- GUERRILHEIRA -
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LUTA ARMADA -
Em 1959, quando Fidel Castro
anunciou ao mundo sua revolução comunista, passou a ser apoiado por Moscou
(União Soviética). Com isso, o País socialista iniciou uma campanha para
dominar a ideologia marxista na América Latina onde os partidos comunistas
formariam grupos de guerrilhas armadas com dinheiro soviético repassado à Cuba.
No Brasil foram criadas 29 organizações guerrilheiras onde Fidel Castro
vislumbrou expandir a revolução comunista. Em 1961, o Presidente do Brasil,
Jânio Quadros, condecorou o guerrilheiro cubano, Che Guevara, com a Ordem do
Cruzeiro do Sul sem imaginar que quatro meses antes o Partido Comunista
Brasileiro (PCB) acertara com Fidel Castro o envio de jovens brasileiros para
treinamento de guerrilha em Cuba com a finalidade de preparar vários
revolucionários que desencadeariam a luta armada no Brasil. As Ações Armadas já
existiam antes de 1964, no Governo de João Goulart através das Ligas Camponesas,
de Francisco Julião, e do Grupo dos Onze, de Leonel Brizola.
Isis
--- Eita! Essa é nova! Quer
dizer: antiga, mas nova! – - salientou
com ênfase.
Era a parte não sabida por Maria
Isis Fernandes, matuta do interior do Nordeste, chegando a ler as ações das
guerrilhas no Brasil deflagradas pela União Soviética e sua aliada, Cuba. O
volume era de muitas páginas cabendo tudo na Internet. Mesmo assim, ela
prosseguiu. A noite era quente, como todas as noites de Brasília, a capital da
República. Ouvia-se ruídos de carros a transitar, na Explanada dos Ministérios,
onde a jovem estava, naquele instante, debruçada na mesa do computador a
investigar tudo o que era dito, com imagens de cenas de armas de fogo e
guerrilheiros nas matas. E assim,
prosseguiu.
Com a chegada ao poder, em 1964,
do presidente Castelo Branco, centenas de “comunistas” e políticos de
“esquerda” refugiaram-se no Uruguai onde formaria a Frente Popular de
Libertação que a partir de 1965 empreenderia atos de sabotagem urbana e focos
de guerrilha rural, no Brasil, principalmente da Serra do Caparaó, região
localizada entre os Estados do Espírito Santo e Minas Gerais, cujos
guerrilheiros, apoiados por Leonel Brizola, foram combatidos e vencidos por tropas da Polícia Militar, de Minas
Gerais.
Isis
--- Bosta! Covardes! A Tropa
matou rapazes inocentes que lutava pela liberdade de todos! - - resmungou com
verdadeira cólera.
A Guerrilha do Caparaó foi a
segunda tentativa insurgência armada contra o Regime Militar brasileiro feita
por ex-militares cassados. Inspirado na guerrilha de Sierra Madre, teve lugar
na Serra do Caparaó. Promovida pelo Movimento Nacionalista Revolucionário – MNR
– organização baseada inicialmente em Montevidéu, a guerrilha contou com o
apoio financeiro cubano, obtido através de negociações entre Leonel Brizola,
auxiliado pela A.P - Ação Popular - e o governo de Cuba. Alguns membros do
grupo – majoritariamente constituído por ex-militares, expulsos das Forças
Armadas - também receberam treinamento na Ilha de Cuba. Posteriormente o governo
cubano preferiu apoiar Carlos Marighella.
O movimento perdeu seu suporte financeiro e os guerrilheiros – que foram salvos
– ficaram abandonados no alto da Serra.
Moema entrou, chegando ao
apartamento com uns volumes lacrados e aparentava serem rolos de filmes, com
certeza, pois tinha um volume redondo de largura e comprimo, de alto a baixo.
Parecia ser porque Moema ficou de buscar unas latas de filmes. Em outra mão,
tinha também um projetor de cinema de modo pequeno. Então, de vez indagou:
Moema
--- Isso? - - quis saber
preocupada e colocando na mesa os seus pacotes.
Isis
--- Filme. Entrei na Internet.
Veja. - - e seguiu a leitura na tela.
