domingo, 12 de outubro de 2014

O INFERNO - 30 -

- Sophie Charlotte -
- 30 -

OS DIAS

Passaram-se dois dias. Tâmara convidou o seu amante a viajar para lugares remotos, na parte sul do Estado, onde havia praias e notadamente poucos habitantes nativos. Era o início do segundo dia, pois Canindé já tornara-se conhecedor dos costumes da ansiada mulher. A grande e prazerosa súcuba, bela e suntuosa Dama, anjo caído do céu por ordem dos milenares Deuses sumerianos vindos no princípio da real vida nesse planeta Terra sentia-se feliz pelo encanto inocente do delicado herói. O tempo estava estio, a manhã revelava saber de primavera, o sol ainda não crescera de verdade no iluminado céu. Por isso, Tâmara pediu ao seu amante de viajar pelos longínquos rochedos do velho sul onde o mar beijava a terra. Na verdade, Canindé estava prestes a navegar com a sua extraterreste adorada pelos campos floridos do horizonte. Um veículo estava a postos na frente da casa grande, silencioso e dorminhoco como tal. Cheia de graças a Dama de Cetim corria sem temor a organizar tudo o haver na boleia do seu carro. Entre casos e coisas Canindé indagou:
Canindé:
--- Eu tenho algo a fazer? – sorriu como todos os ébrios enamorados.
Tâmara:
--- Apenas a me olhar a sorrir! – respondeu a dama enquanto guardava tudo no auto.
Ela era, na realidade, a alienígena de real valor para o espanto de todos os viventes.  O processo mental a que foi submetido o jovem mancebo estava em seu início de processo. O tipo de poder havia se iniciado desde o encontro da manhã do dia passado. A máquina zoava como estando a embalar o seu estranho maquinário. Era chegada a hora de se saber de sua origem cósmica com precisa exatidão do prazer.  E nem podia Canindé imaginar quem era a Dama a lhe dominar e nem quanto poder poderia nutrir por tanto tempo.
O veículo seguiu caminho com a Dama a sorrir constante entre os gracejos feitos pelo rapaz, uma vez ter ele esquecido de apanhar os numerários na casa bancaria, o qual devia ter feito.
Canindé:
--- Não é que esqueci de pegar o meu dinheiro no Banco? – ele lembrou um pouco tarde.
Tâmara:
--- Não tem importância. Eu tenho dinheiro comigo. E se você precisar? ... – comentou a sorrir.
E o rapaz ficou atônito com o esquecido. O carro seguiu célere pelo caminho de quase sempre enveredando por terras distantes. Um boi puxava o carro com o zoar da cantoria nos seus cocões bem ensebados. Um rapaz fazia a vez do carreiro com seu chicote preso às costas. Mais adiante um caminhão conduzindo gente e utensílios passava célere aos pinotes por causa da estrada feita de areia e nada mais. Por sua vez, Canindé seguia o balaço do automóvel a se segurar na porta para não ir ao solo. Tal sequencia fez a Dama sorrir acaloradamente.
Tâmara:
--- Medo? – indagou a sorrir.
Canindé:
--- Sei lá! São as “crateras”. – respondia com temor.
O rapaz lembrou de beber água pois o sol já estendia seus raios a certas horas da manhã com um ardor frenético em suas pernas, apesar de vestir calças compridas. Nessas vestimentas não eram usadas por nenhum rapaz de outrora. Elas estavam guardadas, por acaso, no armário da casa grande como era costume de falar desse modo. Deixando de lado a velha roupa, Canindé aceitou a oferta de Tâmara em usar as vestes novas. Tudo estava justo como se fosse feito para ele usar, afinal. A sua viagem de carro parecia desconfortável, uma vez ter o veículo caído nos buracos da estrada. E a sustentação era a única coisa a ajudar. De quando em quando, um tombo e um arroto.
Canindé:
--- Que merda! Não consigo nem dormir! – disse o rapaz a sorrir.
Tâmara:
--- Já estamos quase lá. - revelou a Dama a sorrir.
Canindé:
--- Tomara! Onde é a praia? – indagou pois já passara Pirangy.
Tâmara:
--- Um pouco mais adiante. O mar está calmo a essa hora! – revelou olhar à sua esquerda.
Canindé:
--- É verdade. O mar! Tem muitas algas por toda essa extensão. – lamentou.
Tâmara:
--- E caravelas, certamente. –sorriu
Canindé:
--- Sabe? Eu não entendo nada disso. Eu moro na capital. Poucas vezes vou à praia. – confessou
Tâmara:
--- Praia é um bom remédio. Logo cedo da manhã é ainda melhor. – relatou com firmeza.
Canindé:
--- Já ouvi falar. – declarou sem sorrir
O carro estacionou em uma parte onde o mar estava brando. Ninguém por perto havia. Distante, apenas alguns pescadores. Tão longe a não se ver bastante. Nenhum veículo ali parado. O Sol já estava no alto. Eram as dez ou mais horas da manhã. O mar, de um lado e a selva de fruteiras do outro. Não se olhava mais alguma pessoa. Apenas Tâmara e o seu amante. Ela, a trocar de roupa de banho. O rapaz, a observar sereno aquele corpo de sedutora e virginal mulher. A um certo instante, Tâmara falou:
Tâmara:
--- Sabe? Vou reverter o seu nome! – e gargalhou.
Canindé:
--- Como? – indagou a estranhar.
Tâmara:
--- Shane! Teu nome!  Será agora como eu te avoco.
Canindé:
--- Shane? Que nome é esse? – perguntou com dúvidas.
Tâmara:
--- Shane. Um cavaleiro andante perdido nas pradarias. Shane! Para mim és Shane! – gargalhou
Canindé:
--- Só isso? – indagou preocupado
Tâmara:
--- Não. Não. Shane vem de um homem inteligente. O equilíbrio entre o bem e o mal. Imparcial de atitudes. Austeridade. Esse é o significado do teu novo nome. – sorriu e puxou pelo braço o rapaz a caminhar para a praia.
Canindé:
--- Shane! – supôs o rapaz.
Tâmara:
--- Shane! Vem aqui! Shane! – gritou alto a Dama de Cetim. 
Ela a correr sendo preso pelo braço com uma das mãos da bela e satânica mulher não pensava mais em nada. Apenas saltava para não topar em algumas pedras caídas ao solo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário