- TORTURADO -
- 21 -
ESTUDO -
Os Generais que lideraram o Golpe
de 1964 no Brasil e permaneceram 21 anos no poder, justificaram o regime
militar como medida adequada para solucionar as crises de instabilidade
governamental do período democrático-populista. Os militares concebiam a
democracia representativa e multipartidária brasileira, em vigor no período
populistas, como a principal causa dos conflitos que desestabilizaram os
governos eleitos. O próprio Costa e Silva liderou conspirações contra o governo
de seu antecessor, Castelo Branco que morreu em desastre aéreo em Fortaleza, no
Ceará quando o seu avião colidiu com um outro, da Força Aérea, desastre que
nunca foi esclarecido e nem o piloto do aparelho que colidiu com o do
presidente foi julgado. O crime se manteve em silencio. A cada escolha de um
novo General para ocupar a Presidência, abria-se uma grave crise institucional.
Segundo a versão oficial dos
fatos, o Marechal Castelo Branco faleceu em um acidente aeronáutico, em uma
aeronave do Governo do Estado do Ceará, Piper Aztec no dia 18 de julho de 1967.
A aeronave que conduzia o então Presidente da República foi atingida na cauda
pela ponta da asa de um caça da Força Aérea Brasileira, um Lockheed, perdendo a
deriva. O avião chocou com o solo morrendo todos os seis ocupantes, menos o
co-piloto. Na ocasião do acidente houve uma investigação concluindo que o
choque foi acidental. E ficou por isso mesmo. O piloto do caça era o Tenente
Alfredo Malan d’Dangrogne. Anos depois o acidente foi tratado como um atentado.
Isis
--- Estude! Estude! Estude! Como
eu vou estudar? Eu quero saber. Mas, pelo modo coerente. Teve uma Guerra, há
alguns anos. Outro Golpe tempos depois. E como eu vou separar uma coisa da
outra? Diga-me? - - indagou a moça de olhar tenso para Moema
Moema sorriu pela confusão na
memória da amiga. A essa altura, Monroe já estava em seu quarto de dormir, com
certeza a conciliar o sono ou mesmo fazendo algo de interesse particular. E a
moça Isis estava irritada na sala em companhia de Moema. Então, teve a
resposta.
Moema:
--- Veja, Isis. Você está
passando adiante em muitos temas. Se fosse estudar de uma forma acadêmica, isso
não seria problema. Se você quer saber de um assunto, tem que ir pelo começo
para não se perder. Vejamos: nós estávamos discutindo sobre a revolução de
março. Esse foi um tema. O outro foi a II Guerra Mundial. Nesse ponto, vamos
buscar muitos anos antes. Mas, se estamos falando em um tema como o Golpe de
Março, vamos procurar apenas nesse ponto. O melhor é ir vasculhar no
Computador. Venha! Você quer assim? - -
Isis
--- É melhor. Até porque você me
ensina a buscar temas nesse computador. Eu não sei bem, ainda. Nem sei digitar,
como se faz. - -
Moema
--- Bom. Eu vi que você já sabe
algo: digitar. Porém, não é só digitar ou trocar conversa com amigas. É buscar
o que você acha importante. Por exemplo: Golpe de Março de 1964 do Brasil. Por
aí, você começa. Vamos lá. Sente-se. - -
Isis procuro sentar e fez a
pergunta:
Isis
--- E como eu ligo isso? - -
Moema
--- Do mesmo modo como você ligou
o anterior. Todos os Computadores têm uma chave. E você deve saber qual é a sua chave. Ou não?
- - indagou
Isis
--- O de lá do gabinete tem essa
“tal” chave. Mas, aqui deve ser outra. Não? - -
Moema
--- Sim. É outra. Vamos com
calma. Liga-se o Computador. Espera-se dar o sinal. E então começa-se a buscar
o que interessa. Veja bem. –
O a moça prestou com bastante
atenção. Finalmente, após várias tentativas conseguiu ligar o computador.
