- Nanda Costa -
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DISCO VOADOR
Zé Maromba era um negro alto e
forte não temendo nem a morte se assim a morte viesse para o levar para o
cemitério. Sua negritude era advinda dos seus parentes, todos eles africanos,
chegados ao Brasil no tempo de escravidão. Por sinal, a sua mãe ainda pegou a
escravidão, nesse País, bem como outros entes de Maromba. Para ser franco, o
nome do homem era José Justino da Silva. O Maromba veio por conta de sua força
sobre-humana. Outra questão era que ele já nem falava direito, por um defeito
na língua desordenando tudo como se fosse bem falado. Era capaz de levar da
cabeça uma mesa de bilhar por sua força descomunal. Quando era para fazer
alguma compra, o dono da tal chamava Maromba para conduzir a mercadoria, quase
sempre de bom peso. Era a vida que levava o homem de grande peso, a virar de
bairro a outro com o seu passo vagaroso sem temer nem ladrão. Às vezes se ouvia
Maromba cantarolar uma música desconexa com seu vozeirão abafado. Se era dia
ele dormia. Se era noite, trabalhava. Isso às vezes. Beber, nunca. Era do tipo
manso e só respondia a uma questão com uma voz cheia e muito baixa.
Certa vez, Zé Maromba estava a
cochilar em plena madrugada, em baixo de uma banca de feira quando para ele
desceu uma maravilhosa nave espacial em forma arredondada, uma cabeça alta e um
pires totalmente iluminado formando mesmo um disco. Sem barulho, o disco, se
bem provável ficou suspenso do chão a uma altura de cerca de trinta metros ou
mais em plena ar. Na artéria, uma rua transversal onde ficavam as bancas não
havia nem uma alma, ao que parecia ser. Um faixo de luz muito clara e ampla surgiu
da imensa nave vindo a tocar no chão. Na rua tinham uns pés de fícus, árvore
frondosa, porém sem frutos a não ser uns micros-frutos não comestíveis e além
do mais uns besouros chamados pela alcunha de “larcerdinhas”. Tais besouros,
quando era dia, caíam no chão e sua presença era dolorosa nas pessoas a queimar
com a sua constância os olhos dos passantes em torno desses madeiros.
Da nave desceram dois esquisitos
e gigantescos extraterrestes cada qual de uma altura de três metros mais ou
menos e se dirigiram para onde estava a cochilar o homem Zé Maromba. Um deles
levantou pela força de seus braços o dorminhoco condutor de mercadorias. Pelo
visto, Maromba nem sequer notou o extraterrestre pois nada ele reclamou da tal
maneira. Enquanto isso, em uma esquina da rua transversal surgiu um outro homem
vindo não sei de onde e pode observar aquilo que estava ocorrendo. Esse homem
notou a nave espacial, a luz que emanava, os dois extraterrestres e o homem Zé
Maromba sendo conduzido para o centro da nave onde estava o faixo de luz
terrivelmente branca. O cabeceiro buscou olhar melhor sem mesmo surgir para não
se mostrar aos dois extraterrestres. E então observou a nave puxar a luz de
baixo para cima e, com espaço de um minuto, seguiu para o espaço sem fim a uma
velocidade tremenda do cabeceiro nem poder contar. Foi vupt-vapt. E a nave
desapareceu na escuridão do espaço. Aterrorizado, o cabeceiro quase se borra de
temor. Ele não deve dúvida e correu rua à fora a procura de alguém para ditar o
ocorrido.
Na metade da rua da feira vinha
um outro prestador de serviço quando se esbarrou com o frágil cabeceiro totalmente
suado e com um caso para revelar.
Cabeceiro:
--- Zé de Melo! Zé de Melo!
Acuda-me! A Polícia tá procurando a gente para levar preso!! – gritava o pobre
cabeceiro com os olhos aboticados.
Zé de Melo:
--- Quem? Polícia? Quem disse
isso? Tais bêbado? – perguntou ele sem ter noção alguma do verdadeiro ocorrido.
