sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O INFERNO - 28 -

- Alexis Bledel -
- 28 -

SEDUÇÃO

A idosa mulher estava sentada na cama a fumar seu cachimbo e cuspir para um lado entre outras ocorrências e nem se deu conta pelo fato da pergunta de Norma. Apenas disse estar acostumada com tais acontecimentos desde criança. Com seus 80 anos de vida Donana não era lá indolente. Quando queria fazia o fogo, assava o peixe, inventava cuscuz entre outros afazeres domésticos. Os seus anos de vida nem parecia tê-los. Baixa, corcunda, magra andava para cima e para baixo. Quando queria tecer fumo, logo depressa Donana saía de casa, entrava na bodega de seu Lustosa, um velho feio e rabugento além de ter imensa barriga, parecendo inclusive um português, pedia-lhe uma nesga, dava-lhe um cruzeiro, nem sorria e voltava para a sua casa. Era essa a Donana bem vivida e querida de todos os compadres do arruado de casas simples.
Donana:
--- Esse negócio de alma eu conheço desde minha idade de inocente. Não raro, quando eu era “burguela” pequena eu via coisa que o mundo não sabia. Pequena, assim! – e fez o seu tamanho com a mão mostrando uma criança de cinco anos de idade.
E completou o caso:
Donana:
--- Certa vez, inda miúda, eu vi um ser. Parecia com uma mulher. Ela sorria para o homem com quem andava. Mesmo assim, o homem não tinha visão de coisa alguma. Apenas a mulher querendo fazer “coisa” com ele. Eu não liguei muito e nem sabia o que era aquilo. Uma mulher bem cuidada, roupa decente, vestido longo, peitos nus. Era assim a mulher. Ou o fantasma cheio de brincos, diademas, pulseiras e outros “balagandans”. A fantasma foi para uma moita e fez lá o que estava a fazer. Isso, eu tinha meus cinco anos. Desde pequena que eu vejo essas coisas. Pra você vê. – destacou a anciã.
Norma:
--- A senhora quer dizer que o crime tinha um fantasma? – perguntou com assombro.
Donana:
--- Um moço que sacudiram na linha de ferro, outro dia, também foi mal assombro! E tem outros casos. O homem que pôs fim a vida no banheiro de sua casa grande, isso foi mal assombro. Ele estava com uma mulher que ninguém via. Ou melhor: uma tirana de chifre e tudo. Ela era um demônio com aparência de mulher. Coisa ruim! – cuspiu de lado.
Norma:
--- Nossa! Já me põe medo!!! E o homem do Francesinha? Quem foi a mulher? – indagou a estremecer de medo.
Donana:
--- Um carro vinha dos lagos de Pirangy, outro dia. Era de tarde. Nisso, o homem que dirigia o carro, se embiocou na margem da estrada e morreu. A sovina que vinha com ele, ninguém sabe dizer. Ela era um mal assombro. Só queria o seu sangue. E bebeu até a última gota. Depois, matou o verme. Foi uma só vez. (e fez com a sua mão um gesto de quem morre na estrada).
Norma:
--- A senhora viu o caso? – indagou com alarme.
Donana:
--- E eu preciso ver? Não saí da minha casa! Nem sei se puseram a notícia na rádio. – cuspia a anciã.
Norma:
--- E como a senhora soube?  - indagou amedrontada.
Donana:
--- Tem muita teima por esse meio de mundo. Guerras e mais guerras. Aviões, trens, navios e muito mais. Sabe do desastre do caminhão da curva da pista? – perguntou a anciã pondo o seu cachimbo em cima da alparcata.
Norma:
--- Não! Quando? – indagou a tremer de susto.
Donana:
--- Foi outro dia. O caminhão emborcou e morreu todo mundo. Ninguém sobrou com vida. Até os meninos pequenos. Foram jarro, banca, tamborete para tudo o que foi lado. Só sobrou a roda do carro! – relatou apanhado uma nesga de fumo para picotar com suas mãos.
Norma:
--- Ave Maria! Quando foi isso? – perguntou inquieta.
Donana:
--- Mulher diabo é o que não está faltando. Ela quer somente o sangue dos homens! Adultérios, vinganças, incestos, parricídios e magias, tudo isso é o que não falta. São elas que fazem sucesso popular há milhares de anos. As narrativas são as cruéis e desmedidas aventuras que fazem parecer brincadeiras infantis. Elas são seres de progresso capaz de criar Universos. O caso do homem de hoje à tarde, foi um deles. O matador cometeu o crime, não por vingança. Porém por ordem da mulher satânica. Eles – os dois: criminoso e vítima – jogavam baralho como eles eram acostumados a fazer. De repente uma ordem suprema determinou do sujeito matar o seu rival. Foi faca e morte! – disse a anciã fazendo o gesto da morte.
Norma:
--- Ave Maria! Meu Deus do Céu! Que crueldade! – apavorada a moça falou.
Donana:
--- As mulheres demônios são capazes de criar no Universo todas as coisas que nele habitam. As bestas ousam desafiar todos os poderes criados milhares de anos. Deus é o mais insaciável dos Deuses. Ele é protagonista das maiores aventuras entre todas as divindades. A sua capacidade é de transformar em qualquer coisa como seduzir todos os tipos de mulheres: deusas, princesas, rainhas, ninfas e mortais. Ele governa todos casos de adultérios. Porém, esse Deus não existe como se pensa. E nem governa o Universo como se diz. Tem uma história que diz ser esse Deus um gigante. Ele é o deus da trapaça. O seu passatempo é fazer mágica. Alto, bonito e sensual, ele é uma espécie de amante profissional. – libertou o seu ditar.
Norma:
--- Nossa Senhora!!!! Donana, a senhora me assusta!!!! – relatou a moça plena de desespero.
Donana:
--- Quer ouvir o que não sabe? – discutiu a anciã com forte terror.
Norma:
--- Não! Acho que não! Mas diga sempre! Ai meu Deus! – e se benzeu a moça cheia de temor.
A anciã a roçar com o fumo entre os dedos da mão olhou muito para a cara da moça, vendo-a tremer em todos em sentidos do corpo e mesmo assim deu prosseguimento a fala.
Donana:
--- Sabe de uma coisa?! (Falou séria). A mulher sempre foi um enigma para o homem. Mas é exatamente esse mistério que o atrai. O homem tem o interesse de despertar nele a vontade de investigar de perto o desconhecido. Apesar de surgir como forte inspiração desde tempos primevos do anônimo ancestral da raça humana. Um corpo feminino, uma espécie de Vênus e que remonta à humanidade. O mistério da alma feminina encontrou nas primeiras civilizações da Terra o tema ideal para que fosse possível tentar compreender o enigma! Entendeu agora, moça? – indagou com precisão a anciã.
Norma:
--- Não! Quer dizer: Sim! É. Talvez. - -a moça estremeceu por inteiro
A anciã, bastante curiosa, mostrou à moça humilde o certo da razão inconsciente. Norma ouvira tal forma de falar de alguém com a expressão eloquente de falar sobre o súccubus com precisa forma de ação. O homem foi morto por assassinato a mando do anjo do demônio quando lhe queria beber o seu resto de sangue para manter o elemento vital com todos os possíveis arranjos e nada mais. Era a existência do Lúcifer capaz de matar com ou sem dor o infeliz consciente depois de ampla negociação da qual o mizenga é capaz de sugar. 

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