segunda-feira, 17 de novembro de 2014

À LUZ DA LUA - 15 -

- Nanda Costa -

- 15 -

DISCO VOADOR

Zé Maromba era um negro alto e forte não temendo nem a morte se assim a morte viesse para o levar para o cemitério. Sua negritude era advinda dos seus parentes, todos eles africanos, chegados ao Brasil no tempo de escravidão. Por sinal, a sua mãe ainda pegou a escravidão, nesse País, bem como outros entes de Maromba. Para ser franco, o nome do homem era José Justino da Silva. O Maromba veio por conta de sua força sobre-humana. Outra questão era que ele já nem falava direito, por um defeito na língua desordenando tudo como se fosse bem falado. Era capaz de levar da cabeça uma mesa de bilhar por sua força descomunal. Quando era para fazer alguma compra, o dono da tal chamava Maromba para conduzir a mercadoria, quase sempre de bom peso. Era a vida que levava o homem de grande peso, a virar de bairro a outro com o seu passo vagaroso sem temer nem ladrão. Às vezes se ouvia Maromba cantarolar uma música desconexa com seu vozeirão abafado. Se era dia ele dormia. Se era noite, trabalhava. Isso às vezes. Beber, nunca. Era do tipo manso e só respondia a uma questão com uma voz cheia e muito baixa.   
Certa vez, Zé Maromba estava a cochilar em plena madrugada, em baixo de uma banca de feira quando para ele desceu uma maravilhosa nave espacial em forma arredondada, uma cabeça alta e um pires totalmente iluminado formando mesmo um disco. Sem barulho, o disco, se bem provável ficou suspenso do chão a uma altura de cerca de trinta metros ou mais em plena ar. Na artéria, uma rua transversal onde ficavam as bancas não havia nem uma alma, ao que parecia ser. Um faixo de luz muito clara e ampla surgiu da imensa nave vindo a tocar no chão. Na rua tinham uns pés de fícus, árvore frondosa, porém sem frutos a não ser uns micros-frutos não comestíveis e além do mais uns besouros chamados pela alcunha de “larcerdinhas”. Tais besouros, quando era dia, caíam no chão e sua presença era dolorosa nas pessoas a queimar com a sua constância os olhos dos passantes em torno desses madeiros.
Da nave desceram dois esquisitos e gigantescos extraterrestes cada qual de uma altura de três metros mais ou menos e se dirigiram para onde estava a cochilar o homem Zé Maromba. Um deles levantou pela força de seus braços o dorminhoco condutor de mercadorias. Pelo visto, Maromba nem sequer notou o extraterrestre pois nada ele reclamou da tal maneira. Enquanto isso, em uma esquina da rua transversal surgiu um outro homem vindo não sei de onde e pode observar aquilo que estava ocorrendo. Esse homem notou a nave espacial, a luz que emanava, os dois extraterrestres e o homem Zé Maromba sendo conduzido para o centro da nave onde estava o faixo de luz terrivelmente branca. O cabeceiro buscou olhar melhor sem mesmo surgir para não se mostrar aos dois extraterrestres. E então observou a nave puxar a luz de baixo para cima e, com espaço de um minuto, seguiu para o espaço sem fim a uma velocidade tremenda do cabeceiro nem poder contar. Foi vupt-vapt. E a nave desapareceu na escuridão do espaço. Aterrorizado, o cabeceiro quase se borra de temor. Ele não deve dúvida e correu rua à fora a procura de alguém para ditar o ocorrido.
Na metade da rua da feira vinha um outro prestador de serviço quando se esbarrou com o frágil cabeceiro totalmente suado e com um caso para revelar.
Cabeceiro:
--- Zé de Melo! Zé de Melo! Acuda-me! A Polícia tá procurando a gente para levar preso!! – gritava o pobre cabeceiro com os olhos aboticados.
