- Isis Valverde -
- 11 -
O CORPO
O homem saiu de porta a fora
caindo no chão úmido como se fosse um molambo. Era esse o começo da história. É
de se imaginar aquele canto um local perigoso para todo o ser. O bar funcionava
quase noite toda até perto do amanhecer. Ali existia um local violento. Quem
entrasse pela porta talvez não pudesse mais sair – vivo. Era um negócio
estranho de meter medo nos olhos mais atentos. E foi assim como ocorreu a um
segundo atrás com o corpo caído no chão úmido, fofo e mal cheiroso. No bar,
continuava a função entre mulheres e homens, todos sujos e maltrapilhos. O
corpo solitário ficaria alí por toda a noite e parte da manhã seguinte. Após
esse desastre, um homem, cuja fisionomia não deu para se olhar, saiu correndo
duvidoso a pegar a sua montaria e, logo, sumir de repente. À luz da lua, um
bêbedo viu toda a cena preocupante e não se deu conta. Apenas apontou para o
chão como a declarar.
Bêbado:
--- Mais um! – dissera o bêbado
após se levantar e caminhar em direção oposta a um canto qualquer para fazer
tudo o que precisasse.
Dentro do bar a festa continuava.
Apenas um homem com a sua bem amada se aproximou para ver o corpo de quem era.
A sua dama, o agarro e puxou o amante para dentro do salão para com ele dormir
em um quarto de pensão.
Outros homens se aproximaram de
bar, olharam o corpo de longe e logo entraram para tomar conta da festa. Uma
radiola grande emitia um som estridente a tocar uma música de roedeira. Um
homem gordo, baixo e feio com um avental da cintura e enxugando as mãos em um
trapo saiu à porta para ver de perto o defunto. Ele desceu o batente da casa e
olhou de perto para saber quem era e o que fizera para morto assim a facadas.
Uma mulher gorducha, baixa e de cara feia veio até ao homem para saber quem
fora o sujeito. Uma resposta sem nexo:
Dono do bar:
--- Não sei. Talvez alguém da
Montagem, certamente. – respondeu com sua cara de horror.
Mulher:
--- E quem matou? – indagou a
olhar o corpo estendido.
Dono do bar.
--- Sei lá. Outro deles. – e se
voltou para dentro do bar.
Outras pessoas surgiram e fizeram
a mesma pergunta. E não houve resposta satisfatória.
A Montagem era onde homens
simples faziam a limpeza dos maquinários dos aparelhos de trem em turnos
alternados. Eram eles os mecânicos de trens. Vez por outra surgia uma contenda
entre eles e tudo terminava na faca. Era uma só pexeirada e o morto vinha a
estrebuchar ao chão. Todo dia ou quase sempre um morria por causa de um mal
feito, uma mulher e mesmo algum desentendimento após o jogo de cartas. Dessa vez,
não se tinha notícia ao certo do caso. Sabia-se de que o assassino era de
longe, talvez dessa tal de Montagem. Enquanto isso a fuzarca continuava com as
damas a jogar afetos em seus parceiros
No dia seguinte surgiu a Polícia
no local do crime. Um sargento e dois Soldados. O sargento procurou saber do
dono do bar quem fez aquela desdita. O dono do bar não soube informa. E nem que
soubesse o homem havia de declarar.
Sargento:
--- Ele é daqui? – perguntou o
delegado querendo dizer se o homem era do próprio município
Dono
--- E eu sei? Nem sabia quem era!
Deve ser um almocreve da vida. – disse o homem com respeito
Sargento:
--- Mas alguém sabe! – relatou o
sargento olhando o bar ainda sem ninguém
Dono:
--- Penso eu que ele é das bandas
da Montagem. É o meu pensar. Mas nunca o morto esteve por essas bandas. –
relatou se ciência.
Sargento:
--- E o assassino? – perguntou
mais querendo saber.
Dono:
--- Eu estava cuidando dos meus
afazeres e nem vi quem matou esse defunto. -
reiterou
Sargento:
--- E ninguém sentiu fala do
morto? – indagou sereno.
Dono:
--- Pelo que eu sei, ninguém. Nem
mesmo veio gente das bandas da Montagem se ela mesmo de lá – respondeu
Sargento:
--- E ninguém viu o assassino? –
voltou a querer saber
Dono:
--- Seu delegado, o bar estava fervilhando
de gente. Mas eu não ouvi nenhum comentário a respeito. – relatou sem pressa.
O delegado tirou o boné, coçou a
cabeça para dar ordem aos seus subordinados.
Sargento:
--- Levem o morto? – mandou o
delegado.
Soldado:
--- Mas doutor, o Rabecão está na
oficina. Quebrou o motor. – relatou de olhos esbugalhados.
Sargento
--- Então leve no carro da
Polícia. – relatou
Soldado:
--- Mas como? E nós? É sangue de
fazer dó! – respondeu.
Delegado:
--- Sangue seco. Um leva e o
outro vai a pé. Está decidido. – conferiu.
Os dois “meganhas” se olharam e
um deles disso com voz amarga.
Soldado:
--- Leva tu. – disse um
Soldado 2
--- Te dana. Eu vou a pé mesmo. –
replicou.
Soldado 1
--- Que bosta! E sou eu pra levar
defunto nas costas? Eu podia deixar aí, no meio do tempo! - resmungo
Sargento:
--- Qual é a confusão? – indagou
o delegado
Soldado 1
--- Tudo em ordem senhor
delegado! Não há problema! – respondeu o primeiro soldado
Nesse momento surgiu outro
soldado quase se acabando de cansaço. E foi logo dizendo:
Soldado 3:
--- Delegado! Delegado! A
ambulância capotou na Curva da Morte! E tem gente morta! – disse assombrado.
Delegado:
--- Isso é uma bosta! Só sobra
pra mim! Vamos vocês dois! O outro fica com o defunto! – rezingou aborrecido.
Soldado 2:
--- Eu estou de folga, Delegado!
– foi o que disse o segundo soldado
Sargento:
--- Acaba a folga! Deixa de
moleza! Vamos! Vamos! – determinou sem mais conversa.
O soldado 2 trocou vista com o
soldado 1 e viu a cara do companheiro de farda sorrindo a valer e bater o dedo de
direto no indicador. E não teve outra a não ser dizer:
Soldado 2
--- Você me paga ser corno! –
falou resmungando
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