domingo, 23 de novembro de 2014

À LUZ DA LUA - 19 -

- Keira Kniightly -

- 19 -

MISTÉRIOS

Paulo viajava logo cedo da manhã em um ônibus para a Capital onde faria exames para verificar a sua saúde. De repente, se sentou a seu lado um cidadão vindo do nada. E Paulo ficou atônito com o caso ocorrido. E se perguntava como aquilo teria sucedido. Mistério! De imediato, Paulo quis sair do seu assento e procurar um outro local. Mesmo assim não podia porque as cadeiras eram numeradas. A sua cadeira tinha um número. As outras tinham outras numerações. Além do mais, as cadeiras estavam quase todas ocupadas por viajantes. O homem surgiu de repente de um lugar não sabido pelo o seu ocupante do lado. A brisa da manhã era calma e clara. O sol batia no vidro da janela do ônibus permitindo aos seus ocupantes ver o ocorrido pelo lado de fora do carro. Algumas pessoas comiam alguma coisa salgada enquanto a viajem prosseguia. O estranho homem, muito delicado, perguntou a Paulo, companheiro de viagem:
Viajante:
--- Em que ano nós estamos? – indagou surpreso.
Paulo se inquietou ainda mais porque o homem perguntava frivolidades. E por acaso prosseguiu a questão levantada.
Paulo:
--- Eu tenho a impressão que estamos em 1990, ano vulgar. Satisfeito? – indagou por sua exata resposta
O viajante intruso se aquietou no assento como se estivesse a dormir após tão longa viagem. De mãos cruzadas ao ventre, o viajante como a cochilar, indagou:
Viajante:
--- Por favor, em que século nós estamos? – formulou com sua voz pesada.
Paulo:
--- Século? Que século? Nós estamos no século XX. Ora! – prosseguiu com a sua tormentosa resposta
Viajante:
--- Ah. Entendo. Como pode ser isso? Século XX? Eu viajei no tempo e no espaço! Em que século eu estava? – relatou o viajante a divagar.
Paulo viu naquela figura um estranho ser apesar de parecer com qualquer dos seres do nosso enigmático planeta. E fez questão de saber:
Paulo:
--- De onde o senhor veio? – perguntou inquieto.
Viajante:
--- De muitos séculos a frente. – respondeu a ressonar.
Paulo supôs ser esse mundo cheio de loucos. Não perguntaria mais nada porque o viajante teria respostas deturpadas. Seria melhor ele fazer de conta que também estava a cochilar por algum tempo enfim. Porém, o viajante ainda indagou.
Viajante:
--- Para onde vamos? – indagou sem se mexer no assento.
E nessa ocasião, Paulo ficou mais atormentado. Está falando com um estranho vindo de futuros remotos, isso já era inconcebível. Mesmo assim ele recomendou ao ser esperar chegar ao seu destino, provavelmente a Capital do Estado.
Paulo:
--- Durma! Daqui há instantes o senhor saberá! – aconselhou batendo sua mão na perna o viajante.
Viajante:
--- O senhor sabe quantas informações o seu cérebro recebe de uma só vez? Quatrocentos bilhões de bits por segundo! – disse o viajante.
Disso, Paulo não entendia. Ele apenas entedia de frutas estragadas ou não. Esse negócio de “morcegos” Paulo apenas sabia que voavam à noite
Paulo:
--- Esse tal negócio são morcegos? Eles fazem muito dessas coisas quando estão voando durante a noite. Bit, bit, bit, - falou desconfiado.
O viajante fez não ouvir. Apenas deduziu o que seriam morcegos. E assim voltou à conversa.
Viajante:
--- Não. Não. São informações da sua mente. Ela recebe quatrocentos bilhões de bits por segundo a apenas processa dois mil! Isso é mecânica quântica! – respondeu.
Paulo naufragou em sua mente procurando detectar o que o viajante o dissera. Passando a mão na cabeça a coçar seus imagináveis piolhos ele apenas definiu.
Paulo:
--- Louco varrido. Eu ainda vou na conversa desse homem! – pensou com brutal precisão.
E o carro rompia célere por seu caminho na estrada de asfalto. Do lado de fora os terrenos desocupados. Uma casinha lá por dentro do que se podia olhar de certo.
Viajante:
--- A realidade está acontecendo no cérebro o tempo todo sem mesmo nós podermos a integrá-las. Os olhos são como lentes. Mas a fita que estamos realmente vendo está na parte de trás do cérebro. É o córtex visual. – falou o homem apenas com os olhos fechados.
Paulo:
--- Ave Jesus!!! Com quem casei minha filha? – imaginou ter de fazer tal questão.
Viajante:
--- O único filme que está passando no cérebro é o que temos a capacidade de ver. – explicou
Paulo:
--- Coitado! Quanta besteira! – pensou o homem sem nada mais querer saber.
Viajante:
--- Nós criamos a realidade. Somos máquinas produtoras da realidade. Criamos os efeitos de realidade o tempo todo. A realidade é uma grande ilusão. – explicou sem olhar a sua volta.
Paulo desistiu de ouvir tanta besteira dita pelo viajante. Era preferível ele apenas dormir e acordar no final da sua viagem quando seguia para o médico no gigante hospital já cheio de pacientes, alguns acamados, postos dos corredores onde enfermeiras passavam indo e vindo sem dar a menor assistência a tais doentes, alguns paralíticos e outros sem a devida consciência de um ser normal.
E o carro corria veloz como sem nunca estacionar a cruzar com outros veículos vindos com malas e bagagem para onde eles podiam seguir, afinal. Em um dado instante Paulo fingiu acordar e olhou de algum modo para o seu acompanhante.
Viajante:
--- Eu sei que o senhor não dormia. Apenas fingia dormir. Certamente, o senhor estava em uma vida paralela. Isso é o que o senhor acredita ser real. – relatou pra melhor se definir.
Paulo:
--- Não. Não. Eu estava pensado no médico. No hospital. Gente muita. Eu queria sair antes das duas horas da tarde. Mas não sei nem se o médico está no consultório a essa hora. É o diabo! – reclamou pesaroso.
Viajante:
--- A direção que uma vida toma depende de efeitos quânticos. A matéria é pensada como a conclusão de um modo que ela é estática e previsível. – falou o homem a fazer de conta que um pouco dormia.
Paulo:
--- Lá vem bomba! Por que ele não fala em bananas, laranjas, abacates e melancias? Seria melhor compreensível. – delirou o pobre homem
Viajante:
--- Atualmente, as pessoas... – não desse Universo. Porém de outros. – Essas pessoas estão viajando para os novos Universos. Aliás, eu digo “novos” porém são mais antigos que outros. Não raro nós perguntamos: “Para elas onde foram”? – interrogou como um fato real.
Paulo:
--- Mas me diga! O senhor é desse Mundo? – indagou a pensar com quem falava.



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