava
conta dos meios de informes em todo o mundo. Pois, sendo assim foi que a moça
indagou para despertar ainda mais a silenciosa conversa. A TV estava ligada a
passar matérias internacionais e tal caso despertou a memória da assistente. E
foi assim que se passou.
Isis
--- Senhor, eu pergunto, agora: o
que houve, no Brasil, há alguns anos, quando se depôs um Presidente da
República? O que houve de erros e acertos? - - findou por perguntar.
Monroe
--- A senhorita se refere a João
Goulart, por certo. É uma história até certo ponto recente. Jango foi
presidente do Brasil entre 1961 e 1964. Então, veio o Golpe. No começo da
década de 1960 o país atravessava uma profunda agitação política. O presidente
eleito e empossado era Jânio Quadros, em 1961. Acontece que Jânio renunciou com
sete meses no poder por questões políticas e, então, assumiu Jango que ficou no
cargo até 1964. Jango defendia medidas consideradas de esquerda para a então
política brasileira. Reformas de base pretendendo reduzis as desigualdades
sociais. E o voto do analfabeto entre outras medidas. Isso preocupou as elites.
Jango quis controlar a remessa de dinheiro para o exterior. Entre outras
medidas, veio o Golpe Militar quando o Presidente fez um discurso inflamado
determinando a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. No dia
31 de março daquele ano os militares iniciaram a tomada do poder e a deposição
de Jango. Então, Ranieri Mazilli assumiu a Presidência e Goulart se exilou no
Uruguai. No dia 9 de abril foi editado o AI-1 – Ato Institucional número 1 – e
empossado o presidente o marechal Castelo Branco destituindo o que tinha
assumido antes, o político Ranieri Mazilli. Entendeu? - - perguntou falando
sério.
Isis
--- Entendi. Mas, quem era
Ranieri? – - quis saber um pouco mais
Monroe
--- Ah. Apesar de eu não ter nascido,
posso dizer que Ranieri Mazilli era presidente da Câmara dos Deputados. Ele
ocupava o lugar deixado pelo presidente Jango. Esse, era vice-presidente quando
assumiu o Cargo. Mas, deixou porque o primeiro presidente, Jânio Quadros
renunciou. Então o comando não tinha quem assumisse. E, então, veio a vez de
Ranieri. Ele foi indicado pelo Presidente do Senado, Auro de Moura Andrade.
Esse, declarou vaga a presidência da República. Mas o poder real encontrava-se
nas mãos dos militares. Era o Comando Supremo da Revolução composto por três
membros: o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo – Aeronáutica -, o
vice-almirante Augusto Rademaker – Marinha – e o general Artur da Costa e
Silva, representante do Exército e homem-forte do triunvirato. Essa junta
permanecia no poder por duas semanas. - - confirmou.
Isis
--- Agora, diga-me se os jovens
naquele tempo, fizeram bagunças! - - quis saber
Monroe
--- Bem. Pelo que estudei e ainda
estudo, uma violenta repressão atingiu os setores politicamente mais mobilizados
à esquerda como por exemplo o CGT, a União Nacional dos Estudantes, as Ligas
Camponesas e grupos católicos como JUC (Juventude Universitária Católica) e a
Ação Popular. Milhares de pessoas foram presas de modo irregular, e a
ocorrência de casos de tortura foi comum, especialmente no Nordeste. Em Natal,
houve muitos jovens presos, para bem explicar. - -
Isis
--- E essa Junta baixou o tal Ato
Institucional? - - quis saber então
Monroe
--- Sim. Foi invenção do Governo Militar. Seu objetivo
era justificar os atos de exceção que se seguiram. Ao longo do mês de abril de
1964 foram abertos centenas de Inquéritos Policiais-Militares chefiados em sua
maioria por Coronéis. O seu objetivo – dos Inquéritos - era apurar atividades consideradas
subversivas. Milhares de pessoas foram atingidas em seus direitos.
Parlamentares tiveram seus mandatos cassados, cidadãos tiveram seus direitos
políticos suspensos e funcionários públicos civis e militares foram demitidos.
Entre os cassados encontravam-se personagens que ocuparam posições de destaque
na vida política nacional. - -
Isis
--- Foi assim? - - indagou
espantada.
Moema
--- Grande parte do empresariado,
da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja Católica, vários governadores
de Estados importantes – como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de
Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo – e amplos setores da classe
média pediram e estimularam a intervenção militar para acabar com a esquerda. -
- destacou
Monroe
--- O Golpe também foi recebido
com alívio pelo Governo norte americano. Isso, porque o Brasil não seguia o
mesmo caminho de Cuba. Na ilha a guerrilha liderada por Fidel Castro havia
conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto o desenrolar
da conspiração e o desenrolar dos acontecimentos. - - pontificou.
Moema
--- Os militares envolvidos no
Golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a
disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a “ameaça comunista” que
pairava sobre o Brasil. O medo de uma volta ao passado estaria presente durante
os 21 anos em que a instituição militar permaneceu no poder político no Brasil.
- - destacou,
Isis
--- E Castelo Branco? – - indagou
para melhor entender.
Monroe
--- No dia 15 de abril um grupo
de oficiais pró-Castelo decidiram eleger o Marechal Presidente do Brasil eleito
pelo Congresso. - - destacou
Moema
--- Acontece que, hoje, tem
historiadores ditando que o Golpe não foi exclusivo do grupo militar. Grandes
proprietários rurais, a burguesia industrial paulista e parte da classe média
urbana, mais de 35% da população do país e o setor anticomunista da Igreja
Católica realizaram marchas em todo o território brasileiro. - - explicou,
Monroe:
--- João Goulart encontrava-se em
viagem oficial à República Popular da China. Militares então acusaram de ser
comunista e o impediram de assumir o seu lugar como mandatário do regime
presidencialista. Houve negociação e Jango assumiu como ser Chefe de Estado. Os
Estados Unidos temeram que o Brasil viesse a se transformar em uma ditadura
socialista, similar a Cuba.
Moema
--- Era o “perigo Vermelho”. – - falou
e sorriu.
Isis
--- Os anos de “chumbo”? – - indagou
para melhor entender.
Monroe
--- Há quem diga. O Golpe foi o
mais longo período de interrupção democrática pelo qual o Brasil passou. Então,
se qualificou em se chamar “os anos de Chumbo”. Censura à imprensa, repressão
violenta das manifestações populares, assassinatos e torturas. O mais cruel e
duro período de intervenção militar. Isso começou bem antes quando se elegeu
Jango pelo PTB, um partido de esquerda. Esse Partido era visto com desconfiança
pelas Forças Aramadas. Em 31 de Março de 1964 o general Olímpio Mourão Filho
deslocou 3 mil soldados de Belo Horizonte – MG – em direção ao Rio de Janeiro
para consolidar o Golpe de Estado. - - destacou
Moema
--- É bom lembrar que o marechal
Castelo Branco governou o Brasil até 18 de julho de 1967 com a queda de Jango a
31 de março do mesmo ano. - - explicou
Monroe
--- A história é longa. Tem os
partidos de esquerda hoje em dia que fazem os seus discursos apoiando o Governo
e os de Direita completamente ao contrário. O que a senhorita deve fazer agora
é estudar. Busque livros de conservadores ou não. - -
Isis
--- E como eu vou saber quem está
com a razão? - - quis saber de olhar atento.
Monroe
--- Estude. Veja quem está de um
lado de direita ou de esquerda. - -
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