sábado, 29 de novembro de 2014

À LUZ DA LUA - 25 -

- Malu Mader -
- 25 -

A MORTE

Pois é. Ninguém suporta esta palavra: “Morte”. Quando alguém morre, sendo da família, há choros, gritos e velas. O pranto é um agouro lastimoso dos parentes para o ente querido. Há que se desculpa e diz não poder ir ao enterro de fulana. Há os que fingem não saber. Há os que adoram os velórios para se empastelar com as guloseimas em memória do morto. Há os que se empapam de vinhos a declarar que aquela é a saúde da vítima. Tem diversos motivos para se encarar ou não a morte. Até mesmo a morte de um animal de estimação. As pessoas procuram sepultar os seus bichos em um túmulo caprichado e, costumeiramente, depositam todos os dias ou mesmo semanas um buquê de rosas perfumosas. Nos países orientais se consomem a carne desses animais com um aperitivo de uma bebida qualquer. No nordeste do Brasil, um animal morto por causa da fome ingrata, é deixado ao léu. É apenas uma carcaça de uma vaca ou de um jumento. E quando alguém passa pelo local, leva ao nariz um lenço ou mesmo parte da roupa de vestir:
Transeunte:
--- Ô catinga! – diz.
Dois:
--- Tem bicho morto por ai.
Três:
--- É só carniça! – e cospe para todos os lados.
Se uma vaca é atropelada e morta, se for por um carro, o motorista procura saber quem é o dono para pagar o reparo do seu veículo. Mas, o dono da vaca desaparece, com certeza. Certa vez, em uma estrada de Assú, um transporte de linha atropelou uma vaca a destroçar parte dianteira do carro. O dono na vaca sumiu. O pessoal, morador perto da estrada, aproveitou para recolher as partes melhores a rês e da vaca morta sobrou apenas a carcaça. O transporte coletivo seguiu caminho sem a metade da “cara”. O prejuízo foi contemplado pelo próprio dono de carro. Esse é o preço da morte. O motorista deve ter cuidado para não danificar os sinalizadores de estrada. Aqueles em forma de “pirulito”. O motorista atropelador de um sinal de transito tem a multa da certa e a perda de pontos em sua carteira. Um pirulito representa um homem que está na patrulha de um conserto na estrada. Em se atropelar um pirulito se está matando ou ferindo uma pessoa de guarda.  Matar cachorro da estrada, é matar uma pessoa, pois aquele animal representa uma vida humana. O mesmo ocorre para um gato ou raposa.
Certa vez, um motorista que entregava jornais na cidade de Caicó, longe de Natal, quando ele voltava do serviço, trazendo a “boia” de jornais no interior do seu carro – um fusca – atropelou uma raposa da rodovia. Atarantado por ter morto o animal, ele mais que depressa a buscou e introduziu a sua vítima na mala do pequeno carro. Já era tarde do dia. Quando o motorista chegou na corrente, um posto aduaneiro existente na rodovia já próximo a Nata, (Rn) teve que parar para prestar conta do ocorrido, não da raposa. Porém de estar trazendo as “boias” de jornais, como já era o seu costume. O guarda rodoviário depois de muita arenga para ele abrir a mala do carro, enfim, para acabar a discussão, o homem do transito, foi ele mesmo a inspeção da mercadora trazida de volta.
E foi então que se deu a confusão. Ao abrir a mala do fusca a ficar na frente do carro, houve um tremendo susto. A raposa pulou em cima do peito do guarda, ele teve tamanho pavor e não mais quis saber do contar o volume de jornais. Seguiu a frente a correr e a raposa, recobrando os sentidos, corria em busca – provavelmente – do mato. Foi uma coisa de louco. O guarda na frente em desabalada carreira, e a raposa atrás a procura de um matagal. Nesse ponto, o motorista acionou o carro e largou o pé na estrada.  
Esses foram os mais característicos acontecimentos de estrada. Pedro Carreteiro contava acontecimentos havido com ele e outros companheiros de rodovias. Um deles foi quatro homens vestidos de policiais militares. O ônibus interestadual corria na velocidade permitida quando os quatro policiais em seu veículo mandaram brecar o carro em um acostamento de rodovia. Era de tarde. Os policiais entraram no transporte de passageiros e sem temor alertaram de imediato aos passageiros;
Policiais:
--- Isso é um assalto. Viemos buscar o numerário que vocês têm! E uma ordem! Do contrário nós acabaremos com sua raça! – disse um dos supostos policiais
E começou a confusão. Os supostos militares foram arrebanhando as carteiras de cédulas de homens e mulheres e retirando todo o dinheiro encontrado. No último assento viajava um passageiro dos seus setenta anos de idade. Quando o suspeito policial com uma arma mandou o velho passar o dinheiro mais que depressa. O velho não se assustou e puxou de seu revólver calibre 45 e detonou mais sem conversa. Foi tiro e queda do bandido sanguinário. Um outro pretenso militar olhou em torno vendo caído o seu comparsa. Outro tiro, mais uma queda. Os dois pretensos policiais que estava mais à frente do ônibus cuidaram em escapar. E o velho mostrou a sua identidade de General do Exército e mandou todos os dois se curvarem enquanto o motorista era motivado a algemar os dois meliantes enquanto os passageiros, tremendo de pavor rogavam:
Passageiros:
--- Não me mate. Não me mate. Não me mate! – diziam alguns passageiros.
O general sorriu e disse apenas que eram apenas os meliantes os alvos da ação.
Outro:
--- Isso é covardia! Matar sem que nem mais? – gritava um dos passageiros
Foi dito e feito. Os passageiros do transporte foram de sola em cima do homem que protestava do abuso o General e comeram na tapa até alguém ditar “basta”. O audacioso forasteiro era um dos tais a comandar o saque àqueles homens que subiram no ônibus em busca de suas casas. E assim, três meliantes foram presos de verdade. As duas vítimas ficaram no chão do carro até chegar ao rabecão do Instituto Médico. Por precaução, os passageiros foram deslocados para outro transporte e seguiram a contar vantagem no feito. O General foi com os bandidos para a Delegacia de Polícia mais próxima onde prestou seu depoimento com muita atenção.
A morte. Enfim, a morte. Final de uma existência tranquila ou não quando um paciente ou qualquer ser animal pousa seus últimos suspiros no desespero da vida. Que viva a morte, pois a vida se perde com o passar do tempo onde os últimos entraves não mais se agitam. Só os covardes temem a morte.

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