sábado, 12 de setembro de 2015

MAR SERENO - 21 -

- TORTURADO -
- 21 -
ESTUDO -
Os Generais que lideraram o Golpe de 1964 no Brasil e permaneceram 21 anos no poder, justificaram o regime militar como medida adequada para solucionar as crises de instabilidade governamental do período democrático-populista. Os militares concebiam a democracia representativa e multipartidária brasileira, em vigor no período populistas, como a principal causa dos conflitos que desestabilizaram os governos eleitos. O próprio Costa e Silva liderou conspirações contra o governo de seu antecessor, Castelo Branco que morreu em desastre aéreo em Fortaleza, no Ceará quando o seu avião colidiu com um outro, da Força Aérea, desastre que nunca foi esclarecido e nem o piloto do aparelho que colidiu com o do presidente foi julgado. O crime se manteve em silencio. A cada escolha de um novo General para ocupar a Presidência, abria-se uma grave crise institucional.
Segundo a versão oficial dos fatos, o Marechal Castelo Branco faleceu em um acidente aeronáutico, em uma aeronave do Governo do Estado do Ceará, Piper Aztec no dia 18 de julho de 1967. A aeronave que conduzia o então Presidente da República foi atingida na cauda pela ponta da asa de um caça da Força Aérea Brasileira, um Lockheed, perdendo a deriva. O avião chocou com o solo morrendo todos os seis ocupantes, menos o co-piloto. Na ocasião do acidente houve uma investigação concluindo que o choque foi acidental. E ficou por isso mesmo. O piloto do caça era o Tenente Alfredo Malan d’Dangrogne. Anos depois o acidente foi tratado como um atentado.
Isis
--- Estude! Estude! Estude! Como eu vou estudar? Eu quero saber. Mas, pelo modo coerente. Teve uma Guerra, há alguns anos. Outro Golpe tempos depois. E como eu vou separar uma coisa da outra? Diga-me? - - indagou a moça de olhar tenso para Moema
Moema sorriu pela confusão na memória da amiga. A essa altura, Monroe já estava em seu quarto de dormir, com certeza a conciliar o sono ou mesmo fazendo algo de interesse particular. E a moça Isis estava irritada na sala em companhia de Moema. Então, teve a resposta.
Moema:
--- Veja, Isis. Você está passando adiante em muitos temas. Se fosse estudar de uma forma acadêmica, isso não seria problema. Se você quer saber de um assunto, tem que ir pelo começo para não se perder. Vejamos: nós estávamos discutindo sobre a revolução de março. Esse foi um tema. O outro foi a II Guerra Mundial. Nesse ponto, vamos buscar muitos anos antes. Mas, se estamos falando em um tema como o Golpe de Março, vamos procurar apenas nesse ponto. O melhor é ir vasculhar no Computador. Venha! Você quer assim? - -
Isis
--- É melhor. Até porque você me ensina a buscar temas nesse computador. Eu não sei bem, ainda. Nem sei digitar, como se faz. - -
Moema
--- Bom. Eu vi que você já sabe algo: digitar. Porém, não é só digitar ou trocar conversa com amigas. É buscar o que você acha importante. Por exemplo: Golpe de Março de 1964 do Brasil. Por aí, você começa. Vamos lá. Sente-se. - -
Isis procuro sentar e fez a pergunta:
Isis
--- E como eu ligo isso? - -
Moema
--- Do mesmo modo como você ligou o anterior. Todos os Computadores têm uma chave.  E você deve saber qual é a sua chave. Ou não? - - indagou
Isis
--- O de lá do gabinete tem essa “tal” chave. Mas, aqui deve ser outra. Não? - -
Moema
--- Sim. É outra. Vamos com calma. Liga-se o Computador. Espera-se dar o sinal. E então começa-se a buscar o que interessa. Veja bem. –
O a moça prestou com bastante atenção. Finalmente, após várias tentativas conseguiu ligar o computador.
Isis
--- Pronto. Consegui. E então? –
Moema
--- Busque o tema que lhe interessa e prossiga. Veja como é fácil. –
Após vários minutos Isis conseguiu digitar o tema: Golpe Militar de março de 1964.
Isis
--- Achei. E com retrato e tudo. - - esfregou uma mão na outra, a sorrir.
Moema
--- O que você quer saber? Pense em um assunto! –
E Isis procurou um caso palpitante e disse a Moema.
Isis
--- O caso do Presidente não sei do nome. - -
Moema
--- Médici? - -
Isis
--- Isso. Isso. Desse homem. Um General. Um General mesmo? - - voltou-se para Moema.
Moema
--- Verdade. General Emílio Garrastazu Médici. O que você quer saber sobre o homem? - -
Isis
--- Tudo! – - sorriu de alegria
Moema
--- Tudo, não. Algo marcante. Vejamos: Ato Institucional nº 5. Esse foi um dos mais importantes. O AI-5. Esse ato saiu em dezembro do ano de 1968, e teve um momento mais intenso nos meses que sucederam ao Golpe. Logo após a deposição de João Goulart, em 1964, pequenos jornais de esquerda foram depredados. O “Correio da Manhã”, jornal importante do País, procurado por todos os intelectuais de esquerda ou não começou a denunciar os excessos dos Militares e teve sua sede invadida e interditada. O AI-5 institucionalizou o caráter ditatorial do regime e tornou a censura implacável. Um Decreto-Lei instituiu a censura prévia exercida por uma equipe de censores que se instalava permanentemente na redação dos jornais e das revistas para decidir o que poderia ou não ser publicado, ou os veículos eram obrigados a enviar antecipadamente o que pretendiam publicar para a Divisão de Censura do Departamento de Polícia Federal, em Brasília. O controle sobre a imprensa já havia sido regulamentado por Lei em fevereiro de 1967. A Lei de Imprensa, que obviamente restringia a liberdade de expressão. No entanto a situação se tornou mais crítica com a edição do AI-5, bem como com a do Decreto denominado Lei de Segurança Nacional, de 1969. A ditadura militar endureceu a repressão e as liberdades civis foram suprimidas. Atos de fazer oposição ao Governo virou ato clandestino. –
Isis
--- E a censura atingia também a imprensa como um todo? - -
Moema
--- Veja bem. Tinham setores da impressa que eram mais achegadas ao Governo. Esses setores eram bem vistos pelos Poderes. Teve um caso, em Natal, onde a Direção de um determinado jornal era bem visto pelas autoridades. Mesmo assim, tinha censores na redação. Eram homens calados. Mas, alegres. Tinha até jornais onde os Diretores eram gentes de “direita”. Esse pessoal nunca relatava o que ouvia dos de “esquerdas”. Apenas sabiam. Se fosse o caso, informavam as Poderes. - -
Isis
--- E quem eram esses elementos? - -
Moema
--- Eu mesmo, nunca pude saber. Mas havia gente da Marinha, do Exército e mesmo até civis. Seus nomes eram guardados a sete chaves. Nas Secretarias do Governo do Estado e Município, existiam também essas pessoas. Coisa incrível. Houve casos de repórteres que chegavam a ser presos incomunicáveis. Gente que apanhava. Triste, mesmo. –
Isis
--- E você não soube quem eram os delatores? - - perguntou sedenta de raiva.
Moema
--- Mesmo se eu soubesse, não diria, nem mesmo agora. - - 

Um comentário:

  1. Excelente! Com uma forma muito interessante de escrever, o senhor está lembrando um período vergonhoso da história do Brasil.
    O mais escabroso é um grupo de pessoas querendo a volta do governo militar. Quem são tais pessoas?! Será que são os donos do Brasil? As elites?! Hum...

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