Na verdade, a tentativa de
implantação de uma Guerrilha na serra do Caparaó foi frustrada antes mesmo que
o movimento entrasse em ação. Os seus integrantes permaneceram no local por
alguns meses realizando treinamentos e o reconhecimento da região e foram
presos pela Polícia Militar mineira após serem denunciados pela própria
população da serra. Consta que o grupo desassistido pela organização, começara
a roubar e abater animais para não morrer de fome, razão pela qual acabou sendo
alvo de denúncia à polícia. Descobertos pelos Serviços de Inteligência, o
movimento foi rechaçado em abril de 1967 por um Grupo Militar de Minas Gerais.
Os guerrilheiros, cerca de vinte homens esgotados e famintos foram presos no
próprio sítio node se abrigavam.
Moema
--- Eu tenho filmes das
guerrilhas. - - relatou com certeza.
Isis
--- Dessas? – - indagou surpresa.
Moema
--- Não sei bem se foram esses
guerrilheiros. Tem vários. Eu consegui um bocado. - - falou sem temor.
Isis
--- Esses guerrilheiros, aparecem
antes de serem mortos. Talvez. Mas, eu tenho que seguir assistindo o que houve.
– - se voltou para a mesa com a mão no queixo e olhar atento.
Em 1966, a Esquerda brasileira
decidida o poder à força e em curto prazo passou a adotar táticas populistas
como as que foram usadas pelo grupo guerrilheiro Ação Popular que ao explodir
uma bomba no saguão do Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife, matou
o jornalista Edson Régis de Carvalho e o vice-almirante reformado Nelson Gomes
Fernandes deixando ainda 14 feridos. O alvo principal do atentado era o general
Arthur da Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão presidencial.
Costa e Silva era esperado no Recife para realização de ato da campanha no
prédio da SUDENE, nesse dia.
Isis
--- Coitado de jornalista. - -
lamentou.
Moema
--- Era guerra! - - declarou
cheia de dúvidas.
A Revolução Cubana passou a
servir de modelo para muitos “revolucionários”, como Carlos Marighella que em
1967 viajou a Cuba e participou de um evento sobre a propagação da Luta Armada no
território brasileiro. De volta ao Brasil, em setembro de 1967, Marighella
criou a Ação Libertadora Nacional (ALN) e começou a recrutar jovens
brasileiros, entre os estudantes, que, depois de preparados ideologicamente,
foram enviados para Cuba.
Isis
--- Agora a coisa vai! Ou vai ou
o muro cai! - - declarou a moça cheia de revolta pelos Militares.
Moema:
--- Calma! Você está apenas no
começo! - - defendeu.
Em 1968, com a chegada ao Brasil
do primeiro contingente da ALN, de guerrilheiros formados de Cuba, entrou em
cena Carlos Lamarca, capitão do Exército e militante da Vanguarda Popular
Revolucionária (VPR) que uniu à Marighella e em janeiro de 1969 explodiu 50
quilos de dinamite no QG do II Exército matando, na explosão, o soldado do
Exército Mario Kozel Filho e ferindo seis militares. E, ainda, da cidade de São
Paulo, os guerrilheiros avançaram com um veículo roubado a abordaram o Capitão Chamado
do Exército dos Estados Unidos que se encontrava no interior de um automóvel
quando saia de sua residência Charles Chandler foi morto por uma rajada de
metralhadora na frente da esposa e do filho de 9 anos. O Comando de Libertação
Nacional, criado em Belo Horizonte no ano de 1968 executou, na capital mineira,
vários assaltos a Agências Bancárias e atentados a bomba. Os guerrilheiros se
reunião durante as sessões de cinema no Cine Éclair localizado a área central
de Belo Horizonte para planejarem as ações de terror e guerrilha.
Isis
--- Eita! A situação estava
ficando caótica, no país. Você está vendo? – - indagou a sua amiga.
Moema
--- Sim. Em Natal, o caso
irrompeu antes mesmo do Governo Jango. - -
Isis
--- Como assim? - -
Moema
--- Era uma baderna geral.
Quiseram até queimar livros importantes. Organizaram um Clube de Cinema.
Passava-se filmes antigos, como o “Encouraçado Potemkin”, “A Mãe”, “Ivan, o
Terrível”. Todos da República Socialista Soviética. - -
Isis
--- E cinema já existia? - -
indagou inquieta
Moema
--- Há tempos. Desde 1885. É
velho, mesmo. - -
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