Cabeceiro:
--- Que bêbado que nada! Eu vi
agora quando a Polícia pegou Zé Maromba e o levou para bem longe desse mundo! –
relatou o cabeceiro com voz cheia de temor.
Nesse ponto chegava ao local da
feira um homem – Fortunato – a dirigir sua velha camioneta e buscou serviços
dos dois conhecidos de mercado.
Fortunato:
--- Vamos! Vamos! Eu estou
atrasado! – disse isso e passou a mão na testa para tirar o suor.
Zé de Melo:
--- Seu Fortuna, ouça o que Antônio
Cabeceiro tem para contar! – relatou com um certo sorriso.
Seu Fortunato nem ligou da
primeira vez pois estava com uma carga pesada a sacudir o trágico movimento da
camioneta. Mesmo assim, após alguns
segundos, ele se voltou para a frente dos dois cabeceiros.
Fortunado:
--- Que é que há? Quem morreu?
Onde está o defunto? – perguntou com cisma
Antônio:
--- Não é nada disso seu Fortuna.
A Polícia está levando todos nós! – confessou delirando
Fortunato:
--- Polícia? Ela não tem canja
nem para comer! Quem disse isso? Vamos logo que tenho pressa! – declarou
Fortunato a desenrolar a caga da camioneta.
Antônio:
--- Veja bem, meu patrão. Há
poucos minutos Zé Maromba estava a cochilar em baixo de uma banca e a Polícia
chegou com um tremendo balão a caber em duas casas dessas e levou o pobre para
o espaço. – relatou sem dúvidas.
Fortunato se voltou e olhou bem
para o homem. Em seguida, indagou:
Fortunato:
--- Tais bêbado homem? Que bosta
é essa que estás a contar? A Polícia não tem dinheiro nem para consertar os
seus velhos jipes! Como é que foi! Conta! – falou com receio.
E Antônio Cabeceiro contou tudo
direitinho pela enésima vez para o seu patrão de ocasião. O homem se debruçou
sobre a carga e relatou de uma vez por todas.
Fortunato:
--- Vamos à Delegacia. Vamos
prestar queixa do ocorrido. Pode ser que tenha ocorrido o homem ter sido
raptado por um Disco Voador. – relatou com muito assombro
Zé de Melo:
--- Um disco o que? – indagou
espantado.
Na Delegacia não havia viva alma.
Depois de muito bater palmas surgiu um soldado coçado os olhos pois estava com
cara de sono. E foi logo a indagar:
Soldado
--- Que vocês querem? – indagou
sonolento
Fortunato:
--- Uma parte! – relatou com
vexame.
Soldado:
--- O Delegado só chega às dez
horas. – e trancou a porta da cadeia.
Fortunato:
--- Tá vendo! Tá vendo! Uma merda
dessas quer ser soldado! –se meteu azucrinado o homem
A porta se abriu novamente e o
soldado, amargando as horas voltou a indagar.
Soldado:
--- Merda o que? Eu prendo todos
vocês! – relatou cheio de sono o velho soldado
Após toda essa confusão, foi
feita a denúncia: um Disco Voador foi posto como o culpado da ocorrência de
plena madrugada. Após horas da manhã, os três homens – Fortunato, Zé de Melo e
Antônio Cabeceiro despachavam suas mercadorias para um armazém local quando sem
mais nem menos surgiu um homem forte do tamanho de um gigante a perambular pela
calçada cheia de mercadorias. De imediato, Antônio Cabeceiro notou:
Antônio:
--- Lá está ele! – alertou o cabeceiro.
E todos se voltaram para ver de
perto a figura de Zé Maromba. Um deles, indagou:
Zé de Melo:
--- Maromba! Onde tu estava? –
indagou com pressa.
O homem:
--- Quem é Maromba? Tu não tens o
que fazer, não? Ora vai pra merda! – falou com uma voz diferente.
Zé de Melo:
--- Mas você não é Maromba? –
indagou perplexo.
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