- Keira Kniightly -
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MISTÉRIOS
Paulo viajava logo cedo da manhã
em um ônibus para a Capital onde faria exames para verificar a sua saúde. De
repente, se sentou a seu lado um cidadão vindo do nada. E Paulo ficou atônito
com o caso ocorrido. E se perguntava como aquilo teria sucedido. Mistério! De
imediato, Paulo quis sair do seu assento e procurar um outro local. Mesmo assim
não podia porque as cadeiras eram numeradas. A sua cadeira tinha um número. As
outras tinham outras numerações. Além do mais, as cadeiras estavam quase todas
ocupadas por viajantes. O homem surgiu de repente de um lugar não sabido pelo o
seu ocupante do lado. A brisa da manhã era calma e clara. O sol batia no vidro
da janela do ônibus permitindo aos seus ocupantes ver o ocorrido pelo lado de
fora do carro. Algumas pessoas comiam alguma coisa salgada enquanto a viajem
prosseguia. O estranho homem, muito delicado, perguntou a Paulo, companheiro de
viagem:
Viajante:
--- Em que ano nós estamos? –
indagou surpreso.
Paulo se inquietou ainda mais
porque o homem perguntava frivolidades. E por acaso prosseguiu a questão
levantada.
Paulo:
--- Eu tenho a impressão que
estamos em 1990, ano vulgar. Satisfeito? – indagou por sua exata resposta
O viajante intruso se aquietou no
assento como se estivesse a dormir após tão longa viagem. De mãos cruzadas ao
ventre, o viajante como a cochilar, indagou:
Viajante:
--- Por favor, em que século nós
estamos? – formulou com sua voz pesada.
Paulo:
--- Século? Que século? Nós
estamos no século XX. Ora! – prosseguiu com a sua tormentosa resposta
Viajante:
--- Ah. Entendo. Como pode ser
isso? Século XX? Eu viajei no tempo e no espaço! Em que século eu estava? –
relatou o viajante a divagar.
Paulo viu naquela figura um
estranho ser apesar de parecer com qualquer dos seres do nosso enigmático
planeta. E fez questão de saber:
Paulo:
--- De onde o senhor veio? –
perguntou inquieto.
Viajante:
--- De muitos séculos a frente. –
respondeu a ressonar.
Paulo supôs ser esse mundo cheio
de loucos. Não perguntaria mais nada porque o viajante teria respostas deturpadas.
Seria melhor ele fazer de conta que também estava a cochilar por algum tempo
enfim. Porém, o viajante ainda indagou.
Viajante:
--- Para onde vamos? – indagou
sem se mexer no assento.
E nessa ocasião, Paulo ficou mais
atormentado. Está falando com um estranho vindo de futuros remotos, isso já era
inconcebível. Mesmo assim ele recomendou ao ser esperar chegar ao seu destino,
provavelmente a Capital do Estado.
Paulo:
--- Durma! Daqui há instantes o
senhor saberá! – aconselhou batendo sua mão na perna o viajante.
Viajante:
--- O senhor sabe quantas
informações o seu cérebro recebe de uma só vez? Quatrocentos bilhões de bits
por segundo! – disse o viajante.
Disso, Paulo não entendia. Ele
apenas entedia de frutas estragadas ou não. Esse negócio de “morcegos” Paulo
apenas sabia que voavam à noite
Paulo:
--- Esse tal negócio são
morcegos? Eles fazem muito dessas coisas quando estão voando durante a noite.
Bit, bit, bit, - falou desconfiado.
O viajante fez não ouvir. Apenas
deduziu o que seriam morcegos. E assim voltou à conversa.
Viajante:
--- Não. Não. São informações da
sua mente. Ela recebe quatrocentos bilhões de bits por segundo a apenas
processa dois mil! Isso é mecânica quântica! – respondeu.
Paulo naufragou em sua mente
procurando detectar o que o viajante o dissera. Passando a mão na cabeça a
coçar seus imagináveis piolhos ele apenas definiu.
Paulo:
--- Louco varrido. Eu ainda vou
na conversa desse homem! – pensou com brutal precisão.
E o carro rompia célere por seu
caminho na estrada de asfalto. Do lado de fora os terrenos desocupados. Uma
casinha lá por dentro do que se podia olhar de certo.
Viajante:
--- A realidade está acontecendo
no cérebro o tempo todo sem mesmo nós podermos a integrá-las. Os olhos são como
lentes. Mas a fita que estamos realmente vendo está na parte de trás do
cérebro. É o córtex visual. – falou o homem apenas com os olhos fechados.
Paulo:
--- Ave Jesus!!! Com quem casei
minha filha? – imaginou ter de fazer tal questão.
Viajante:
--- O único filme que está
passando no cérebro é o que temos a capacidade de ver. – explicou
Paulo:
--- Coitado! Quanta besteira! –
pensou o homem sem nada mais querer saber.
Viajante:
--- Nós criamos a realidade.
Somos máquinas produtoras da realidade. Criamos os efeitos de realidade o tempo
todo. A realidade é uma grande ilusão. – explicou sem olhar a sua volta.
Paulo desistiu de ouvir tanta besteira
dita pelo viajante. Era preferível ele apenas dormir e acordar no final da sua
viagem quando seguia para o médico no gigante hospital já cheio de pacientes,
alguns acamados, postos dos corredores onde enfermeiras passavam indo e vindo
sem dar a menor assistência a tais doentes, alguns paralíticos e outros sem a
devida consciência de um ser normal.
E o carro corria veloz como sem
nunca estacionar a cruzar com outros veículos vindos com malas e bagagem para
onde eles podiam seguir, afinal. Em um dado instante Paulo fingiu acordar e
olhou de algum modo para o seu acompanhante.
Viajante:
--- Eu sei que o senhor não
dormia. Apenas fingia dormir. Certamente, o senhor estava em uma vida paralela.
Isso é o que o senhor acredita ser real. – relatou pra melhor se definir.
Paulo:
--- Não. Não. Eu estava pensado
no médico. No hospital. Gente muita. Eu queria sair antes das duas horas da tarde.
Mas não sei nem se o médico está no consultório a essa hora. É o diabo! –
reclamou pesaroso.
Viajante:
--- A direção que uma vida toma
depende de efeitos quânticos. A matéria é pensada como a conclusão de um modo
que ela é estática e previsível. – falou o homem a fazer de conta que um pouco
dormia.
Paulo:
--- Lá vem bomba! Por que ele não
fala em bananas, laranjas, abacates e melancias? Seria melhor compreensível. –
delirou o pobre homem
Viajante:
--- Atualmente, as pessoas... –
não desse Universo. Porém de outros. – Essas pessoas estão viajando para os
novos Universos. Aliás, eu digo “novos” porém são mais antigos que outros. Não
raro nós perguntamos: “Para elas onde foram”? – interrogou como um fato real.
Paulo:
--- Mas me diga! O senhor é desse
Mundo? – indagou a pensar com quem falava.
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