domingo, 19 de outubro de 2014

O INFERNO - 37 -


- Emma Watson - 
- 37 -

CADÁVER

Após um tempo breve, Norma estava de volta ao seu escritório onde estava também o seu chefe, Sócrates Fernandes, esse a delirar constante e mais uma vez com os braços para trás escorando a nuca e o semblante desafiador. Sem conversa, Norma se sentou na sua cadeira por trás da máquina de escrever, em uma escrivaninha. A virgem sente-se brutalmente nauseada e de imediato, a limpar a face, começou a chorar baixinho pondo a sua cabaça entre as mãos e deitando para baixo em um período de angústia e temor. O rapaz, em sua augusta forma, não deu muita importância ao choro dilacerado da virgem. Apenas esperou um tempo até o fim do pranto quando a moça, um tanto desvanecida, então falou:
Norma:
--- Desculpe. Não foi por mal. Eu sinto muito. – falou ainda a chorar.
Sócrates:
--- Nada não. Eu que não foi por mal. Mas, se você quiser ir ao Cemitério, a gente pode ir. – fez ver.
Norma:
--- Não sei. Tudo é tão triste. – declarou chorando.
Sócrates:
--- Assim você verá como estão as obras. Quer? – indagou.
Norma:
--- Não sei. Não sei. – lacrimou.
Após a insistência do rapaz, a moça então acetou em ir. O cemitério do Alecrim estava em pleno tumulto. Tinham caminhões basculantes a retirar entulhos, policiais em torno do próprio, carro de som com seus autofalantes ligados a todo volume. Um homem a gritar, a fazer apelo para se empatar o prosseguimento dos serviços. Tudo era muito confuso. Uma porção de líderes a gritar temas de ‘protesto’ por jovens mascarados enquanto outros exibiam faixas de protesto.  Eles cantavam temas alusivos aos mortos. Todos encobertos de máscaras negras, azuis e de outras cores. Os manifestantes tocavam fogo em madeiras, pneus ou mesmo em cadeiras. Todo o alvoroço seguia o seu curso anormal enquanto caminhões de policiais chegavam de várias direções, cheio deles. Policiais rudes também mascarados, armados com granadas, bombas, metralhadoras, cassetetes entre outras pistolas em tamanho menores. Os manifestantes corriam em desespero enquanto caminhões basculantes carregavam milhares de esqueletos para um local distante. Um manifestante atirou uma bomba contra um basculante e saiu em correria. A polícia se meteu na confusão atirando gás lacrimogêneo contra a turba enfurecida. O rapaz chegou perto de um policial a se identificar. Mas, foi em vão. Ele levou uma bofetada ao cair sobre o solo. Em meio a tudo, Norma e Sócrates se homiziaram no alto da Matriz de São Pedro, padroeiro do bairro. No local havia policiais. Temerosos, os alucinados jovens saíram a correr em meio da multidão e da polícia armada até os dentes. Era um tumulto só na anarquia formada. O carro de som foi emborcado pelos policiais mascarados. Um policial segurou um manifestante e jogou ao solo. Outros agentes abriram fogo contra a turba alienada. Faixas amarelas com dizeres de protesto se misturavam entre bandeiras com símbolo comunista em meio ao rigoroso esquema policial a empatar o avanço até o cemitério de Alecrim. Faixas com Bandeira do Brasil era comum de se notar em meio à multidão ensandecida. Carros policiais e do Exército com suas buzinas ligadas formavam o terror geral. Um rapaz jazia morto no meio da rua. Era um dos muitos a serem trucidados por toda a volante policial. Incêndio irrompiam em casas de pontos comerciais. Ônibus não podiam mais passar pelo roteiro do Alecrim. Havia desordem. Algum gritava.
Alguém:
--- Fora Prefeito! – gritava alucinado.
Era um vozerio intenso incapaz de se ouvir aquele desastroso tormento. Uma faixa presa num pé de pau apenas restava o seu resquício onde se lia “Censurado”. O remanente permanecia todo queimado. Fumaça de objetos queimados se estendia em todas as direções do bairro. Uma centena de manifestantes foi detida pela polícia e levada para um remoto local. Corpos permaneciam no local próximo ou afastado do Cemitério. Eram mortos, às dezenas. No Hospital Central havia vítimas gravemente feridas. Eram rapazes e moças. Alguns choravam outros gemiam. Tinham os que nada mais faziam. Centenas de jovens voluntários seguiam para o local tumultuoso a gritar palavras de ordem. O caso aumentava a todo instante indo pela noite afora. Cada um que pegasse uma bandeira ou um pau para fazer de arma.
Outros:
--- Abaixo a ditadura! – gritavam céleres.
