domingo, 20 de setembro de 2015

MAR SERENO - 29 -

- GUERRILHA -
- 29 -
ILUMINISMO -

Em outra noite, Maria Isis Fernandes estava lendo com bastante cuidado algo por demais interessante. Algo abordado pela sua amida, Moema, quando estava a dialogar sobre o Golpe de Estado ocorrido no Brasil, em 1964, muito tempo passado. Era noite e já bastante tarde. No solar node ficava a Embaixada brasileira, quase todas as luminárias estavam desligadas. Por certo momento, Isis olhou para um quadro exposto com o retrato de Jango e outros a retratar a Revolução de 1964. Foi nesse instante que a moça lembrou de indagar a sua amiga.
Isis
--- Moema. O que é Iluminismo? - - quis saber.
Moema estava lendo em um outro livro casos diversos e quase não se deu pela indagação. Foram necessários alguns segundos para a moça se lembrar do que lhe perguntara Maria Isis.
Moema
--- Iluminismo? É o seguinte: é o pensamento do Século das Luzes. Crítica ao absolutismo. Esse movimento surgiu na França no século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade  
Isis
--- Trevas? Que trevas? - - quis saber
Moema
--- Veja bem. Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo que bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que eram somente justificadas pela fé. - - explicou
Isis
--- Quer dizer que não existe Deus, Jesus e Virgem Maria? – - quis saber alarmada.
Moema sorriu para poder continuar. E assim, fez.
Moema
--- Veja bem. Séculos das Luzes. O apogeu desse movimento foi atingido no século XVIII, e, este passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais, como na Inconfidencial Mineira, ocorrida no Brasil.
Isis
--- Mas, o que, na verdade, é os Séculos das Luzes? – - adiantou.
A moça Moema, se postou para explicar.
Moema
--- Preste bem atenção. Eu tento descrever as tendências do pensamento e da literatura na Europa e em toda a América durante o século XVIII, antecedendo a Revolução Francesa. Foram empregados pelos próprios escritores do período, de que emergiam de séculos de obscurantismo e ignorância para uma nova era, iluminada pela razão, a ciência e o respeito à humanidade. As novas descobertas da ciência, a teoria da gravitação universal e o espírito de relativismo cultural fomentado pela exploração do mundo ainda não conhecido foram também importantes para a eclosão do iluminismo. Isso representava uma atitude, uma maneira de pensar. Veja se entende! - -
Isis
--- Mas tem a Igreja. E Jesus? - - perguntou sorrindo
Moema
--- Uma coisa é fé. Outra, a razão. Ou você tem fé – e vive nesse mundo como um fantoche. Ou tem razão. Penso que você entente. - - reclamou
Isis
--- Se eu pensar pela razão não vou ter fé, por exemplo na Virgem Maria? - - gargalhou
Moema
--- Ah minha mãe. Dá-me paciência. Fé é uma coisa. Razão é outra. Eu tenho fé em Jesus. Você pode dizer. Mas, se você pensar, então não dirá desse modo. - -
O a moça com tanto entusiasmo, afinal, gargalhou.   
Isis
--- Está bem. Continue. - - relatou sorrindo
Moema
--- Quer saber mesmo? - (perguntou irada) – Pois bem. O Iluminismo do século XVIII ou o século das luzes. ... Veja bem. Essas luzes não são as que iluminam nossa sala.  São conhecimentos. Pois bem. O Iluminismo inspirou o pensamento liberal que alimentou os processos de independência das Américas. No caso do Brasil, aquelas ideias orientaram todas as conspirações e movimentos voltados para a ruptura dos domínios. - - acertou
Isis
--- E o comunismo onde entra nisso? – - perguntou de imediato
Moema
--- Quer saber? Bem. Em 1924 eclode a Revolta Tenentista de São Paulo. Veja que já havia o movimento da União Soviética, lá longe. Vamos à frente. Mas após confrontos, os revoltosos são derrotados. Os que conseguiram escapar do cerco e da perseguição se refugiaram no interior e juntaram-se a outro movimento revolucionário tenentista, proveniente do Rio Grande do Sul. Da união desses tenentes surge, em 1925, a Coluna Costa-Prestes. Composta por centenas de oficiais e soldados e liderada por Miguel Costa e Luiz Carlos Prestes, a Coluna percorreu cerca de 24 mil quilômetros pelo o interior do território brasileiro. Após anos de marcha e inúmeros confrontos com as Forças Militares governamentais, a Coluna Prestes terminou em 1927. - -
Isis
--- Esse Carlos Prestes não foi ser Presidente da República? – - perguntou em sorriso.
Moema
--- “Esse” Carlos Prestes não foi Presidente da República. Nas eleições de 1930 a Aliança Liberal apresentou como candidato a presidente o gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa, esse para vice-presidente. E eles foram derrotados por Júlio Prestes. Mesmo assim Júlio Prestes não tomou posse porque houve uma revolução que colocou Getúlio Vargas no poder. - -
Isis
--- E a Revolta de 1935? - -
Moema
--- Isso foi mais à frente. E março de 1935 foi criada no Brasil a Aliança Libertadora Nacional (ANL) cujo líder foi Carlos Prestes. Era inspirada nos modelos das frentes populares. A ANL defendia propostas nacionalistas e lutava pela reforma agrária. Veja bem a época de Jango. Não foi esse governo que criou a reforma agraria, e sim, Carlos Prestes. E tal movimento (ANL) congregou setores da sociedade e rapidamente tornou-se em um movimento de massa. - -
Isis
--- Credo! Que confusão! – - destacou alarmada
Moema
--- Mesmo assim, apesar de contar com católicos e socialista, a ANL foi posta na ilegalidade pelo Governo Vargas. Mas, continuou a fazer seus discursos, comícios e panfletagem contra o Governo. Prestes desencadeou um movimento armado com as greves em todo o país. No Rio Grande do Norte, a ANL tomou o poder e governou por apenas três dias. Caiu porque o Exército foi mais forte e bombardeou o quartel da Polícia onde o Grupo se infiltrava.
Isis
--- Loucos! Eles eram loucos! - -
Moema
--- Pois é. Um dia ganha no outro perde. - -
Isis
--- Mas a “esquerda” sempre perdeu, no Brasil. - -
Moema
--- Sempre? - - perguntou de forma irônica.



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