Zé de Melo:
--- Quem? Polícia? Quem disse isso? Tais bêbado? – perguntou ele sem ter noção alguma do verdadeiro ocorrido.
Cabeceiro:
--- Que bêbado que nada! Eu vi agora quando a Polícia pegou Zé Maromba e o levou para bem longe desse mundo! – relatou o cabeceiro com voz cheia de temor.
Nesse ponto chegava ao local da feira um homem – Fortunato – a dirigir sua velha camioneta e buscou serviços dos dois conhecidos de mercado.
Fortunato:
--- Vamos! Vamos! Eu estou atrasado! – disse isso e passou a mão na testa para tirar o suor.
Zé de Melo:
--- Seu Fortuna, ouça o que Antônio Cabeceiro tem para contar! – relatou com um certo sorriso.
Seu Fortunato nem ligou da primeira vez pois estava com uma carga pesada a sacudir o trágico movimento da camioneta.  Mesmo assim, após alguns segundos, ele se voltou para a frente dos dois cabeceiros.
Fortunado:
--- Que é que há? Quem morreu? Onde está o defunto? – perguntou com cisma
Antônio:
--- Não é nada disso seu Fortuna. A Polícia está levando todos nós! – confessou delirando
Fortunato:
--- Polícia? Ela não tem canja nem para comer! Quem disse isso? Vamos logo que tenho pressa! – declarou Fortunato a desenrolar a caga da camioneta.
Antônio:
--- Veja bem, meu patrão. Há poucos minutos Zé Maromba estava a cochilar em baixo de uma banca e a Polícia chegou com um tremendo balão a caber em duas casas dessas e levou o pobre para o espaço. – relatou sem dúvidas.
Fortunato se voltou e olhou bem para o homem. Em seguida, indagou:
Fortunato:
--- Tais bêbado homem? Que bosta é essa que estás a contar? A Polícia não tem dinheiro nem para consertar os seus velhos jipes! Como é que foi! Conta! – falou com receio.
E Antônio Cabeceiro contou tudo direitinho pela enésima vez para o seu patrão de ocasião. O homem se debruçou sobre a carga e relatou de uma vez por todas.
Fortunato:
--- Vamos à Delegacia. Vamos prestar queixa do ocorrido. Pode ser que tenha ocorrido o homem ter sido raptado por um Disco Voador. – relatou com muito assombro
Zé de Melo:
--- Um disco o que? – indagou espantado.
Na Delegacia não havia viva alma. Depois de muito bater palmas surgiu um soldado coçado os olhos pois estava com cara de sono. E foi logo a indagar:
Soldado
--- Que vocês querem? – indagou sonolento
Fortunato:
--- Uma parte! – relatou com vexame.
Soldado:
--- O Delegado só chega às dez horas. – e trancou a porta da cadeia.
Fortunato:
--- Tá vendo! Tá vendo! Uma merda dessas quer ser soldado! –se meteu azucrinado o homem
A porta se abriu novamente e o soldado, amargando as horas voltou a indagar.
Soldado:
--- Merda o que? Eu prendo todos vocês! – relatou cheio de sono o velho soldado
Após toda essa confusão, foi feita a denúncia: um Disco Voador foi posto como o culpado da ocorrência de plena madrugada. Após horas da manhã, os três homens – Fortunato, Zé de Melo e Antônio Cabeceiro despachavam suas mercadorias para um armazém local quando sem mais nem menos surgiu um homem forte do tamanho de um gigante a perambular pela calçada cheia de mercadorias. De imediato, Antônio Cabeceiro notou:
Antônio:
--- Lá está ele! – alertou o cabeceiro.
E todos se voltaram para ver de perto a figura de Zé Maromba. Um deles, indagou:
Zé de Melo:
--- Maromba! Onde tu estava? – indagou com pressa.
O homem:
--- Quem é Maromba? Tu não tens o que fazer, não? Ora vai pra merda! – falou com uma voz diferente.
Zé de Melo:
--- Mas você não é Maromba? – indagou perplexo.

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