Isis
--- Pronto. Consegui. E então? –
Moema
--- Busque o tema que lhe
interessa e prossiga. Veja como é fácil. –
Após vários minutos Isis
conseguiu digitar o tema: Golpe Militar de março de 1964.
Isis
--- Achei. E com retrato e tudo.
- - esfregou uma mão na outra, a sorrir.
Moema
--- O que você quer saber? Pense
em um assunto! –
E Isis procurou um caso
palpitante e disse a Moema.
Isis
--- O caso do Presidente não sei
do nome. - -
Moema
--- Médici? - -
Isis
--- Isso. Isso. Desse homem. Um
General. Um General mesmo? - - voltou-se para Moema.
Moema
--- Verdade. General Emílio
Garrastazu Médici. O que você quer saber sobre o homem? - -
Isis
--- Tudo! – - sorriu de alegria
Moema
--- Tudo, não. Algo marcante.
Vejamos: Ato Institucional nº 5. Esse foi um dos mais importantes. O AI-5. Esse
ato saiu em dezembro do ano de 1968, e teve um momento mais intenso nos meses
que sucederam ao Golpe. Logo após a deposição de João Goulart, em 1964,
pequenos jornais de esquerda foram depredados. O “Correio da Manhã”, jornal
importante do País, procurado por todos os intelectuais de esquerda ou não
começou a denunciar os excessos dos Militares e teve sua sede invadida e
interditada. O AI-5 institucionalizou o caráter ditatorial do regime e tornou a
censura implacável. Um Decreto-Lei instituiu a censura prévia exercida por uma
equipe de censores que se instalava permanentemente na redação dos jornais e
das revistas para decidir o que poderia ou não ser publicado, ou os veículos
eram obrigados a enviar antecipadamente o que pretendiam publicar para a
Divisão de Censura do Departamento de Polícia Federal, em Brasília. O controle
sobre a imprensa já havia sido regulamentado por Lei em fevereiro de 1967. A
Lei de Imprensa, que obviamente restringia a liberdade de expressão. No entanto
a situação se tornou mais crítica com a edição do AI-5, bem como com a do
Decreto denominado Lei de Segurança Nacional, de 1969. A ditadura militar
endureceu a repressão e as liberdades civis foram suprimidas. Atos de fazer oposição
ao Governo virou ato clandestino. –
Isis
--- E a censura atingia também a
imprensa como um todo? - -
Moema
--- Veja bem. Tinham setores da
impressa que eram mais achegadas ao Governo. Esses setores eram bem vistos
pelos Poderes. Teve um caso, em Natal, onde a Direção de um determinado jornal
era bem visto pelas autoridades. Mesmo assim, tinha censores na redação. Eram
homens calados. Mas, alegres. Tinha até jornais onde os Diretores eram gentes
de “direita”. Esse pessoal nunca relatava o que ouvia dos de “esquerdas”.
Apenas sabiam. Se fosse o caso, informavam as Poderes. - -
Isis
--- E quem eram esses elementos?
- -
Moema
--- Eu mesmo, nunca pude saber.
Mas havia gente da Marinha, do Exército e mesmo até civis. Seus nomes eram
guardados a sete chaves. Nas Secretarias do Governo do Estado e Município,
existiam também essas pessoas. Coisa incrível. Houve casos de repórteres que
chegavam a ser presos incomunicáveis. Gente que apanhava. Triste, mesmo. –
Isis
--- E você não soube quem eram os
delatores? - - perguntou sedenta de raiva.
Moema
--- Mesmo se eu soubesse, não
diria, nem mesmo agora. - -
Excelente! Com uma forma muito interessante de escrever, o senhor está lembrando um período vergonhoso da história do Brasil.
ResponderExcluirO mais escabroso é um grupo de pessoas querendo a volta do governo militar. Quem são tais pessoas?! Será que são os donos do Brasil? As elites?! Hum...