A Polícia cercou toda uma faixa do cemitério e local onde havia os carros basculantes, tratores, enchedoras, guindastes entre outros veículos de propriedade da firma compradora do terreno. A confusão prosseguia noite afora com gente morta e ferida. Os mortos eram levados para a Faculdade de Medicina ou mesmo para serem incinerados. A tenebrosa transação continuava como epidemia de revolta seguindo com perversos gritos da turma insurgente com a decisão da Prefeitura de Natal em vender aquele próprio municipal. Para os insurrectos revoltosos à reação da Prefeitura era uma afronta inigualável. Havia um grito desumano por todo o quarteirão do campo santo e um tremendo Choque de bem fardados homens saíam do Quartel da Base Naval em uma ação decisiva para pôr fim aos hediondos e ensandecidos amotinados. Bravura indômita e cruel os irritantes e agrupados militares em fila de quatro, com máscaras de gás no rosto, armamento bélicos em suas mãos como granadas e bombas incendiarias, coletes à prova de balas a cobrir o peito e as costas para uma ação real e defensiva seguidos por veículos pesados armados de metralhadoras pesadas a seguir com precisão na marcha em uma só forma já estavam a postos na mira de fogo.
Ordem:
--- Fogo!!! – foi o que se ouviu do lado dos militares.
Uma metralha rugiu tempestiva e corpos de rapazes e moças a cair pelo chão totalmente ensanguentados. Aos gritos de mortes os jovens tombaram em um instante da vida. A marcha continuou com os militares bem armados a caminhar solenes como uns bárbaros a afrontar o poder da guerra desigual. Os caminhões avançavam com orgulho e graça, apesar da sisudez da emoção na fatuidade de passar avante. Eram carros e caminhões a avançar momento em que se ouvia o som dos aviões passando baixo como se fosse rugido de animais ferozes a agarrar a sua presa. Eram verdadeiras nuvens de aviões despejando bombas de gás a qualquer preço em cima dos amotinados. Cadáveres queimados. Gente morta sobre os escombros dos túmulos para aonde os insurretos procuravam proteção e tocar fogo de igual modo nas suas bombas caseiras. Era esse o clima de guerra em um conflito armado mais violento já ocorrido nas bases de um Cemitério. Os guerrilheiros atacavam as Bases da Marinha quando o poder naval entrou em fogo cerrado contra os amotinados. Esses, usavam cada centímetro de terra para se esconder enquanto a Marinha usava o conhecer bélico utilizando helicópteros e armamentos modernos para sufocar os cruéis guerrilheiros.
Gritos:
--- É GUERRA! – gritava de qualquer modo os amotinados.
Os militares possuíam ótima tecnologia sendo isso suficiente para vencer a modesta experiência dos adversários. Aquele era o início de uma grande guerra de uma juventude em defesa dos serenos mortos ali despejados. Era enfim a mais sangrenta guerra dos amotinados da vanguarda popular contra as forças bélicas das três armas além da Polícia Militar. Os amotinados guerrilheiros tiveram várias derrotas consecutivas. Mesmo assim, não paravam de atirar bombas sobre o poderio militar de avanço. Nas primeiras horas da tarde do dia um, o avanço das tropas era aniquilador. O conflito real era documentado por fotos tirada pelas Forças Armadas mostrando o avanço do poder através das lentes sendo possível ter uma ideia da violência, da estupidez, do desespero e da insanidade dos combatentes.
Guerra, o auge da selvageria humana. O absurdo que leva milhares de à morte em defesa dos interesses de uns poucos afortunados. Tem sido assim desde que os primeiros seres humanos pisaram neste planeta e não há indícios que tal loucura cessará algum dia. A religião, os interesses econômicos, as diferenças étnicas levam os homens ao campo de batalha. Enquanto isso, crianças apavoradas fogem ao ataque aéreo com bombas de napalm por tropas de fuzileiros navais. As crianças fugiam com os seus trapos em chamas. Era o horror de uma guerra fraticida armada de um dia para a noite onde poucas pessoas tinham o seu conhecimento. A turma da guerrilha ocupou outros locais da Capital por onde passariam as Tropas Federais. Amotinados, os guerrilheiros ficaram deitados no próprio chão onde o calor já era intenso. Os robustos carros de guerra vieram a toda prova e passaram sobre os corpos dos destemidos jovens combatentes. Tudo isso ocorreu no primeiro dia da revolta.
Comandante
--- Passa por cima! Passa por cima! – gritava o comandante das tropas.
Oficial:
--- Avante! Avante! – gritava o oficial com muito ódio. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário