- GUERRILHA -
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ILUMINISMO -
Em outra noite, Maria Isis
Fernandes estava lendo com bastante cuidado algo por demais interessante. Algo
abordado pela sua amida, Moema, quando estava a dialogar sobre o Golpe de
Estado ocorrido no Brasil, em 1964, muito tempo passado. Era noite e já
bastante tarde. No solar node ficava a Embaixada brasileira, quase todas as
luminárias estavam desligadas. Por certo momento, Isis olhou para um quadro
exposto com o retrato de Jango e outros a retratar a Revolução de 1964. Foi
nesse instante que a moça lembrou de indagar a sua amiga.
Isis
--- Moema. O que é Iluminismo? -
- quis saber.
Moema estava lendo em um outro
livro casos diversos e quase não se deu pela indagação. Foram necessários
alguns segundos para a moça se lembrar do que lhe perguntara Maria Isis.
Moema
--- Iluminismo? É o seguinte: é o
pensamento do Século das Luzes. Crítica ao absolutismo. Esse movimento surgiu
na França no século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão
teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos
iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em
que se encontrava a sociedade
Isis
--- Trevas? Que trevas? - - quis
saber
Moema
--- Veja bem. Os pensadores que
defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado
adiante substituindo as crenças
religiosas e o misticismo que bloqueavam a evolução do homem. O homem
deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que eram
somente justificadas pela fé. - - explicou
Isis
--- Quer dizer que não existe
Deus, Jesus e Virgem Maria? – - quis saber alarmada.
Moema sorriu para poder
continuar. E assim, fez.
Moema
--- Veja bem. Séculos das Luzes. O apogeu desse
movimento foi atingido no século XVIII, e, este passou a ser conhecido como o
Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a
Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade.
Também teve influência em outros movimentos sociais, como na Inconfidencial Mineira,
ocorrida no Brasil.
Isis
--- Mas, o que, na verdade, é os
Séculos das Luzes? – - adiantou.
A moça Moema, se postou para
explicar.
Moema
--- Preste bem atenção. Eu tento
descrever as tendências do pensamento e da literatura na Europa e em toda a América
durante o século XVIII, antecedendo a Revolução Francesa. Foram empregados
pelos próprios escritores do período, de que emergiam de séculos de
obscurantismo e ignorância para uma nova era, iluminada pela razão, a ciência e
o respeito à humanidade. As novas descobertas da ciência, a teoria da
gravitação universal e o espírito de relativismo cultural fomentado pela
exploração do mundo ainda não conhecido foram também importantes para a eclosão
do iluminismo. Isso representava uma atitude, uma maneira de pensar. Veja se
entende! - -
Isis
--- Mas tem a Igreja. E Jesus? -
- perguntou sorrindo
Moema
--- Uma coisa é fé. Outra, a
razão. Ou você tem fé – e vive nesse mundo como um fantoche. Ou tem razão.
Penso que você entente. - - reclamou
Isis
--- Se eu pensar pela razão não
vou ter fé, por exemplo na Virgem Maria? - - gargalhou
Moema
--- Ah minha mãe. Dá-me
paciência. Fé é uma coisa. Razão é outra. Eu tenho fé em Jesus. Você pode
dizer. Mas, se você pensar, então não dirá desse modo. - -
O a moça com tanto entusiasmo,
afinal, gargalhou.
Isis
--- Está bem. Continue. - -
relatou sorrindo
Moema
--- Quer saber mesmo? -
(perguntou irada) – Pois bem. O Iluminismo do século XVIII ou o século das
luzes. ... Veja bem. Essas luzes não são as que iluminam nossa sala. São conhecimentos. Pois bem. O Iluminismo
inspirou o pensamento liberal que alimentou os processos de independência das
Américas. No caso do Brasil, aquelas ideias orientaram todas as conspirações e
movimentos voltados para a ruptura dos domínios. - - acertou
Isis
--- E o comunismo onde entra
nisso? – - perguntou de imediato
Moema
--- Quer saber? Bem. Em 1924
eclode a Revolta Tenentista de São Paulo. Veja que já havia o movimento da
União Soviética, lá longe. Vamos à frente. Mas após confrontos, os revoltosos
são derrotados. Os que conseguiram escapar do cerco e da perseguição se
refugiaram no interior e juntaram-se a outro movimento revolucionário
tenentista, proveniente do Rio Grande do Sul. Da união desses tenentes surge,
em 1925, a Coluna Costa-Prestes. Composta por centenas de oficiais e soldados e
liderada por Miguel Costa e Luiz Carlos Prestes, a Coluna percorreu cerca de 24
mil quilômetros pelo o interior do território brasileiro. Após anos de marcha e
inúmeros confrontos com as Forças Militares governamentais, a Coluna Prestes
terminou em 1927. - -
Isis
--- Esse Carlos Prestes não foi
ser Presidente da República? – - perguntou em sorriso.
Moema
--- “Esse” Carlos Prestes não foi
Presidente da República. Nas eleições de 1930 a Aliança Liberal apresentou como
candidato a presidente o gaúcho Getúlio Vargas e o paraibano João Pessoa, esse
para vice-presidente. E eles foram derrotados por Júlio Prestes. Mesmo assim
Júlio Prestes não tomou posse porque houve uma revolução que colocou Getúlio
Vargas no poder. - -
Isis
--- E a Revolta de 1935? - -
Moema
--- Isso foi mais à frente. E
março de 1935 foi criada no Brasil a Aliança Libertadora Nacional (ANL) cujo
líder foi Carlos Prestes. Era inspirada nos modelos das frentes populares. A
ANL defendia propostas nacionalistas e lutava pela reforma agrária. Veja bem a
época de Jango. Não foi esse governo que criou a reforma agraria, e sim, Carlos
Prestes. E tal movimento (ANL) congregou setores da sociedade e rapidamente
tornou-se em um movimento de massa. - -
Isis
--- Credo! Que confusão! – -
destacou alarmada
Moema
--- Mesmo assim, apesar de contar
com católicos e socialista, a ANL foi posta na ilegalidade pelo Governo Vargas.
Mas, continuou a fazer seus discursos, comícios e panfletagem contra o Governo.
Prestes desencadeou um movimento armado com as greves em todo o país. No Rio
Grande do Norte, a ANL tomou o poder e governou por apenas três dias. Caiu
porque o Exército foi mais forte e bombardeou o quartel da Polícia onde o Grupo
se infiltrava.
Isis
--- Loucos! Eles eram loucos! - -
Moema
--- Pois é. Um dia ganha no outro
perde. - -
Isis
--- Mas a “esquerda” sempre
perdeu, no Brasil. - -
Moema
--- Sempre? - - perguntou de
forma irônica.
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