- Malu Mader -
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A MORTE
Pois é. Ninguém suporta esta
palavra: “Morte”. Quando alguém morre, sendo da família, há choros, gritos e
velas. O pranto é um agouro lastimoso dos parentes para o ente querido. Há que
se desculpa e diz não poder ir ao enterro de fulana. Há os que fingem não
saber. Há os que adoram os velórios para se empastelar com as guloseimas em
memória do morto. Há os que se empapam de vinhos a declarar que aquela é a
saúde da vítima. Tem diversos motivos para se encarar ou não a morte. Até mesmo
a morte de um animal de estimação. As pessoas procuram sepultar os seus bichos
em um túmulo caprichado e, costumeiramente, depositam todos os dias ou mesmo
semanas um buquê de rosas perfumosas. Nos países orientais se consomem a carne
desses animais com um aperitivo de uma bebida qualquer. No nordeste do Brasil,
um animal morto por causa da fome ingrata, é deixado ao léu. É apenas uma
carcaça de uma vaca ou de um jumento. E quando alguém passa pelo local, leva ao
nariz um lenço ou mesmo parte da roupa de vestir:
Transeunte:
--- Ô catinga! – diz.
Dois:
--- Tem bicho morto por ai.
Três:
--- É só carniça! – e cospe para
todos os lados.
Se uma vaca é atropelada e morta,
se for por um carro, o motorista procura saber quem é o dono para pagar o
reparo do seu veículo. Mas, o dono da vaca desaparece, com certeza. Certa vez,
em uma estrada de Assú, um transporte de linha atropelou uma vaca a destroçar
parte dianteira do carro. O dono na vaca sumiu. O pessoal, morador perto da
estrada, aproveitou para recolher as partes melhores a rês e da vaca morta
sobrou apenas a carcaça. O transporte coletivo seguiu caminho sem a metade da
“cara”. O prejuízo foi contemplado pelo próprio dono de carro. Esse é o preço
da morte. O motorista deve ter cuidado para não danificar os sinalizadores de
estrada. Aqueles em forma de “pirulito”. O motorista atropelador de um sinal de
transito tem a multa da certa e a perda de pontos em sua carteira. Um pirulito
representa um homem que está na patrulha de um conserto na estrada. Em se
atropelar um pirulito se está matando ou ferindo uma pessoa de guarda. Matar cachorro da estrada, é matar uma
pessoa, pois aquele animal representa uma vida humana. O mesmo ocorre para um
gato ou raposa.
Certa vez, um motorista que
entregava jornais na cidade de Caicó, longe de Natal, quando ele voltava do
serviço, trazendo a “boia” de jornais no interior do seu carro – um fusca –
atropelou uma raposa da rodovia. Atarantado por ter morto o animal, ele mais
que depressa a buscou e introduziu a sua vítima na mala do pequeno carro. Já
era tarde do dia. Quando o motorista chegou na corrente, um posto aduaneiro
existente na rodovia já próximo a Nata, (Rn) teve que parar para prestar conta
do ocorrido, não da raposa. Porém de estar trazendo as “boias” de jornais, como
já era o seu costume. O guarda rodoviário depois de muita arenga para ele abrir
a mala do carro, enfim, para acabar a discussão, o homem do transito, foi ele
mesmo a inspeção da mercadora trazida de volta.
E foi então que se deu a
confusão. Ao abrir a mala do fusca a ficar na frente do carro, houve um
tremendo susto. A raposa pulou em cima do peito do guarda, ele teve tamanho
pavor e não mais quis saber do contar o volume de jornais. Seguiu a frente a
correr e a raposa, recobrando os sentidos, corria em busca – provavelmente – do
mato. Foi uma coisa de louco. O guarda na frente em desabalada carreira, e a
raposa atrás a procura de um matagal. Nesse ponto, o motorista acionou o carro
e largou o pé na estrada.
Esses foram os mais
característicos acontecimentos de estrada. Pedro Carreteiro contava
acontecimentos havido com ele e outros companheiros de rodovias. Um deles foi
quatro homens vestidos de policiais militares. O ônibus interestadual corria na
velocidade permitida quando os quatro policiais em seu veículo mandaram brecar
o carro em um acostamento de rodovia. Era de tarde. Os policiais entraram no
transporte de passageiros e sem temor alertaram de imediato aos passageiros;
Policiais:
--- Isso é um assalto. Viemos
buscar o numerário que vocês têm! E uma ordem! Do contrário nós acabaremos com
sua raça! – disse um dos supostos policiais
E começou a confusão. Os supostos
militares foram arrebanhando as carteiras de cédulas de homens e mulheres e retirando
todo o dinheiro encontrado. No último assento viajava um passageiro dos seus
setenta anos de idade. Quando o suspeito policial com uma arma mandou o velho
passar o dinheiro mais que depressa. O velho não se assustou e puxou de seu
revólver calibre 45 e detonou mais sem conversa. Foi tiro e queda do bandido sanguinário.
Um outro pretenso militar olhou em torno vendo caído o seu comparsa. Outro
tiro, mais uma queda. Os dois pretensos policiais que estava mais à frente do
ônibus cuidaram em escapar. E o velho mostrou a sua identidade de General do Exército
e mandou todos os dois se curvarem enquanto o motorista era motivado a algemar
os dois meliantes enquanto os passageiros, tremendo de pavor rogavam:
Passageiros:
--- Não me mate. Não me mate. Não
me mate! – diziam alguns passageiros.
O general sorriu e disse apenas
que eram apenas os meliantes os alvos da ação.
Outro:
--- Isso é covardia! Matar sem
que nem mais? – gritava um dos passageiros
Foi dito e feito. Os passageiros
do transporte foram de sola em cima do homem que protestava do abuso o General
e comeram na tapa até alguém ditar “basta”. O audacioso forasteiro era um dos
tais a comandar o saque àqueles homens que subiram no ônibus em busca de suas
casas. E assim, três meliantes foram presos de verdade. As duas vítimas ficaram
no chão do carro até chegar ao rabecão do Instituto Médico. Por precaução, os
passageiros foram deslocados para outro transporte e seguiram a contar vantagem
no feito. O General foi com os bandidos para a Delegacia de Polícia mais
próxima onde prestou seu depoimento com muita atenção.
A morte. Enfim, a morte. Final de
uma existência tranquila ou não quando um paciente ou qualquer ser animal pousa
seus últimos suspiros no desespero da vida. Que viva a morte, pois a vida se
perde com o passar do tempo onde os últimos entraves não mais se agitam. Só os
covardes temem a morte.
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