- Ziyi Zhag -
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PRESENTE
Rui era um menino inteligente e,
naquele dia, completava seus 12 anos de idade. Ele acordou bem cedo, como de
costume, e já sabia do seu aniversário naquela data. Dia 1º de Outubro. E
igualmente era a data da sua festa de Santa Teresinha. Apesar de ser canonizada
no dia 17 de Maio de 1925 quando a jovem e assim se tornou Santa - a Santa
Teresinha padroeira das Rosas –por coincidência era também aniversários de
outros devotos penitentes. Rui nasceu tempos depois da virgem se tornar Santa.
Mas no dia em que se reverenciava o nome da Santa, Rui acordou um pouco mais
cedo, às 5 horas da manhã, quando houve um foguetório em homenagem a Santa das
Rosas. Rui não entendia muito bem o porquê de tal foguetório. Apenas se lembrava
do nome da Santa. Teresinha, morta em 30 de setembro de 1897, na cidade de
Lisieux, na França. Para a Igreja, ela era a Santa Teresinha do Menino Jesus da
Santa Face. Para Rui, era apenas a Santa Teresinha A sua mãe, não muito
católica, vinha de casa a fora para chamar o menino Rui.
Mãe:
--- Acorda! Levanta! Toma banho!
Vai dar seis horas! A Missa começa já! Experimenta a roupa que teu pai comprou
na Cooperativa! Levanta!!! – gritava a mulher ao desespero andando para cima e
para baixo no interior da casa
O garoto saiu, um pé em cima
outro no chão. E ele entrou para se molhar.
Mãe
--- É tomar banho por inteiro!
Não é passar apenas a água nas costelas! – vociferou enraivecida.
Rui abriu a torneira da rua.
Tinha água. O homem da água só vinha fechar a passagem das casas lá por nove
horas.
Rui
--- Não sei por que ele faz isso?
– indagou consigo mesmo
Sabonete Dorly, era o que ele
usava. Esse era o mais barato no mostruário da Cooperativa. Ele tomou o seu
banho para depois se enxugar da meladeira feita no banheiro.
Mãe:
--- Bebeu água? – perguntou a sua
mãe com sua voz renitente.
Rui
--- Não senhora. – respondeu com
olhos vazios.
Mãe
--- Não é para beber nem água!
Ouviu? – perguntou com toda a altura de voz
E seguiu Rui para a Matriz de
Santa Teresinha onde já estava gente a lotar o pequeno templo. Um cheiro enorme
das orquídeas e do perfume das senhoras bem vestidas. Uma menina-moça passou
por perto de Rui e sorriu. Ele nem abriu os dentes. E a menina perguntou:
Menina:
--- Trouxeste o adoremos? –
indagou a murmurar
Rui:
--- Tá vendo? – mostrou o livro
de orações
Menina:
--- O meu tá novinho. – sorriu a
menina.
Rui
--- O meu também. – disse ele
E Rui mostrou a capa e os
santinhos tidos durantes as Missas que ele frequentava aos domingos. Alguma
coisa lhe apertou os fundilhos. Era a calça mal cosicada. Ele nada pode fazer.
E nem coçar os seus fundilhos. Apenas fez uma careta.
Menina
--- Que foi? – perguntou curiosa.
Rui
--- Nada. Talvez a sede. Não comi
e nem bebi. Recomendação de minha mãe. – alertou
Menina
--- Pois eu comi um pedaço de
bolo. – sorriu a murmurar.
Rui
--- É pecado. O Padre disse. “Não
comam nada”! antes da comunhão. – falou o menino
Menina:
--- Eu? Depois eu me confesso. –
debochou a menina sungando o busto
E começa a Santa Missa. Um tempo
enorme. Mais de 45 minutos. Apenas no sermão o padre comeu seus 20 minutos.
Dissera tudo o que já havia dito um ano atrás
Padre:
--- Hoje é celebrada a festa de
Santa Teresinha. A Santa foi uma freira carmelita e tornou-se conhecida pelos
mais influentes modelos de santidade. – falava o padre.
E deu para falar dos exemplos de
santidades naqueles fervorosos anos de guerras e açoite onde a mortandade era
um suplício para o homem católico e a mulher penitente. As crianças ingênuas
eram as mais sacrificadas pela doença, como a tuberculose que vitimou a Santa
quando estava com apenas vinte e quatro anos de idade. Ante o calor sufocante a
fazer da Matriz, o sacerdote não se importava e continuava a pregar com emoção
“A História de uma Alma”, os manuscritos autobiográficos de uma “menina”
dedicada as sublimes orações. Entre as suas duas irmãs a Santa não media
esforços para cuidar dos devotos enfermos tornando-se a “estrela do sacrifício”
dos mais pobres de coração aflito.
Padre:
--- Ela é a Doutora da Igreja.
Nós temos o cuidado de lembrar de suas cartas, seus poemas, suas peças
religiosas e das suas puras orações. A própria Santa Teresinha declarou poucas
horas antes da sua morte: “Eu amo apenas a simplicidade”. E mais ainda falou de
seus atos caridosos entre as demais afeções de paz. Após 20 minutos, o padre
concluiu ser de maior afeção dar a hóstia de primeira comunhão as criancinhas
que se dedicavam a vida pura e santificada para sempre.
Após ditar toda a sua celebração
da Santa Missa, participar da sublime eucaristia e se recolher um pouco mais a
verificar as criancinhas que fizeram a sua primeira comunhão, o padre deu por
encerrada a liturgia daquela manhã de sol. As crianças foram para o banquete
onde tomaram café com leite, queijo, pães, e bolos, tudo seguido pelas Irmãs da
Divina Caridade. Após essa festa, onde Rui também tomou com leite e bolachas,
pães e queijos ele viu se acercar a menina um pouco lacrimosa. E declarou a
menina:
Menina:
--- O padre me deu um carão! –
soluçava a menina.
Rui:
--- E por que? – perguntou
impressionado
Menina
--- Eu fui dizer que tinha comido
uma fatia de bolo! – chorava a píncaros.
Rui
--- Não te disse? É pecado! A
gente tem que vir de barriga seca! – reprovou
Menina:
--- Mas foi só uma fatia! – olhou
ela para Rui fazendo com o dedo um pouquinho de nada.
Rui:
--- Mesmo assim! Eu não bebi nem
água! – relatou compreensivo
Menina
--- Eu pressinto que esse padre
está neurótico! – relatou com certo cuidado.
Rui
--- Vai dizer a ele, vai! –
discordou o garoto
E o padre no palco do salão dizia
com frequência.
Padre:
--- Comam! Comam! É hora de tirar
a barriga da miséria! – sorria a todos.
E o povo sorria.
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