- Victoria Guerra -
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- NOVIDADES -
Em uma noite de estio a anciã
Donana estava a cachimbar na calçada em frente à sua casa e olhar os passantes
vindos e indos para qualquer lugar em meras novidades. Eram 9 e meia da noite e
a ancião não pregava no seu sono. Por isso mesmo, ela estava sentada em sua
cadeira de palha a olhar o pessoal, alguns namorados, outros apenas pondo
conversa fora. Nesse momento chegava da rua a virgem Norma já bem exausta e
afinal findou a cair em plena calçada como a dizer do lugar ainda morno do sol
porém ela queria era se deitar a qualquer preço. Norma observou Donana e
sorriu. A anciã buscou um travesseiro a servir de encosto para a velha cadeira
e largou para a moça se deitar um pouco. Enquanto isso a anciã dava suas
cachimbadas a lhe trazer um gosto de ervas dado ao fumo ser mesclado justamente
com ervas. E o cheiro se tornara incomparável. Norma admirava o gosto daquele
fumo. E a velha senhora indagou:
Donana:
--- Você acredita no Inferno? –
indagou cachimbado com suave aroma.
Norma:
--- Eu? (assustada) – Claro que
sim! Por que a pergunta? – revirou a cabeça em direção a anciã.
A anciã cachimbava aos contentos
e não dava atenção à Norma de modo de olhar. E disse:
Donana:
--- O Prefeito está gritando de
dor. Faz pena! Homem moço! Coitado! – relatou sem mexer a cabeça a fitar sempre
para frente.
Norma:
--- Que Prefeito? O morto? –
indagou mais assustada.
Donana:
--- Ele estava madornando e
chegou o “infeliz” para busca-lo. – comentou sem se mexer.
Norma:
--- Como o infeliz? A senhora
ouviu no rádio? – indagou com assombro.
Donana:
--- Eu ouço. Eu ouço. Faz pena.
Também pra que foi mexer com quem está quieto! – indagou e afirmou sobre o
paradeiro dos mortos.
Norma:
--- A senhora está querendo falar
no Cemitério? – indagou com seu rosto amargado.
Donana:
--- Eu bem que avisei: não bula
com quem está dormindo. Ele foi. O Cemitério é um lugar santo. Ninguém mexe com
quem está dormindo ali. É a última morada para os que tem o que prestar. Eu
digo sempre: quem está alí apenas só quer repouso. Uma rosa pode se levar. Acender
velas. Tudo isso pode se fazer. Mas derrubar tudo para fazer uns sobrados?
Isso, nunca! – prontificou.
Norma:
--- A senhora ouviu alguém falar
sobre o assunto? – indagou com espanto.
Donana:
--- Minha filha. Você é bem nova
para entender certas coisas. Mas o Inferno, ele existe. Tem cada coisa, que só
vendo. As almas penadas. Gritos. Ranger de dentes. Tudo isso existe. O diabo
existe. Satanás! Quando você faz promessa com Satanás, tenha cuidado. Não abra
a sua boca para dizer tolices. – falou baixinho a fumegar o cachimbo.
Norma:
--- Isso é certo. O Inferno
existe mesmo. Parece um vulcão queimando tudo o que encontra. – relatou
temerosa.
Donana:
--- Existe? E por que faz
promessa com o demônio? – perguntou sem olhar para a moça.
Norma:
--- Eu? Deus me livre! Nunca
desejei mal a ninguém! – falou desconcertada
Donana:
--- Desejou, sim. E a moça vai
perder o seu namorado. É a questão. – afirmou consciente.
Norma:
--- Quem? Quando? Onde? – indagou
cismada com todo o que a anciã balbuciara.
Donana:
--- Hoje mesmo você desejou mal a
moça. E Satanás ouviu. – disse sem olhar para a moça.
A cabeça de Norma rodou feito um
pião procurando rever tudo o que fizera durante o dia, porém nada lembrou de
verdade.
Norma:
--- Eu? Mas não me lembro de tal
coisa. – fez ver a virgem.
Donana:
--- Na Igreja, filha. Na Igreja.
Você não foi à Igreja? – perguntou a anciã.
Norma:
--- Claro de fui. Não fiz maldade
com ninguém. Fiz? – indagou inconsciente.
Donana:
--- Quem estava com você? Não
precisa nem responder. – disse a anciã.
Norma:
--- Muita gente. Quer dizer:
algumas. Mas quem estava comigo? – perguntou aflita.
Donana:
--- O homem que você deseja. Ele
estava ao seu lado. Duvidas? – perguntou sacudindo a borra do fumo no encosto
da cadeira.
E a virgem se prendeu toda de
vez. Sócrates estava com ela, sim. Como a anciã adivinhou, isso a virgem não
encontrou resposta. Uma coisa a moça pensou:
Norma:
--- “Infeliz” – pensou a moça
completamente atormentada.
Donana:
--- Agradecida. Eu sou talvez
infeliz. Mas você se cuide. Ele está para romper os laços com a namorada. E
você terá sua vez. Não me deseje infelicidade. O capeta pode não ser tão
infeliz assim. Tome tento. – falou a anciã a se levantar da cadeira.
A anciã entrou para o seu quarto
de dormir e a moça ficou horrorizada com tudo o que ouviu. Norma quis chamar a
anciã, porém se aquietou. Ela se lembrou de ter pensado tudo o que Donana
falou. Mas não foi par mal. Apenas pensou.
À meia-noite daquele dia Norma
dormia a sono solto. Ela sonhara com coisas do passado, se bem lembrava mesmo
ao dormir. Um circo sem empanada estava prestes a sair do seu local, pois em
cada cidade o circo passava 15 dias. Depois, tomava outro rumo. Mas nesse circo
tinha apenas duas pessoas: um rapaz dos seus 30 anos e uma mulher já m plena
evolução da idade. Os dois circenses procuravam ajeitar as lonas do circo e a
moça esquadrinhava ver onde estavam essas lonas. Nesse momento, um homem se
acercou da virgem. E então indagou:
Demônio:
--- Você está pronta? – indagava
o demônio
Norma:
--- Pronta para que? – perguntou
cismada
Demônio:
--- Para o nosso trato! – quis
saber.
Norma:
--- Trato? Que trato? – perguntou
muito estranha.
Demônio:
--- Da Igreja. Não se lembra
mais? – sorriu o demônio.
Norma:
--- Ah. O senhor é o demônio? Não
quero mais o trato. - respondeu com a cara abusada.
Demônio:
--- São 40 anos. Você fornica com
quem você quiser. – falou contente.
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