- Emma Watson -
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CADÁVER
Após um tempo breve, Norma estava de volta ao seu escritório onde
estava também o seu chefe, Sócrates Fernandes, esse a delirar constante e mais
uma vez com os braços para trás escorando a nuca e o semblante desafiador. Sem
conversa, Norma se sentou na sua cadeira por trás da máquina de escrever, em
uma escrivaninha. A virgem sente-se brutalmente nauseada e de imediato, a
limpar a face, começou a chorar baixinho pondo a sua cabaça entre as mãos e
deitando para baixo em um período de angústia e temor. O rapaz, em sua augusta
forma, não deu muita importância ao choro dilacerado da virgem. Apenas esperou
um tempo até o fim do pranto quando a moça, um tanto desvanecida, então falou:
Norma:
--- Desculpe. Não foi por mal. Eu sinto muito. – falou ainda a
chorar.
Sócrates:
--- Nada não. Eu que não foi por mal. Mas, se você quiser ir ao
Cemitério, a gente pode ir. – fez ver.
Norma:
--- Não sei. Tudo é tão triste. – declarou chorando.
Sócrates:
--- Assim você verá como estão as obras. Quer? – indagou.
Norma:
--- Não sei. Não sei. – lacrimou.
Após a insistência do rapaz, a moça então acetou em ir. O
cemitério do Alecrim estava em pleno tumulto. Tinham caminhões basculantes a
retirar entulhos, policiais em torno do próprio, carro de som com seus
autofalantes ligados a todo volume. Um homem a gritar, a fazer apelo para se
empatar o prosseguimento dos serviços. Tudo era muito confuso. Uma porção de
líderes a gritar temas de ‘protesto’ por jovens mascarados enquanto outros
exibiam faixas de protesto. Eles
cantavam temas alusivos aos mortos. Todos encobertos de máscaras negras, azuis
e de outras cores. Os manifestantes tocavam fogo em madeiras, pneus ou mesmo em
cadeiras. Todo o alvoroço seguia o seu curso anormal enquanto caminhões de
policiais chegavam de várias direções, cheio deles. Policiais rudes também
mascarados, armados com granadas, bombas, metralhadoras, cassetetes entre
outras pistolas em tamanho menores. Os manifestantes corriam em desespero enquanto
caminhões basculantes carregavam milhares de esqueletos para um local distante.
Um manifestante atirou uma bomba contra um basculante e saiu em correria. A
polícia se meteu na confusão atirando gás lacrimogêneo contra a turba
enfurecida. O rapaz chegou perto de um policial a se identificar. Mas, foi em
vão. Ele levou uma bofetada ao cair sobre o solo. Em meio a tudo, Norma e
Sócrates se homiziaram no alto da Matriz de São Pedro, padroeiro do bairro. No
local havia policiais. Temerosos, os alucinados jovens saíram a correr em meio
da multidão e da polícia armada até os dentes. Era um tumulto só na anarquia
formada. O carro de som foi emborcado pelos policiais mascarados. Um policial
segurou um manifestante e jogou ao solo. Outros agentes abriram fogo contra a
turba alienada. Faixas amarelas com dizeres de protesto se misturavam entre
bandeiras com símbolo comunista em meio ao rigoroso esquema policial a empatar
o avanço até o cemitério de Alecrim. Faixas com Bandeira do Brasil era comum de
se notar em meio à multidão ensandecida. Carros policiais e do Exército com
suas buzinas ligadas formavam o terror geral. Um rapaz jazia morto no meio da
rua. Era um dos muitos a serem trucidados por toda a volante policial. Incêndio
irrompiam em casas de pontos comerciais. Ônibus não podiam mais passar pelo
roteiro do Alecrim. Havia desordem. Algum gritava.
Alguém:
--- Fora Prefeito! – gritava alucinado.
Era um vozerio intenso incapaz de se ouvir aquele desastroso
tormento. Uma faixa presa num pé de pau apenas restava o seu resquício onde se
lia “Censurado”. O remanente permanecia todo queimado. Fumaça de objetos
queimados se estendia em todas as direções do bairro. Uma centena de
manifestantes foi detida pela polícia e levada para um remoto local. Corpos
permaneciam no local próximo ou afastado do Cemitério. Eram mortos, às dezenas.
No Hospital Central havia vítimas gravemente feridas. Eram rapazes e moças.
Alguns choravam outros gemiam. Tinham os que nada mais faziam. Centenas de jovens
voluntários seguiam para o local tumultuoso a gritar palavras de ordem. O caso
aumentava a todo instante indo pela noite afora. Cada um que pegasse uma
bandeira ou um pau para fazer de arma.
Outros:
--- Abaixo a ditadura! – gritavam céleres.
A Polícia cercou toda uma faixa do cemitério e local onde havia os
carros basculantes, tratores, enchedoras, guindastes entre outros veículos de
propriedade da firma compradora do terreno. A confusão prosseguia noite afora
com gente morta e ferida. Os mortos eram levados para a Faculdade de Medicina
ou mesmo para serem incinerados. A tenebrosa transação continuava como epidemia
de revolta seguindo com perversos gritos da turma insurgente com a decisão da
Prefeitura de Natal em vender aquele próprio municipal. Para os insurrectos revoltosos
à reação da Prefeitura era uma afronta inigualável. Havia um grito desumano por
todo o quarteirão do campo santo e um tremendo Choque de bem fardados homens
saíam do Quartel da Base Naval em uma ação decisiva para pôr fim aos hediondos e
ensandecidos amotinados. Bravura indômita e cruel os irritantes e agrupados
militares em fila de quatro, com máscaras de gás no rosto, armamento bélicos em
suas mãos como granadas e bombas incendiarias, coletes à prova de balas a
cobrir o peito e as costas para uma ação real e defensiva seguidos por veículos
pesados armados de metralhadoras pesadas a seguir com precisão na marcha em uma
só forma já estavam a postos na mira de fogo.
Ordem:
--- Fogo!!! – foi o que se ouviu do lado dos militares.
Uma metralha rugiu tempestiva e corpos de rapazes e moças a cair
pelo chão totalmente ensanguentados. Aos gritos de mortes os jovens tombaram em
um instante da vida. A marcha continuou com os militares bem armados a caminhar
solenes como uns bárbaros a afrontar o poder da guerra desigual. Os caminhões
avançavam com orgulho e graça, apesar da sisudez da emoção na fatuidade de
passar avante. Eram carros e caminhões a avançar momento em que se ouvia o som
dos aviões passando baixo como se fosse rugido de animais ferozes a agarrar a
sua presa. Eram verdadeiras nuvens de aviões despejando bombas de gás a
qualquer preço em cima dos amotinados. Cadáveres queimados. Gente morta sobre
os escombros dos túmulos para aonde os insurretos procuravam proteção e tocar
fogo de igual modo nas suas bombas caseiras. Era esse o clima de guerra em um
conflito armado mais violento já ocorrido nas bases de um Cemitério. Os
guerrilheiros atacavam as Bases da Marinha quando o poder naval entrou em fogo
cerrado contra os amotinados. Esses, usavam cada centímetro de terra para se
esconder enquanto a Marinha usava o conhecer bélico utilizando helicópteros e
armamentos modernos para sufocar os cruéis guerrilheiros.
Gritos:
--- É GUERRA! – gritava de qualquer modo os amotinados.
Os militares possuíam ótima tecnologia sendo isso suficiente para
vencer a modesta experiência dos adversários. Aquele era o início de uma grande
guerra de uma juventude em defesa dos serenos mortos ali despejados. Era enfim
a mais sangrenta guerra dos amotinados da vanguarda popular contra as forças
bélicas das três armas além da Polícia Militar. Os amotinados guerrilheiros
tiveram várias derrotas consecutivas. Mesmo assim, não paravam de atirar bombas
sobre o poderio militar de avanço. Nas primeiras horas da tarde do dia um, o
avanço das tropas era aniquilador. O conflito real era documentado por fotos
tirada pelas Forças Armadas mostrando o avanço do poder através das lentes
sendo possível ter uma ideia da violência, da estupidez, do desespero e da
insanidade dos combatentes.
Guerra, o auge da selvageria humana. O absurdo que leva milhares
de à morte em defesa dos interesses de uns poucos afortunados. Tem sido assim
desde que os primeiros seres humanos pisaram neste planeta e não há indícios
que tal loucura cessará algum dia. A religião, os interesses econômicos, as
diferenças étnicas levam os homens ao campo de batalha. Enquanto isso, crianças
apavoradas fogem ao ataque aéreo com bombas de napalm por tropas de fuzileiros
navais. As crianças fugiam com os seus trapos em chamas. Era o horror de uma
guerra fraticida armada de um dia para a noite onde poucas pessoas tinham o seu
conhecimento. A turma da guerrilha ocupou outros locais da Capital por onde
passariam as Tropas Federais. Amotinados, os guerrilheiros ficaram deitados no
próprio chão onde o calor já era intenso. Os robustos carros de guerra vieram a
toda prova e passaram sobre os corpos dos destemidos jovens combatentes. Tudo
isso ocorreu no primeiro dia da revolta.
Comandante
--- Passa por cima! Passa por cima! – gritava o comandante das
tropas.
Oficial:
--- Avante! Avante! – gritava o oficial com muito ódio.
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